Existia algo muito patético em estar apaixonado.

Por exemplo: aqui está ele, deixando uma mensagem de voz as duas da manhã no celular do seu melhor amigo.

– Na minha cabeça eu tinha um discurso muito bonito preparado, juro, tinha até aquelas palavras difíceis que você gosta de dizer para impressionar os professores esnobes da faculdade. – bebeu um longo gole da garrafa e suspirou ao ver que a bebida acabou. – Eu iria ser considerado um maldito poeta. – riu – eu tinha tudo certo, sabia exatamente o que iria dizer, mas toda vez que eu chego perto de você é como se minha cabeça se tornasse uma nuvem branca inútil.

Devia desligar o telefone enquanto ainda tinha chance de se explicar.

Mas Theon estava bêbado e apaixonado. Pessoas assim não conseguem ver a razão nem se elas estivessem no meio de um deserto piscando em neon.

– Agora mesmo minha cabeça é uma nuvem branca inútil. Eu...

O tempo acabou. Ele xingou e ligou de novo.

– Continuando, eu iria dizer o quanto você significa para mim, mas não do jeito que está pensando. Eu... Merda Stark, eu nunca fui romântico, nunca acreditei nessa porcaria, mas estou aqui, bêbado, de madrugada...

Caiu. Ele ligou novamente.

– Estou aqui, bêbado, de madrugada, deixando um monte de mensagens para dizer que... Que eu...

Caiu. Theon xingou alto, ele tinha apertando a tecla errada sem querer.

Discou de novo.

– Eu te amo porra. Não como um amigo ou como um irmão, mas te amo como Jeyne Westerling ama você. Uma vez você me perguntou se eu já quis aqueles momentos que pessoas em compromisso tem, respondi que não, mas era mentira, eu quero, mas eu quero com você.

Caiu.

Ligou de novo.

– Não me odeie, por favor. Eu vou me arrepender disso quando estiver sóbrio, talvez se você fingir que isso nunca aconteceu... É, esqueça tudo que eu disse Stark. Eu ainda amo você, mas sou só uma pessoa idiota apaixonada por alguém que não pode ter. Eu... – ele começou a chorar. – Merda. Merda. Merda. Eu estou bem apenas tendo esses momentos de namorados na minha cabeça, imaginando tudo, estou satisfeito com isso, sério, só esquece tudo o que eu falei.

Caiu.

Ele tremeu com o choro e em algum momento tombou no chão e dormiu.

– Robb, eu... Olha, eu tava muito bêbado ontem, por favor, ignore aquelas mensagens, não sei o que deu em mim. – Theon passou a mão pelo cabelo nervoso. Tinha tomado um banho e colocado uma calça de flanela. O corpo curou, mas a mente... Ele tinha feito uma merda astronômica e precisava concertar. – A bebida deve ter vindo com alguma coisa, eu jamais...

A campainha tocou, provavelmente Asha. Sua irmã podia esperar um pouco.

– Estou muito envergonhado...

A campainha novamente, Theon desligou o celular e andou irritado até a porta. Abriu sem olhar no olho mágico.

– Asha, eu estou tentando resolver um proble... – olhos azuis, porte atlético e cabelos ruivos. Robb Stark estava de pé, bem na sua frente, com uma expressão indecifrável. Oh Deuses, ele tinha orquestrado todo um plano para evitar seu amigo pelo resto do ano, porque não havia a mínima chance dele ter coragem de encará-lo. E o plano foi por água abaixo. – Olá Robb...

– Theon.

Suas mãos tremeram e as pernas quase cederam.

– Precisamos conversar. – ele falou.

O cataclisma começou.