Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 64
Jon - Recaída


Notas iniciais do capítulo

Dando uma escapadinha para postar.



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Ele abriu os olhos. Sua cabeça doía como nunca antes e ele podia sentir um gosto amargo na boca. Mexer-se trazia mais desconforto, então ele voltou a fechar os olhos e tentou se lembrar do que tinha acontecido.

Sabia que tinha ido a uma festa na casa de alguém que não conhecia. Sabia que seu irmão e alguns amigos estavam presentes, todos beberam muito e ele havia decido ficar sóbrio. Algo deu errado, Robb colocou o copo em sua mão e então... Ele não deveria ter bebido, coisas estranhas usualmente aconteciam quando ele bebia.

Voltou a abrir os olhos.

Foi então que notou que não estava em casa.

O teto tinha vários adesivos colados, demorou menos de um segundo para perceber onde exatamente ele estava. Assim que o fez o coração deu um salto. Jon sentou-se rapidamente, ignorando a dor, e olhou debaixo das cobertas. Deuses, ele estava nu. Voltou seu olhar para um corpo adormecido ao seu lado, assim que vislumbrou os longos cabelos ruivos uma enxurrada de memórias fez sua cabeça latejar.




Anos antes ele tinha estado nesse mesmo quarto.

Ygritte e ele estavam deitados um ao lado do outro. Ela havia comprado uma cartela nova de adesivos para colar no seu teto. Jon não entendia o motivo dela gostar daquele visual caótico, mas pensando bem, ela sempre foi assim, caótica. Ele deixou os pensamentos de lado quando ela o abraçou. Sentir seu corpo tão próximo do seu o fazia esquecer-se de todos os bons motivos que deviam o deixar longe dela.

– No que está pensando? – Ela perguntou com a voz suave enquanto mexia na gravata do seu uniforme.

– Nada importante.

– É tudo sempre importante para você. – Seu sorriso era como uma grande placa de neon escrito perigo. Um alerta do inevitável. Jon sorriu de volta, ele não conseguia evitar. – O que acha de um pouquinho de diversão.

– Nossos conceitos para diversão são diferentes. – Ele preferia ficar deitado naquela cama, enroscado nela, a tarde inteira. Ygritte preferia o gosto da emoção e do perigo.

– Você vai gostar. – Ela aproximou os lábios do seu ouvido e sussurrou. – Eu prometo.

Eu prometo.

Ele não podia resistir.




Na festa Jon estava na quarta garrafa quando ela apareceu para ele. Seu vestido vermelho combinava com seu cabelo e seus olhos haviam sido marcados pela a maquiagem. Ele sorriu para ela, um ato que provava o quão bêbado estava. A ruiva andou confiante como sempre e pegou sua mão.

– Você está bêbado.

– Só um pouco.

– Você sempre fica mais divertido quando bebe.

Aquilo podia ser considerado verdade, ao menos na visão dos outros.

– O que está fazendo aqui?

– O mesmo que você. – Ela respondeu.

– Bebendo enquanto vigia seus amigos?

– Bebendo sozinha a espera de uma boa companhia. – Ela sorriu aquele sorriso perigoso. Os alertas soaram na sua cabeça, mas ele estava bêbado o suficiente para ignorar.

– Você encontrou essa boa companhia? – Ele perguntou enquanto ela se aproximava da sua orelha.

– Vamos nos divertir Jon. Vamos começar uma tempestade. – Suas palavras o fez lembrar-se da época de colégio quando ele saia das aulas para se encontrar com ela em algum lugar escondido. Naquele tempo, Ygritte costumava dizer que os dois eram uma tempestade.

Ele não conseguiu responder.

– Eu sei o lugar perfeito para isso.




Ele se lembrava de sair de fininho da festa, de pegar um táxi e acabar no apartamento dela. No passado, Ygritte morava com os pais nesse mesmo lugar, mas hoje, ela vivia sozinha. Na verdade ela nunca ficava muito tempo em um mesmo lugar, na infância tinha vivido nas cidades geladas do Norte, na adolescência veio para Porto Real e depois... Depois ela passou a migrar de um lugar para o outro procurando por algo que nem mesmo ela sabia o que era.

– Vamos dançar.

Ela ligou o som e começou a mexer na batida da musica.

– Venha logo. – Chamou.

Jon se juntou a ela momentos depois. Os dois pularam e cantaram alto sem se preocupar com o vizinho, depois beberam um vinho que restou na geladeira dela e sentaram no chão relembrando boas historias. Em algum momento as memórias ficaram vívidas demais e ele pôde ver, sentada ao seu lado, a menina com o uniforme da escola abarrotado e um sorriso travesso, vamos pregar uma peça Jon? ela teria perguntado.

– Eu não te amo mais. – Ele declarou der repente. O sorriso dela diminuiu um pouco, mas não sumiu por completo.

– Você enterrou seu sentimento bem fundo na sua alma, mas só porque está enterrado não significa que não existe.

Ele pensou sobre isso um pouco e então falou:

– Posso te perguntar uma coisa?

– Pode.

– Você me amou do mesmo jeito que eu amei você? Ou pelo menos você chegou perto? Você ao menos pensou em mim nesse tempo em que esteve longe? – Ela ficou séria por algum tempo antes de responder.

– Nós éramos dois adolescentes Jon, eu não saberia dizer se amei na mesma intensidade, mas eu me lembro de gostar da sua companhia, de desejar tê-la todos os dias.

– Você gostou da minha companhia, vamos brindar a isso. – Ele bebeu o resto do vinho rindo amargamente.

– Não terminei ainda. – Ela respirou fundo e continuou. – Sobre pensar em você... Eu o fiz, em alguns momentos. Você era o fantasma que aparecia para mim de tempos em tempos.

Ela se aproximou e o beijou brevemente.

Ele colocou a mão em seu rosto e a puxou de novo.




Eles chegaram ao quarto aos tropeços e risos. Ela tirou o vestido e ele se livrou da blusa e da calça. Sua parte racional lhe dava mil motivos para parar aquilo naquele momento, no entanto, os lábios dela eram como uma droga. Os dois caíram na cama ainda aos beijos, ela se agarrou nele e suspirou. Sentir a testa dela contra o seu ombro enquanto dizia coisas desconectas provocou uma onda de emoção no seu corpo. A dor das unhas dela arranhando suas costas o fez sorrir.

Ele a beijou de novo e de novo e de novo.




De volta à realidade, Jon pensou em como sairia daquela cama sem acordá-la. Não teve muito tempo para planejar, pois logo os olhos dela se abriram. Ygritte piscou algumas vezes para se acostumar com a claridade, assim que o fez, ela sorriu.

– Bom dia Jon.

– Isso foi um erro.

– O Jon preocupado voltou. – Ela declarou ao sentar-se. Ygritte estava nua também e não pareceu se importar em deixar o lençol escorrer pelo seu corpo. Jon acabou corando e desviou o olhar. – Não fique tímido agora, não é como se essa fosse a nossa primeira vez.

– Eu tenho que ir. – Ele falou ao identificar sua calça do outro lado do quarto.

Ela agarrou seu braço antes que ele pudesse se levantar.

– Fique.

– Não. – Respondeu duro. – Eu já fui um tolo uma vez, não serei novamente. Minha vida está indo muito bem para eu deixar você mexer em tudo de novo.

– A vida pode ser incrivelmente bela contanto que consuma você, que queime por cada célula do seu corpo, por cada músculo, por cada osso. – Ela pressionou o corpo contra seu braço e continuou. – Ela atravessa você, ela destrói e te ergue novamente. É como estar diante de um penhasco e se jogar em queda livre. Esse é um modo memorável de passar os seus dias Jon, jogar no lado seguro não tem a mínima graça.

– Você sempre gostou de penhascos, eu não.

Com isso ele finalmente se levantou e vestiu suas calças.

Já vestido andou até a porta e ousou olhar para ela mais uma vez. Ygritte continuava sentada na cama com uma expressão indecifrável.

– Até logo. – Ela falou.

– Isso foi apenas uma recaída.

Ela riu.

– Você vai voltar Jon, você sempre volta.

– Não dessa vez.

– Acredita mesmo nisso?

Ele saiu e a ultima coisa que ouviu foi a risada dela.



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Notas finais do capítulo

Estou correndo com o tempo, então só pude dá uma lidinha rápida, desculpem os eventuais erros >.
Comentários são extremamente apreciados k
Beijos ;*



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