Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 59
Amigos


Notas iniciais do capítulo

Vários pontos de vista nesse capítulo. AVISO: Nem todos os capítulos estão no mesmo momento na linha temporal - na verdade, acho que apenas dois pontos de vista estão próximos entre si.



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Harry era apenas um garotinho de oito anos quando sua tia trouxe uma menina estranha para jantar.

– Harrold, essa é Myranda Royce, ela passará alguns dias com a gente. – Ela falou ao mesmo tempo em que dava um empurrãozinho afetuoso na menina. – Seja bonzinho com ela, ouviu?

– Sim tia.

Myranda tinha um sorriso gentil e o olhar um tanto assustado. Ela estendeu sua mão para ele e Harry, que sempre foi bem educado, a apertou e lhe jogou um dos seus sorrisos bonitos.

– Bem vinda Myranda.

– Pode me chamar de Randa. – Ela disse timidamente. – Todo mundo me chama assim.

– Certo então Randa, pode me chamar de Harry então.

Sua tia sorriu satisfeita e algum empregado a chamou da cozinha. Assim que a mulher saiu à feição de Randa mudou completamente. A bonita garotinha tímida deu lugar a um demônio de cabelos escuros e sorriso maldoso.

– Então Harry, o que você faz para se divertir por aqui? – Ela perguntou enquanto olhava ao redor. – A gente podia pregar algumas peças. Sabe aquela garota, Cynthea Frey? Eu a acho uma vítima bastante promissora.

– Você é doida?

Ela apenas sorriu em resposta.

– Vamos lá para cima planejar nosso ataque contra Cynthea.

– Eu não vou atacar ninguém!

– Não seja estúpido, é claro que você vai. – Ela respondeu aos risinhos enquanto o puxava escada acima.



Por algum motivo ele acabou se envolvendo no plano de Randa e no fim foi o único culpado por colocar os três ratos no quarto da menina na noite seguinte. Cynthea chorou no colo da sua tia que o deixou de castigo por uma semana. Uma semana inteira. Por causa disso, Harry se viu sozinho em casa junto com Myranda que não teve nem a decência de se desculpar por colocá-lo nisso.

– Vamos brincar lá fora? – Ela perguntou enquanto os dois assistiam a um filme chato na TV.

– Estou de castigo.

– E quando isso foi impedimento?

– Bem, eu não quero enfurecer mais a minha tia.

– Ela só vai voltar de noite, não se preocupe. – Novamente Randa o puxou e novamente ele foi incapaz de dizer não.

Os dois correram para os fundos da casa. Myranda começou a escalar o muro que daria para uma grande planície, Harry apenas a observou sem acreditar naquilo.

– Você é completamente doida.

– Venha logo.

E ele foi.

Eles pularam o muro e passaram a correr pelo campo. Randa lhe explicou que eles deviam achar um Grumkin, uma criatura que poderia conceder três desejos. Harry não gostava de Grumkins, sua tia contava que eles costumavam roubar as crianças de suas camas e que podiam manipular e enganar até um adulto.

– Grumkins não existem. – Ele disse incerto.

– Claro que existem e eu tenho três desejos para fazer, vamos.

Passaram a tarde procurando, em vão, um Grumkin. Quando as primeiras estrelas apareceram no céu, Harry tocou no braço de Myranda e avisou que era melhor voltar.

– Eu não encontrei ainda.

– A gente procura amanhã.

– Ta certo.

No dia seguinte, assim que a tia foi embora, os dois pularam novamente o muro e foram atrás da criatura. Dessa vez eles caminharam até o bosque. A garota não parecia ter medo nenhum de estar ali, mas Harry tremia feito uma vara verde.

Em algum momento Randa sumiu do seu lado e ele se viu sozinho entre as arvores.

– Grumkin? – Chamou baixinho. – Olha, se não quiser aparecer não precisa... – O garoto ouviu um barulho estranho atrás de si. Ele se virou assustado, mas não viu nada. – É você Myranda? Nada engraçado.

Esperou pela a risada da menina, mas essa nunca veio.

– Randa?

Outro barulho. Pareciam passadas.

– Meus Deuses... Eu juro que não quis incomodar, foi tudo culpa da Myranda, ela é louca.

Harry começou a caminhar de costas com medo de que qualquer movimento brusco fosse assustar a criatura.

– Eu juro que nunca mais volto. Juro de verdade.

E então aconteceu. Algo negro pulou na sua direção e Harry caiu para trás com lagrimas nos olhos. Ele começou a gritar desesperado enquanto erguia as mãos em uma tentativa de se defender do monstro.

– Eu vou morrer! Eu vou morrer! – Gritou cheio de medo.

– Deixa ele em paz. - Randa? Harry se atreveu a abrir os olhos e a cena que viu nunca saiu da sua cabeça.

Myranda estava gritando com um pedaço de pau erguido como uma espada. Ela correu em direção do... Do cachorro que saiu correndo assustado. Harry estava tão chocado que não conseguiu falar.

– Você está bem? – Ela perguntou. – Parece que sim.

Ela soltou o pedaço de pau e caiu na gargalhada.

– Harrold Hardyng eu não faço a mínima idéia do que você tem de errado.

– Eu que tenho algo de errado? – Ele protestou, mas ela o ignorou.

– Seja o que for eu acho que gosto. – Myranda estendeu a mão para ajudá-lo. – Acho que vamos ser muito bons amigos.



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Era seu aniversario de doze anos e sua mãe decidiu fazer uma grande festa. Mya gostava de aniversários, mas ela odiava a interminável sessão de fotos na qual era submetida. Primeiro tirou foto com o pai e com a mãe, depois só com o pai – que a ergueu com a mesma facilidade que o fazia quando ela era uma garotinha –, depois só com a mãe e então com os irmãos. Mya tinha muitos irmãos, então era preciso certa organização.

Primeiro ela se juntou com Gendry e Edric – eles partilhavam a mesma mãe. Os três sorriram e ela e Gendry fizeram chifrinhos um no outro. Edric tentou fazer também, mas ele ainda era pequeno demais para alcançar sua cabeça. Depois tirou com todos os outros irmãos – até mesmo os filhos da Lannister.

Mya pensou que estava livre das fotos depois disso, mas obviamente não estava. A cada dois minutos aparecia alguém querendo tirar foto. Tio Renly – que se dizia jovem demais para ser chamado de tio – tirou um monte com ela, depois foi a vez de tio Stannis e da pequena Shireen. Um pouco antes de o bolo ser cortado, Mya escapuliu do salão de festas e se escondeu na escada.

Lá ela encontrou Harry e Randa.

– O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou desconfiada. Os três tinham sido apresentados no ano anterior. Provavelmente a idéia inicial era que os dois fossem ficar amigos de Gendry, pelo fato de terem a mesma idade, no entanto, Randa decidiu que Mya era mais divertida e o que Randa decidia Harry seguia. – O que aconteceu com sua blusa Harry?

– Uma garotinha ruiva jogou sorvete nele. – Myranda respondeu.

– Garotinha ruiva?

– Uma garotinha ruiva que eu espero nunca mais ter que ver na vida. – O menino respondeu irritado. – Agora estamos planejando nossa vingança.

– Vocês estão falando sério?

– Claro que sim. – Harry respondeu vermelho de raiva.

– Mas é só uma garotinha. – Insistiu.

– Eu disse a ele que planejar uma vingança contra uma menina de oito anos não era lá uma boa idéia, mas ele não quer me ouvir. – Randa cruzou os braços. – A gente podia colocar sal no refrigerante dela.

– Ninguém vai se vingar de ninguém no meu aniversário. – Mya declarou. Como a mais velha, ela precisava ser a voz da razão naquele grupo. – E nada de colocar sal na bebida dos outros.

– Que sem graça. – Randa reclamou. – Nem mesmo no copo da tia do Harry.

– Especialmente no copo da tia do Harry.



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Theon tentou ignorar a provocação de Jeyne.

– Você está com ciúmes da sua irmã? – Ela perguntou rindo. Os dois se encontravam na sala da casa dele na baixada das pulgas, o pai dela o mataria se soubesse que tinha trazido sua preciosa filha para onde mora a ralé. – Isso é sério? Aegon é seu amigo, certo?

– Não exatamente. – Ele respondeu. – Ele é irmão de Jon, este é meu amigo. Ou pelo menos é amigo de Robb, acho que somos amigos por associação.

Jeyne riu.

– Aegon é tão bonito, sua irmã deve estar encantada.

Ele riu ao imaginar sua irmã encantada.

– Aegon não é isso tudo. Ele é convencido e sempre que nós saímos juntos aquele Targaryen inventa um jeito de nos meter em confusão. – Theon trouxe Jeyne para perto de si. – Podemos parar de falar da minha irmã e daquele idiota?

– Mas eles vão sair juntos?

– Não. Minha irmã é mais esperta do que isso.

– Você é muito fofo com ciúmes.

Theon revirou os olhos. Jeyne podia ser tão estranha às vezes.



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Robb ouviu um palavrão vindo do quarto de Arya, ele decidiu checar o que era, mas assim que abriu a porta se arrependeu amargamente. Sua irmãzinha estava aos beijos com Gendry Baratheon. Ele respirou fundo e contou até dez, mas seus esforços se mostraram inúteis no momento em que Arya colocou a mão debaixo da camisa do seu amigo.

– Vocês podem parar com isso?

Os dois se separaram sem jeito. Sua irmã corou feito um tomate e Gendry, bem, esse apenas olhou para o chão.

– Mas o que é isso aqui? Gendry, você não pode ficar se agarrando com a minha irmã. – Ele apontou o dedo para o amigo. – Quando foi que você entrou aqui?

– Ora Stark, você fica se agarrando com a minha irmã. – Robb ignorou esse detalhe. – Além do mais, quem começou a me beijar foi a Arya.

– Para sua informação eu apenas o beijei para calar essa sua boca estúpida.

– Bem querida, se você me calar assim todas às vezes eu creio que não irei parar de falar.

Arya corou e Robb ficou mortificado.

– Eu estou aqui!

– Sim, você está, já pode sair. – Gendry respondeu.

Ele estava prestes a dar um soco no amigo quando uma voz conhecida o parou.

– Robb!

Ele tinha momentaneamente esquecido que tinha marcado com Myrcella. A loira – sua mãe deve ter aberto a porta – correu até ele e o abraçou. Só depois a menina veio a notar a porta aberta na sua frente.

– Oi Gendry, oi Arya.

– Nós quatro, lá embaixo, agora. – Ele ordenou e desceu junto com Myrcella.

Já na sala ele sentou-se ao lado de Arya em um sofá enquanto Gendry e Myrcella sentaram no outro. Os dois rapazes se encaravam como se fossem lutar a qualquer momento.

– Vamos estipular algumas regras básicas. – Disse. – Eu permito seu namoro com a minha irmã...

– Eu não estou namorando com esse acéfalo. – Arya protestou.

– Você estava engolindo ele no seu quarto.

– Engolir não é o mesmo que namorar.

– Continue Robb. – Gendry a ignorou.

– Nada de beijos em dependências comuns da casa e nada de beijos trancados no quarto. – Myrcella protestou e Arya revirou os olhos.

– O mesmo vale para você. Olhe que eu vou mandar Tommen e Joffrey vigiarem a Cella. – Joffrey já era insuportável, ele o vigiando seria pior ainda. – Nada de comentários indecentes nas rodas de amigos.

– Você já fez comentários indecentes? – Myrcella perguntou a ele corada.

– Não irmãzinha, senão seu namorado estaria com alguns dentes a menos.

Robb continuou:

– Nada de terceira base.

Gendry concordou.

– O que seria terceira base? – Arya perguntou.

– Algo que vocês vão demorar muito para descobrir. – Robb respondeu, mas então se lembrou que a restrição também se aplicava a ele. – Hum, sobre a terceira base...

Gendry também parecia repensar sua decisão.

– Acho que nós podemos conversar sobre isso mais tarde.

– Vocês estão falando de sexo? – Sua irmã interrompeu novamente. – E quem disse que eu sou virgem?

Ele e Gendry a olharam chocados.

– Como é que é? – Robb perguntou e Arya revirou os olhos, de novo. – Do que você está falando? Eu não me lembro de ter visto você namorar ninguém.

– Namorar não é um critério obrigatório Robb, além do mais, eu e o Gawen Glover não namoramos, mas a gente saiu por um tempo. Quer dizer, acho que foi algo tipo namoro, a gente nunca chegou a conversar sobre isso. – Sua irmã respondeu. – Não me venham com esse olhar, por algum acaso vocês estavam namorando quando tiveram a primeira vez?

Nenhum deles respondeu.

– Ótimo. – Ela ficou de pé e pegou a mão de Myrcella. – Venha Cella e deixe esses dois estúpidos para trás.



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Rhaegar viu quando Jon Connington se aproximou. Seu amigo tinha uma garrafa de vinho nas mãos e duas taças.

– Pronto para ficar bêbado? – Perguntou enquanto despejava o vinho. – Não faça essa cara.

– Ela está se casando hoje.

– Eu sei. – Jon disse como se compreendesse. – Todos nós vamos ter nossos corações despedaçados em algum momento meu amigo, você não é exceção. Inclusive acho que foi uma maneira do universo te retaliar por causa de Elia.

– De que lado você está? – Perguntou irritado.

– Do seu, sempre.

Não era para ser assim, ele pensou contrariado. Ele e Lyanna estavam apaixonados, ela o amava e lhe deu um filho. Ambos se casariam, mas então ela fugiu. Fugiu com seu bebê para longe dele. Rhaegar pensava no que tinha feito dessa vez, sua mãe, que os Deuses haviam lhe tirado, dissera que ele podia ter tendências egoístas quando se tratava do amor, você comete erros meu querido filho e nem percebe.

Ele nunca foi egoísta.

– Acha que sou egoísta? – Rhaegar perguntou der repente.

– Não muito. Você é um bom homem Rhaegar, se a Stark quis um Lannister em vez de você é porque provavelmente não tem um cérebro na cabeça. – Jon abriu um sorriso e levantou sua taça. – Um brinde a todos os corações que foram partidos e pelos que ainda serão.

Rhaegar levantou a taça sem muita emoção.

– Você já teve seu coração partido Jon?

– Já. Essa pessoa pegou meu pobre coração e pisou até não sobrar mais nada. – Estranho, Jon nunca tinha lhe apresentado ninguém que pudesse ser especial. Rhaegar se viu curioso. – Sabe o que é mais engraçado? A pessoa nem faz idéia disso.

– Você nunca se declarou?

– Não é tão fácil assim. – Ele respondeu. – De qualquer maneira, não é sobre mim que estamos falando. Vamos beber meu caro amigo, o álcool pode não curar um coração, mas eu lhe garanto que ajuda.



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Stannis olhou feio para Davos.

– Você não pode estar falando sério.

– Mas eu estou.

– Isso é loucura.

– Depende do seu ponto de vista.

A resposta do seu amigo o fez revirar os olhos.

– Não tem a mínima chance de eu invadir o computador do meu irmão por motivos tão...

– Importantes? Você quer ter certeza que Renly não está namorando um psicopata, certo?

– Bem, eu preciso. Robert é um idiota que não vê o perigo na sua frente, eu preciso tomar conta do nosso irmãozinho. – Sempre foi assim, desde que os pais deles morreram. Robert farreava enquanto ele se preocupava com o fato de Renly poder crescer igualzinho ao mais velho. – Mas isso é invasão de privacidade.

– Não pense desse jeito... Pense como o esforço de um irmão mais velho para a segurança do mais novo.

– Você acredita nessa baboseira que disse?

– Claro que sim.

Stannis olhou para o notebook de Renly, tentadoramente aberto no quarto do mesmo. Seu irmão estava bêbado, tinha se formado há pouco tempo e acabara de conseguir um emprego em um jornal importante, Stannis o levou para comemorar – acabaram encontrando Robert e Davos – e conseqüentemente o mais novo bebeu tudo o que podia – e o que não podia. Renly falou bastante de um novo rapaz, mas também disse algumas coisas preocupantes sobre ele, como por exemplo: o tal garoto novo era doido e o um pouco inconveniente.

Seu irmão não tinha um gosto muito bom para homens, era seu dever ter certeza que este não acabaria como o ultimo.

– Uma olhadinha não vai matar ninguém.

– Certo, certo... – Ele colocou o notebook no colo e entrou na pagina do seu irmão. Ele deixa aberto, que tipo de pessoa descuidada deixa essas coisas abertas?

Renly.

Havia conversas com Mya – em que ele relatava que estava sendo seguido por esse tal rapaz –, com sua filha, que disse coisas que ele jamais imaginou que uma garotinha pudesse dizer – precisava ter uma séria conversa com Shireen. Oh, também havia um tal de Loras Tyrell.

Stannis viu uma mensagem que dizia: Deixe de ser tão chato, isso daqui é para melhorar seu humor.

Havia um arquivo anexado.

– Devo abrir?

– Claro que sim, aposto que esse Tyrell é o tal rapaz.

Stannis finalmente clicou e arrependeu-se logo em seguida. Davos soltou uma sonora gargalhada.

– Pelo menos sabemos que o rapaz é bem dotado.

O tal Loras havia enviado uma foto indecente para o seu irmão.

– Isso deveria me tranqüilizar?

Esse rapaz definitivamente não é o certo para Renly.



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Myrcella digitava furiosamente. Estava com dificuldade de terminar aquele capítulo e ela precisava postar o mais rápido possível. Aquela cena era particularmente difícil. Os dois rapazes iriam brigar e acabar se separando, ela havia planejado um longo período negro na vida deles até que todos os maus entendidos fossem resolvidos.

Ele olhou no fundo dos olhos dele. Apenas aquilo foi o suficiente para quase fazê-lo perdoar todas as faltas do namorado. Precisava lembrar-se de não olhar-lo mais nos olhos, aquilo podia ser extremamente perigoso.

– Eles vão se separar? – Shireen perguntou por cima do seu ombro e ela quase arremessou o notebook para longe com o susto.

– Eu estou escrevendo!

– Percebi. – Ela respondeu sem tirar o queixo do seu ombro. – Você vai mesmo separá-los?

– Sim.

– É definitivo?

– Não tenho certeza. – Havia um terceiro personagem que ganhou seu coração enquanto ela escrevia. Ele era um forte candidato para terminar com o protagonista. – Talvez eu deixe o outro ganhar.

– Não faça isso, eu estou torcendo para ele.

– Bem, isso não está aberto a votação. – Ela respondeu. – Mas com eu disse, ainda não me decidi, você tem chances.

Shireen deitou-se na cama sorrindo. Myrcella voltou a escrever, em breve Arya e Obella chegariam para a festa do pijama da Baratheon e então seria impossível escrever. Passou cinco minutos lutando contra o monologo do protagonista quando a porta se abriu.

– Olá meninas.

Era Edric.

Sua amiga pulou da cama no mesmo instante.

– Olá Cella. – Ele a cumprimentou com o mesmo sorriso gentil de sempre. – Shireen.

– O que está fazendo aqui? – A outra garota perguntou surpresa. Myrcella preferiu permanecer calada.

– Meu pai pediu para que eu pegasse algo com o tio Stannis. – Ela observou quase rindo a troca de olhares entre eles. Edric estava um tanto corado e Shireen, bem, Shireen era Shireen. – Você sabe me dizer onde ele colocou uma pasta preta?

– Você sabe quantas pastas prestas meu pai tem? – A garota levantou e foi até a porta. – Vamos, eu te ajudo a procurar.

– Não precisa. – Edric respondeu.

– Não fique nervoso, eu não mordo priminho. – O sorriso malicioso de Shireen fez o pobre Edric corar até o ultimo fio de cabelo. Myrcella imaginou até quando o garoto poderia fingir que não estava entendo as intenções da prima. – Já volto Cella.

– Ok.

Enfim sozinha.

Ela voltou a escrever. Já estava com mais de mil palavras quando a porta voltou a se abrir e uma Shireen sorridente entrou. Myrcella arqueou uma das sobrancelhas com medo de perguntar o que a menina tinha feito.

– Para de me olhar assim.

– Assim como?

– Eu não o ataquei nem nada.

– Eu não havia presumido isso.

– Claro que presumiu... – Shireen jogou-se na cama. – Ele gosta de mim.

– Ele se declarou?

– Não com palavras. – Myrcella voltou a arquear as sobrancelhas. – Tenho algo que eu não te contei. – Shireen sentou-se animada. – Semana passada nós nos beijamos.

– Ai meus Deuses.

– Eu sei!

– Eu sempre achei que quando isso acontecesse você iria anunciar para a escola inteira.

– Menos Cella.

Ela revirou os olhos.

– Foi estranho sabe. Tava todo mundo aqui em casa e eu fui até meu quarto guardar um livro, quando sai eu o vi parado no corredor. Ele tava irritado por causa das minhas piadinhas do carro, eu posso ter insinuado que ele não sabia beijar.

– E porque você fez isso?

– Porque eu ouvi que uma das Walda Frey o beijou e você sabe que eu falo besteira quando fico irritada. Voltando, eu queria fazê-lo ficar com raiva e consegui...

– Continue.

Shireen cobriu as bochechas com as duas mãos, mas isso não impediu Myrcella de notar a coloração avermelhada que elas ganharam.

– Ele disse que eu era infantil e eu chamei ele de idiota, nós tivemos uma rápida briga, então, por fim, eu disse a ele que Walda me contou que ele beijava que nem um sapo e que tinha a atitude de um pedaço de pau.

– Deuses, você não disse isso.

– Sim, eu disse.

Ela riu.

– Ele ficou todo vermelho sabe, eu achei que fosse gritar comigo, mas para minha surpresa ele pegou minha cintura e me beijou. – Sua amiga deu pulinhos na cama quase não se contendo de felicidade. – Melhor beijo da minha vida, juro.

– E depois?

– Quando ele se afastou me perguntou se aquilo se parecia com um beijo de um sapo e foi embora. Eu amei aquele Edric malvado, mas no dia seguinte Edric bonzinho e irritantemente descente voltou e pediu desculpa. Eu não queria desculpas, eu queria outro beijo.

Myrcella jogou a cabeça para trás e riu.

– Eu consegui roubar um beijo ou outro no decorrer dos dias. – Shireen voltou a se deitar. – Em breve ele não vai mais conseguir resistir ao meu poder de sedução.

– Você já o chamou para sair ou algo assim?

– Não.

– Não?

– Bem, eu estava dando todos os sinais para ele fazer isso.

– Não é mais fácil se você chegar nele e o convidar? – Myrcella perguntou como se aquilo fosse obvio. – Não tenha medo Shireen, o pior que pode acontecer é ele dizer não.

– Eu não estou com medo. – A outra respondeu fechando a cara. – Agora volte para sua historia e me deixe em paz.

– Tudo bem.

Shireen ficou em silêncio por quase dez minutos – o que era muito considerando quem ela era.

– Eles nunca fizeram sexo nessa historia, né? – A garota perguntou mudando completamente de assunto.

Myrcella corou.

– Eu nunca fui muito boa em escrever essas cenas.

– O namorado do tio Renly vai vir aqui amanhã, você pode pedir umas dicas para ele. Loras Tyrell é entendido do assunto.

– De todas as suas ideais, essa vai entrar para o top dez das piores.



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Notas finais do capítulo

Comentários são sempre bem vindos ;D
Beijos ;*



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