Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 58
Dany - Família e segredos


Notas iniciais do capítulo

Para Matheus Lestrange que com sua mensagem - muito fofa - me fez tomar vergonha na cara e terminar o capitulo para postar hoje.
Mais de Dany para quem tava querendo.
Para quem não lembra do Bonifer - que aparece nesse capítulo - ele tem um ponto de vista no capítulo 13.



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Ele se chamava Bonifer e tinha olhos gentis.

Dany o conheceu depois de um dos ataques de raiva do seu pai. Viserys havia feito algo estúpido e o grande Aerys conseguiu transformar isso em sua culpa. Ela estava tão cansada e irritada por sempre receber a culpa pelos erros de Viserys que gritou com o pai e saiu de casa. Ele não se importa... Ele nunca se importou.

Naquele dia ela se refugiou na casa do seu irmão mais velho. Rhaegar não falou muito quando a viu entrar, apenas maneou a cabeça como se entendesse. Seu irmão não ficou em casa a noite inteira, depois que Aegon e Rhaenys chegaram, os três saíram para algum tipo de passeio e ela ficou assistindo TV.

Depois de quase duas horas assistindo reprises de novela, Dany decidiu que era hora de caminhar um pouco. Ela foi para uma livraria grande no fim da rua onde gostava de ler e foi lá que Bonifer a abordou com o mesmo livro que ela em mãos. Seu pai costumava dizer que ela era perceptiva demais com estranhos, talvez fosse verdade, mas havia algo naquele homem que a fez querer confiar nele.

– Eu pensei que era o único a gostar desse livro. – Ele sentou-se na mesma mesa que ela. Dany respondeu com um sorriso.

– Eu também tinha a mesma impressão. – Ela disse.

– Bonifer Hasty. – Ele estendeu a mão.

– Daenerys Targaryen.




Encontrá-lo na livraria passou a ser uma rotina. Todas as terças, depois da sua ultima aula, ela dirigia até o centro onde encontrava o senhor Bonifer sentado na mesma mesa bebendo o mesmo tipo de café. Dany tentou introduzi-los outros tipos de bebida, como chocolate quente com chantilly ou latte de mel, mas o homem sempre voltava para seu café tradicional.

– Como foi sua aula? – Ele passou a perguntar depois de algumas semanas. – Aquela professora ainda está pegando no seu pé.

Dany riu e respondeu que não. Era legal ter alguém que perguntasse essas coisas. Além de Jon e ocasionalmente Rhaegar, ninguém mais parecia se importar. (Talvez ela estivesse sendo injusta, Myranda, a garota com quem começou a conversar, parecia ser legal.)

Bonifer também começou a contar detalhes sobre sua vida. Ele tinha lutado no passado – lutas clandestinas ele contou – e se apaixonado perdidamente por uma garota. Dany suspirou quando o homem contou sobre a tal mulher que nunca esqueceu, parecia o tipo de amor que ela queria ter, o tipo que ela suspeitava que seus pais nunca tiveram.

– Vocês ficaram juntos?

– Infelizmente não. Às vezes nós encontramos a pessoa certa, mas a vida simplesmente não te quer junto dela.

– Me parece injusto.

– É bastante injusto, mas agora eu tenho algo para proteger.

– Jura? O que?

– Essa é historia para outro momento.




Dany também começou a contar tudo o que se passava na sua vida. Ela falou sobre sua paixão por Jon – retirando o inconveniente fato de ele ser seu sobrinho – e como ela descobriu que duas garotas deslumbrantes também gostavam dele.

– Arianne Martell é simplesmente linda, além de ser confiante e muito mais experiente que eu. Sabe, Arianne é o tipo de garota que todo cara quer ter ao seu lado. Jon não parece muito interessado nela, pelo menos não mais do que esteve em todos os encontros arranjados por sua irmã.

– Eu tenho certeza de que ela não é mais bonita do que você. – Bonifer respondeu bebendo do seu café. – Além do mais, ele não está interessado.

– Mas ele pode ficar e ela não é a única. Tem essa Ygritte, uma ruiva bonita que apareceu. Ela é ex dele, a garota que quebrou seu coração no passado. Semana passada ela apareceu na casa dele. Eu vi o modo como ele olhou para ela, como se fosse um cãozinho ferido.

Dany suspirou.

– Se ainda dói é por que existe alguma coisa, certo?

– Não necessariamente. Eu não acho que ele quer voltar com ela ou algo assim.

– Não sei, acho que ela tem grandes chances de pegá-lo de volta. – Disse desviando o olhar para uma estante de livros próxima.

– E quanto a você? Acha que tem alguma chance?

– Bem, nós nos beijamos às vezes e mesmo nervoso, ele parece gostar da minha companhia.

– Então não desista, se você o fizer vai se arrepender pelo resto da sua vida. – Ele disse um tanto melancólico. – É melhor se arrepender por algo que fez do que por algo que não fez.

No dia seguinte ela falou sobre sua amiga Myranda e sobre a simpatia que havia feito.

– Vocês subiram o monte Aegon de meia noite para fazer uma simpatia? – Ele perguntou um tanto surpreso.

– Muita gente faz isso em Essos, minha amiga Doreah sabe todos os tipos de simpatias que existe e ela me disse que são muito eficazes. – Dany respondeu na defensiva. – Eu precisei pegar um cacho dele. Não foi algo difícil, só tive que esperar ele ir dormir na casa do Rhaegar e então eu fui para lá e cortei. Minha amiga e o amigo dela tiveram que se esforçar mais, eles invadiram uma republica feminina do campus para conseguir o ultimo ingrediente.

– Isso parece perigoso.

– Não exatamente. Seria se as meninas tivessem acordado, mas elas não o fizeram então tudo ficou bem. Eu estava como motorista de fuga e foi bem emocionante.

Ela soltou alguns risinhos com a lembrança e ele a acompanhou.

– Isso me lembra as trapalhadas que Orton costumava me meter. – Ele havia falado de Orton Merrywheather vez ou outra. Aparentemente os dois ainda eram bons amigos. – Ele tinha umas idéias estúpidas de vez em quando, mas esteve comigo em todos os momentos difíceis.




– Por que você gosta tanto de livrarias? – Ela perguntou em uma quinta feita nublada quando o encontrou na biblioteca central. Os dois examinavam uma estante de romances estrangeiros. Havia clássicos de Pentos e Volantis, e também alguns romances melosos de um escritor famoso de Lys.

– Eu e a garota de quem gostava costumávamos vir para cá. – Ela notou seu olhar apaixonado quando ele começou a contar. – Nós nos sentávamos no chão e ela lia poesias e romances, eu gostava de ouvir sua voz, era suave e agradável.

Era tão bonito e triste ao mesmo tempo. Ela sabia que os dois não ficaram juntos e isso era tão ruim.

– Sinto muito.

– Eu também.

Ela ponderou por alguns instantes e então perguntou:

– Qual o nome dela? Você me contou a historia, mas nunca me disse como ela era ou qual era o seu nome.

O homem pareceu nervoso por alguns instantes, ela notou quando suas mãos tremeram. Eu perguntei demais.

– Eu... Amanhã. Venha aqui amanhã nesse mesmo horário e eu finalmente terei coragem de contar tudo.

Dany assentiu sem entender. Por que ele precisava de coragem para fazer isso?




Ela entendeu no dia seguinte.

Bonifer contou tudo o que não tinha contado e até lhe mostrou fotos e cartas. Ela ouviu atentamente quando ele lhe falou que o nome da mulher era Rhaella Targaryen, a criatura mais bonita que já pisou no mundo. Dany sentiu os dedos tremerem ao pegar uma das fotos onde viu uma garota bonita, muito parecida com ela, abraçada com um rapaz jovem e sorridente – que tinha os mesmos olhos gentis do senhor Bonifer. Dany viu as cartas que ela escreveu para ele, algumas eram engraçadas e românticas, mas outras tristes e fizeram seus olhos lagrimejarem.

– Essa é...

– Sua mãe.

A resposta dele foi como uma ferroada no seu peito. Sua mãe parecia tão bonita naquelas fotos, tão feliz, muito diferente das que tinha em casa, das que seu pai lhe mostrava. Nessas Rhaella parecia perdida e cansada.

– Você sabia?

– O que?

– Quem eu era quando se aproximou?

O homem abaixou os olhos.

– Eu sempre soube quem você é Dany. – E então ele terminou de contar. Ele falou sobre quando Rhaella lhe contou da gravidez, de como ele quis ficar ao lado dela, mas não pôde.

De como doeu quando ela morreu e de como ele se sentiu impotente ao perceber que não poderia criá-la.

– Eu não podia fazer nada naquela época, mas hoje... Eu tive medo de lhe contar isso, medo de que você fosse ficar com raiva de mim.

Ela piscou varias vezes antes das lagrimas caírem.

Dany apenas se levantou e saiu correndo.

Jon abriu a porta um tanto surpreso de tê-la ali.

– Você está bem?

– Não.

Ela agradeceu pelos pais dele não estarem em casa, seria difícil explicar o fato de ela estar soluçando em sua porta.

– Venha. Damon está jogando vídeo game no quarto, nem vai nos notar.

Ele a levou até o seu quarto e ouviu tudo o que ela tinha a dizer. Jon sempre foi muito compreensivo e um ótimo ouvinte. O rapaz deixou que ela deitasse na sua cama e sentou no chão ao seu lado.

– O que você acha? – Ela perguntou esperando que ele tivesse alguma resposta.

– Eu não saberia o que fazer se fosse você. Olha, meu pai pode não ganhar o prêmio de melhor pai do mundo, mas ele não é tão ruim assim. Eu conheço o meu avô e eu sei como ele é difícil. Nem mesmo Rhaenys gosta dele e eu sei que ele é um péssimo pai. – Dany tentou secar as lagrimas com a palma da mão enquanto observava os olhos cinzentos de Jon. – Se Aerys fosse meu pai e um dia eu descobrisse que ele não é eu acho que ficaria um pouquinho feliz. Quer dizer, esse Bonifer parece ser um cara legal e eu o entendo por ter escondido por tanto tempo.

Dany fechou os olhos e perguntou:

– Você pode vir comigo amanhã?

– Para onde?

– Eu sei onde ele vai estar. Você vai ir comigo?

– Claro.




Ela e Jon esperam meia hora até Bonifer aparecer. Ele parecia abatido e nervoso quando chegou à livraria e só os notou depois de andar um pouco entre as estantes.

– Eu fiquei imaginando se a veria de novo. – Ele chegou perto e então olhou para Jon. – Esse é...?

– Jon. – Ela respondeu. – Jon, este é Bonifer.

Os dois apertaram a mão.

Um silêncio desconfortável caiu entre eles. Dany não sabia bem o que dizer, todas as palavras que vieram até a sua boca lhe pareciam erradas. Mas se fosse analisar bem a situação, não havia palavras certas a serem ditas... Nada daquilo parecia certo.

– Você tem certeza sobre o que me disse ontem? – Ela perguntou finalmente. – Quer dizer, olhe para mim, eu posso ser filha do meu... do Aerys.

– Rhaella me garantiu que você é minha, mas se quiser alguma prova mais concreta podemos fazer um exame de DNA. – Ele respondeu parecendo seguro de si. – Eu sei o que esse exame vai dizer, mas não lhe culpo por querer ter certeza.

– Bem... – Ela olhou para Jon como se procurasse nele uma resposta para uma pergunta que ela nem tinha se feito ainda. – Você tem mesmo certeza? Isso... Isso é algo grande, sabe, uma suposição muito séria.

– Não é uma suposição. Você é minha e de Rhaella, a única coisa que restou da nossa historia. – Ela apertou o braço de Jon nervosa. – Ela iria se separar daquele homem assim que você nascesse e nós viveríamos juntos como uma família. Infelizmente ela morreu, mas você está aqui, viva. Eu sei que é muito para absorver, mas eu peço que pense com cuidado. Eu quero recuperar todo o tempo perdido e espero que me permita isso.




Ela voltou a encontrá-lo um mês depois.

– Essa é a casa dos meus pais. – Ele disse animado e nervoso ao mesmo tempo. Ela se sentia da mesma forma, mas um pouco cautelosa também. – Eles morreram já faz um tempo.

– Sinto muito.

– Não sinta, os dois tiveram uma vida feliz, só fico triste por nunca terem te conhecido.

Ela quis perguntar mais sobre seus supostos avós, mas desistiu.

– Venha, vou lhe fazer a receita secreta da minha mãe. – Dany olhou ao redor quando entrou na sala. Era tudo pequeno e simples, muito diferente da mansão em que morava com o pai e Viserys. Mas tem fotos de pessoas sorrindo em todos os cantos e aquele lugar parecia um lar de verdade. Lembrava-lhe as historias que Irri contava sobre a sua casa e seus vários irmãos. – Quem sabe eu te ensino depois. Mamãe sempre quis uma filha para poder passar seu segredo, mas tudo o que ela teve fui eu.

Dany sorriu.

– Eu sei cozinhar um pouco. – Disse timidamente. – Nunca me deixaram chegar perto da cozinha, mas em Essos, quando eu visitava a família de Doreah eles me deixavam ajudar.

Bonifer riu.

– Eu posso usar um pouco de ajuda.

– Jura? – Perguntou animada.

– Sim.



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Notas finais do capítulo

Bonny finalmente contou :)
Comentários são bem vindos viu
Beijos ;*



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