Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 36
Sansa - Amigas


Notas iniciais do capítulo

Desculpem os erros :)
Para Odd Ellie
Finalmente um POV descente da Sansa



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Ela sempre teve varias amigas, mas sua predileta sempre foi Jeyne Poole.

No breve recesso que tiveram na universidade Jeyne veio com a ideia de viajarem. Passaram horas no quarto de Sansa decidindo o destino, ela queria ir para Jardim de Cima – o Sr Willas havia comentado que iria visitar sua terra natal –, Jeyne opinou por Pyke – para onde Theon Greyjoy e sua irmã estavam indo –, as duas discutiram e então no final decidiram ir para um lugar onde não haveria nenhum interesse amoroso a vista.

Winterfell.

As duas pegaram um avião até a capital do Norte e se hospedaram em uma simpática pousada na Vila do Inverno, um lugarzinho bonito que parecia parado no tempo. Sansa sabia que sua família tinha suas origens no Norte, seu pai tinha passado a infância nesse lugar antes de se mudar para o Sul com a família. Quando seus pais se casaram eles vieram para Winterfell e só voltaram para Porto Real depois que Sansa nasceu. Teoricamente ela era uma nortenha, mesmo que não tivesse sido criada ali. Jeyne também era e tinha passado mais tempo que ela no Norte.

Sansa se lembrava das viagens que as famílias faziam juntas no passado. As duas corriam pelos campos de neve e procuravam por rosas do inverno, às vezes Arya as seguia com suas perninhas pequenas e gritava irritava quando não conseguia alcançá-las. Seu pai adorava aquele lugar, quando mais nova Sansa não entendia o porquê, mas agora ela sabia. Quando se sentou com Jeyne na varanda da pousada no fim do primeiro dia observando o por do sol colorir o céu ela percebeu que não havia lugar mais bonito que aquele.

Nem mesmo Jardim de Cima poderia se comparar.



No segundo dia elas foram para o centro de Winterfell. Havia uma rua especial cheia de pubs e bares, mesinhas eram postas no meio da rua de paralelepípedos e sempre tinha musica ao vivo. As duas serpentearam pelas cadeiras até achar um lugar agradável onde uma banda indie tocava musicas sobre corações partidos. Na primeira rodada de cerveja Jeyne já tagarelava sobre Theon e de como ele estava sendo legal.

Sansa não conseguiu não se preocupar.

– Você sabe que ele é problema, certo?

– Ele não é o cara que todo mundo acha. – Era isso que Alys dizia e todos sabiam como terminou. – Olha, eu sei o que parece, ele não tem exatamente a família mais estruturada do mundo e nem é conhecido por ser um cara certinho, mas Sansa ele não é ruim. Eu juro!

– Eu costumava achar que Joffrey não era um cara ruim.

– Theon não é Joffrey.

Outra rodada de cerveja e mais palavras sobre Theon.

– Semana passada ele fez um desenho meu, estava tão bonito Sansa, eu tentei pegar da sua mão, mas ele ficou todo tímido e até corou, eu juro. Foi muito fofo.

– Theon fofo? Essa eu teria que ver com meus próprios olhos.

As duas riram.

– Você contou pro seu pai?

Jeyne revirou os olhos.

– O que você acha? O homem vai matar Theon quando descobrir e a minha mãe, oh Deuses, nem quero pensar no que ela vai dizer.

– E você está disposta a enfrentar isso?

Não houve hesitação na sua resposta.

– Completamente.



No terceiro dia elas compraram uma garrafa de hidromel e dirigiram até o campo onde ficava o antigo castelo de Winterfell. O livro de historia dizia que ali tinha sido a morada de antigos lordes que governaram o Norte por varias gerações. Havia sido um lugar majestoso no passado, mas como a maioria dos castelos de Westeros, este teve uma historia trágica. Seu pai disse que a ultima família a possuir aquele lugar foi separada pelo o destino, viu seus entes queridos sangrarem, sua casa ser queimada e nunca conseguiram se reencontrar completamente. Sansa gostava de pensar que em outra vida eles voltaram a ficar juntos.

O castelo principal ainda continuava de pé com apenas a parte de cima destelhada e parcialmente destruída, contudo, as torres, os muros e as demais construções eram ruínas. Apenas uma torre solitária se salvou da ação cruel do tempo. Seu pai adorava trazê-los e contar as varias historias que foram presenciadas por aquelas pedras, Sansa amava ouvir sobre os casamentos e as juras de amor feitas no bosque sagrado – que também foi conservado –, Bran preferia as historias de cavaleiros e vilões, ele também gostava de escalar o que deixava sua mãe morta de preocupação.

Jeyne correu assim que ultrapassaram as ruínas dos grandes portões.

– Lembra quando vínhamos até aqui vestidas de princesas?

– Sim. – Respondeu rindo.

– Olhe quantas rosas do inverno. Podíamos fazer uma centena de coroas.

As rosas cresceram com abundancia esse ano. Elas coloriam o chão e exalavam um doce aroma.

– Vamos até as criptas? – Antes de receber uma resposta, Sansa pegou o braço de Jeyne e a puxou em direção das escadas que levavam até o lugar onde os antigos senhores foram enterrados.

– Não sei por que você gosta tanto daqui.

– Acho que são as estatuas.

As duas chegaram ao corredor onde varias esculturas as encarava com olhos vazios. Aquele lugar não sofreu com as mazelas que se abateram ao castelo, era quase como se os mortos tivessem protegido sua morada. Talvez eles fizeram. Talvez os antigos homens e seus lobos estivessem observando seus passos nesse exato momento.

O pensamento a fez estremecer.

– Por que será que só esses lobos têm nomes?

Sansa andou até onde Jeyne estava agachada. Afastando a poeira ela notou pequenas esculturas em um canto escondido das criptas, diferente das outras, essas pareciam ter sido feitas por mãos amadoras, os lobos quase não pareciam lobos e as pessoas mal podiam ser reconhecidas. Ela olhou para onde a mão de Jeyne estava, havia uma palavra escrita em uma letra terrível. Foi difícil, mas conseguiu entender.

Nymeria.

– Será que é o nome do lobo ou da menina? – Jeyne perguntou para logo depois olhar para outra escultura. – Lady, esse parece ser o tipo de nome que você escolheria.

Sansa riu.

– Acho que sim.

– Uma pena que não dá para ver o nome dos donos.

Ela ainda tentou ler um deles, mas tudo o que conseguiu identificar foi um R e um B.

Minutos depois elas decidiram sair do lugar e explorarem o castelo. A garrafa de hidromel foi finalmente aberta e Jeyne logo tomou um longo gole.

– O que foi? Eu to com sede.

As duas beberam e cantaram no grande salão, depois subiram as escadas e espiaram os quartos tentando adivinhar quem havia dormido naquele lugar. O vento começou a soprar mais forte e elas correram para o lado de fora onde ficava o bosque sagrado.

Não era um lugar muito alegre e cheio de cores, mas ainda assim tinha sua beleza. Jeyne correu até a grande arvore-coração que os antigos acreditavam ser sagrada e a chamou com um sorriso. As duas deram as mãos e a Poole começou:

– Estamos reunidos aqui hoje para celebrar...

– Não é assim que é uma cerimônia de casamento nortenha.

– Você se lembra das palavras?

– Não. – Confessou.

– Eu também não. Acho que é isso minha querida, não iremos nos casar.

– Então devo beber para afogar as magoas. – Sansa roubou a garrafa da amiga e saiu correndo enquanto bebia o que restava. Jeyne gritou furiosa e a seguiu dizendo todo o tipo de palavras grosseiras.

No fim do dia as duas voltaram para a pousada onde tomaram um banho e caíram na cama.



O quarto dia foi simplesmente estranho.

Elas ficaram na Vila do Inverno para uma apresentação das crianças da escola local e quando a tarde chegou decidiram ir até o museu na cidade. Quando chegaram lá passaram quase uma hora perambulando entre quadros e objetos antigos até que Jeyne puxou o seu braço e apontou abismada até o outro lado do salão.

– Aquela lá não é a ex do seu irmão?

Sansa demorou um pouco para avistar Roslin Frey sorrindo enquanto tirava foto de um vestido antigo. Ela parecia adorável em um vestido azul marinho com sapatilhas pretas. O que será que ela está fazendo aqui? Sua mãe morreria de alegria se Robb estivesse ali também, mas Sansa duvidava; principalmente depois do seu irmão ir até o seu quarto e confessar que não conseguia parar de pensar em Myrcella Lannister.

(Robb pediu conselhos para Sansa, mas ela não se achava a pessoa mais indicada para aconselhar alguém nessa situação. Rickon apareceu logo depois no seu quarto e simplesmente mandou Robb parar de ser um molenga e ir atrás da garota, pois senão ele perderia para um Martell. Chegou a ser cômico a cara que o seu irmão mais velho fez.)

– Será que ela veio sozinha?

A pergunta logo foi respondida.

Seu tio Edmure Tully apareceu por trás de Roslin e lhe deu um beijo rápido na cabeça, em seguida a garota se virou, colocou os braços em volta do pescoço do seu tio e o beijou como se estivessem no fim do mundo.

– Ok, por essa eu não esperava. – Jeyne disse.

– Nem eu.

O casal não os notou. Logo depois do grande beijo deram as mãos e saíram caminhando pela a exposição.



O quinto dia foi um borrão.

Ela se lembrava de entrar de penetra em uma festa que acontecia em uma casa na área do subúrbio e de beber todos os tipos de bebida. Depois ela se lembrava de Jeyne ligando para Theon, dela mandando uma foto quase obsena – ela estava de sutiã – para Sr Willas e de das duas jogando strip pôquer.

Acordou na pousada e não fazia a mínima ideia de como chegou até ali.

Bem, algumas coisas devem permanecer enterradas.



No sexto dia elas ainda estavam se curando da ressaca.

Foram para uma doceria perto de onde estavam hospedadas e desfrutaram das melhores tortinhas de limão do mundo.

Em algum momento um rapaz tropeçou e bateu em Jeyne que quase caiu no chão.

– Desculpe.

– Tudo bem. – Sua amiga respondeu educada. O rapaz então a encarou atentamente e sorriu.

– Engraçado, eu tenho a impressão de que a conheço de algum lugar.

– Acho que não. Eu tenho um rosto comum.

– Jura? Eu sou Ramsay Bolton.

– Jeyne Poole.

Os dois apertaram as mãos, mas Sansa notou que ele segurou Jeyne por mais tempo do que necessário.

– Acho que nos veremos de novo Jeyne.

E então ele se afastou.

– Que garoto estranho. – Comentou. Ele não era feio, mas tinha os olhos mais sinistros que já viu. – Pareceu interessado em você.

– É bonitinho, mas não me importo, só tem lugar para Theon no meu coração.

– Lá vem você de novo.



Quando voltaram para Porto Real Theon Greyjoy esperava pelas duas no aeroporto junto com seu irmão Robb. Jeyne correu até o rapaz e lhe tascou um beijo digno de novela. Sansa caminhou até o irmão rindo.

– Vamos embora ou vamos segurar vela.

– Infelizmente viemos no mesmo carro, nós vamos segurar vela o caminho inteiro.

Quando entrou no carro seu celular vibrou e ela retirou e viu o nome Willas piscar no canto da tela. Uma mensagem. Quase abriu até lembrar com pavor o que tinha feito dias antes.

Oh Deuses não.

Como ela poderia olhar para ele novamente?



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Notas finais do capítulo

Comentários são sempre bem vindos - e inspiradores ;)
Beijos ;*