Quando entrou na casa dos Stark ela imaginou todas as formas de escapar. Seu plano principal era colocar o presente na caixa e dar o fora dali o mais rápido possível. Infelizmente, ela tinha vindo com tio Renly, Tommen e Shireen, por isso, não havia ninguém para levá-la de volta.

Seu plano B era se esconder no quarto de Arya até tudo acabar, desse jeito não diria ou faria nada estúpido. Contudo, Shireen não a deixaria fugir assim tão fácil. Ela foi obrigada a descer e então colocou em pratica seu plano C. Ficar quietinha só observando o desenrolar das coisas. Bem, ela conseguiu manter o plano nos primeiros cinco minutos, depois disso ela pensou que não faria mal nenhum experimentar o ponche de morango.

Ela não costumava beber. Mesmo depois de completar seus dezesseis e estar legalmente autorizada a isso, Myrcella deve ter ingerido álcool uma três vezes na vida. Logo no primeiro copo ela sentiu o corpo se encher de energia e começou a rir como uma idiota enquanto dançava no compasso da musica.

Ela pulou e pulou até que avistou Robb Stark a observando intrigado. Oh Deuses, ele sempre a via nos seus piores momentos. Suas bochechas coraram, mas por algum estranho motivo ela não se importou dessa vez, não morreu de vergonha e nem quis enterrar a cabeça no chão.

Ela continuou pulando até que ele entrou na cozinha. Duas garotas mais velhas soltaram risinhos na direção dele e aquilo a encheu de raiva. Já tinha Roslin Frey e Jeyne Westerling para se preocupar, não precisa de mais competidoras. Myrcella andou até a cozinha e encontrou Theon Greyjoy sentado na bancada com uma menina bonita o olhando desconfiada. Ela os ignorou e seguiu até a portinha que levava para o quintal dos fundos onde ficava a piscina.

Encontrou Robb olhando para o céu.

Ela tropeçou nos próprios pés – típico – e ele a notou.

– Myrcella?

– Ah, oi.

E agora gênio?

– Você está bem? – Ele perguntou preocupado. – Andou bebendo não é?

– E se eu tiver?

– Deveria moderar.

– Eu tenho quinze, não, espera, dezesseis, é, eu tenho dezesseis anos, eu posso beber a garrafa inteira se eu quiser. – Ela quase gritou apontando para o rosto dele. – Pare de me enxergar como um bebê, por que não sou um bebê.

– Eu não te enxergo assim. – Robb começou a se aproximar dela cauteloso, irritada, Myrcella andou até ele e o empurrou. – Calma.

– Eu vou ser sempre a irmãzinha da Arya para você, pois quero lhe dizer que você vai sair perdendo.

– Eu vou?

– Vai sim.

Cambaleou um pouco em direção da piscina, mas logo sentiu as mãos do Stark a aparando. Ela se afastou como se ele fosse brasa.

– Eu sou incrível ta legal... I-N-C-R-Í-V-E-L. – Ele arqueou as sobrancelhas surpreso e ela continuou sem se importar com mais nada. – E eu beijo muito melhor que aquelas quengas que você arruma.

– Jura?

– Você está duvidando? – A garota fez uma expressão indignada e voltou a apontar o dedo para ele. – Se eu te beijasse você nunca mais iria superar.

– Uau.

Ele estava rindo?

– Quer saber, eu vou provar.

Cheia de uma estranha coragem ela se aproximou dele e agarrou o colarinho da sua camisa. Quando acordasse com uma dor de cabeça horas depois, Myrcella iria se lembrar de cada detalhe do que aconteceu. De como ela colocou os lábios nos dele e de como foi capaz de dar o melhor beijo de todos. Daquele tipo de beijo que se vê em novelas e filmes.

Ela também se lembraria de como as bochechas deles estavam levemente coradas quando finalmente se separaram e de como sua respiração ficou acelerada.

Seu coração batia tão rápido e tão forte que provavelmente as pessoas seriam capazes de ouvi-lo em Dorne.

– Bem, é isso, adeus.

E ela saiu andando jogando o cabelo por cima do ombro e deixando um Robb Stark bastante confuso para trás.

Antes de chegar à sala ela pensou ter ouvido algo que parecia ser a voz de Arya vindo do corredorzinho da área de serviço. Ela olhou, não encontrou Arya, mas viu algo que parecia ser um garoto alto e... Cabelos claros?

Myrcella acabou trombando em Bran.

– Você viu a Arya?

– Não, mas eu acho que ela ta ali.

.

Sol já estava para nascer quando Cersei desceu do carro e olhou com um sorriso divertido a casa dos Stark. O que a tão perfeita Catelyn diria quando visse isso? Sua casa cheia de jovens transbordando em hormônios. Oh, tinha até um deles desmaiado no seu precioso jardim. Ela lembrava como a mulher adorava o jardim.

– Eles sabem como fazer uma festa. – A voz do homem capturou sua atenção assim que ele desceu de um carro estacionado atrás do dela.

– Está me seguindo?

– Eu também tenho filhas para pegar.

Ela o analisou rapidamente. Ele parecia que tinha saído agora da cama, o cabelo escuro estava desarrumado e o rosto ainda estava um pouco amassado. Entretanto, Oberyn Martell continuava bonito e sexy. Cersei voltou a olhar para casa.

– Eles não iriam voltar com o Renly?

– Tommen ligou, aparentemente Renly acabou bebendo e não vai poder dirigir. Melhor assim, não quero meus filhos com ele.

Os dois estavam encostados no seu carro. A loira já começava a ficar impaciente com a demora dos filhos.

– Acalme-se. – Ela sentiu a mão dele tocar a sua e seu corpo estremeceu. Seus filhos estão chegados sua idiota. – Talvez a gente devesse se encontrar mais tarde.

– Não posso, devo passar o dia na empresa hoje.

– Ainda na corrida pela presidência?

– Não vou perder para aquele anão.

– Uma noite não vai te fazer uma perdedora. – A porta se abriu e ela viu três meninas saírem, Loreza, Dorea e Obella. – As meninas chegaram, quando o meu filho vir diga que lhe mandei um beijo.

– Ele não é seu filho! – Ela odiava quando ele falava coisas assim.

– Pode ter mentido para o seu ex-marido e para o seu irmão, mas você não pode mentir para mim. – Ela não tirava os olhos das garotas que ainda estavam na frente da porta rindo de alguma coisa. – Vai me dizer que nunca viu o marrom que tem nos olhos verdes dele? Suas orações não foram capazes de afastar todas as minhas características.

Oberyn então sorriu para as filhas e acenou.

– Ele é um Martell e um dia vai ter que saber disso. – Ele disse antes das meninas se aproximarem.

Oberyn partiu com as filhas mais novas e deixou Cersei parada na frente da casa com o coração na mão. Myrcella e Tommen saíram da casa logo depois. Sua filha parecia um pouco confusa – provavelmente bebida – e Tommen estava calmo e tranqüilo como sempre.

Ela os abraçou e deu um beijo na testa dos dois.

– Vamos entrando.

Myrcella foi para o banco de trás e se deitou cansada. Tommen sentou no banco da frente e depois de colocar o cinto a olhou.

– Você está bem mãe?

Sempre tão gentil e atencioso.

A Lannister encarou os olhos do filho, mesmo com a pouca luz ela percebeu que ele de fato de um pouco de castanho nos olhos. Um pequeno sinal dornês.