Podia ver o homem sentado na cadeira diante da mesa lendo alguns papeis. O rosto dele continuava igual ao que se lembrava assim como os cabelos loiros escuros que agora tinham alguns fios brancos misturando-se. A pele continuava morena clara e o porte másculo, apesar de um pouco mais magro.
Sentiu os olhos lacrimejarem antes de vê-lo olhar na sua direção.
Foi então que os olhos castanhos de seu pai focaram-se nos olhos esmeraldas dela.
- Yoko.
Viu o homem levantar e vir na sua direção exitando em alguns momentos. Deu alguns passos na direção que este estava e parou sentindo-se uma criança novamente.
Estavam juntos novamente.
- Sakura.
Yoko admirou a filha por alguns segundos antes de ter coragem de voltar a falar.
- Você virou uma verdadeira dama.
Era a segunda vez que ouvia aquela frase no mesmo dia e sentia-se uma fraude.
- Obrigada. O senhor continua igual ao que me lembrava.
Sorriu com o comentário da filha.
- Estou velho e você nova. – ele deu um pequeno sorriso e esticou a mão como se quisesse acariciar a filha. -Seus olhos continuam iguais os de sua mãe.
Yoko desfez o sorriso tímido e seu rosto endureceu. Sua mão automaticamente abaixou-se parando na lateral do corpo.
Sakura sentiu-se como se estivessem lhe cravando uma faca no coração. Sua mãe nunca fora muito propicia a carinhos ou amor maternal, muito pelo contrario odiava todo aquele aconchego de família. Fora um dos motivos que a levaram de volta a Europa. Não podia suportar ficar naquela ilha com um homem pobre e grudento por quem achara que tinha se apaixonado. Queria aventuras e luxo, fora homens que a fizessem perder o ar. Pelo menos fora isso que escutou a mãe dizer quando tinha idade e coragem suficientes para fazer a pergunta. Então finalmente entendera o porquê vivia em um colégio interno. Sua mãe não gostava de lembrar que possuía uma filha ou que estava ficando mais velha a cada ano que sua filha ficava mais jovem.
- Desculpe-me pela indelicadeza Sakura. Faz poucos meses que sua mãe morreu e eu falando dela deste jeito.
Sakura sorriu.
- Não se preocupe Yoko.
Sentia-se insegura diante do pai que parecia tão frio e distante pra com ela.
Ele não poderia compreender que não fora esse o motivo de sua tristeza momentânea.
- estou realmente bem e feliz em vê-lo após tanto tempo.
- Eu também.
Ambos sorriram sinceros.
- Sente-se querida e... – Yoko olhou para Sasuke que permanecia olhando a cena a sua frente. – Sasuke, como...
- Falaram-me que havia uma garota querendo vir para cá quando estava pegando a encomenda e fiz um pequeno favor de ajudá-la. Só fiquei sabendo que era sua filha no avião.
- Fiquei presa no aeroporto e não tinha como seguir viajem já que o ultimo avião já havia partido. – Sakura falou baixo se explicando ao pai. – Então a moça da recepção me disse que havia um avião de abastecimento que chegaria em breve e ela poderia pedir para que me trouxesse.
Na verdade a moça ruiva do balcão era uma habitante local da ilha e conhecida de Sasuke. Pelo modo como falou poderia dizer que ela era muito mais do que uma simples conhecida dele. E comprovou isto ao ver o moreno conversando inclinado no balcão com a moça ruiva. Viu quando ela passou as mãos sobre as dele e mordeu o lábio inferior em um convite intimo. Também percebeu os olhares de cobiça sobre a ruiva. Ficaram assim por uns dez minutos ate a ruiva lembrar-se dela e chama-la.
- Ótimo tenho que agradecer a Karin mais tarde quando a ver.
Sasuke olhou para Sakura e levantou uma sobrancelha.
- Bom acho que devo sair...
Sasuke falou olhando para Yoko com cumplicidade o que deixou Sakura deslocada e com mais incertezas em sua mente.
- Na verdade preciso de um favor seu.
- Claro o que precisa?
Yoko virou-se para a filha com o rosto inexpressivo.
- Desculpe-me Sakura, mas tenho um compromisso agora e infelizmente não posso adiá-lo.
Sakura sentiu-se sem chão e pensou que a qualquer momento cairia de tanto que os joelhos tremiam.
- Oh, não há problema afinal a culpada sou eu em não mandar uma carta lhe avisando da minha visita. – Olhou para o pai sorrindo, tentou fazer parecer sincero e não apavorado já que era assim que se sentia. – Vou ir ate o hotel mais próximo e espero que o senhor possa ir me visitar quando tiver um tempo livre.
Repreendeu-se por ter que se controlar para não derramar lágrimas na frente dos dois homens. Mas estava fazendo um bom trabalho afinal havia aprendido a controlar suas emoções desde muito nova.
- Nem pensar Sakura. Você ficara quanto tempo na ilha?
- Ah no máximo duas semanas. Mas...
- Não Sakura. Você ficará em minha casa. Bom, acho que deve lembrar-se do local, não me mudei desde aquela época apesar de que a casa foi totalmente reformada.
- Era muito pequena, mas lembro de algumas coisas...
Respondeu baixo com lembranças vindo à mente.
- Está tudo certo. Após o trabalho poderemos conversar ou se preferir amanhã. Acho que deve estar cansada de toda essa viagem.
- Bom na verdade estou sim. Obrigada.
- Não tem problema. – Yoko virou-se ao outro homem. – Sasuke poderia fazer o favor de levá-la para casa? – Virou-se para a filha. – Sakura gostaria de conhecer o hangar?
- Ah se não for incomodo.
- Não querida. –voltou-se para Sasuke. – Mostre os prédios e nossas crianças.
Yoko sorriu, mas Sasuke pode ver o leve tremor no corpo do homem. O ajudaria e faria o possível para descobrir o que a Sakura realmente queria ali.
- Sem problemas Yoko.
- Ótimo. Esta dispensado pelo resto do dia garoto.
- Certo.
Sakura estava alheia à conversa dos dois. As lembranças de sua adolescência estavam vividas na sua mente.
- Sakura?
Finalmente quebrara as recordações e ao levantar os olhos pode ver os dois olhando-a interrogativamente.
- Oh desculpem-me. Estou meio distraída hoje.
Sorriu sem graça.
- Hmn. – Foi a única coisa que saiu da boca de Sasuke. – Siga-me.
Olhou o pai mais uma vez antes de seguir o moreno.



Caminhavam pelo angar com Sasuke fazendo alguns comentários sobre os prédios e onde ficava cada setor.
- Senhor Uchiha...
Sakura começou a perguntar, mas foi interrompida por Sasuke.
- Vamos fazer o seguinte. – Ele a encarava. – Você me chama de Sasuke e eu lhe chamo de Sakura, certo?
Sakura observou certo rancor na expressão do moreno.
- Tudo bem.
- Ótimo.
Continuaram a caminhar com Sasuke uns dois passos a frente dela.
- Bem, Sasuke. O que exatamente você faz aqui?
- Não entendi o motivo da pergunta. Você me viu pilotando.
- Sim eu sei, mas você tem um escritório particular e então eu pensei...
Interrompeu seu raciocínio ao ver o Uchiha parando e a encarando.
- Tenho um escritório por que como posso dizer... – Sasuke falava irônico e raivoso. – Ajudo Yoko na administração. -Encarou-a serio. – Satisfeita?
Sakura estava com os olhos arregalados e o corpo trêmulo ao ver a reação bruta dele.
- Desculpa não queria ser intrometida ou deixa-lo nervoso.
Abaixou a cabeça e respirou fundo para se controlar. Ninguém a machucaria ali.
Sasuke viu a expressão da garota e fechou os olhos se controlando. Depois a olhou e o que viu não foi algo que o deixasse feliz afinal Sakura estava de cabeça baixa com o corpo ainda tremulo e as mãos fechadas em punho.
- Sakura.
Ergueu os olhos para ele.
- Vou mostrar a oficina e depois podemos ir embora.
- Sim. – Estava respirando muito lentamente para que seu corpo voltasse ao normal, o que já estava fazendo efeito.
Sasuke guiou a Haruno pousando levemente a mão nas suas costas, o que a deixou um tanto desconfortável, até o galpão onde ficava os aviões que precisavam de manutenção.
- Aqui ficam os aviões que estamos arrumando.
- Oh.
Olhava atentamente cada um dos aviões que estavam ali, assim como as ferramentas e maquinas estranhas que ela nunca vira.
Caminhou lentamente até um avião negro que tinha uma pequena pintura na lateral. Ficou ali o admirando ate sentir a presença do Uchiha atrás de si.
- Esse avião é diferente. Tem algo pessoal nele.
Olhava para a pintura enquanto falava com Sasuke.
- Sim. – Sasuke suspirou. – Acertou em cheio.
- Desculpe. Como disse?
- Disse que você acertou. Este avião é especial.
Sasuke olhou para a rosada que o encarava em duvida.
- Pertence a você certo?
- sim. – Foi à única coisa que o moreno respondeu. – Bom, acho que deve estar cansada. Vamos para casa.
- Certo.
Passaram pela sala da Ino pegaram à mala que havia ficado ali e seguiram até a portaria após se despedirem desta.
- Vamos ir de táxi. – Sasuke falou enquanto caminhavam ate o carro que já os esperava.
- Esta bem.