Between Bites And Kisses escrita por Isa Paçoquita


Capítulo 6
Esquartejar


Notas iniciais do capítulo

Hello!!!
Antes de me esquartejarem (como eu amo essa palavra) eu tenho explicações!
Eu já tinha o cap pronto fazia um tempo, mas fiquei sem internet por quase uma semana e não consegui postar antes, então me perdoem! *-*

Acho que é só, até as notas finais pessoal!



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P.O.V Tobias

Fiquei alguns minutos pensando se ela estava só me zoando ou se estava falando a verdade. Nunca tinha visto aqueles olhinhos azuis tão tristes, mesmo quando a encontrei, ela não parecia tão triste. Esta prestes a me desculpar, quando ela começou a falar.

–Eu nunca a considerei uma mãe de verdade, uma mãe nunca faria o que ela fez comigo. Toda manhã ela me acordava e me obrigava a treinar incessantemente os passos de dança, para depois reclamar o quanto eu estava desajeitada. Uma vez eu cheguei da escola com um prova, que segundo ela, estava imperfeita. Nunca apanhei tanto na minha vida. Eu sempre amei HQs, já ela abominava e um dia ateou fogo na minha coleção, eu tinha uns doze anos. Gritei com ela e a chamei de monstro, ela em resposta me agarrou pelos cabelos e disse que o monstro era eu, que eu tinha destruídos seus sonhos, que o mínimo que podia fazer para recompensa-la era ser menos como eu e mais com ela. Ela deu o assunto por encerrado, mas eu não, a tonta aqui falou para o “papai do ano”. Conclusão: apanhei dos dois ao mesmo tempo, do meu pai por ter o incomodado e da minha mãe por nascer.

Ela fez uma pausa respirar, enquanto eu tentava absorver tudo aquilo. Isso era motivo para cortar os pulsos e não para discutir numa praça de alimentação às quatro da tarde.

–Natalie morreu de leucemia duas semanas depois disso e suas ultimas palavras foram “você foi a minha pior decepção”–ela me olhou com aqueles olhinhos azuis claros tristes e alguma coisa amoleceu dentro do meu peito.

–Então, isso foi um dos motivos para você fugir?–ela olhou para mim e riu fracamente.

–Também. Sempre temos motivos. Qual foi o seu motivo para sair do Alasca e vir para cá?–de perto ela parecia mais natural que muita gente por ai. O batom tinha quase sumido por completo, uma parte dos corvos que tinha tatuado tinha aparecido, algumas mechas do seu cabelo ainda tinham uma coloração rosada. E tudo isso colaborou para eu cogitar contar a ela coisas que nem os psicólogos há quase dez anos conseguiram tirar de mim.

Era estranho me abrir com as pessoas, principalmente com as que eu conhecia a menos de uma semana. Sempre tive esse problema, na escola sentava na ultima carteira e ficava sozinho nos intervalos, nunca me socializava com ninguém.

–Perdi minha mãe ainda antes de nascer, então cresci com uma madrasta que, se não tivessem me contado, acharia que era minha mãe pro resto da vida. Foi ela que me contou que não existia Papai Noel ou coelhinho da Pascoa. Ela era inconformada com o fato de eu gostar de desenhar, principalmente depois de umas coisas acontecerem, então eu vim para cá quando pude–omiti boa parte da historia, mas já era um começo. Não queria sobrecarregar ela com meus problemas pessoais, não tinha a coragem dela para isso.

–Só?–assenti, ela riu e olhou mais um pouco para o meu desenho. Estava prestes a falar alguma coisa, quando o celular dela vibrou em cima da mesa– puta merda! Vamos que pretendem me esquartejar quando chegar em casa.

Ri e sai atrás dela, pensando porque contei aquelas coisas para ela.

P.O.V Tris

Merda! Merda quíntupla elevada à casa do caralho! Aquilo seria impossível!

Eu nunca conseguiria entrar naquilo, era pequeno demais, ate mesmo para mim. Como se as tortura com o cabelo e unhas já não bastassem. Quase todas as mulheres que me olharam reclamaram ou do meu peso, ou das minhas unhas, ou do meu cabelo.

Fiz questão de trocar de camiseta antes de aparecer lá e mostrar as tatuagens que fiz quando fiquei “foragida”. Foi muito engraçado ver a cara de assustada de todas ali, principalmente da Tori, chego a pensar que a traumatizei.

Depois de varias horas de frufrus, eu estava parecendo uma princesa vinda de um conto de fadas, literalmente. Tinham coberto todas as minhas tatuagens e a cicatriz dos piercings que meu corpo tinha rejeitado. Meu cabelo estava quase na cintura, completamente enrolado e mais loiro que o normal.

Respirei o mais fundo que conseguia e sai da frente do espelho. Aquilo não era eu, era tudo, menos eu. Comecei a pensar o que era tão importante para me vestirem tão bem.

Segundo Tori, era um jantar executivo comemorando minha chegada, mas sabia que era algo a mais que isso, algo ainda pior. Tori não era das que ficava com a voz embargada pelo simples fato de um estar arrumada, isso estava começando a ficar sinistro e meus pensamentos foram diretos para meu irmão na Inglaterra.

Uns anos antes de eu fugir, ele fora forçado a se casar por trafico de influências e estava apostando todas as minhas fichas que isso aconteceria comigo também.

–Vamos querida?–Tori disse toda sorridente e eu a segui para o carro que já me esperava no estacionamento. Como ela foi na frente, aproveitei para pegar meu celular escondido e mandar uma mensagem para a pessoa mais lucida da minha lista de contatos.

4 Online

HEELPP! :T

4: santo, o que foi?

To fodida: T

4: novidade?

Estou com um vestido que passa dos joelhos, cabelo babylizado* e unhas postiças: T

4: ...

Mas não consegui olhar a resposta que Quatro mandou, porque Tori arrancou o celular das minhas mãos e guardou novamente na bolsa. Tínhamos chegado.

O lugar em si era muito lindo, um jardim com mesas dispostas em volta do que pareceu uma pista de dança com musica clássica ao fundo. Quase todos ali eu já tinha visto pelo menos uma vez na vida, políticos que sempre apareciam nas festas que meu pai dava.

Suspirei meio sem jeito, seguindo Tori até onde provavelmente encontraria meu pai. E lá estava ela, com seu terno perfeito e companheiros corruptos.

–Ah, Beatrice, estávamos falando justamente sobre você–ele deu aquele sorriso cínico muito bem treinado e me apresentou um garoto qualquer, me mandando dançar com ele. Fui com o sorriso mais falso que conseguia dar e tentei lembrar tudo o que já aprendi sobre dançar com um vestido apertado sob pressão psicológica.

Ele não era inteiramente chato, só insuportável. Cara, como aquele menino era irritante, só falava sobre como a empresa do pai seria passada para ele quando o velho morresse. Uma valsa era o máximo que consegui ficar com ele sem esquarteja-lo.

Fugi dele a festa inteira, uma coisa muito difícil com aqueles saltos enormes, e não pude beber nada ali. Provavelmente por causa do meu pai e todo mundo pensar que sou sua filhinha perfeita.

Estávamos quase indo embora, quando aquele irritante me puxou e perguntou meu número. Aquilo foi a gota d’água. Minha mão encontrou gentilmente seu rosto e respondi ele com doces palavras.

Ironia? Imagina! Quase morri de diabetes quando você falou, de tão doces e fofas que eram as palavras! – Eu tenho que ir num psicólogo. E rápido. Minha consciência esta começando a se parecer comigo.

Fui atrás com meu pai, me preparando para o discurso inédito sobre como eu o envergonhei. Foram longos trinta minutos de sermões hipócritas e meus melhores olhares sarcásticos.

A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi tomar um banho. Tive que esfregar a maquiagem do meu corpo e desfazer aquele cabelo ridículo, não que eu não goste de cachos, mas não combinam comigo. Depois assaltei a cozinha, pegando tudo quanto é besteira, e corri ate o meu quarto horrível.

Ainda eram nove da noite, então decidi fazer alguma coisa da minha vida, ou seja, liguei para o Quatro. Não que eu gostasse, mas Tori deixou bem claro que o único autorizado a entrar aqui era ele.

Tris?–aquela voz já meio familiar atendeu ao terceiro toque.

–Vai fazer alguma coisa agora?

Se for para roubar um banco, vou logo avisando, minha mãe não gostaria que fizesse isso–ri um pouco e olhei para aquele teto meio estranho que eu tinha.

–Ah, cortou o meu barato. Quatro. ‘Tô no meio de uma crise de tédio e preciso da minha babá aqui–dessa vez foi ele que riu, me fazendo rir com ele–e traga Coca-Cola.

–Calma! Me dá quinze minutos e eu chego ai–assovio e ele continua–com a Coca.

Desligo, saindo correndo atrás da camareira e travesseiros extras. Hoje toda aquela chatice de agora pouco iria passar.

Tinha que passar.


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Notas finais do capítulo

*babylizado=palavra que me veio na cabeça na hora de escrever.

E aí? O que acharam?
Eu achei ele meio chatinho, mas é de uma importância.
Bjss sabor Cup Noodles e até o proximo cap!!!
^-^



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