–Ai minha mão!– ele tentou examinar o membro no escuro, vendo o vulto do sangue escorrendo por ela – porque você me mordeu de novo?

–Se você fosse mais explicito sobre o porquê de estar me levando amarrada, contra a minha vontade, no meio da noite por uma estrada deserta eu pararia– o ódio da loira era claro no seu tom de voz quase gritado, surpreendendo o motorista. Horas de viagem já haviam se passado e Tobias já via a placa de onde passariam a noite – era pedir muito para me desamarrar?

Ele riu com gosto e se virou para a baixinha– acha que eu sou tonto Sra. Prior? Eu conheço o seu tipo de rebeldia – ela bufou pela centésima vez enquanto o moreno revirava os olhos pela centésima vez. Eles estacionaram em um hotel de aparência sombria, fazendo a pequena pensar se haveria segundas intenções para a parada.

–Chegamos– Tobias disse, abrindo a porta do passageiro e jogando a loira nos ombros. Foi a partir desse momento que Tris começou a pensar no pior do pior.

A recepção em si era agradável, tirando os animais empalhados e um quadro de espadas que pareciam bem afiadas. Atrás do balcão estava um garoto, nos seus dezesseis anos, de pele morena e olhos escuros.

–O quarto esta como sempre Quatro– o garoto jogou uma chave para Tobias e acenou para a loira enquanto os dois entravam no elevador, recebendo um olhar furioso da mesma. Mesmo no elevador, o moreno não deixou ela ficar em pé.

Com um tranco, eles chegaram ao que pareceu o ultimo andar do prédio, um corredor sombrio com um papel de parede antiquado. Mas, mesmo com a aparência velha do corredor, o quarto em que entraram era aconchegante com seu piso de carvalho e paredes claras.

Tobias jogou-a meio que rudemente no sofá fofinho e tirou um canivete do bolso de trás do jeans, fazendo Tris arregalar os olhos e virar o rosto assustada.

–Não, não é isso que esta pensando. Eu só vou cortar as algemas– e foi isso mesmo que ele fez, parecendo meio envergonhado, mas com delicadeza– seu quarto é o ultimo do corredor, tem lasanha na cozinha e você consegue não se matar por dez minutos?

A loira assentiu enquanto esfregava os pulsos. Vendo seu sequestrador sair, ela levantou em um salto e se dirigiu ate a janela mais próxima, mas antes de abri-la, um ronco rugiu pelo quarto e Tris saiu em disparada para a cozinha. Desesperadamente, ela abriu o micro-ondas, dando graças por lá ter um prato com lasanha quentinha e de quatro queijos.

Revirou as gavetas atrás de um garfo e se sentou no balcão, devorando a comida como se não houvesse amanha. Apenas deu um tempo na comilança quando viu seu sequestrador na porta, com os cabelos negros molhados e sem camisa.

Ele corou um pouco enquanto ria da baixinha que saiu em disparada para o quarto designado a ela. Fechou a porta com força e deslizou pela mesma, se culpando mentalmente por ser tão tonta. Balançou a cabeça, afastando esses pensamentos e tirando os sapatos.

Tris adormeceu no momento que deitou a cabeça na cama.