O que o Acaso Traz escrita por b-beatrice


Capítulo 6
Domingueira


Notas iniciais do capítulo

Oi queridas!
Finalmente voltei! (para quem não tinha visto no grupo do facebook, tive que me ausentar semana passada por conta da faculdade e de um novo estágio *oba!*)
Preparem-se para mais um ponto de vista do Edward!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/594678/chapter/6

Ponto de Vista – Edward

Acordei e automaticamente busquei o celular. Sem resposta ainda.

Soltei o ar sem saber ao certo se o fato dela não ter respondido era bom ou ruim. Precisava confessar que não sabia o que estava pensando quando mandei aquela mensagem. Ela provavelmente nem sequer lembrava de ter me encontrado, a julgar pelo seu estado embriagado.

Desisti de ficar de patrulha no celular e levantei em busca de algo para comer. Anthony provavelmente acordaria com fome.

Passei pelo quarto dele esperando vê-lo ainda adormecido, mas me surpreendi ao ver a cama já arrumada, mas sem sinal dele.

A surpresa virou pânico quando percebi que o banheiro tão pouco estava ocupado.

– Anthony? – chamei desesperado indo para a cozinha.

– Sim? – ouvi a resposta vinda do sofá.

Me virei para ver meu filho me olhando assustado, provavelmente por causa da urgência em minha voz.

Parabéns, Edward. Excelente maneira de dar bom dia ao seu filho.

– Ei, amigão. – cumprimentei me aproximando e sentando ao seu lado enquanto meu coração ia desacelerando – Me assustei quando não te vi no quarto.

– Me desculpa. – ele pediu parecendo profundamente arrependido por algo realmente não tão importante – Eu pensei que não teria problema se eu viesse ler no sofá.

Baixei os olhos e percebi que ele realmente tinha um livro em suas mãos.

– Não tem problema nenhum, filho. A casa é sua. – falei sorrindo para ele, ainda aliviado de que fora apenas um susto – Agora, que tal um café da manhã reforçado?

– Você precisa de ajuda? – ele perguntou parecendo feliz com o final da breve confusão.

– Não, não. Pode continuar lendo seu livro. – dizendo isso levantei correndo para a bancada na cozinha, torcendo para acertar a receita de panquecas que eu recentemente estava aprendendo a fazer para as manhãs de domingo.

– Nós vamos para a casa da vovó hoje? – ouvi ele perguntando da sala.

– Ela nos convidou para almoçar lá hoje de novo. – respondi organizando os ingredientes no balcão – O que você acha de irmos?

– Eu gosto da comida da casa da vovó. – ele respondeu.

Ri sabendo que era impossível não gostar.

– Eu também, garoto. Eu também. – respondi.

Por sorte não levou muito tempo para preparar a massa das panquecas e a calda de chocolate semi pronta foi um excelente coringa.

Levei algumas frutas que Sue, a babá, havia deixado para que comêssemos no fim de semana e o leite para mesa, podendo finalmente chamar Anthony.

Como sempre, ele veio ao primeiro chamado e eu ainda me perguntava se meu filho era uma criança perfeitamente obediente ou apenas esfomeada.

Como sempre acontecia, aguardei ansiosamente enquanto ele experimentava a primeira mordida, aguardando por cada mínima expressão que indicasse se ele havia gostado ou não.

Ao notar um breve sorriso e perceber que ele continuou a comer sem interrupções suspirei agradecendo aos céus por ter acertado, ao mesmo tempo em que eu me dava conta de que precisava descobrir outra receita simples que eu conseguisse fazer para o café da manhã dos domingos. Talvez eu juntasse coragem para tentar ovos mexidos em um futuro próximo.

Comemos calados, como sempre acontecia e eu debatia internamente pensando em um assunto que eu pudesse puxar, esperando que Anthony se abrisse mais.

Já havia se passado um mês de convivência, mas eu ainda achava que Anthony estava tendo dificuldades em se adaptar.

Era normal crianças daquela idade serem tão quietas? Ele não deveria estar exigindo mais calda? Ou chorando para comer no sofá enquanto assistia televisão? Ou mesmo enrolando para vir, pedindo para ficar mais tempo no vídeo game?

Agradeça pelas pequenas bênçãos, Edward.

Claro, pelo menos meu filho não era um pequeno eu. Eu definitivamente não estava pronto para lidar com um furação em busca de confusão, como eu havia sido em minha infância.

– Estava bom? – perguntei puxando assunto quando Anthony terminou de comer, limpando suas mãos e boca com um guardanapo.

– Sim, muito obrigado. – ele respondeu me olhando com seus olhos ainda mais verdes do que os meus e senti mais uma vez a familiar sensação de orgulho em ter aquele rapazinho como meu filho – Você quer que eu te ajude a lavar tudo?

– Não precisa, pode aproveitar seu livro enquanto eu faço isso. – respondi, mas não fiz menção de levantar e talvez por isso Anthony também não.

– Você realmente não se importou de eu ter ido ler no sofá? – ele perguntou parecendo um tanto receoso.

– É claro que não. – respondi estranhando sua pergunta – Eu te disse, a casa é sua.

– Estaria tudo bem se eu lesse na minha cama antes de dormir, então? – ele perguntou ainda parecendo um tanto inseguro quanto ao assunto.

– Claro, por que não? – respondi enquanto me perguntava qual era a importância escondida por trás de algo tão simples.

– Por nada. – ele respondeu e finalmente observei um sorriso em seu rostinho.

– Sobre o que é o seu livro? – perguntei não estando ainda pronto para deixar esse momento de conexão entre nós passar.

– É sobre uma turma de amigos que brincam de detetives, mas acabam participando de um mistério de verdade. – ele contou – A intenção é juntar as pistas ao longo da história para resolver.

– Parece complicado. – comentei sincero, me perguntando como um garotinho tão novo conseguia ler, interpretar e raciocinar com uma história.

– É divertido. – ele falou sorrindo verdadeiramente e me senti feliz ao ver que fazia bem para ele.

– E onde foi que você arrumou? – perguntei.

– Vovó me deu da última vez que fomos almoçar com ela. – ele contou – Ela disse que você, tio Emmett e tio Jasper usaram na escola.

– É bem possível. – respondi.

O silêncio voltou um tanto desconfortável então finalmente levantei para lavar a louça enquanto Anthony voltava a se sentar confortavelmente no sofá com seu livro em mãos.

Apesar da falta de assunto, não pude deixar de sorrir ao ver que só o fato dele ter finalmente se aventurado a passar um tempo na sala e não em seu quarto, ele parecia ligeiramente mais familiarizado com o ambiente.

Quem sabe um dia ele não consideraria o local realmente seu lar?

~*~*~*~*~

Bastou eu desligar o carro após estacionar na vaga da casa dos meus tios para que a porta se abrisse.

Rapidamente soltei Anthony da cadeirinha, permitindo que ele descesse, enquanto ouvia o grito de tia Esme vindo em nossa direção.

– Anthony! – gritou ela correndo para ele com os braços abertos.

– Vovó! – ele gritou de volta indo contra ela, ambos se abraçando quando o encontro aconteceu.

Não pude deixar de sentir uma pontada de ciúmes. Eu duvidava muito que em um futuro próximo ele correria para mim da mesma forma.

– Pode entrar, querido. – ela falou passando a mão pelo cabelo dele, após beijar o local – Vovô Carlisle está fazendo churrasco especialmente para você.

Finalmente parecendo uma criança como outra qualquer, Anthony correu para dentro.

– Eu sempre desconfiei que seu poder para conquistar as pessoas envolvesse comida. – brinquei com ela enquanto a abraçava, engolindo seu pequeno e feminino corpo com o meu.

– Prepare-se para comer churrasco todos os domingos a partir de agora! – ela declarou – Seu tio resolveu fazer desta uma nova tradição.

Suas palavras me fizeram lembrar que na semana passada, quando viemos almoçar com eles, tio Carlisle estava vigiando a grelha quando Anthony declarou que nunca havia comido churrasco. Houve muita expectativa e, ao ver que ele adorara, tio Carlisle pareceu o mais orgulhoso dos homens.

– Vocês são bons demais. – comentei com sinceridade.

Meus tios faziam muito mais do que era obrigação deles.

– Edward, é uma alegria para nós ter vocês conosco. – ela falou me encarando seriamente, como se exigisse que eu compreendesse aquilo – Deixe-nos mimar nosso primeiro neto.

Ele não é realmente seu neto.

Pensei, mas não disse, sabendo que aquela frase machucaria tia Esme. Não era ingratidão, era apenas a sensação de que eu abusava da bondade dela. Ela já havia feito demais por mim, quando eu realmente não merecia metade.

– Emmett nos contou que vocês saíram sexta-feira. – ela comentou como quem nada queria – Você poderia ter deixado Anthony conosco.

– Eu sei, mas não foi preciso. Não voltei muito tarde para casa e a babá estava com ele. – expliquei enquanto era levado para dentro de casa.

– Para que contratar uma babá quando você tem sua família? – ela perguntou pela milésima vez naquele mês, parecendo frustrada.

– Porque eu pago a babá, o que significa que eu não estou abusando dela, como estaria abusando de vocês. Sue é uma ótima babá, juro! – respondi dando a mesma explicação de sempre.

– É um prazer para nós, Edward! Não é um abuso! – ela contrapôs.

– Eu sei, tia Esme... – respondi com um suspiro, sabendo que por mais que eu argumentasse ela não entenderia meu ponto de vista – Vamos fazer um acordo, caso eu volte a precisar sair em um fim de semana combino com vocês, mas apenas nos fins de semana.

– Já que eu sei que não vou conseguir acordo melhor do que esse, serei obrigada a concordar. – ela respondeu e voltou a me dar um abraço antes de irmos para o jardim dos fundos onde Anthony observava tio Carlisle, que virava a carne como se fosse um cirurgião demonstrando uma técnica cirúrgica importantíssima.

Emmett estava tentando ajeitar a lona para que houvesse sombra no local onde a mesa estava, enquanto Rosalie organizava os pratos e talheres na mesa.

– Onde está Jasper? – perguntei a tia Esme depois de cumprimentar todos.

– Ele avisou que vai se atrasar. – Esme respondeu – Parece que ele tem uma namorada, mas ainda acha cedo para ela nos conhecer, você pode acreditar nisso? Como se nós fôssemos nos comportar como pais super protetores ou envergonhá-lo na frente dela... Você acha que iríamos envergonhá-lo, querido?

Ri das palavras de tia Esme.

– Tia Esme, eu não consigo imaginar uma família melhor para apresentar a qualquer garota. – respondi com toda sinceridade.

O almoço foi servido e transmiti um olhar em agradecimento a tio Carlisle por já ter partido perfeitamente a carne de Anthony.

Jasper chegou quando estávamos pela metade do almoço e Emmett no segundo prato. Entramos em uma conversa tranquila, apesar de Anthony apenas escutar, mas reparei que ele olhava muito atento para Emmett, Jasper e eu.

Jasper ajudou tia Esme a tirar as coisas da mesa, provavelmente querendo compensar o fato de não ter levado sua namorada em miniatura para o almoço em família.

Rose foi buscar a sobremesa e tio Carlisle e Emmett, que estavam na outra ponta da mesa, entraram em uma conversa sobre investimento.

Percebi que Anthony agora me encarava curiosamente.

– Tudo bem? – perguntei sem entender seu comportamento.

– Sim. – ele respondeu, mas continuou me encarando, então aguardei a próxima coisa que ele diria – Lembra que você me disse que vovó Esme e vovô Carlisle são seus tios e não seus pais?

– Lembro. – respondi imaginando se aquilo era informação demais para uma criança.

– Lembra que você me disse que então tio Emmett e tio Jasper não são seus irmãos, mas ainda são seus primos? – ele perguntou novamente.

– Lembro. – respondi pensando onde aquilo nos levaria.

– Tio Emmett e tio Jasper são irmãos de verdade? – Anthony perguntou finalmente e comecei a pensar no quão importante laços sanguíneos poderiam ser para o meu filho.

– São. – respondi sem saber ao certo se aquela pergunta necessitava de algo a mais.

– Então porque só tio Emmett é tão grande? – ele perguntou focando tanto na palavra “grande” que soltei uma enorme gargalhada.

Percebi que os olhares de Emmett e tio Carlisle se voltaram para nós por conta da minha gargalhada.

– Você deveria perguntar a ele, filho. – comentei alto o suficiente com meu filho, que tinha uma expressão um tanto confusa – Garanto que ele vai adorar te responder.

Anthony olhou desconfiado entre eu e Emmett.

– Venha cá, parceiro! – Emmett chamou – Pergunte o que quiser para alguém que sabe das coisas!

Com o convite feito, Anthony foi para perto dele e observei a interação entre eles.

– Sabe de uma coisa? – ouvi a voz de Rosalie perguntando atrás de mim.

– O que? – perguntei me virando para vê-la colocando uma torta de limão sobre a mesa, com Jasper ao seu lado.

– Acho que sua risada fez com que Esme e Carlisle ganhassem o dia hoje. – ela falou e me virei para observar que tia Esme agora estava sentada ao lado de tio Carlisle, que a abraçava, ambos com sorrisos cúmplices.

– Japer! – Emmett gritou levantando – Vá achar sua velha bola de basquete! Vamos ensinar o baixinho a jogar!

– Eu sei onde está! – tio Carlisle gritou se levantando e saiu correndo.

– Eu e Edward contra vocês dois? – Jasper perguntou animado, já dobrando as mangas de sua camisa social.

Me surpreendi ao perceber o quanto eu sentia falta de jogar bola com os dois, bem ali nos fundos da casa, usando uma cesta de basquete que Emmett ganhara em seu décimo aniversário, ou algo assim.

Anthony parecia bastante animado e aquilo pareceu aquecer meu coração.

– Nada disso. – respondi – Seremos Masens contra Cullens.

– Preparem-se para perder! – gritou tio Carlisle, que vinha correndo de dentro da casa em direção à cesta, quicando a boa e finalmente atirando-a, fazendo uma cesta.

– Uhuuuul! Boa, time! – ouvi Rosalie gritar e corri atrás da bola com Anthony em meus calcanhares.

Definitivamente seria fácil fazer desta uma nova tradição de domingo.

~*~*~*~*~

Entrei em casa com Anthony adormecido em meus braços, ao mesmo tempo em que equilibrava uma embalagem com um pedaço da torta de limão que esquecemos de comer. Larguei a embalagem em qualquer lugar e logo o levei para a cama.

Tirei sua calça jeans e o vesti em uma calça de pijama agradecendo aos céus por seu sono pesadíssimo.

Imaginei se estava sendo um péssimo pai em deixá-lo dormir com a camisa que ele estava mais cedo. Depois imaginei o quão ruim era ser um pai que deixa seu filho ir para a cama depois de passar a tarde correndo.

Suspirei sabendo que eu seria incapaz de acordá-lo para tomar banho antes de dormir, já conhecendo seu sono de pedra.

Guardei a torta na geladeira e fui tomar uma ducha rápida. Me joguei na cama, caindo em cima do celular que eu abandonara ali desde que levantara.

Estava quase sem bateria e com um alerta de mensagem do número que eu havia conseguido por meio de muito custo, entrando no sistema de funcionários da escola na qual eu infelizmente trabalhava.

Você não teria conseguido acessar o perfil dela se não trabalhasse lá, gênio.

Parei de debater comigo mesmo e finalmente abri a mensagem, torcendo para que eu não tivesse enviado a anterior para algum número que ela não usava mais e agora estava sob posse de outra pessoa.

“Mensagens no dia seguinte... Bom saber que estou lidando com um cara gentil, se é que podemos encarar dessa forma. Aguarde um pouco mais, pode ser que valha mais a pena.”

Suspirei.

A mulher conseguiu acabar com meu sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

vocês sabem que eu AMO detalhes, então...
— quem percebeu o quanto o breve contato da Bella com o Anthony já apresentou mudanças nele?
— quem percebeu alguém em comum presente na vida do Edward, do Anthony e da Bella?
— quem percebeu algum outro detalhe?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O que o Acaso Traz" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.