Ponto de Vista – Edward

— Cara, é bom que seja uma emergência para você ter vindo tão cedo. – Emmett disse assim que abriu a porta para eu entrar.

— São quase dez horas! – contrapus entrando em sua casa já procurando sinais do meu filho – E eu tenho planos para Anthony e eu hoje.

— Dez da manhã é muito cedo para quem ficou até tarde jogando Need For Speed com um competidor melhor que você. – ele falou bocejando.

— Pai! – Anthony gritou surgindo através do portal da cozinha e veio correndo me abraçar e de repente percebi que eu sentia mais a sua falta do que havia percebido.

— Ei, companheiro! – cumprimentei-o passando a mão pelos seus cabelos e abraçando-o de volta – Se divertiu com tio Emmett?

— Muito! Nós jogamos basquete ontem à tarde! Sabia que tio Emmett também tem uma cesta aqui? Igual a da casa da vovó! E depois nós apostamos corrida no vídeo game e eu venci várias vezes! – Seus olhinhos estavam tão brilhantes e ele parecia tão animado que eu precisaria agradecer Emmett eternamente por fazê-lo tão feliz.

— Pelo visto, foi uma aventura e tanto! – comentei rindo de sua animação – Senti sua falta, campeão.

— Eu também, pai. – ele respondeu, já menos acelerado, e me abraçou novamente.

— Edward! – Rosalie me cumprimentou entrando na sala – Que tal um café da manhã tardio?

— Obrigado, Rosalie, eu já comi, mas posso aguardar Anthony comer alguma coisa antes de irmos. Temos planos para hoje. – falei piscando para ele, mesmo sem saber se ele entenderia.

— Temos!? Eu já comi! – ele respondeu voltando a parecer uma criança movida a pilhas ultra carregadas – Vou escovar meus dentes e podemos ir!

Assisti enquanto ele se movia como um raio em direção ao interior da casa.

— Alguém vai ganhar o título de pai do ano... – Rosalie comentou com um sorriso brincalhão.

— Eu sabia que você daria conta do recado, irmãozinho! – Emmett respondeu enquanto me abraçava com força suficiente para quase me quebrar ao meio e bagunçava meu cabelo, como sempre fazia.

— Ele é um garoto maravilhoso. – respondi quando consegui me livrar de Emmett, sabendo que se nossa relação estava indo bem era muito mais pela personalidade tranquila de Anthony do que pelos meus próprios talentos.

— Quais são nossos planos? – Anthony perguntou assim que entramos em casa.

— Ah... – hesitei sem saber exatamente por onde começar a explicar a situação – Eu vou só trocar de roupa e já te explico!

Falei e covardemente fugi para o quarto tentando ganhar algum tempo para pensar e aproveitando para realmente trocar a roupa que eu havia ido para a casa de Bella no dia anterior.

Sem obter nenhuma resolução milagrosa, voltei para a sala e me sentei no sofá com Anthony, confiando mais em sua mente aberta do que em minha capacidade de explicação.

— Você se lembra que sexta-feira nós conversamos sobre eu namorar Bella? – perguntei tentando encontrar algum lugar por onde começar.

— Sim! – ele respondeu animado – Você conversou com ela?

— Sim, mas esse ainda não é o ponto. – seus pequenos ombros caíram e imaginei que estava decepcionado – Eu não sei se consegui explicar bem o que isso significa. A intenção não é fazer com que Bella substitua sua mãe na sua vida e você precisa saber que você sempre estará em primeiro lugar para mim. Você entende isso?

— Sim... – ele respondeu, mas parecia um tanto hesitante.

— Você pode me dizer se algo estiver te incomodando. – falei procurando fazer com que ele se abrisse para mim.

— Acha que minha mãe vai voltar? – ele perguntou depois de um tempo, olhando para mim com aquelas duas pequenas esmeraldas e percebi o quão frágil meu pequeno companheiro era.

— Eu não sei, filho. – respondi sendo o mais sincero possível – Eu não sei se ela pensaria em voltar a morar em Nova York, mas talvez ela possa vir te visitar... Você sente falta dela? – perguntei e imediatamente me senti estúpido. É lógico que ele sentia falta dela.

— Eu quis dizer se ela vai voltar para me levar com ela. – ele explicou.

Sobre o meu cadáver.

— Não, filho. Isso não vai acontecer. – respondi e respirei fundo – Eu sei que você deve sentir falta dela e de tudo o que você tinha lá, mas eu prometo que com o tempo você vai se sentir melhor adaptado aqui. E eu posso tentar entrar em contato com ela se você achar que vocês precisam conversar.

Agora eu me sentia mal por não ter ido atrás de Victoria depois que Anthony viera para cá. O fato de que eu estava com raiva dela não era desculpa para aceitar que ela o ignorasse.

— Eu gosto daqui, pai. Não quero ir embora. – ele respondeu parecendo pensativo – Vocês nunca mais conversaram depois que eu cheguei?

— Não, mas nós podemos mudar isso. – falei disposto a tudo para fazer meu pequeno feliz.

— É melhor não. – ele respondeu depois de parecer pensar por um tempo – Ela deve estar ocupada. Ela não gosta que a perturbem.

— Você tem certeza? – perguntei, imaginando mais uma vez o quanto ela já negligenciara a pequena criatura em minha frente e fazendo uma nota mental para procurá-la ainda assim.

— Sim. – ele respondeu mais convicto.

— Certo. – falei após soltar um suspiro – Agora, sobre Bella... Bem, nós conversamos...

— Você conseguiu convencer ela a ser sua namorada? – ele perguntou voltando a ser a criatura elétrica de mais cedo.

— Sim, eu consegui. – respondi rindo tanto pela felicidade do fato quanto pela animação do meu filho.

— Eu sabia que você ia conseguir! – ele falou comemorando e me abraçando – Eu disse! Você vai ser um ótimo namorado!

— Talvez, mas eu prometo não deixar de tentar ser um ótimo pai. – falei apertando-o contra mim e comemorando esses gestos carinhosos que agora eram tão espontâneos para Anthony.

— Você já é! – ele respondeu – Quando vamos vê-la?

— Em pouco tempo, porque eu combinei de almoçarmos com ela e com os pais dela. – respondi e vi sua animação evaporar.

— Os pais dela? – ele perguntou – Eles estão aqui? E se eles não gostarem da gente?

— Eles vão gostar, filho. – falei, achando desnecessário comentar sobre a situação desta manhã.

A Sra. Swan parecia já ter me aceitado, o Sr. Swan já quase não parecia tão ameaçador e Anthony com certeza entraria rapidamente no coração dos dois.

Seria impossível dar errado.

— E se eles não gostarem de mim? – ele perguntou realmente parecendo amedrontado – E se eles levarem Bella embora?

— Isso não vai acontecer, campeão. – falei tentando passar o máximo de segurança para ele – Bella tem uma vida aqui e não vai desistir disso assim de repente. Além do mais, é impossível alguém não gostar de você. Até onde eu sei, Bella gosta de você desde o primeiro minuto, não é?

— Sim. – ele respondeu com um pequeno sorriso, como se lembrasse do acontecimento – Acho que gostei dela desde sempre também.

— Ótimo, porque preciso da sua opinião para comprarmos um presente de aniversário para ela – comentei aproveitando a deixa.

— Eu ajudo! Posso comprar um também? – ele perguntou, sua animação começando a dar sinais.

— Claro que pode, campeão – respondi ajeitando seus fios de cobre – Mas não antes de um banho.

Anthony se encaminhou e foi para o banheiro parecendo um pouco mais animado com a situação, mas ainda não completamente convencido de que ser apresentado aos pais de Isabella seria uma boa ideia.

Fiz outra nota mental para tentar deixá-lo mais tranquilo enquanto tirava as roupas de ontem de sua mochila e levava para lavar.

Afinal, seria impossível dar errado.