O que o Acaso Traz escrita por b-beatrice


Capítulo 26
Incoveniente


Notas iniciais do capítulo

Oi queridas!
Eu sei que tenho estado muito ausente aqui, mas quem acompanha o grupo no facebook sabe que estou sempre dando satisfações!
Minha vida está muito corrida e não estou mais conseguindo conciliar estudo, estágio e trabalho, então não sei quando vou conseguir postar novamente ou responder os comentários dos últimos capítulos, mas saibam que leio TODOS!
Sobre o capítulo de hoje... Eu li, reli, editei, mudei, troquei e fiz tudo o que pude, mas não sei se a situação no final ficou clara, então qualquer dúvida comentem sobre isso e farei o possível para responder rapidinho!
É isso!
Boa leitura!



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Ponto de Vista – Bella

Eu percebi que as coisas estavam ficando complicadas quando me dei conta de que faltava menos de uma semana para meu aniversário, meus pais viriam e eu não havia nem mesmo feito as compras do mês.

Eu tomava café da manhã na rua, almoçava na faculdade, lanchava no colégio e jantava com Edward e Anthony, então não era algo que estava fazendo muita falta. Sem contar que eu dormira duas noites na casa de Edward e, se as coisas continuassem como estavam, dormiria novamente na quinta-feira.

Pessoalmente, eu não sabia como o homem estava suportando. Eu o via passando de terno e gravara no colégio e queria apenas agarrá-lo e dificilmente conseguíamos resistir a achar algum lugar para alguns amassos. Em casa, sempre aproveitávamos enquanto Anthony lavava as mãos, ou tomava banho, ou ficava entretido com alguma coisa e aproveitávamos para trocar alguns beijos, mas nada além disso. Eu estava, definitivamente, subindo pelas paredes.

Eu tentava ser otimista e ver o lado bom da coisa, que era a semana ser mais curta, já que tivemos um feriado na segunda-feira, sendo sexta-feira dia 11 de setembro as atividades escolares foram liberadas.

O problema era que isso não me ajudava a ganhar tempo para fazer as compras, arrumar a casa e me preparar psicologicamente para receber meus pais.

Não que eu não os amasse ou não quisesse vê-los, mas eu sabia que eles ofereceriam algumas indiretas do quanto eu precisava ser mais responsável se alguma coisa estivesse fora do lugar, então tudo precisava ser perfeito.

O que incluía esconder a qualquer custo o fato de eu estar em uma relação indefinida com um homem mais velho, que era meu chefe em ambos os meus empregos e que tinha um filho de 6 anos de quem, aliás, eu consequentemente era babá. Coisas simples que meus pais realmente não precisavam saber.

Antes que eu pudesse perceber, a quinta-feira chegou e eu me vi largada no tapete da sala com Anthony, cada um de nós concentrados em seus respectivos trabalhos de casa enquanto os bifes que fizemos assavam no forno.

– Cheguei! – Edward exclamou quando entrou, apesar de sua chegada ser facilmente percebida – Algo cheira bem.

– Bella e eu fizemos bifes! – Anthony falou, sentando-se para receber um beijo que Edward tornara hábito deixar no topo de sua cabeça todas as noites quando chegava em casa.

– Isso é ótimo! – Edward falou beijando-o e me cumprimentando com um singelo aperto em meus ombros que foi suficiente para mandar arrepios pelo meu corpo.

– Pai, adivinha! Bella vai dormir aqui em casa hoje! – Anthony declarou apontando para uma pequena bolsa que eu trouxera com uma muda de roupas, pijama e artigos de higiene.

– Oh... – vi Edward murmurar como se estivesse decepcionado e imediatamente acionei o alerta “forcei a barra” – Achei que você fosse passar o fim de semana aqui...

Oh, graças a Deus! Eu não forcei a barra!

– Eu gostaria muito, mas eu preciso aproveitar o dia amanhã para fazer compras e preciso estar em casa no sábado. – expliquei demonstrando que eu também não estava feliz com isso.

– Por que não fazemos isso hoje? – Edward sugeriu – Quero dizer, se estiver tudo bem para você... Anthony e eu podemos te ajudar no mercado.

Olhei para Anthony e vi seu rostinho cheio de esperança.

– Se não for incomodar... – falei.

– Vamos ao mercado! – Anthony comemorou como se estivéssemos indo para a Disney.

– Não antes de jantar, pequeno! – avisei ainda rindo de sua animação.

~*~*~*~*~

Eu sempre gostei de mercados.

Quero dizer, não importava se eu estivesse em Forks, Nova York ou qualquer outro lugar, um supermercado era quase sempre igual a outro e aquela sensação de já conhecer o local onde eu estava sempre fazia com que eu me sentisse mais segura.

Aquela ida ao mercado, no entanto, foi provavelmente a melhor da minha vida.

Para começar, fiz questão de colocar Anthony dentro do carrinho, afinal toda criança deveria ter aquela lembrança. Ele ficou com vergonha e depois de um tempo preferiu ajudar a empurrar, mas eu podia ver que ele estava se divertindo.

Ao contrário do que eu imaginava, Edward não parecia completamente perdido.

– Eu morava sozinho e sou pai, não sei se você percebeu... – ele brincou quando comentei que ele estava indo muito bem no projeto “compras”.

Anthony ficou impressionado com a variedade de coisas que havia no lugar e eu precisava admitir que eu mesma me surpreendia algumas vezes com os diferentes produtos que encontrávamos. Por conta disso, ao invés de nos concentrarmos apenas na comida, como eu sempre fazia, andamos por todos os corredores, vendo cada tipo de coisa, o que incluía pneus, roupas, produtos de jardinagem, etc.

Ao chegarmos ao corredor dos brinquedos achei que faríamos uma pausa, mas Anthony apenas quis continuar explorando. Sempre muito adulto.

O que eu mais gostei, no entanto, foi a sensação de pertencer àquele grupo de pessoas com quem eu estava e, por um momento, imaginei que era impossível alguém de fora saber que nós não éramos uma família. Quem visse de longe, jamais saberia dizer a diferença entre o relacionamento que havia entre nós três e o que havia entre qualquer outra família que escolhera aquela noite para ir fazer as compras.

– Por que você precisa de três engradados de Heineken? – Edward perguntou lendo o próximo item da lista.

– Porque este é o único aspecto do meu pai no qual eu prefiro pecar pelo excesso. – respondi rindo, mas como Edward continuou a me olhar sem entender percebi que havia esquecido de compartilhar certa informação com ele – Eu não comentei que meus pais vinham me visitar, comentei?

– Não... – ele respondeu e ficamos um tempo calados assim, sem saber o que dizer em seguida.

Definitivamente, eu não iria apresentá-lo como meu namorado, até porque eu nem ao menos sabia se nossa relação era um namoro. Este mesmo ponto justificava o fato de eu não necessariamente ter que relatar a ele todos os meus planos, então eu sabia que ele não poderia cobrar isso, apesar de que a estranheza agora era palpável entre nós.

– Era isto, Bella? – Anthony perguntou se aproximando de nós com duas caixas de suco com poupa de fruta, como eu havia pedido.

– Exatamente, pequeno! – respondi e ele alegremente as colocou no carrinho, animado para ajudar com o próximo item.

Foi quando chegamos ao caixa que Edward e eu tivemos uma pequena briga.

– Edward, isso não tem o menor cabimento! – reclamei.

– Eu te convidei, eu pago! – ele falou como se fosse simples assim.

– São minhas compras! Eu pago! – expliquei.

– Você pegou coisas para levar para a minha casa também! E coisas para Anthony! – ele teimou, se referindo a pequenos e simples itens que tive a ideia de comprar para nossos jantares, além de uma caixa de mini muffins que Anthony pareceu admirar.

– Sim, coisas que eu também vou consumir, então não faz sentido você pagar! – argumentei.

– Eu vou me sentir mal pelo resto da vida se você não me deixar arcar com isso! – ele reclamou.

– Vamos fazer assim, nós voltaremos outra vez, faremos compras para a sua casa e você vai pagar, que tal? – propus querendo que aquela discussão acabasse logo já que estava quase chegando a nossa vez.

– Não há nada que eu possa fazer para que você mude de ideia? – ele perguntou suspirando assim que chegamos ao caixa.

– Não. – respondi sorrindo com minha vitória, o que apenas fez com que ele soltasse um suspiro resignado – Vá achar Anthony enquanto eu passo as coisas. Algo me diz que ele vai adorar ajudar a colocar as compras nas sacolas.

Terminei minha frase deixando um beijo rápido em seus lábios, sabendo que Anthony estava em um stand ali por perto, mas muito interessado em uma amostra grátis de um cereal qualquer que vinha com algum brinde, então com certeza não estava olhando em nossa direção.

Comecei a colocar as compras no caixa achando que a pobre moça provavelmente estava querendo me matar por tanta enrolação, mas ela apenas sorria.

Quando pai e filho retornaram, eles tacitamente se dividiram, indo Edward para o final do caixa colocar as compras nas sacolas enquanto Anthony me ajudava a passá-las.

– Você experimentou o cereal? – perguntei como quem não queria nada.

– Sim. – ele respondeu organizando os pacotes de biscoito quase metodicamente.

– E era bom? – perguntei enquanto entregava a ele o queijo fatiado só para ver como ele iria encaixá-lo entre os biscoitos.

– Muito! – ele respondeu animado, deixando o queijo em um canto, quase como um protesto subconsciente de sua presença estar desorganizando seu trabalho.

– Qual era o brinde? – joguei minha pergunta mágica em uma tentativa de ver Anthony realmente agindo como criança novamente.

– Uma lanterna chaveiro! – ele respondeu parecendo apaixonado pela ideia de um objeto no qual ele nunca pensara, mas agora era provavelmente a coisa mais genial que ele já vira, apenas porque era oferecido na forma de um brinde.

Como qualquer criança estaria.

– Você quer levar uma caixa? – perguntei.

– Não precisa, obrigado. – ele respondeu parecendo desinteressado demais, organizando os produtos enlatados por ordem de tamanho.

– Anthony – chamei colocando a mão em seu ombro, fazendo com que ele olhasse para mim com aquelas duas coisinhas brilhantemente verdes que ele usava para enxergar e hipnotizar quem olhasse de volta –, você pode aceitar se você quiser.

Ele apenas balançou a cabeça afirmando.

– Vá buscar! – falei piscando para ele, que foi correndo, como qualquer criança faria.

A moça foi muito gentil em esperá-lo voltar com a caixa do cereal, sorrindo com a cena o tempo inteiro.

– Muito obrigado! – ele exclamou realizado enquanto assistia sua caixa ir para a pilha de compras passadas enquanto eu inseria o cartão para o pagamento.

Pela minha visão periférica podia ver Edward sorrindo ao ver Anthony tão feliz.

– Não vai dar um beijo de agradecimento em sua mãe? – a moça perguntou assim que terminei de pagar.

O que aconteceu a seguir foi rápido e pegou a todos nós desprevenidos.

A criança que estava conosco sorridente a noite inteira e totalmente conquistado por um brinde qualquer foi substituída por um ser completamente sério.

Seu sorriso morreu e seu rosto tomou uma expressão completamente fechada.

– Ela não é a minha mãe. – ele falou olhando sério para a gentil moça e em seguida me puxou pela mão para o final do caixa, onde Edward havia travado em sua tarefa por conta da cena.

Eu estaria me perguntando quando foi que meu pequeno ruivinho havia sido substituído por uma criança de filmes de terror, caso meu coração não estivesse sendo friamente cortado.

Não era a frase em si. Eu sabia que eu não era mãe dele e a última coisa que eu faria seria ocupar aquele posto. Quero dizer, eu mal sabia cuidar de mim, eu mal sabia o que havia entre Edward e eu...

O que me feriu foi a maneira como foi dita, com tanta seriedade que parecia que Anthony havia sido ofendido.

Eu vinha me preocupando tanto em não forçar a barra com Edward que eu ignorara completamente a possibilidade de estar me forçando demais sobre o pequeno.

E, como se não bastasse isso, meu coração cortou pelo fato de que o menininho que estávamos aos poucos fazendo se abrir e aparecer, de repente voltara a ser aquele mini adulto fechado e rígido.

Por sorte Edward conseguiu terminar rapidamente de fazer o que estava fazendo e lembrou de pedir desculpas para a moça enquanto Anthony me puxava pela mão para fora do supermercado.

Provavelmente, o fato de sua mãozinha estar ali, tão presa à minha, foi a única coisa que evitou que eu começasse a chorar ali mesmo.

Fizemos uma caminhada calada até o carro. Anthony ajudou a colocar as sacolas no porta-malas, mas não havia mais sorrisos.

Edward o colocou em sua cadeirinha enquanto eu esperava ao lado da porta do banco do carona.

– Eu sinto muito. – ele falou assim que fechou a porta de Anthony, me olhando como se eu pudesse me desfazer em pedaços a qualquer momento e, para ser honesta, era assim que eu me sentia.

– Não é sua culpa. Não é culpa dele também. – respondi cruzando os braços, em uma tentativa de me manter inteira – Ele provavelmente não entende o que está acontecendo entre você e a mãe dele. Vocês precisam conversar sobre isso. Acho que até que até eu deveria conversar com ele! E nós dois precisamos conversar.

– Sim, nós vamos consertar isso. – Edward falou fazendo menção de se aproximar, mas recuei fazendo um gesto de negação.

– Vamos evitar forçar isso, ok? – pedi em prol tanto de Anthony quanto de mim.

– Ok. – Edward respondeu parecendo decepcionado, mas ainda assim veio abrir a porta para mim e usou isso para segurar minha mão por um momento – Nós vamos consertar isso.

Ele reafirmou e entrei no carro, tendo a porta fechada logo em seguida.

– Bella? – ouvi uma vozinha chamando receosa e me virei apenas para ver Anthony inclinado para frente ao máximo que sua cadeirinha permitia e com o olhar parecendo completamente perdido – Você e meu pai estão tristes comigo?

– Nós só não esperávamos que você respondesse daquela forma, querido, mas nós vamos conversar sobre isso depois, tudo bem? – perguntei torcendo para que eu tivesse um tempo a mais para me recompor.

Edward entrou no carro e eu estava prestes a me virar para frente quando Anthony afundou seu rostinho em suas mãos, com seus cotovelos apoiados em suas coxas.

– Me desculpem. – ele pediu baixinho, soando completamente desconsolado.

Aquela foi a gota d’água para minhas lágrimas transbordarem, mas eu não tinha tempo para pensar no meu próprio choro. Percebi que Edward descera do carro e, sem pensar duas vezes, soltei meu cinto, saí do carro e voltei a entrar, sentando no banco de trás, ao lado do garotinho que agora além de desolado parecia assustado.

Percebi que Edward fizera o mesmo que eu e agora abraçava o corpinho de Anthony, que estava sobre seu colo, consolando-o apesar de também parecer estar se afogando em agonia.

– Vai ficar tudo bem, filho. – ele falava contra o cabelo de Anthony, cujas lágrimas rolavam e cujos bracinhos seguravam Edward como se fosse uma tábua de salvação – Nós vamos conversar sobre isso para que nenhum de nós volte a ficar triste por coisas assim.

– Eu sinto muito. – Anthony falou e voltou-se para mim – Bella, por favor, não chora, eu prometo que nunca mais vou me comportar mal.

Seu olhar parecia desesperado e cheguei o mais perto que consegui, com a cadeirinha infantil entre nós.

– Anthony, eu prometo a você que eu não estou tentando ser a sua mãe. – falei tirando sua franja dos olhinhos.

– Eu sei, eu sei! – ele afirmou com total desespero e convicção – Eu sei que você não é assim! Eu sei que você é diferente, que você é boa e que você cuida de mim de verdade. Por favor, não fique triste comigo! Eu juro que eu nunca mais vou ser mal educado! Por favor, não pare de gostar de mim!

– Vem aqui. – falei e Anthony veio para os meus braços imediatamente – Eu nunca vou parar de gostar de você. Nenhum de nós vai, eu prometo. Eu entendo que você tenha sido pego de surpresa com a pergunta da moça e seu pai vai conversar com você sobre isso, mas você precisa entender que eu não tenho a intenção de tomar o lugar de ninguém.

– Eu sei. – ele respondeu entre soluços – Eu sinto muito mesmo. Eu não pensei, eu só falei... Eu sei que a moça não estava confundindo vocês duas, mas eu só... Eu não queria que ela fizesse isso... Eu não queria que a moça pensasse que você era a mamãe, mas eu te magoei... Você me perdoa?

E, pela segunda vez, meu mundo parou. Anthony não estava negando friamente o fato de eu ser mãe dele. Anthony estava negando friamente o fato de eu ser Victoria porque, aparentemente, me comparar com ela era uma ofensa terrível a ponto dele entrar no modo proteção.

Revendo os fatos, por mais frio que ele fora com a moça gentil do caixa, o tempo inteiro ele fora cuidadoso comigo. Como se realmente me protegesse. Porque, em sua cabecinha, era o que ele estava tentando fazer porque para ele eu era “diferente, boa e cuidava dele de verdade”, o que fazia de mim um ser superior a ela.

E isso bastou para que eu odiasse aquela mulher muito mais. Quero dizer, como ela pode não ser aquilo para ele? Ela é a mãe, pelo amor de Deus! O que há de errado com aquela mulher?

– Por favor, Bella, me perdoa! – ouvi seu pedido mais uma vez, voltando para a realidade.

– Você está perdoado, pequeno. – falei passando a mão por seu cabelo enquanto o acolhia em um abraço.

Olhando para Edward, percebi que ele tinha um olhar completamente pasmo, provavelmente refletindo meu próprio rosto naquele momento.

Voltei a focar no corpinho em meus braços, sem conseguir deixar de me perguntar repetidas vezes:

Como não amar aquele pequeno ser?


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