O que o Acaso Traz escrita por b-beatrice


Capítulo 25
O Melhor Piquenique


Notas iniciais do capítulo

Oi queridas!
Queria começar agradecendo a todas pelos comentários do capítulo anterior! Vocês me fizeram muito feliz!
Nos vemos semana que vem!
Beijinhos!



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Ponto de Vista – Edward

A primeira coisa que notei quando chegamos à esquina do prédio de Isabella, foram suas roupas. Era a primeira vez que eu a via de short e, apesar de sua blusa não ser nada decotada, suas curvas estavam perfeitamente realçadas. A combinação, porém, me lembrava a adolescente que era ela, fazendo com que eu me perguntasse se eu não estava sendo algum tipo de conquistador barato.

– Bom dia, Bella! – Anthony cumprimentou assim que ela sentou no banco do passageiro, ao meu lado – Você trouxe uma cesta também?

– Sim, pequeno! – ela respondeu parecendo animada, enquanto se inclinava para por sua cesta no banco traseiro, enquanto mantinha um conjunto de 3 copos bem acomodado em seu colo – O que vocês trouxeram?

– Nós fizemos sanduíches! Papai embalou algumas frutas e me deixou trazer biscoitos. – Anthony respondia tão animado que me perguntei se ele começaria a pular em algum momento – E temos um isopor com geleia caseira da vovó, algumas caixas de suco e leite também!

– Isso é ótimo! – ela respondeu após me olhar de forma cúmplice, sabendo que eu amava ouvi-lo me chamar de “pai” – Eu fiz pipoca, comprei uma torta de maçã e alguns pãezinhos.

– Parece muito bom! – Anthony respondeu, mas eu sabia que qualquer coisa que estivéssemos levando o agradaria.

– Oh, antes que eu me esqueça, eu trouxe algo para vocês! – Isabella falou, mexendo nos copos que ela trouxera – Sei que é tarde para café da manhã, mas nunca é tarde para café!

Com isso, ela passou um copo para Anthony e me ofereceu outro, já aberto.

– É o Gelinho Quente! – Anthony exclamou após experimentar o seu e me perguntei se eu deveria saber do que eles estavam falando, já que o meu café estava agradavelmente normal.

– Você gostou? – Isabella perguntou, parecendo um tanto duvidosa.

– Muito! – Anthony respondeu na mesma animação de antes – Obrigado, Bella!

Chegamos ao parque, que estava cheio de famílias tentando se organizar e crianças correndo e gritando livremente. Típico feriado americano.

– Oh, Deus, eu esqueci a toalha! – Isabella lamentou assim que desceu do carro.

– Tudo bem, meu pai trouxe! – Anthony declarou – Ele pensou em tudo!

E, com essa simples frase, meu dia estava ganho.

– Que tal você escolher um lugar para colocarmos a toalha enquanto eu e Isabella pegamos as cestas e o isopor? – perguntei e ele imediatamente pegou a toalha e correu em direção a um espaço na sombra de uma árvore, não muito longe.

– Eu não te dei os parabéns pelo sucesso com a conversa. – Isabella falou sorrindo.

A verdade é que eu mesmo não dera a ela a oportunidade para me parabenizar. Na noite anterior, após colocar Anthony para dormir, eu ainda precisava dividir com alguém minhas emoções, então juntei o útil ao agradável, convidando-a para nosso piquenique improvisado e relatando o mais recente acontecimento. Isso enquanto minhas lágrimas rolavam com a mais pura emoção de finalmente ter meu filho me chamando de pai novamente.

– Não me deu bom dia, também. – respondi provocando-a, enquanto me certificava que Anthony não estava olhando e finalmente me permiti unir nossos lábios, mesmo que rapidamente – Bom dia.

– Bom dia. – ela respondeu sorrindo.

– Pai! Assim está bom? – ouvi Anthony chamar, apontando para a toalha perfeitamente posta na sombra.

– Melhor impossível! – gritei de volta, porque era a mais pura verdade.

~*~*~*~

Em algum momento da tarde, depois que havíamos comido mais do que poderíamos aguentar, Anthony aceitou o convite para ir brincar com as crianças a nossa volta enquanto Isabella e eu ficamos sentados observando-o e conversando.

– Posso te perguntar uma coisa? – ela perguntou quando passamos por um momento de silêncio.

– Claro. – eu respondi.

– Qual é o problema entre você e a mãe dele? – ela perguntou me tirando completamente da minha zona de conforto – Quer dizer, eu entendo que vocês não estejam juntos, mas tem muito mais por trás disso, não tem? Eu não quero parecer intrometida, Edward, mas eu preciso saber em que eu estou me metendo.

Aquilo só serviu para eu ver o quanto eu vinha sendo idiota. Se eu tinha dúvidas quanto a minha relação com Isabella, ela então provavelmente estava completamente perdida.

– Tudo bem, eu só achei que você fosse perguntar outra coisa. – respondi respirando um pouco, sem saber por onde começar – O nome dela é Victoria. Eu a conheci no colégio enquanto estava passando por uma fase um tanto rebelde. Nós namoramos e, apesar do nosso relacionamento não ser exatamente pacífico, parecia melhor estar com ela do que sem. Eu tinha 18 anos quando ela engravidou e foi aí que o caos realmente se estabeleceu. A parte mais irônica era que eu realmente estava feliz por estar prestes a me tornar pai, enquanto ela me culpava por ter estragado a vida dela.

– Eu já a odeio. – Isabella declarou, fazendo com que eu gostasse ainda mais dela.

– Nós nunca casamos ou mesmo chegamos a morar junto, se você quer saber. Ela viria morar no meu apartamento quando o bebê nascesse, mas ela teve alguns problemas psicológicos e preferiu manter distância. Anthony veio ficar comigo, no entanto. – contei e por um instante, pareceu que eu estava vivendo tudo novamente, de tão fortes que eram as memórias – Tia Esme me ensinou muita coisa e, apesar das inúmeras fraldas, mamadeiras, cólicas e choro, eu não poderia estar mais feliz. Quando eu achei que Victoria estava pronta para vir morar conosco e começar nossa família, ela declarou que se mudaria para o Alasca com ele. Ele tinha apenas alguns meses e isso me destruiu.

– Por que ela fez isso? – Isabella perguntou e vi em seus olhos que ela mesma estava sofrendo por mim e, novamente, eu estava gostando mais dela a cada minuto.

– Ela provavelmente percebeu que não suportaria a pressão de fazer parte de uma família tão cedo. Eu só gostaria de ter percebido isso na época. Eu quis exigir que Anthony ficasse comigo, mas ela soube jogar comigo, porque sabia que eu seria incapaz de afastá-lo da mãe, afinal ela sabia que eu daria qualquer coisa para ter os meus pais de volta. – admiti.

– Ela sabia do acidente deles. – ela afirmou, sem precisar perguntar algo que era provavelmente óbvio, mas aquilo fez com que eu percebesse o quão pouco ela sabia sobre mim, assim como eu sabia pouco sobre ela.

– Sim. Ela sabia que eu era criado pelos meus tios e que, em grande parte, por conta disso eu vivi essa fase rebelde sem causa. Eu sempre tive muita dificuldade para me ajustar ou para me sentir confortável em algum lugar. – contei e, surpreendentemente, não foi tão sacrificante falar sobre o assunto com ela – Em todo caso, eu comecei a faculdade e tentava ir visitá-lo o máximo de vezes possíveis e telefonar sempre também, mas não era a mesma coisa. Um dia eu decidi que o traria para morar comigo, mas Victoria deixou claro que seria terrível para ele ir viver com alguém que ele praticamente não conhecia, além dele ter muita dificuldade de se adaptar a coisas novas. Esse é realmente o maior desafio, na verdade.

– Essa mulher parece um monstro! – Isabella falou indignada e eu apenas ri da sua solidariedade – Como você conseguiu fazê-la permitir que ela viesse?

– Na verdade, ela quem praticamente o mandou para cá há pouco mais de um mês. – admiti rindo sem humor – Bastou reduzir o dinheiro que eu mandava para ele, já que o dinheiro dos meus pais realmente está acabando e o salário que o colégio paga não é grande coisa. Ele vivia em uma escola interna e quando estava em casa era cercado por babás. Ela provavelmente participou tanto quanto eu ou menos da vida dele.

– Não faz sentido! Se ela não tinha interesse em participar da vida dele porque mantê-lo afastado de um pai que tanto o ama? – ela perguntou fazendo com que meu coração se aquecesse um pouco mais.

– Eu realmente não acho que alguma vez passou pela mente dela fazer o que era melhor para ele e sim o que ela achava melhor. Quando ela viu que não valia a pena mantê-lo, simplesmente o repassou. – falei engolindo a raiva que sentia por ela tratá-lo daquela forma fria e egoísta.

– Como ela pode fazer algo assim? – Isabella perguntou olhando para ele, correndo com outras crianças – Quero dizer, como ela pode resistir a um menino tão... perfeito?

– Ela claramente tem problemas. – afirmei – Ela provavelmente nunca internalizou ou aceitou o fato de ser mãe. Isso só foi comprovado pelo que Anthony contou ontem sobre ela não gostar que ele a chamasse assim. Quando eu soube que ele viria para cá tive muito medo dele não se adaptar, de eu não saber o que fazer, ou mesmo dele ter puxado minha personalidade difícil. Eu sei que eu erro muito e que não tenho muito jeito, mas só posso dar graças a Deus por ele estar aqui agora. E eu não vou permitir que ela o leve de volta.

– Isso é bom. E, só para você saber, você parece estar se saindo muito bem. – ela falou e tivemos um momento de silêncio enquanto admirávamos Anthony com as outras crianças, que não pareciam precisar de muito esforço para se divertirem – O que você achou que eu fosse te perguntar?

– O que...? Ah! – balbuciei meio confuso com a mudança repentina do assunto – Achei que fosse perguntar sobre a viagem.

– Eu adoraria saber, mas não quero invadir seu espaço. – ela falou abaixando os olhos e percebi que eu precisava me esforçar para demonstrar o quanto eu já não me importava que ela invadisse meu espaço.

– Um colega meu da faculdade me ligou. Ele comprou uma pequena empresa que funciona aqui em Nova York. É algo como uma editora de livros escolares para crianças e adolescentes, mas é muito pequena e bastante antiquada, então ele está recrutando algumas pessoas para ajudar na administração. – expliquei.

– Certo. – ela respondeu e ficou claro para mim que ela não entendera o significado de tudo aquilo.

– Isso significa que eu tenho uma proposta de emprego. – declarei e, a julgar por seu olhar surpreso e a projeção de um sorriso, ela finalmente entendera – Algo mais interessante e que vai evitar que eu chegue à falência em um futuro próximo.

– Isso é ótimo! – ela gritou feliz e me abraçou – Meus parabéns!

Enquanto eu a abraçada de volta descobri o quanto eu queria que nosso relacionamento fosse mais simples, apenas para que eu pudesse beijá-la e rolar com ela pela grama enquanto comemorávamos.

– Pai, – ouvi Anthony chamar e eu e Isabella nos afastamos antes que ele pudesse estranhar – está tudo bem se eu chamar os meninos para provar a geleia da vovó?

– Claro! – eu e Isabella respondemos ao mesmo tempo, muito animados por vê-lo socializando tão bem.

Os meninos praticamente engoliram os pãezinhos com geleia enquanto gemiam elogiando. Isabella serviu alguns copos de suco e parecíamos estar diante de maratonistas sedentos.

Cedo demais a mãe de um dos meninos gritou acenando para eles irem comer algo que eu não conseguia definir.

– Posso ir, pai? – Anthony perguntou enquanto os outros garotos já corriam para lá.

– Pode, mas fique sempre onde eu consiga te ver. – falei.

– Obrigado! – ele respondeu animado e já ia correndo quando voltou e me pegou de surpresa em um abraço que eu logo retribuí – Esse é o melhor piquenique da minha vida!

– Viu só? – Isabella perguntou sorrindo como alguém que faz uma provocação – Eu disse que você estava se saindo bem nessa coisa de pai.

Definitivamente, não poderia haver no mundo um piquenique melhor do que aquele.


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Notas finais do capítulo

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Beijinhos!