O que o Acaso Traz escrita por b-beatrice


Capítulo 20
O Acaso Decide


Notas iniciais do capítulo

Oi queridas!
Esse provavelmente vai ser nosso último capítulo da rotina de dois capítulos por semana porque infelizmente minhas aulas já começaram e minha rotina voltou à loucura.
Espero que vocês gostem e comentem muito porque nunca se sabe quando um capítulo brinde pode aparecer... rsrsrsrsrsrs
Beijinhos e boa leitura!



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Ponto de Vista – Edward

Entrei em casa exatamente às 19:40h, munido de três sacolas cheias de comida chinesa uma garrafa de refrigerante e me deparei com a visão de Anthony e Isabella lendo na sala.

Anthony estava no sofá lendo o livro que, de acordo com ele, Isabella o havia presenteado na sexta-feira, muito bem acomodado entre as almofadas. Isabella, por outro lado, estava sentada no tapete, com as costas no sofá e pernas esticadas. Seu livro estava cheio de papeizinhos coloridos colados nas abas e ela tinha um lápis em suas mãos e um pequeno caderno ao seu lado.

Ambos desviaram a atenção da leitura para mim assim que invadi o ambiente.

– Desculpem pela demora, a fila estava grande. – comentei erguendo as sacolas, como se isso fosse comprovar minhas palavras.

– Oh meu Deus! – Isabella exclamou olhando um pouco surpresa para as sacolas – Quantas pessoas mesmo você pretende alimentar?

– Eu não sabia o que exatamente vocês gostavam, então resolvi que seria melhor pecar pelo excesso... – respondi dando de ombros, mas na verdade estava um tanto sem graça por ter exagerado.

– Obrigada, mas não precisava se preocupar, eu como qualquer coisa. – ela respondeu sorrindo e cheguei a ver um certo corar em seu rosto, o que fez com que eu me perguntasse se ela tinha ficado envergonhada por algo tão simples.

– E você, amigão, o que você gosta? – perguntei para Anthony, que permanecera quieto nesse meio tempo.

– Eu não sei... Eu nunca comi comida chinesa. – ele respondeu me surpreendendo.

– Oh... – falei sem saber o que dizer àquilo – Eu pensei que estava tudo bem, já que você concordou quando te perguntei sobre isso...

Ainda no sábado eu havia comentado com Anthony sobre a possibilidade de Isabella jantar conosco hoje. Ele não fizera mais perguntas sobre o assunto, mas parecera realmente animado com a ideia e concordou imediatamente quando sugeri comida chinesa para a ocasião.

– Eu queria experimentar. – ele respondeu se encolhendo como se tivesse feito algo errado.

– Tudo bem então. – respondi tentando deixar claro que realmente não havia nado errado – Você experimenta um pouco de cada e, se não gostar, nós podemos conseguir alguma coisa que você goste, tudo bem?

– Sim. – ele respondeu sorrindo e meu mundo se aqueceu.

– Vou arrumar a mesa. – Isabella falou se levantando e percebi que ela sorria também.

– Posso te ajudar? – Anthony perguntou e notei, pela primeira vez, que havia grandes possibilidades de que, quando ele perguntava se eu precisava de ajuda, estava na verdade querendo participar, e não fazendo isso apenas por educação.

– Vocês dois podem! – Isabella respondeu já na cozinha, fazendo com que ele imediatamente marcasse a página em que estava e fechasse o livro.

– Ela é meio estranha, não é? – ouvi Anthony dizer parando ao meu lado, em seu caminho para a cozinha e olhei espantado para ele, já que era a primeira vez que o ouvia falar mal sobre alguém – Eu quero dizer de um jeito bom!

Ri quando ele apressou para se explicar assim que percebeu meu olhar e ele pareceu aliviado ao perceber minha risada.

– Vamos ajudá-la. – falei me arriscando a pegar sua mãozinha enquanto íamos para a cozinha.

Para minha sorte, ele pareceu aceitar bem o contato.

~*~*~*~*~*~*~

Sentamos todos do mesmo lado da mesa redonda e mantivemos Anthony entre nós.

O jantar acabou sendo engraçado e houve pouca conversa, já que o principal assunto era Anthony experimentando cada opção que eu havia trazido.

Ele fez uma careta engraçada com o bolinho de peixe e pareceu ter achado o bolinho de arroz algo sem graça. O yakisoba foi aprovado, mas o que realmente o conquistou foi o frango xadrez, surpreendendo não só a mim como também a Isabella.

Me mantive preso ao arroz frito e aos camarões, enquanto Isabella cumpriu sua palavra e comeu um pouco de tudo.

Achei que ninguém aguentaria a sobremesa, mas assim que abri a caixinha com os rolinhos primavera doces os olhos de Anthony apresentaram grande interesse pela nova oportunidade de experimentar algo.

– Não esqueça de deixar um lugar para o biscoito da sorte. – Isabella brincou enquanto assistíamos ele terminar de comer um rolinho de chocolate.

Vi Anthony piscar lentamente duas vezes em silêncio, seu sinal clássico de que estava tentando entender alguma coisa.

– O que é um biscoito da sorte? – ele finalmente perguntou.

– É um biscoitinho que vem com uma mensagem dentro e algumas pessoas acreditam que essa mensagem está prevendo a sorte de quem a recebe. – ela explicou enquanto eu pegava o pacotinho com os três biscoitos e o entregava a Anthony para que ele pudesse ver com seus próprios olhos – Faz parte da cultura chinesa, pequeno.

Ele olhou para o pacote por algum tempo antes de lentamente repetir suas duas piscadas.

– O que é cultura? – ele perguntou olhando de Isabella para mim e vice-versa.

Observei Isabella morder seu lábio inferior provavelmente pensando em como responder isso a uma criança de seis anos.

– É tudo que está relacionado a uma sociedade. – respondi torcendo para que não estivesse tornando a resposta complexa demais – As roupas, a fé, os costumes...

– A comida também? – ele perguntou enrugando sua testinha, outro sinal próprio dele, indicando que algo não se encaixava com o que ele pensava.

– Tudo. – repeti achando graça de suas feições – Inclusive a comida.

Anthony acenou com a cabeça confirmando que fizera sentido e espalhou os biscoitinhos sobre a mesa.

– Como sabemos qual é de quem? – ele perguntou encarando-os como se fossem sair correndo.

– Nós pegamos ao acaso e deixamos que o acaso decida nossa sorte. – Isabella respondeu e Anthony pegou o do meio, enquanto eu peguei o mais próximo de mim e Isabella o mais próximo dela.

Quebrei meu biscoito antes de tirar a fitinha de papel e Anthony imitou meu gesto antes de abri-la para ler o que havia ali.

– Você pode me contar o que diz no seu? – ele perguntou parecendo ter estranhado o que quer que ele lera, o que era perfeitamente compreensível, já que algumas vezes as mensagens eram subjetivas demais.

– Amor e dinheiro podem ser um bom tempero. – li comprovando meu pensamento anterior – O que diz o seu?

– Procure viver com mais naturalidade. – ele leu em voz alta e não pude deixar de sorrir com sua sorte.

Ambos olhamos para Isabella, que também tinha um sorriso em seus lábios.

– Você terá conhecimento de um desfecho. – ela leu, fazendo seu sorriso e o meu alargarem-se ainda mais.

– Você acha que o acaso pode ter trocado nossa sorte? – Anthony perguntou com suas ruguinhas.

– Eu acho que o acaso fez um ótimo trabalho, filho. – respondi.

~*~*~*~*~*~*~

– Banho e cama? – Anthony perguntou assim que entramos em casa, após nos certificarmos que Isabella estava confortavelmente acomodada e segura em um táxi que a deixaria em casa.

O momento da despedida foi um tanto esquisito, já que nenhum de nós pareceu estar inclinado a fazer algum tipo de contato físico, então dissemos adeus e ela se foi.

Eu queria ter tido a oportunidade de trocarmos mais um beijo ou dois, mas eu definitivamente não faria isso na presença de Anthony.

– Claro. – respondi – Mas antes eu queria te perguntar o que você achou do jantar.

– Foi muito bom. – ele respondeu sorrindo e, apenas com isso, aqueceu meu coração.

– Eu acho que você tende a ficar mais falante quando Isabella está por perto e isso é ótimo. – falei me abaixando para ficar da sua altura.

– Mesmo? – ele perguntou surpreso.

– Você nunca reparou? – perguntei rindo.

– Oh, sim... Talvez um pouco, mas eu quis dizer se isso é mesmo bom. – ele explicou com seus olhinhos completamente fixados aos meus.

– Filho, eu sempre quero saber o que se passa na sua cabecinha – falei segurando em seus ombros, esperando que ele entendesse a importância dessa breve conversa – Você é a coisa mais importante para mim no mundo e eu quero te compreender e fazer feliz. Você entende?

Anthony me olhou extremamente surpreso, como se aquela fosse a última coisa que ele esperava ouvir, mas finalmente acenou afirmativamente com a cabeça.

Naquela noite, quando Anthony já estava deitado, tomei coragem de literalmente lhe dar um beijo de boa noite.

Quando eu mesmo já estava deitado, depois de Isabella mandar uma mensagem avisando que já estava em casa, parei para uma breve retrospectiva.

Eu estava conseguindo realmente conversar com Isabella. Eu consegui um jantar com Isabella e Anthony. Eu estava finalmente conseguindo começar a fazer com ele falasse mais comigo.

A vida era boa.


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