O que o Acaso Traz escrita por b-beatrice


Capítulo 14
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Oi queridas!
Consegui terminar o capítulo de fim de semana!
Espero que gostem!
Beijinhos e boa leitura!



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Ponto de Vista – Bella

Passei de mãos dadas com Anthony pelo porteiro, que me olhou atento, mas nada falou.

Anthony guiou o caminho, fez questão de apertar os botões no elevador e abrir as portas para mim, demonstrando o pequeno cavalheiro que ele já era.

Ao entrar em seu apartamento, me deparei com uma sala incrivelmente iluminada e limpa. A sensação era de que cada simples objeto havia sido calculado para ocupar o lugar em que estava. Lembrei que Esme era decoradora e me perguntei se aquilo não poderia ser trabalho dela.

Eu estava admirando o espaço ao meu redor, que dava direto para uma cozinha, sendo o ambiente muito aberto e arejado. A cozinha seguia o padrão claro e organizado.

Nada me impressionou tanto quanto um porta-retratos em uma mesa próxima a um dos sofás.

– Ai meu Deus. – suspirei soltando minha bolsa no sofá quando meu cérebro processou a imagem que eu via.

– Sou eu quando era bebê. – Anthony falou percebendo o que eu olhava e foi até o porta-retratos, trazendo-o para eu olhar de perto – Meu pai disse que foi nossa primeira foto juntos.

Aquela imagem retratava um bebezinho muito encolhido e miúdo enrolado em mantas azuis, perfeitamente acomodado nos braços de um rapaz que parecia ser muito jovem, mas muito feliz e orgulhoso do bebê que carregava.

Olhando para a foto, percebi que não havia como não notar que era o pai de Anthony. O rapaz tinha os mesmos cabelos ruivos, quase o mesmo tom de verde nos olhos e o mesmo desenho de mandíbula.

Todos esses traços semelhantes fizeram com que eu me perguntasse como eu não percebi antes o que era óbvio.

Anthony era a imagem e semelhança do rapaz na foto. O rapaz na foto era ninguém menos do que o Sr. Masen.

– Você não gosta? – Anthony perguntou provavelmente porque eu estava passando tempo demais olhando para a foto.

– É linda. – respondi, mas percebi que minha voz ainda estava meio fraca.

Anthony era filho do Sr. Masen.

O Sr. Masen tinha um filho. Esse filho era Anthony.

O cara tinha um filho, pelo amor de Deus! E eu ficava me agarrando com ele.

Me senti a pior das destruidoras de lares. Eu não apenas estava provavelmente maculando um casamento, mas também colaborando com a destruição de uma família. E não era qualquer família. Era a família de Anthony!

– E a sua mãe? – perguntei sem saber ao certo se eu queria saber a resposta.

– Nós não tiramos muitas fotos juntas. – ele respondeu como se estivesse parando para pensar sobre o assunto agora.

– Por quê? – perguntei intrometida como sempre.

– Não sei... – ele respondeu – Mas eu tenho mais fotos com meu pai, você quer ver?

– Claro. – respondi certa de que iria me arrepender da resposta.

Anthony então fez um tour comigo pelo ambiente. De fato, havia bastante fotos do Sr. Masen com ele espalhadas pela sala, mas na maioria Anthony era apenas um bebê e o Sr. Masen muito jovem.

– Vou te mostrar minha favorita! – ele declarou me puxando pela mão.

Antes que eu percebesse, entramos no que provavelmente era o quarto do Sr. Masen. O cheiro dele invadiu minhas narinas e a sensação de borboletas na barriga se intensificou absurdamente.

Tão rápido quanto ele se afastou, Anthony voltou esticando um porta-retratos em minha direção.

Neste havia duas fotos, uma ao lado da outra. Em cada uma delas havia um bebê enrolado na mesma manta, ambos deitados na mesma posição e com a mesma expressão facial, ambos com a mãozinha direita bem fechada, tentando escapar do embrulhinho.

– Esse aqui é o meu pai e esse sou eu. – ele falou indicando cada um dos bebês – Vovó Esme disse que minha avó Elizabeth adorava essa foto do meu pai, então ela me fotografou também enquanto eu estava usando a mesma cobertinha que ele, mas ela jurou que eu já estava nessa posição antes dela chegar com a câmera.

– Sua avó Esme te ama muito. – falei enquanto o observava ficar olhando para as duas fotos.

– Eu gosto muito dela também. – ele respondeu voltando a olhar para mim – Eu não conheci minha avó Elizabeth. Meu pai disse que ela morreu há muito tempo.

– Sinto muito, pequeno. – falei sincera.

– Tudo bem, vovó Esme é a melhor avó do mundo! – ele respondeu parecendo um pouco mais animado e indo colocar a foto no lugar.

– E sua outra avó? – perguntei me corroendo para saber mais sobre a mãe dele.

– Eu não a via muito. – ele respondeu pensativo – Eu passava mais tempo na escola.

– E sua mãe? – perguntei quase subindo pelas paredes.

– Eu não a via muito também. – ele comentou – Ela viajava bastante.

– Ela está viajando agora? – perguntei.

– Não sei. – ele respondeu – Ela só disse que eu viria morar com meu pai.

– Então ela não mora aqui com vocês? – perguntei querendo confirmar.

– Não. – ele respondeu como se aquilo pudesse ser o maior absurdo do mundo e continuou como se estivesse me contando um segredo – Eles não conversam muito também. Acho que eles não se gostam muito.

– Você deve sentir falta dela. – comentei.

– Claro. – ele respondeu dando de ombros, não colocando muita firmeza em sua afirmação – Mas está sendo bom morar com meu pai.

Ficamos quietos por alguns instantes e percebi que eu não ganharia nada forçando Anthony a falar sobre sua família que parecia ser um tanto complicada de entender.

– Certo, pequeno. – falei finalizando o assunto – Fim do intervalo! Vamos para a lição de casa!

Eu estaria mentindo se dissesse que achei que gastaria muito tempo ajudando Anthony com seus deveres. Eu não o conhecia muito, mas sabia que ele era um menino inteligente.

O que eu jamais poderia imaginar era o quanto autossuficiente ele era. O máximo que o garotinho fez foi me perguntar o que significava essa ou aquela palavra.

Antes que eu tivesse meu tempo para digerir e absorver melhor a ideia do Sr. Masen ser seu pai, os deveres estavam feitos.

– Então... – comecei sem saber ao certo o que fazer – O que você costuma fazer para se distrair?

– Eu gosto de ler. – ele falou.

Não me diga.

– Tudo bem. – concordei – Você pode ler um pouco e enquanto isso vou tentar descobrir o que fazer para o jantar.

– Posso te ajudar? – ele perguntou parecendo animado e curioso ao mesmo tempo.

Essa pareceu então se tornar a frase favorita de Anthony.

Anthony ofereceu ajuda para procurar o molho para usar no macarrão que por sorte encontramos na despensa (coincidentemente, macarrão era a melhor coisa que eu sabia cozinhar).

Depois ele se ofereceu para me ajudar a encontrar outros ingredientes. E também para lavá-los. E para amassar o alho. E picar tomates. E encher a panela com água. E para me ajudar em cada passo da receita.

Quando terminamos servi dois pratos e os separei para que Anthony e seu pai pudessem apenas esquentar e comer juntos mais tarde. Não, eu ainda não tinha aceitado a ideia de que o pai de Anthony era o Sr. Masen.

– Uau! – ele exclamou olhando para os pratos – Parece muito bom.

– Você achou que não ficaria? – perguntei rindo de sua surpresa.

– Eu não sabia que você sabia cozinhar. – ele comentou parecendo maravilhado com aquela ideia.

– Eu não diria que eu sei cozinhar, mas eu posso sobreviver. – brinquei.

Anthony me ajudou a arrumar a mesa e a encontrar uma caixinha de leite para acompanhar alguns sanduíches que ele também me ajudou a fazer, improvisando um lanche para que ele não morresse de fome até o jantar.

Sentamos juntos à mesa e comemos calados. Anthony parecia realmente surpreso a cada mordida. Me perguntei se o garotinho vinha passando fome ou se eu realmente tinha cara de quem não sabia ligar o fogão.

Lembrei de como a comida de Sue era maravilhosa, então aceitei que a segunda opção era mais provável.

– Eu provavelmente deveria ter feito você tomar banho antes de comer. – comentei quando terminamos.

– Tudo bem, eu posso tomar banho antes do jantar, ou antes de dormir. – ele respondeu após limpar sua boca com um guardanapo, como o perfeito mini adulto que ele era em tantos momentos.

– O que você costumava fazer quando Sue tomava conta de você? – perguntei sem saber bem o que fazer em seguida.

– Eu lia bastante. – ele respondeu mantendo a mesma postura.

– Você gosta mesmo de ler, não é? – perguntei impressionada.

Anthony arregalou os olhinhos por um instante e então abaixou sua cabeça, ficando imediatamente muito retraído.

Percebi um tanto tarde demais que havia ferido seus sentimentos.

Me levantei e dei a volta na mesa, me ajoelhando ao lado dele.

– Ei, pequeno. – chamei e seus olhinhos logo viraram para me fitar – Não é uma coisa ruim. É apenas um pouco diferente.

– Jura? – ele perguntou com uma expressão tão lindamente insegura que quis novamente abraçá-lo para nunca mais soltar.

– Juro! – exclamei – Quero dizer, você mesmo disse hoje que me acha diferente, mas você ainda gosta de mim, certo?

Anthony apenas acenou com a cabeça confirmando.

– Ótimo, porque eu gosto de você ser assim também. – respondi satisfeita dele estar acompanhando o raciocínio – Na verdade, que tal se nós passássemos algum tempo lendo juntos? Você sabe que eu gosto de ler também! Você pode ler enquanto eu arrumo as coisas aqui e depois passo um tempo lendo com você, que tal?

Anthony deu um pequeno sorriso e pareceu considerar seriamente alguma coisa antes de finalmente parecer tomar coragem para falar.

– Eu posso te ajudar a arrumar as coisas? – ele perguntou como se eu realmente fosse capaz de dizer não àquele rostinho.

– Claro que pode! – respondi aliviada por estarmos bem novamente.

Lavamos a louça, guardamos tudo e arrumamos a mesa juntos. Depois de fazer Anthony escovarmos os dentes, passamos algum tempo no sofá. Anthony lia seu livro de mistérios enquanto eu fazia minha leitura obrigatória para o trabalho daquele mês.

Antes que eu percebesse, meu relógio mostrou que eram 19h.

– Você tem que ir. – Anthony falou quando percebeu que eu estava olhando para a hora.

– Eu realmente não deveria deixar você sozinho. – respondi pensativa.

– Está tudo bem. – ele respondeu – Meu pai se atrasa às vezes, mas nunca é muito. Eu só vou continuar aqui até ele chegar.

Travei uma batalha interna considerando a ideia de esperar o Sr. Masen chegar e conversar com ele ali mesmo. O problema era que tínhamos muitos assuntos para conversarmos e não seria nada interessante ter Anthony como espectador.

Eu me sentiria como uma falsa, manipuladora e mentirosa, se fosse embora sem dar quaisquer satisfações ao homem, mas por outro lado eu seria uma megera em confrontá-lo dentro de sua própria casa quando nem eu mesma sabia ainda o que falar com ele.

Anthony me levou até a porta. Nos despedimos com um aceno como sempre fazíamos na biblioteca e segui meu caminho.

Enquanto descia o elevador ainda me imaginei dando de cara com o Sr. Masen, não conseguindo concluir se isso seria bom ou ruim.

Felizmente ou infelizmente, o encontro não aconteceu e minha única certeza era a de que eu passaria a noite em claro pensando nos acontecimentos daquele dia.


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Notas finais do capítulo

Alguém se arrisca a imaginar quando e como vai ser o confronto Bella/Edward? Não deixem de comentar!
Beijinhos!



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