POV BELLA

Eu andava pela floresta de um lado para outro sem prestar atenção nas coisas ao meu redor.

Não sentia dor apenas um vazio no peito, um vazio no exato lugar onde deveria estar meu coração.

O sol se punha no horizonte atrás das grandes árvores que me cercavam, eu estava entorpecida e a única coisa que eu conseguia pensar era na voz melodiosa e dura dele.

Você não é boa para mim, Bella.

Você não é boa para mim, Bella.

Você não é boa para mim, Bella.

Você não é boa para mim, Bella.

A minha respiração estava falha, uma bola se formava em minha garganta e as árvores pareciam rodar ao meu redor. Eu não conseguia compreender como as coisas mudaram tão radicalmente assim.

Até ontem, no meu aniversário, tudo parecia normal e ele até me beijou, mas bastou o dia amanhecer para as coisas mudarem, ele não apareceu na escola e nem sua família, depois da aula eu o encontrei na frente da minha casa me esperando e agora eu estou aqui rodando pela floresta sem saber para onde ir e o que fazer.

Parei apoiando em uma árvore, a dificuldade para respirar estava cada vez maior. Puxei longas baforadas de ar e apertei os olhos com força, eles queimavam para expulsar as lágrimas que eu segurava.

— Por que Edward? Por que fez isso comigo? Eu te amo tanto. — eu disse alto olhando para a escuridão que tomava a floresta.

— Será que o meu amor não é o suficiente? — murmurei baixinho me curvando quando senti uma dor dilacerante no peito.

Cambaleei um pouco para frente tentando inutilmente me equilibrar, antes que eu pudesse perceber o perigo que corria sozinha no escuro e com a minha falta de equilíbrio meu pé escorregou num barranco.

— EDWAAAARD...— gritei caindo num buraco.

[...]

— Como ela está senhor Swan? — alguém murmurava próximo a mim.

— Agora está bem Mike. — ouvi meu pai responder.

Eu sentia minha cabeça latejar e tentei abrir os olhos para ver onde estava, mas me arrependi em seguida soltando um gemido.

— Bella, você está acordada filha? — Charlie perguntou alisando meus cabelos carinhosamente.

— Huhum... — murmurei me remexendo e abrindo os olhos mais uma vez para ver seu rosto preocupado. — Não se preocupe pai, eu estou bem. — minha voz saiu rouca.

— Não, você está de castigo para o resto da sua vida mocinha, que ideia é essa Bella? Por que saiu pela floresta sozinha a noite? Se não fosse Sam eu... nem sei o que poderia ter acontecido. — disparou ele falando com a voz embargada, mas sua voz quebrou no final.

Me senti mal por trazer preocupação a meu pai.

— Desculpe — disse abaixando os olhos e me assustei ao ver meu pé engessado.

Ele acompanhou meu olhar e suspirou. — Você caiu e quebrou o pé, o médico veio e cuidou de você — deu uma pausa coçando a cabeça. — O filho dos Newton está aí para te ver, posso deixar ele entrar? — perguntou me olhando incerto.

A imagem do garoto loiro de olhos azuis preencheu minha mente, Mike sempre tinha sido legal comigo e eu não podia manda-lo embora assim.

— Sim, pode deixar ele entrar. — respondi olhando ao redor e percebendo que estava em meu quarto.

— Ok. — disse Charlie saindo pela porta e resmungando algo no corredor, em seguida Mike apareceu com um sorriso na entrada do meu quarto.

— Bella, como você está? — perguntou se aproximando da cama.

— Bem. — menti ao me lembrar do que aconteceu comigo na floresta.

Você não é boa para mim, Bella.

Um nó se formou em minha garganta, mas logo tentei disfarçar na frente de Mike, deixaria para chorar quando estivesse sozinha.

— Certo. — disse ele olhando diretamente em meus olhos, mas não comentando nada. — Eu trouxe para você a matéria de hoje, queria ter vindo antes, mas tinha que ir para a escola. — falou tentando se desculpar.

— Obrigada. —

— Bom! Agora eu vou indo, não quero te incomodar...eu posso voltar amanhã? — perguntou parecendo incerto.

Eu não queria receber visitas, mas algo naquele momento me fazia querer agarrar a qualquer que pudesse me dar carinho.

Suspirei movendo minhas mãos nervosamente — Não vai te incomodar? — perguntei tímida.

Sua risada me chamou atenção para seu rosto, ele se aproximou e segurou minhas mãos nas suas quentes.

“Tão diferentes” pensei comparando.

— Claro que não querida, eu venho te ver depois da aula e vou trazer as matérias de amanha, vou trazer também chocolates e um filme para te distrair, tudo bem? — disse carinhosamente alisando meu rosto.

Seu toque era bom e quente, eu queria mais da sua presença.

Carência? Talvez.

Mas pelo menos ele parecia me querer.

Suspirei derrotada quando o calor de sua mão abandonou meu rosto.

— Até mais Bella —

[...]

Charlie havia pedido Sue para cuidar de mim e eu não me opus me sentia tão sem rumo, tão vazia e sem importância que qualquer coisa para mim estava bom.

O dia se arrastou e quando finalmente chegou a hora de dormir eu rezei várias vezes para ter uma noite de sono sem me lembrar das coisas que me magoaram tanto na noite passada.

Fechei os olhos e tentei me concentrar na chuva que batia na minha janela, mas o sono não vinha por nada.

Meu peito parecia cada vez mais vazio e me sufocava de uma forma tão dolorida que eu acabei desistindo de dormir e me sentando na cama.

Durante o dia eu evitei pensar em tudo para não chorar na frente de Sue ou Charlie, ninguém me perguntou nada ou fez comentários. Por isso, eu me ocupei apenas em fingir que estava tudo bem, mas na verdade não estava.

Porém, agora que estou sozinha aqui no meu quarto eu não preciso mais fingir, eu posso simplesmente deixar as lágrimas fluírem livremente e me afundar no poço escuro e sem vida que eu caí.