1000 Anos de Escuridão escrita por Chris Lima, Emanuel Hallef


Capítulo 7
Capítulo 06


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Chris Lima (Chris d'Arc)



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— Você precisava aprender por si só — falou o médico.

— Aprender por mim mesmo? — retrucou Argos insatisfeito com a resposta dada — Por favor, não se faça de bom samaritano.

— Você nunca entenderia — Gritou Guile enfurecido — todos esses anos, todos os segundos, eu sempre me dediquei a cuidar de você. Você queria liberdade? Eu te dei! Mas as coisas não funcionam como no século XX em que os pais apenas dizem “Vá lá, meu filho, se você não quer continuar em casa, tudo bem, mas sempre estaremos cuidando de você”. Você precisa entender que toda essa porra que está acontecendo pode piorar! — ele finalizou com um riso sarcástico.

— Quem não entende... — Argos pausou um instante e levou sua mão ao rosto — Eu passei fome, passei frio, fui espancado, quase morri, fiz coisas horríveis!

— Não se faça de vítima.

— Tudo bem, só não ache que eu ainda sou seu irmão, pois eu não sou.

Argos caminhou até o pátio central e se sentou em um banco. Ele estava cansado. Cansado de toda aquela realidade suja, cansado de ser traído. Ao mesmo tempo, ele pensava naquela garota e como ele teve sorte em encontra-la ainda com vida.

— Não fique assim, meu amor — Meredith se sentou ao lado de Argos e deitou sua cabeça no ombro de seu irmão — eu tive um sonho — ela continuou — sonhei que você morria no quartel. Foi um presságio. E nós conseguimos te salvar!

— Eu não quero dever favores ao Guile.

— Você não deve nada a ele, nós fizemos apenas nossa obrigação.

Argos se levantou. Meredith tentou impedi-lo, mas ele a ignorou e caminhou em direção à enorme porta de madeira. Ele estava sério, suas têmporas palpitavam. Ele não sabia o que deveria fazer, mas não poderia ficar naquele local. Ele não podia depender de seu irmão.

Assim que ele encarou a porta, Guile novamente apareceu e falou sem nenhuma emoção.

— Fique no quarto com a garota, ela precisará de alguém nos próximos dias. Já que você está tão ocioso, ajude-a.

Argos deu de ombros, mas se lembrou do quão frágil estava a garota e caminhou até a enfermaria. Ao chegar lá, o rapaz fitou o corpo daquela mulher desfalecida e sentiu uma corrente elétrica passando por seu corpo.

“Eu a conheço de algum lugar” — pensou.

Ele se sentou em uma poltrona perto da cama daquela garota e ficou pensando no que estaria acontecendo fora daquele forte. De uma certa forma, Guile estava certo, pois o deserto seria mais vigiado a fim de evitarem novas catástrofes automobilísticas, mas por outro lado, por qual motivo eles iriam se preocupar com um simples acidente? Certamente a guarda nacional não viria prontamente para investigar grão a grão das dunas do deserto.

O rapaz também estava bastante cansado, pois há tempos não pode desfrutar de tal calmaria. Ele sabia que, apesar de toda a sua família ter sido cruel com ele no passado, o reencontro foi bastante útil. Ele enfim poderia dormir tranquilo sem temer um ataque repentino. Ele poderia descansar.

Dormir.

Mesmo com suas pálpebras pesadas, Argos tentou manter-se acordado, para caso aquela moça acordasse e precisasse de ajuda. Ela era linda, disso ele estava certo, mas o que o intrigava era aquela aparição do leão. Quais as respostas ela teria?  Não foi por acaso que ele a encontrou, disso ele estava convencido.

Seu corpo pesava ainda mais e sustentar os olhos abertos se tornou uma tarefa quase impossível.

Foi apenas um cochilo rápido, porém com tempo suficiente para ele sonhar que estava em uma enorme pradaria. A luz do sol era tão intensa que ele precisou de um tempo para se acostumar com todo aquele brilho deslumbrante.

E Argos caminhou.

Na sua mente, passou mais de horas caminhando por uma enorme pradaria até encontrar uma macieira.

“Coma” soou uma voz grossa e imponente, que beirava ao sombrio.

O rapaz colheu a maça e comeu.

Assim que deu sua primeira mordida, ele escutou o grito de uma mulher vindo de longe e o céu escureceu novamente.

“Não se iluda, nem sempre aquilo que aparenta correto, trará o bem, nem todos os honestos são incorruptíveis, pois da confiança surge a fraqueza” soou novamente uma voz, mas dessa vez era feminina e bastante dócil. “No templo de sua mãe encontrará a pergunta certa, tenha as respostas em mãos”. Continuou a voz feminina.

“Quem está falando?” Gritou Argos, mas nenhuma resposta obteve. A única coisa que recebeu em troca foi um estrondo vindo debaixo dele. Uma cratera tinha se formado, fazendo-o cair.

— Aconteceu alguma coisa contigou? — Perguntou Meredith assustada.

— Apenas um sonho — Argos respondeu — E bastante profético.

— Você também anda tendo sonhos assim? Sinto que algo muito importante acontecerá.

— Sinto que não posso mais confiar em ninguém, isso sim — Ele respondeu rispidamente.

— Eu não tive culpa do que aconteceu — Sua irmã abaixou o rosto com uma expressão triste. — Na verdade, ninguém teve culpa alguma, por que você não nos perdoa?

— Você seria capaz de perdoar, minha irmã?

— Somos uma família.

— Fomos uma família, você quis dizer — Argos se levantou rapidamente da cadeira que estava sentado e continuou falando duramente a sua irmã — Fique no quarto com a garota, ela precisará de alguém. Já que está tão ociosa, ajude-a.

— Argos, por favor, não faça isso!

Ele saiu do quarto sem olhar para trás.

Meredith pôs-se a chorar enquanto seu irmão caminhava com passos firmes para fora do forte. Ela sabia que a vida não foi generosa a ele, também sabia que ele tinha todo o direito de odiá-los, mas ele precisaria de sua família, todos precisam, cedo ou tarde.

 — Que os deuses te protejam, meu irmão. Eu estarei sempre contigo, mesmo que você não me queira por perto — sussurrou a si mesma aquelas palavras.

A garota sentou-se no lugar que a pouco estava seu irmão e assustou-se quando um enorme barulho ensurdecedor ecoou. Logo em seguida um grito masculino acompanhou a enorme ruído.

— Jonas, corra aqui!

Era a voz de Guile. Meredith institivamente correu ao encontro de seus irmãos para ver o que tinha acontecido e tentar ajudar em algo. No entanto, uma onda de vapor quente a atingiu, deixando-a atordoada e com toda sua pele ardendo.

— Saia daqui, Meredith! — berrou Jonas.


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Notas finais do capítulo

ooooooi pessoas, eu voltei! E agora, eu vim para ficar! Desculpe por não postar por tanto tempo, aconteceram tantas tretas na vinha vida nesse último ano, espero que vocês entendam :(



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