1000 Anos de Escuridão escrita por Chris Lima, Emanuel Hallef


Capítulo 6
Capítulo 05


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Chris d'Arc



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— Você acha que ela ficará bem? — Perguntou Argos, seus olhos verdes fitavam a face daquela jovem, ela estava tão frágil! Essa mulher teve sorte de ter sido encontrada por ele.

— A estufa daquela estrada quebrou por causa do acidente, não demorará muito tempo para essa notícia correr por todo o governo.

— Não foi isso que eu perguntei — retrucou Argos.

— Mas você deve se preocupar com isso — respondeu Guile.

— Por que mesmo? Eu mal chego aqui e você já começou novamente com a mania de querer impor suas vontades a mim.

— Cara — Guile olhava apreensivo para Argos. Olhar que era desprovido de qualquer julgamento ou rancor, mas que possuía uma enorme apreensão — nossa base está no deserto que será alvo das investigações do governo. Embora eu saiba que essa base é praticamente impossível de ser identificada, precaução nunca é demais, não é mesmo?

— Eu não passarei muito tempo aqui, não me importa o futuro desse local.

Assim que respondeu duramente seu irmão, Argos saiu da enfermaria. Guile continuou ao lado de Agnes desacordada. Ela sofreu muito naquela noite, deveria descansar.

O cabelo negro daquela mulher percorria seu corpo e o contraste com a sua pele branca acabava a deixando mais pálida. Seus lábios, que antes eram rosas, estavam com um aspecto fúnebre. Entretanto, ele sabia que ela ia sobreviver.

No segundo dia, Agnes acordou e a primeira sensação que teve foi o pânico. Ela ainda estava bastante desorientada e pouco se lembrava do que teria ocorrido depois do acidente. As dores ainda eram intensas e por diversas vezes ela sentia falta de ar. Parecia um sofrimento interminável, ela ali pagara por todos os erros que cometeu, um deles foi ter a ideia de voltar para casa de seu pai.

— Você precisa andar — disse Guile.

— E-eu não con-si..

— Consegue sim — Guile a interrompeu — vamos, segure minha mão. Eu te ajudarei a andar. Esse sangue sairá por completo de seu pulmão.

O primeiro desafio, praticamente impossível de se realizar, foi tentar sentar. Qualquer movimento que ela fazia em seu tronco arrancava gemidos e lágrimas de dor. Seu corpo latejava por completo, parecia que aquela perfuração estava irradiando a sua fúria para corromper todos os seus membros.

— Eu não... — Ela agora parecia suplicar para aquele homem. Mas ele sabia que ela deveria andar, somente assim o sangue sairia mais rápido para que o dreno pudesse ser retirado.

— Venha, confie em mim.

Assim que ela se sentou, não conteve o choro. Nenhum ser humano deveria se sujeitar a tal situação. Aquilo fez Guile pensar em sua própria humanidade. Ele estava certo em pedir para aquela garota fazer esse esforço sobre-humano? Todos vivem sem altruísmo, ele estaria fadado a seguir esse caminho?

Mas ele sabia que para o bem dela era preciso.

Conteve seus pensamentos e limitou-se apenas a olhar para aquela menina.

Quantos anos ela deveria ter? No mínimo, a metade de sua idade.

A mão direita de Agnes segurou a mão áspera de Guile. Ela a segurou tão forte que ele teve a sensação de seus dedos serem estralados ao mesmo tempo. Não demorou muito para ele voltar a pensar em novamente naquilo que estava pedindo para a garota fazer. Tanto tempo naquele local estaria o obrigando a se tornar alguém que ele não era. Ele estava perdendo o que lhe fazia diferente dos outros. Estava perdendo sua filantropia.

O primeiro passos foi os mais difícil, pois ele demorou um pouco para se acostumar com o peso da garota encostada nele. Assim que retomou o domínio da situação, deu passos pequenos para trás e ela tentava acompanhar, mas sempre com os olhos marejados.

Agora o segundo passo.

Agnes gemia.

— Acalme-se, eu estou aqui.

Terceiro passo.

O braço da garota, por acidente, tocou no dreno e um grito de dor desprendeu de sua boca. Ela não aguentaria mais, ela não suportaria mais daquilo.

Quarto passo.

O corpo dos dois estavam colados, Agnes o usava como encosto e sustento para evitar sua queda. Guile, paralelamente, fazia de tudo para que não causasse mais problemas para a garota. Ele precisava a segurar com a força necessária para não permitir que ela caia e ao mesmo tempo não causar hematomas.

Quinto passo.

Anges parecia ter acompanhado o ritmo, nenhum acidente ou gemido fora do normal fora dado. Ela estava mais confiante, mas as dores ainda eram intensas. Ela suportaria.

Sexto passo.

Depois de seis passos, a menina não conseguiu mais e por pouco não caiu. Ela se desequilibrou e seu corpo rodou, saindo do único sustento que era Guile. Ele a segurou novamente a tempo de evitar a queda.

— Você já se esforçou demais por hoje — disse Guile — eu te colocarei na cama novamente. Então, ele a tomou em seus braços e deitou a menina novamente na cama da enfermaria.

— Eu vou morrer? — Agnes perguntava, mas parecia mais um alerta. Aquela enxurrada de dores não poderia ser sinal de saúde ou de evolução em seu estado clínico. Mas quem era ela? Não sabia diferenciar o sangue arterial do venoso.

— Eu não permitirei isso, fique tranquila. Nessa enfermaria não morre ninguém.

Um enorme barulho tomou a atenção de Guile e ele imediatamente teve de sair. Agora, Agnes estava só, assim como sempre se sentiu. A dor, que há minutos era intensa, estava se tornando mais branda aos poucos. Fato que lhe permitiu poder navegar em seus pensamentos novamente.

Ela precisava ir para a casa de seu pai. Isso era fato, mas o que ela realmente iria fazer lá? Porque ela tinha tanta pressa para chegar lá?

Embora se esforçasse, não obteve respostas e isso a deixou mais frustrada. Ela tinha a certeza que tudo que conhecia, poderia falhar. Além das outras pessoas, até seu corpo a traía. A impotência de não poder fazer mais nada a incomodava. Agnes não conseguia nem mesmo se ajudar, como honraria a memoria de sua irmã morta?

Fora da enfermaria, Argos conseguia irritar novamente seu irmão. Desde o momento em que Agnes ficou só, era possível escutar gritos e berros de vozes masculinas. Apesar do alvoroço, todos da base pareciam ignorar a presença dos dois e continuavam a realizar seus afazeres normais.

— Dá para parar de se comportar como uma criança, Argos? Não vê que temos uma mulher doente dentro daquele local?

— Eu, criança? Você que tem essa mania escrota de procurar sempre me rebaixar! Antes de apontar o dedo, porque nós não resolvemos logo nossas pendências? Pode me explicar o porque de ter me deixado para trás? — Ele respirou um pouco e engoliu seco — Você pode me explicar porque me traiu e agora veio até mim?


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Notas finais do capítulo

Então, pessoal. Nós tivemos vários problemas e por pouco não desistimos da fic. Mas superamos e agora estamos de volta para continuar postando!
Espero que gostem.
(por: Chris, antiga Dama do Caos)



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