1000 Anos de Escuridão escrita por Chris Lima, Emanuel Hallef


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

(Chris aqui :D) Espero que gostem, nós escrevemos com todo carinho e entusiasmo existente. Nos ajudem a evoluir, falem o que gostaram, não gostaram, enfim, digam o que acharam do prólogo, isso é muito importante para nós!
Obs: A primeira parte foi escrita por mim (Chris) e a segunda pelo E H Lewis



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“25 de maio de 3015

Há mil anos, o dia era dividido em vinte e quatro horas, parte do tempo era dominado pela noite, mas o resto era irradiado por uma enorme luz que vinha de um astro que estava no céu. As pessoas o nomeavam de sol.

Esse astro era responsável por garantir a sobrevivência de todas as espécies do planeta. Ele permitia que as plantas realizassem fotossíntese e garantiam o aquecimento do planeta. Por causa dele também existiam estações no ano e a temperatura média nas estações quentes era de trinta graus célsius.

As cores eram extremamente vivas nesse tempo. Podia-se ver a beleza da natureza... Ah, como as pessoas tinham a oportunidade de serem felizes! Poderiam experimentar sensações inimagináveis!

Mas tudo isso acabou.

Os seres humanos não retribuíam da mesma forma. O mundo estava um enorme caos, mulheres eram estupradas, pessoas eram roubadas, bandidos interrompiam a vida de outros por coisas banais. Um relógio, um par de sapatos, quiçá uma carteira com dez reais eram suficientes para assassinarem alguém.

O egoísmo era a principal causa de toda desgraça existente. O medo era comum, temia-se a cada segundo. As pessoas não estavam mais seguras nem em suas casas, pois existiam arrombamentos e assassinatos planejados.

Até mesmo aqueles que eram para dar exemplo, sucumbiram diante da corrupção de valores. Políticos, policiais, médicos, juízes, todos estavam vendidos. O poder era de quem tinha dinheiro, a vida era para quem possuía bens.

A relação entre os países seguia esse modelo. Guerras eram iniciadas por causa de um líquido preto chamado petróleo. Essa substância poderia valer mais que a vida de uma pessoa, e por ela, muitos inocentes foram mortos. Também existia terrorismo, não existia tolerância e se utilizava a religião para justificar tudo isso... A jihad.

A família também foi destruída, pais espancavam seus filhos, mães abandonavam sua prole, filhos assassinavam seus pais por causa da herança. Não existia mais em quem confiar. Não se podia amar. Todos nasciam sós e deveriam viver sós.

A esperança desapareceu e os deuses foram esquecidos.

Diante de tanto desgosto dos céus, uma praga fora dada aos seres humanos, eles foram condenados a viverem conforme suas atitudes, eles pertenciam as trevas, eles deveriam viver nas trevas. Então, aquele astro tão importante para a humanidade se apagou.

Não houve nenhuma explosão, tampouco uma onda de poeira cósmica. Mas, a partir daquele dia, o ser humano estava fadado a viver de um modo repleto de sofrimento. Modo que nós, hoje em dia, conhecemos muito bem e enfrentamos rotineiramente.

Esse castigo não mudou muito a forma como agimos, estamos até mesmo pior. Você é pior? Certamente. Agora que o desespero aumentou, convivemos com mais atrocidades na nossa sociedade. E o pior, elas são consideradas normais! O certo se tornou o tolo e a verdade desapareceu.

Depois disso, dois terços da população morreram.

E mais pessoas vão morrer.

Mas alguém deve impedir isso.

Meu nome é Agnes e serei eu que reverterei isso”.

Assim que a garota terminou de escrever, ela colocou aquele pedaço de papel dentro da sua minúscula capsula do tempo junto com outros pertences que tanto amava: um urso que sua mãe lhe deu quando ainda era viva, a única foto que possuía de sua irmã mais nova e uma rosa branca. Aquilo valeria a pena. Deveria valer.

Assim que ela enterrou aquela caixa de metal, Agnes colocou sua mochila nas costas, amarrou seu enorme cabelo negro e partiu de sua casa. Não disse adeus a ninguém, muito menos olhou para trás. Tudo deveria ser esquecido, aquilo iria passar, justificava a si mesma.

Mas a verdade é que ela não queria chorar.

[...]

A muitos quilômetros de distância da cidade, a névoa gelada que comprimia as vidraças dos casebres flutuava sobre um rio sujo que serpeava entre barrancos cobertos de mato e lixo. Uma enorme chaminé, relíquia de uma fábrica fechada, erguia-se sombria e agorenta. O silêncio total era quebrado apenas pelo rumorejo da água escura, e não havia vestígio de vida exceto por um filhote de raposa que descera até o barranco.

Então, com um leve estalo, uma figura robusta e musculosa surgiu por entre os arbustos, ao lado da grande fábrica abandonada. A raposa congelou, fixando os olhos assustados no estranho fenômeno. O homem pareceu se orientar por alguns instantes, então saiu andando com passos leves e ligeiros, se aproximando da raposa. Mas não carregava em suas expressões nenhum tipo de má intenção, ao contrário...

— Liss, não se assuste, sou eu, Argos! — sussurrou o homem, olhando para os lados, assustado. Parecia que estava fugindo de alguém... — Farejou alguma coisa?
A raposa balançou o farejou e balançou a cabeça em negativo, supôs argos.

— Droga! Precisamos sair daqui! O governador está desconfiando de mim... — continuou o homem, sentando em cima de uma rocha retangular, ao lado da raposa, que balançou o rabo animada e sentou-se ao lado do dono — Ele acha mesmo que pode sustentar uma família com uma cesta básica? Sei que estamos ficando sem estoque, mas que culpa tem os outros se o sol resolveu não aparecer mais, Liss?

Argos imediatamente se lembrou de tudo, das histórias que os contaram, da sua vida... Faz 1000 anos que o sol não aparece mais. E, com isso, todo o mundo sofreu. Desde o mais pequeno filhote de animal, até a mais velha árvore. Ninguém sabe porque isso aconteceu e muitos não perdem mais o seu tempo perguntando ou se questionando, apenas aceitaram e procuraram uma maneira de se adaptar.
Muitos culpam os deuses. Bobagem! Se quer saber, o ser humano está apenas colhendo o que plantou. Pois para cada atitude há uma consequência.

E, infelizmente, essa foi a consequência que o homem obteve.

Por causa da escuridão, as plantas não conseguiram sobreviver por muito tempo. Os animais começaram a morrer, pois a cadeia alimentar estava quebrada: sem plantas, sem animais herbívoros. Sem animais herbívoros, sem animais carnívoros, e daí por diante.

Por mais que os humanos tentem se adaptar, ainda há sofrimento. Existem muitas doenças devido ao sol, pois ele é a principal fonte da vitamina D. Os cientistas não conseguem mais fabricar remédios e a maioria das pessoas morrem depois que adoecem.

As pessoas vivem menos. Algumas não passam dos 27 anos de idade. E, para evitar mais responsabilidade, o governo decidiu proibir a procriação. Muitos questionaram dizendo que isso levaria a extinção do ser humano, mas não tinham escolha alguma. Não há comida o suficiente. Não há água para todo mundo. Era necessário criar diretrizes para controlar o excesso...

E Argos sentiu na pele as escolhas do governo. Sua vida mudara completamente e as feridas daquilo ainda estavam bastante vivas. Sua dor nunca se apagará.

Argos então se alistou no exército do governo e protege o governador com sua própria vida — ou pelo menos fingi. Com isso, consegue comida quando quer e tem liberdades.
Como a comida é precária, cada casa tem direito a certa quantidade de alimento de acordo com a quantidade de pessoas. E devem se virar com o pouco que recebem. E aqueles que discordarem provarão das consequências estabelecidas pelas autoridades.

Os crimes são puníveis de morte. Ou seja, se você roubar um alfinete, será torturado (às vezes, dependendo da gravidade do seu crime) e depois decapitado. Mas os guardas costumam esfolar as vítimas com as mãos para, assim, pouparem tempo. Hoje em dia o tempo se tornou mais precioso que o dinheiro.

E, agora, em seu horário de intervalo, Argos tenta decifrar um sonho que teve na noite passada. Um homem sem face apareceu-lhe e informou que havia solução para o que estava acontecendo. Mas que não revelaria nada até que ele encontrasse a metade do seu papel rasgado... E, por fim, se foi. Desde então, Argos procura incansavelmente uma maneira de descobrir o que significa.

Retirou dos bolsos metade de um mapa e o ergueu diante da luz do farol, sabendo que, talvez, a figura do sonho estivesse falando daquilo. Sabia que tinha um destino. Sabia que precisava fazer alguma coisa para mudar aquilo, por mais que não passasse de um simples servo insignificante.

E iria fazer isso.

Precisava.

Olhando para os lados, pegou sua bolsa e tirou de lá uma cápsula do tempo. Dentro dela colocou a foto dos seus pais, um pingente de ouro e bronze e um bilhete, que dizia:

“Estarei lendo esse texto diante da luz intensa do sol...”

Colocou tudo dentro da cápsula, Liss o ajudou a cavar e formar um buraco razoável no chão, e lá colocou o objeto. Recolou a areia, cobrindo e fechando o buraco. Colocou a bolsa nas costas e seguiu confiante para longe do quartel...

Não disse adeus a ninguém. Não pegou o resto dos seus pertences. Não avisou aos seus superiores. Simplesmente decidiu partir e seguir seu caminho... Sabia que havia chegado a hora e não podia deixar que o governador descobrisse o que fazia em suas horas vagas.

Tudo deveria ser esquecido.

E estaria seguro. Liss o protegeria. Sem falar que carregava consigo uma arma tão letal quanto sua raiva...


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