Victorie Weasley

Eu não podia afirmar que lembrava do dia que conheci Teddy Lupin. Só tinha certeza de algo, tinha sido logo depois que eu havia nascido, nossa diferença de idade não era tão grande, apenas 2 anos nos separavam. E, apesar disso sempre nos demos bem. Seja porque fomos os primeiros a nascermos ou por qualquer outro motivo, quase todos os momentos da minha infância, principalmente os melhores, Teddy estava presente.

Sempre aqueles cabelos azuis e olhos pretos eram o motivo de minha alegria, e muitas vezes a única coisa que me fazia ficar de bom humor. Entretanto isso mudou um pouco quando Teddy entrou em Hogwarts, mesmo prometendo a nós mesmos que continuaríamos sendo melhores amigos acabou havendo um distanciamento. As cartas que nos primeiros meses eram tão frequentes passaram a vir em intervalos maiores. Isso de certa forma me entristecia.

— Mamãe, a carta já chegou? — perguntava quase todos os dias quando descia ainda de pijamas e de cabelo todo bagunçado, com a ansiedade comum de uma criança de 9 anos.

— Não, querida... — minha mãe respondia, ela tentava esconder, mas eu sempre notava seu olhar apreensivo e preocupado. — Mas não se preocupe, ele provavelmente está apenas cheio de deveres e provas.

Entretanto isso não fazia evitar que eu bufasse e revirasse os olhos, mania que tinha desde pequena. Prometendo-me que desistiria de ser sua amiga. Mas minhas promessas nunca eram cumpridas. Logo que Teddy aparecia na casa de vovó Molly para as férias, toda a raiva desaparecia e tudo que eu queria era poder brincar com ele. E para minha surpresa ele também.

Logo depois foi minha vez de entrar em Hogwarts, mesmo a felicidade de agora frequentar a famosa escola de magia e bruxaria tão renomeada não alcançava a alegria de poder conviver com Teddy, mas obviamente não foi exatamente isso que aconteceu. Apesar de que éramos da mesma Casa, não tínhamos os mesmo amigos. Em casa a diferença não parecia grande, mas em Hogwarts ela era enorme. Pelo menos era o que parecia que ele pensava.

E assim, com o passar dos anos acostumei-me a apenas observa-lo de longe. Sempre sorria quando ele olhava em minha direção e sempre era simpática quando ele se dirigia a mim. Todavia nas férias era diferente, nossa amizade parecia sempre inabalada, fazíamos, agora com a companhia de nossos primos, quase tudo juntos.

A diferença de tratamento de Teddy comigo na escola e em casa sempre tinha me incomodado, entretanto para minha surpresa nessas férias estava incomodando mais ainda. Tanto que desde que ele tinha chegado na casa de minha avó acompanha do tio Harry e veio falar comigo me dando um abraço, a única reação que tive foi bufar e sair para me trancar em um quarto.

—Vamos Victoire, abra a porta desse quarto! — ouvi minha mãe com a voz abafada do outro lado da porta.

—Não, eu não quero a companhia de ninguém. — respondi, tentando de todas as formas minha voz firme.

Eu não era o tipo de garota que chorava fácil, mas seja porque já tinha chegado no meu limite ou o estresse que estava passando em meu 5º ano por causa de provas e do NOMS, as lágrimas estavam invadindo meus olhos violentamente.

— Victoire, por favor, vamos conversar.

Nem respondi, deixando bem claro que não adiantaria nada. A não ser que fosse por magia eu não abriria a maldita da porta do quarto das meninas. Após alguns minutos em silêncio estranhei, minha mãe não era do tipo que desistia fácil.

Em seguida ouvi novamente uma batida na porta, entretanto a voz conhecida era masculina e que eu poderia reconhecer em qualquer lugar.

— Vic, eu não faço ideia do que fiz, mas me desculpe. Quer dizer, se por acaso fui grosso, seco ou por qualquer outro motivo perdão. Mas por favor, não fica brava comigo... Eu ... Só me desculpe.

Teddy soava tão chateado, como se realmente estivesse arrependido. Mesmo sem ter noção do que fazia.

Deixando minha raiva de lado, e ouvindo meu coração, abri a porta e me deparei com o rapaz de cabelos azuis com uma expressão preocupada no rosto. Não esperei para ver o que ele faria em seguida, o abracei com força. Após alguns segundo assim, nos abraçando como se não tivéssemos visto há anos o soltei e vi que Teddy sorria.

— Obrigado!

Dei de ombros.

— Eu não podia ficar brigada com você no natal...

Teddy deu uma risada e passou os braços pelos meus ombros, guiando-me em direção a sala.

— E eu jurando que era porque você me considerava seu melhor amigo... Vai me contar o que aconteceu?

— É melhor não. Deve ser estresse...

Senti as mãos de Teddy me virarem pelo ombro em sua direção. E, apesar de mais alto que eu seus olhos estavam olhando diretamente no fundo dos meus. Corei, com medo de ele ver o que realmente era.

— Tem certeza? Não tem porque esconder nada de mim Vic.

Assenti automaticamente, tudo que eu não precisava era que Teddy descobrisse a verdade.

Assim que chegamos na sala, deparei-me com todos os meus parentes presentes.

— E novamente Teddy aparece para salvar a pátria. — tio George fala levando uma cotovelada de meu pai.

E apesar de não ter entendido totalmente o que meu tio queria dizer com essas palavras corei. E, sem graça segui em direção a minha irmã e o restante de meus primos. Mas não sem antes escutar minha vó Molly ralhar com seu filho.

— Deixe as crianças em paz, George!

— Só estou falando a verdade. Esse ai é o único que a acalma. Certeza que vai dar em... — mas após o olhar reprovador de meu pai se calou.

Senti meu rosto queimar e tentei esconde-lo, sem entender porque esses comentários de meu tio estavam me afetando tanto. Afinal, Teddy era apenas meu amigo, e até poderia ser considerado primo, de tão próximo que era da família.

— Está tudo bem? — ouvi minha irmã sussurrar para mim.

Assenti, não querendo prolongar o assunto. E quando ela fez menção de dizer algo senti um vulto ruivo sentar-se em meu colo.

Lily era uma das minhas primas mais novas e uma das mais próximas de mim, apesar da grande diferença de idade. Sempre que eu estava em casa pedia para eu contar-lhe sobre Hogwarts. Não importava o que, apenas que lhe desse uma prévia do que ela teria no futuro.

— Vic, eu estava morrendo de saudades de você!

— Eu também baixinha, e de nossas histórias, estou cheia de coisas para te contar. — respondi lhe fazendo cosquinhas.

— Mamãe contou que agora você é monitora, o que você faz?

Fiz menção de responder, entretanto Teddy sentando, para minha surpresa, do meu lado falou antes.

— Ela manda pessoas que estão andando pelo castelo em horário proibido voltarem para suas camas.

Lancei-lhe um olhar feio, ele fez parecer uma coisa chata, e não era bem assim.

— Nossa, parece ser muito chato, eu não quero ser monitora. — Lily respondeu com a cara emburrada e de braços cruzados.

— O que é? Eu só falei a verdade... — ele deu de ombros tentando parecer sério, mas um sorriso estava aparecendo em seus lábios. — Mas ela faz direitinho, tem moral até com os garotos mais velhos.

Revirei os olhos.

—Pessoal o que acham de irmos brincar lá fora? — James, com o sorriso mais maroto possível, chamou.

Todos obviamente olharam desconfiados, mas levantaram e o seguiram deixando apenas eu e Teddy na sala.

Olhei ao meu redor e em poucos minutos literalmente apenas nós dois estavam presentes. Nossos tios e pais tinham ido para a sala, provavelmente conversar sobre o trabalho enquanto tomavam Uísque de fogo.

Ao meu lado Teddy sorria para mim, e me encontrei completamente encantada sorrindo de volta até que percebi sua mão colocando uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.

— Me dá agonia... — ele falou como se tivesse que explicar.

— Tudo bem.

— Sabe uma das coisas que mais sinto falta em Hogwarts? — neguei com a cabeça, realmente curiosa. —De você e de nossa amizade.

— De mim? — repeti sem querer. Em minha cabeça, Teddy nunca se importava com isso. Bastava o relacionamento que tínhamos nas férias.

— Sim. Parece que sempre nos afastamos quando voltamos para a escola. Acho que o fato de termos círculos de amizade diferentes sempre atrapalhou um pouco. — ele desviou o olhar como se tivesse sem graça e eu me vi mais encantada ainda. Ele era lindo quando ficava com vergonha, como eu nunca tinha reparado nisso?

— Eu também sinto, você é meu melhor amigo, odeio quando nos afastamos...

— Às vezes sinto mais do que isso. — falou sem olhar diretamente para mim. Meu coração disparado.

— Isso o que?

O olhei nos olhos e ali tive quase certeza que algo estava acontecendo, mas cedo demais ouvimos um grito e um chamado de algum de nossos primos.

— Teddy!

Imediatamente nos afastamos, assustados com nossa proximidade mais perto do que o normal. Meu coração disparado e minhas mãos suavam.

— Eu tenho que ir ver o que é. Mas saiba que é muito importante para mim.

Teddy segurou meu rosto e me deu um beijo na bochecha, mas centímetros de meus lábios. Então saiu andando calmamente em direção ao jardim. Deixando-me ali, paralisada com uma avalanche de sentimentos.

O que tinha acabado de acontecer? E principalmente o que eu estava sentindo? Eu realmente estava apaixonada por Teddy Lupin? O meu melhor amigo? Isso parecia impossível, mas era definitivamente o que estava acontecendo.

E o mais incrível, parecia que ele se sentia a mesma coisa.