Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 8
Anny Valence


Notas iniciais do capítulo

E começa a Seleção! Boa leitura.



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Capítulo 7

Anny

“A felicidade vem a troco de lágrimas, como a consolação do salvamento a preço das agonias do naufrágio” – Camilo C. Branco

Alice – Avril Lavingne

A hera crescia pelas paredes do castelo, enquanto rosas brotavam pelas janelas, vermelhas e brancas. Bancos de ferro pintados de azul destacavam-se em cantos, ao redor da entrada principal. O caminho de pedra feito com cuidado para se intercalar e não deixar um vão sequer erguia-se pela pequena colina que havia para chegar ao castelo. Muros cercavam toda a mansão, altos e antigos, diziam que eram de um castelo utilizado por reis de 500 ou 800 anos antes. A porta de madeira maciça estava imponente, com suas fechaduras de ferro pintado de dourado. Janelas se abriam, com as persianas pintadas de azul. O telhado brilhava, vermelho, enquanto as pedras formavam tons de branco, creme e cinza claro. As cores da França. Sentiu-se visitando algum antepassado de 2000 ou quem sabe 1990. Todos diziam que esses anos foram dourados para a humanidade. Talvez as pessoas que morassem lá nem soubesse a magnificência de tudo aquilo. Quando chegou perto o suficiente, notou que um letreiro escrito em francês, inglês e russo dizia “Castelo de Versalhes, fundado em 1682. Reformado em 2079 e inaugurado como Sede Real da França em 2126. Há quinze anos, esse castelo estava recebendo os primeiros herdeiros da coroa Francesa do Novo Mundo.

– Cuidado, moças. – falou, com um sotaque carregado, a mulher que as conduzia. Em uma das mãos havia uma prancheta e na outra a bandeira da Rússia, com suas estrelas e o fundo azul escuro, o dourado das lanças cruzadas e a palavra “LIBERDADE” escrita grande em russo. – Não toquem em nada. Tudo é uma relíquia muito sagrada para a nossa cultura. – e abriu a porta com facilidade. Dois guardas armados e com uniformes militares azuis, vermelhos e brancos as aguardavam. – Não se incomodem, eles estão aqui para sua proteção.

Adentraram o castelo hesitante, o grupo de sete meninas da União, todas ainda tremendo com o frio do começo de inverno. Anny gostava do frio, e a França não era um lugar muito caloroso. Do lado de dentro, o piso de mármore branco se estendia até portas muito bem fechadas, erguendo-se a trinta metros do chão, pintada de vermelho vivo. Os homens de outrora caminharam em sincronia até lá e abriram as grandes portas, que eram mais de dez vezes maiores que eles. Deveriam ser pesadas, mas eles não demonstraram notar o esforço. Do lado de dentro, cadeiras, todas enfileiradas, e pessoas andando de um lado para o outro. As portas davam espaço a um outro salão. Espelhos em ambas as paredes laterais serviam para que as moças sentadas nas cadeiras se observassem, enquanto os cabeleireiros e maquiadores se aprontavam. A moça as levou até uma fila de cadeiras vagas, com seus profissionais aguardando.

– Aqui poderão se arrumar para ver o Príncipe. – ela falou, e quando disse “príncipe”, Anny percebeu que a palavra saiu em francês. E era complicada. Tentou dizê-lo, em vão. Será que poderia aprender francês tão rápido? – Eles falam o básico do russo, então não se incomodem caso não entenderem algo. Se precisarem de ajuda, me chamem.

E deu as costas, indo pelo corredor. O som de secadores, tesouras e conversas era assustador, Anny nunca tinha visto algo assim antes, ou melhor, ouvido. Sentou-se em uma das cadeiras, vendo as outras garotas que vieram para o castelo sentando-se também. Sua profissional tinha cabelos louros e ondulados, com lindos olhos castanhos claros. Ela lhe deu bom dia e abriu uma revista na frente de seu rosto.

– Este fica bom em tu. – ela apontou para um dos penteados. A franja no desenho caía em cascatas pela frente da cabeça, com as pontas desfiadas e um brilho estranho. – Pintar?

– Não quero pintar. – respondeu e a moça assentiu.

– Só cortar? – ela realmente parecia hesitante em falar russo, mas acertou com perfeição. Anny concordou e entregou a revista a ela. Logo, vestia um robe branco e tinha os cabelos molhados, lavados e escovados. A francesa era realmente rápida e em menos de trinta minutos cortou seu cabelo até o alto das costas e secou-o. Quando terminou, Anny se admirou por algum tempo e gostou do resultado, não estava tão diferente de antes, mas com certeza as pontas duplas foram embora. A mulher loira ajoelhou-se a sua frente e começou a aparar suas unhas, lixá-las, retirar as cutículas e enfim pintá-las de bege, quase da cor de sua pele. – Pronto, senhora.

– Obrigada – sorriu para ela, mas a francesa não devolveu o sorriso, apenas virou a cabeça e começou a guardar seus materiais. Anny sorriu de lado e saiu da cadeira, deveria ser coisa de francês como todos dizem.

Do lado de fora do salão, uma equipe de fotógrafos esperava para registrar seu primeiro dia no castelo com o novo visual. Posou como eles pediam, virando a cabeça e segurando o vestido que usava, algo simples que encontrou no guarda-roupa. Simples para Anny, porque aquilo era um lindo modelo vintage moderno, com mangas até os cotovelos, saia até os joelhos, branco e com um cinto afinando a cintura em tom escuro de marrom. Usava sapatilhas delicadas e uma meia calça fina. O decote em V deixava tudo mais bonito, enquanto a renda subia pelo pescoço, dando um pequeno detalhe para o resto do vestido.

Quando terminou de tirar as fotos, sentou-se com algumas das garotas já arrumadas em divãs separados. As paredes erguiam-se preenchidas de tapetes dourados e cheios de desenhos florais, as janelas abriam-se para o incrível jardim e o vento passava. Notou como seu reflexo no chão era tão vívido.

– Tão bonito... – ouviu ao seu lado alguém murmurar, talvez também fascinada com a grandiosidade de um castelo. Anny sempre foi rica, teve tudo o que quis sem precisas correr atrás. Mas aquilo... Com certeza ia além de qualquer casa de ricos que já tivesse visitado. Era extravagante. – Olhe só o teto.

Sem querer, seguiu o conselho da menina e ergueu a cabeça até o alto. E então vislumbrou os céus. Assim como o céu da manhã, lá fora, ali sobre ela as nuvens estavam pintadas, de maneira borrada e disforme, como nuvens de verdade. O azul variava de claro para escuro, a medida que se aproximava do afastava do Sol, brilhante, no alto norte do salão. Anny contou vinte janelas na parede leste, mais vinte na oeste, quase cinqüenta ao norte e nenhuma janela ao Sul, onde o castelo crescia.

– Há dois mil cento e cinqüenta e três janelas nesse castelo. Sessenta e sete escadas, trezentas e cinqüenta e duas chaminés, e setecentos quartos. Mil duzentos e cinqüenta lareiras. Setecentos hectares só no jardim. Dizem que eles têm um rio próprio e uma floresta enorme com quase 30% da parte natural da França. – a voz era suave e dizia tudo com convicção.

– Quem é você? – perguntou, virando a cabeça para a menina. Era magra, com cabelos ruivos e finos, caindo até os ombros. Olhos curiosos e cinzentos, óculos apoiados na ponta do nariz e o corpo tão miúdo que poderia ser confundida com uma criança de doze anos.

– Robbyn. – ela sorriu, tímida, encolhendo os ombros e ruborizando. – E você?

– Anny. Da União. – apresentou-se.

– Eu sei que é da União. Eles colocaram isso no seu braço – ela apontou para uma tatuagem lavável. Realmente fizeram isso com todos, inclusive com Robbyn, que ostentava a bandeira da Inglaterra. Mas a menina conversava em russo fluente.

– Você já morou na União?

– Minha mãe era de lá. Aprendi russo com ela. Também sei francês, tive aulas. – ela ergueu os olhos. – Você não?

– Não. Só soube que viria para a França no dia da Seleção. Nunca me interessei pelo francês. – deu de ombros, mas Robbyn pareceu chateada. Não tinha culpa. Anny nunca havia se interessado em ter aulas do que quer que fosse sem ser a escola. Sentiu uma leve coceira debaixo da sua marca de nascença, atrás da orelha. Quando colocou o cabelo para trás, Robbyn notou, erguendo uma sobrancelha para ela.

– Você tem uma tatuagem?

– É uma marca de nascença – explicou.

– Parece uma coroa. – Robbyn balançou os ombros.

– Sim. – concordou, sorrindo. Sabia que aquilo intimidaria a garota. Nasceu com uma coroa desenhada atrás da orelha, isso com certeza só poderia ser um sinal, certo? Foi isso que seus pais disseram. Que ela nasceu para ser alguém da realeza. Outras garotas se aproximaram, todas produzidas. Algumas haviam mudado a cor dos cabelos, a maioria apenas cortou ou clareou os fios. Robbyn tocou seu braço e Anny percebeu que ela estava chamando sua atenção.

– Olhe, ela é irmã do príncipe. – Robbyn agora apertava seu braço com força, como se estivesse tentando descontar sua ansiedade em Anny. – Ela é tão pequena. – sussurrou. Anny tinha de concordar. A irmã do príncipe tinha cabelos ruivos, cacheados, caindo em ondas até o final das costas. Grandes olhos verdes, beirando o cinza e sardas pipocando a face. Ela saltitava, descendo as escadas sozinha. Trinta e seis degraus depois, a menina alcançou o salão e correu em direção ao local onde as selecionadas se aglomeravam. A maioria parou de conversar, assim como Robbyn, todas encarando a pequena realeza.

– Ela é uma criança.

– Uma fofura... – Robbyn suspirou. A garotinha passou entre os divãs e parou diante de um deles, ao lado de Anny. Ela observou as garotas e então suspirou. Tudo nela parecia tão fofo que Anny sentiu vontade de abraçá-la.

– Você está sentando no meu lugar. – ela disse, de repente, cruzando os braços. A menina empalideceu, levantando-se e pedindo desculpas em alguma língua que Anny não soube decifrar. A princesa esperou até que a outra se afastasse e pulou para o lugar no divã, cruzando as pernas e olhando as outras – O que vocês estão olhando? – ela abriu um livro sobre a mesa de centro e passou a ler, ignorando completamente a presença de todas as outras.

– De repente a fofura passou para algo... – a voz de Robbyn desapareceu na garganta.

–... mimado? – completou Anny.

– Chato. – Robbyn sorriu.

– Frescurenta. – Anny segurou uma risada, porém Robb exclamou em gargalhada.

Isso chamou a atenção de todas que conversavam e quando Robbyn notou, se encolheu.

– Francamente, eu quero ler o meu livro – a pequena realeza exclamou, lançando um olhar mortal para Robbyn. Anny sentiu pena dela, afinal Robb já estava tão envergonhada... As garotas ao redor desviaram o olhar e começaram a sussurrar ao invés de falar.

O clima ficou pesado, de uma hora para outra. Ninguém ousava olhar para a pequena garotinha, ou atrapalhar a sua leitura. Por mais de uma vez, Anny pensou em escapar dali, ir para algum outro local onde pudesse conversar com Robbyn. Mas antes que o fizesse, a moça que a conduziu até o castelo surgiu. Não segurava mais bandeira alguma, apenas sua prancheta. Os cabelos cacheados arrumados acima das orelhas e a saia azul xadrez com o terno combinando davam-lhe um ar francês demais.

– Sua Alteza, tenho o prazer de recebê-la no Salão das Mulheres. – ela se curvou diante da menininha, que apenas ergueu os olhos do livro e voltou a ler. – Pois bem, meninas, tenho algumas notícias. Sei que estão ansiosas para ver o príncipe, porém terão de passar por um curso básico de francês.

– Não podemos nem mesmo olhar para ele de longe? – pediu uma inglesa, e outras concordaram com ela.

– Eu queria ver ele. – se lamentou outra.

A moça francesa sorriu.

– Não se preocupem. Vossa Graça também quer vê-las, porém é preciso primeiro o curso básico e...

Todas exclamaram, soltando gritinhos e colocando a mão sobre a boca. Robbyn agarrou o braço de Anny tão rápido e forte que ela teve de exclamar também, de dor. Procurou o que quer que fosse que deixasse as garotas tão animadas, e encontrou. No alto da escada, o príncipe da França descia os degraus, pulando três de cada vez. Na metade da escada, ele sentou no corrimão e desceu o resto deslizando. Seus cachos ruivos balançando, enquanto gargalhava. Ao pisar no mármore, ele arrumou o terno e se endireitou para o Salão das Mulheres.

– Vossa Graça, Vossa Graça. – a mulher francesa se inclinou para o garoto, que passou por ela, ignorando. Ele olhou todas, demoradamente, até que os olhos pousaram na menina lendo o livro.

– Nous allions faire une bataille d'oreillers maintenant, Johanna. – ele não se importou em traduzir. A garotinha ruiva ergueu os olhos e soltou um longo suspiro. Deixou o livro na mesa de centro, pulou do divã e correu em direção ao seu irmão, agarrando-o pela mão e puxando-o pelo salão. O garoto olhou mais duas vezes para trás, antes de desaparecer, correndo com ela escada acima e depois para os corredores do segundo andar.

– O que ele disse? – perguntou a Robbyn, A garota balançava os ombros, e tinha um sorriso bobo no rosto.

– Ele disse que era hora de brincar de guerra de travesseiro. – as bochechas dela estavam vermelhas e Anny não precisou de mais nada para saber que Robb achava aquilo muito fofo.


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Notas finais do capítulo

Olá meninas! Então, ontem eu estava entediada às 23:00 da noite e sem criatividade nenhuma para escrever (atualizei a fanfic umas três vezes, haha), então eu resolvi criar uma edição para uma das selecionadas, só para passar o tempo. Comecei a ver um vídeo da Gabs Floquet e deu nisso:
https://fbcdn-sphotos-h-a.akamaihd.net/hphotos-ak-xpf1/v/t35.0-12/11009544_780198438723063_51112654_o.jpg?oh=c24db38761995fbfdbce291a8ec96e1d&oe=54E52948&__gda__=1424378453_d69a436237ff05cb995479b7ef73c961
O que acharam? Quem quiser é só dizer "Quero uma edição da Fulana" e eu faço, porque estou com vontade e vou usar isso na Fanfic. :3 Próximo capítulo a Jasmine já tem imagem própria, que fofa.
E quem ai já tem uma idéia da personalidade do Príncipe Louis? O que acharam da idéia de morarem no Castelo de Versalhes? E a irmãzinha do Príncipe? Comentem tudo!