Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 66
Príncipe Nikolai & Príncipe Mikhail


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Capítulo 64

Príncipe Nikolai

Cutucou o rosto de Mikhail com a mão livre. Seu irmão afastou por reflexo, enquanto roncava baixinho. As selecionadas sorriram. Puxou os cabelos dele, Mikhail ergueu uma sobrancelha. Dormia como uma anjo, embora compará-lo a um fosse estranho. Mikhail era grande e encolhia-se, tentando se cobrir com o próprio casaco, quase abraçando os joelhos.

– Coloque o dedo no nariz dele! – pediu uma garota, que deveria se chamar Emília.

As outras concordaram. Nikolai colocou um dedo no nariz de Mikhail e em seguida sorriu. Mas o gêmeo não esboçou reação. Colocou o outro dedo e contou, mentalmente, como uma criança contando quantas poças de água já pulou: Um. Dois. Três... Mikhail abriu os olhos desesperado. As garotas começaram a rir, demorou alguns segundos para o garoto compreender tudo. Seu rosto se fechou em uma carranca, enquanto partia para cima de Nikolai. Agarrou a camisa do irmão e chacoalhou-o contra a parede do caminhão. As selecionadas riram. Quando Mikhail o soltou, Nikolai notou que também sorria.

– Você é impossível! – Mikhail exclamou, porém tinha um misto de divertimento na voz. Sentou-se contra a parede, as costas apoiadas, respirando rapidamente, quase sem fôlego.

– E você ama isso – respondeu, abraçando-o e envolvendo seus ombros. Mikhail tentou se afastar. – Ah, volte aqui, não seja tímido.

Mikhail revirou os olhos, mas não veio. Isso provocou uma tristeza leve em Nikolai, embora não esperasse que o gêmeo viesse sempre que chamasse, sentia falta de quando eram apenas ele e o pai, no imenso castelo da União. Nikolai deu de ombros, aproximando-se de Abigail. Ela dormia. Os cabelos louros caíam sobre os olhos, fechados. Sua respiração era lenta serena, quase como um anjo (um anjo diferente de Mikhail). Bela, por mais que estivesse magra demais, possivelmente faminta, com os cabelos ensebados e o suor grudando na pele. Contemplou-a, maravilhado. Não sabia ser capaz de achar alguém lindo mesmo naquelas condições, além de si mesmo, é claro. Sorriu. Estava apaixonado por ela, era inegável.

Curvou-se e roçou seus lábios, sem despertá-la.

– Príncipe Nikolai? – ouviu alguém chamá-lo. Virou-se para a dona da voz. Era morena, com cabelos cacheados e olhos negros. Tinha o sotaque espanhol, a língua cantante.

– Sim, querida?

– O senhor não sabe meu nome, certo?

– Me perdoe...

– Tudo bem – ela sorriu – Sou Janae. Da Península. Ainda não tivemos a chance de conversar, embora eu tenha falado pouco com seu irmão, também. Parece que não somos almas gêmeas e esse não é meu feliz para sempre.

– Me perdoe, Janae – enrijeceu. Ela estava certa, seus pensamentos desde o início foram sempre de Abigail. Mas Janae era gentil e parecia bondosa o suficiente para não culpá-lo.

– Não, senhor. Me perdoe por não ter lutado por você antes. – ela sorriu. Era bonita, isso não podia negar. – Me pergunto se voltarei a ver meus pais.

– É claro que vai, Janae. Voltará logo para a Península, eu prometo. Lá você estará em segurança.

– Seria bom. Porém meus pais não estão na Península. Eles moram na Inglaterra. – ela piscou, afastando as lágrimas – Moravam.

Nikolai compreendeu perfeitamente. Eles provavelmente já estavam infectados com a Praga. De repente notou uma leve cor de tristeza por trás dos olhos de Janae. Mas ela abriu um sorriso em seguida, espantando aquele fantasma.

– Príncipe Nikolai, o senhor ama a senhorita Abigail?

Nikolai piscou, atônito, diante daquela pergunta.

– Você quer mesmo saber? – sorriu, desviando os olhos para sua bela-adormecida. – Sim. Acho que o que sinto por ela pode ser categorizado como amor.

Janae abriu um sorriso infantil, aproximando-se.

– E como é? – seus olhos brilhavam.

– O quê?

– Amar?

Olhou bem dentro dos olhos dela. Uma menina simples, infantil e que nunca amara. Suspirou, pensando um pouco no que poderia dizer sobre aquele sentimento que ele ainda não conseguira desvendar totalmente.

– Amar é legal.

– Só isso? – Janae pareceu decepcionada. Sorriu. Ela era exatamente como uma criança. Deciciu que gostava da garota.

– É achar tudo o que o outro faz bonito ou perfeito. Mesmo seus defeitos, seus erros... – balançou a cabeça. Não era aquilo que Janae queria ouvir. Muito menos ele. – É não conseguir imaginar sua vida sem ela e não ter vontade de chorar. Desejar estar o tempo todo junto, mesmo em silêncio. É se sentir vivo apenas com ela. Esperar todos os segundos para poder lhe perguntar se dormiu bem.

– Parece maravilhoso. – Janae respondeu, admirada.

– Ela é. – sorriu – Maravilhosa.

Janae soltou uma risada fraca. Permaneceram em silêncio até que uma outra selecionada a chamou. Voltou-se para Abigail. Ela ainda dormia. Puxou os cobertores por cima de seus ombros, contornou a maçã de seu rosto, colocando uma madeixa para trás da orelha. Notou que o caminhão de repente estava em silêncio. Olhou ao redor. Todos o olhavam de volta.

– É tão fofo ver um idiota apaixonado. – Mikhail sorriu. Nikolai revirou os olhos, ao menos ele havia se apaixonado por alguém.

º º º

Príncipe Mikhail

Natalia ergueu uma sobrancelha quando se voltou para ela. Havia uma mancha arroxeada em sua têmpora, sinal de que havia sido vítima da confusão para chegar ao navio de Gilbert, há uma semana atrás. Antes de seu pai morrer, o trono ser roubado por um usurpador e sua vida correr perigo.

– Gosto de brincar com meu irmão. – justificou.

– Brincar sobre os sentimentos dos outros não é bom. Principalmente se for seu irmão.

– Me desculpe. – disse, embora achasse aquilo um exagero.

Natalia encolheu os ombros, envergonhada, talvez houvesse compreendido que sua repreensão fora igual a de uma mãe. Ela tinha lindos lábios grossos e olhos azuis vívidos. Seus cabelos castanhos e finos caíam, fios enfeitavam os braços e o colo, ela tentava se livrar deles, mas sempre surgia um novo.

– Minha amiga costumava dizer que os cabelos caem quando há pouca vitamina no corpo ou estamos estressadas. Caso estivermos apaixonadas, é a segunda opção.

– E o que é?

– Estresse.

– Então está apaixonada?

Natalia ruborizou violentamente, compreendendo suas próprias palavras. Ela encolheu os ombros, do mesmo jeito que uma criança faz quando apronta alguma brincadeira ruim e seu pai descobre. Quando voltou a olhá-lo, mordia os lábios.

– Não. Não necessariamente é amor.

– Então é alguma coisa.

Não!

Riu. Gostava de vê-la assim, desconcertada, sem saber o que dizer, como dizer, para quê dizer. Por isso abaixou a cabeça e permaneceu em silêncio, até que ele revirasse os olhos e pegasse sua mão lentamente. Descobrira com o passar do tempo que o melhor a se fazer com Natalia era levar tudo na calma, pois ela era uma raposa assustadiça, corria para todos os lados quando alguém avançava rápido demais. Talvez fosse um trauma.

– Não se preocupe, só estou brincando. – disse e então soltou-a.

Rolou a cabeça pela parede, pensativo. Se tudo corresse bem e não precisassem parar o caminhão, chegariam a casa de Riske, o médico de sua família, aposentado após a grande guerra. Ele era o único sobrevivente do atentado das bombas contra a Rainha, naquele dia em que ele e Nikolai nasceram. Não havia outra pessoa que pudesse dizer exatamente o que acontecera. Se alguém tinha de ser responsabilizado pela sua sobrevivência, este alguém era Riske. Fora ele quem os tirara do galpão, antes que a bomba caísse.

O velho lhes daria abrigo e provavelmente ajudaria, até que conseguissem se recuperar e então... Mikhail ainda não sabia se iria para a Península ou se iria para a China, se invadiria o castelo ou se tentaria matar o usurpador em uma emboscada. “Matar”, como se fosse tão simples... Não podia simplesmente acabar com a vida de um homem, só porque ele acabou com sua família, seu reino, seu pai. Pensando bem, podia sim.

O caminhão parou de repente, estacionando. Mikhail achou estranho pois tinham acabado de sair da última cidade antes do castelo de Riske, e ainda levariam duas horas de viagem, porém quando as portas se abriram, compreendeu que teriam de andar: a neve impedia que prosseguissem. As árvores estavam vestidas de casacos de lã branco, os pássaros não cantavam, nem os esquilos corriam. Todos haviam ido embora, restando apenas o branco, o frio e o vento. Mikhail ajudou suas meninas a descerem do caminhão, aproximando-se de um dos motoristas que havia prometido levá-lo em segurança até Riske.

– O que houve?

– O caminhão atolou. Não agüenta mais. – disse o homem – Nossa gasolina também está baixa. Teremos de abandonar o carro e caminhar, antes que a noite chegue. Uma tempestade está vindo das montanhas e logo nos alcançará.

– Quanto tempo?

– Quinze minutos de caminhada, porém como o terreno está péssimo, demoraremos o triplo, quem sabe.

Era difícil caminhar na neve, nisso Mikhail confiava. Nikolai sempre fora ótimo em descobrir onde pisar para não cair em um buraco, porém ele era um desastre. Sempre fora um desastre. Voltou-se para as selecionadas, encontrando com os olhos a menor delas, parecia bamba, com as pernas magras e caindo a cada passo. Aproximou-se dela.

– Com licença, senhorita...?

– Margot. – ela se levantou, limpando a neve das roupas rapidamente.

– Margot. Por favor, suba em minhas costas, ou ficará para trás.

A garota encarou-o.

– Subir em suas costas, Vossa Alteza?

– Sim. Ande. – se curvou. – Suba.

Hesitante, a menina subiu. Nikolai estava ajudando algumas e os guardas também começaram a orientar por onde ir. Chegaram ao castelo de Riske em quarenta minutos, após retirarem todos os suprimentos do caminhão. Os portões estavam fechados e não havia ninguém para atendê-los. Tudo parecia abandonado. Isso era algo com o qual Mikhail não contava. Margot tremia, com frio. Ela se aconchegara até não sobrar espaço entre ambos, e embora isso fosse um pouco incomodante, lhe passa mais calor, algo que supria suas energias. Nikolai soltou a mão de Abigail e olhou ao redor. De repente saltou sobre o muro e começou a ajustar os pés entre seus vãos. A neve caía do céu, agora, fina. Porém logo engrossaria.

– O que pensa que está fazendo? – gritou para ele, porém o irmão gêmeo apenas continuou escalando. As luvas lhe ajudavam, embora Nikolai quase tenha caído duas vezes. Isso o fez ordenar que os guardas formassem uma corrente logo abaixo, para o caso de Nikolai realmente cair. Quando ele chegou no final do muro, olhou par abaixo e acenou.

Desapareceu.

– Niko? – gritou – Niko?

Longos minutos se passaram, até que os portões rangeram e se abriram por dentro. Nikolai sorria.

– Eu vou te matar. – resmungou, passando por ele, arrumando Margot sobre suas costas com um solavanco pouco gentil. A menina gemeu, e isso o fez se lembrar de que ainda tinha de ser um príncipe. Pediu desculpas e bateu a porta de Riske. Como ninguém veio atender, Nikolai jogou o ombro contra ela, porém foi preciso que mais cinco guardas o ajudassem, para enfim conseguirem entrar. Do lado de dentro, algo que Mikhail realmente não esperava.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! *-*



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