Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 64
Príncipe Isao


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Capítulo 62

Príncipe Isao

“O bem sofre porque suporta o mal” – Wilson Chagas

A fronteira da França e da União Eurásia estava muito bem guarnecida de soldados. As trincheiras eram abastecidas com alimentos, os comandantes assinavam os últimos acordos para a guerra. A China permanecia imóvel, porém isso não amedrontava os militares. Embora tivesse um quarto confortável em Savoia, Isao não sentia-se bem com o novo lar. Seu pai prosseguia com as buscas, cada dia mais desesperado pelo único herdeiro de dois tronos. Até onde sabia Mikhail e Nikolai estavam desaparecidos e muito provavelmente mortos pelo Romanov, que governava a União e desejava expandir seu império. Era triste ter de admitir aquilo, principalmente agora que não tinha onde ficar. Era um eterno fugitivo, enquanto seu pai, o Imperador, continuasse a persegui-lo. Mas ao menos tinha Cosette e Marina, ambas bem e com o bom-humor aparente. Marina jogou o saco vazio de salgadinhos para longe, deixando-o cair no chão, sem se preocupar. Cosette pintava as unhas delicadamente, vez ou outra olhando a tela da televisão, onde os anúncios sobre a América e sobre a Inglaterra diziam que não existia mais Reino da Inglaterra, mas sim o Reino Americano da Inglaterra. A família real americana havia aportado na Ilha Britânica há um dia, através de sua frota de submarinos.

– Pensei que esses desgraçados estavam mortos. – comentou Marina. Isao não podia negar que também pensara assim, afinal todos sempre falavam que a América estava arruinada, assim como a África.

– Acho que foi o melhor a ser feito. Eles têm a cura para a Praga. – Cosette suspirou. – A Inglaterra precisa urgentemente da cura.

Marina revirou os olhos.

– Você é inocente demais, menina. Acha que montarão uma tenda no meio da praça de Londres para vacinar a todos os londrinos? Irão é vender, isso sim. E novamente apenas a burguesia poderá comprar. Nada contra a burguesia, claro, meu pai fazia parte dela. – riu, com desdém. – A França está sobre regime absolutista, novamente. Este rei não sabe com o que está brincando. Pensa que por governar a Ásia também conseguirá governar a parte européia.

– São povos muito distintos. – concordou Isao. – Os asiáticos sabem obedecer, mas não se deve reprimir os europeus. Ele será morto assim como o último rei.

– Seu amigo príncipe não fará nada? – Marina lhe lançou um olhar curioso. – Os príncipes não se tornam reis quando os pais morrem?

– No meu caso, é Imperador, e sim, isso seria o que normalmente acontece. Mas nem sempre é preciso que um rei morra, por exemplo o rei da Inglaterra que abriu mão do trono, passou-o a seu filho. O Rei Regente da França está governando enquanto o príncipe viaja para a Península, para ser coroado, onde sua mãe está.

– Estes príncipes só sabe correr para debaixo da saia de suas mães! – Marina revirou os olhos.

– Eu prefiro ficar longe. – Isao piscou, porém deixou transparecer uma gota de amargura, que ambas notaram com cristalina atenção. Suas expressões se fecharam e Cosette abaixou o volume do noticiário.

– Seu caso é diferente. Você não corre para debaixo da saia, não se tornará rei, mas sim Imperador. – a menina loura sorriu, deslizando as pernas até encostar-se a coxa de Isao. Ele enrijeceu levemente. Em toda a juventude, essa era a primeira experiência feminina que possuía. E ele não podia negar ficar um tanto sufocado.

– Imperador de um Império que não expande! – acrescentou Marina, rindo. – Além disso, você terá duas Imperatrizes, quando matarmos seus pais.

Isao fechou completamente a cara, tornando-se obscuro. Um buraco foi reaberto em suas entranhas, aquele mesmo buraco que sugava todo o seu ser enquanto tinha um ataque depressivo. Marina notou que falara algo ousado demais, porém não teve tempo de se desculpar.

– Não quero que morram. Não quero que nada aconteça com eles. São meus pais, além de qualquer coisa. – respondeu.

Cosette jogou os braços ao redor de seus ombros, e ele se deixou arriar no abraço, cansado, ferido e tremendamente fraco. Ainda tinha esperança de que conseguisse abandonar essa fraqueza que o perseguia, mas parecia que estava perdendo para ela. Era incrível perder para a fraqueza, isso só mostrava o quanto ele era fraco. Isao correu a ponta dos dedos pela extensão do braço de Marina, aproximando-a gentilmente, até que ela fechasse os olhos e descansasse a cabeça em seu ombro. Poderia permanecer ali, entre ambas, até o final da vida, até os reinos se destruírem e até tudo ser apenas cinzas. Até a raça humana ser devorada pela Praga e os americanos dominarem tudo. Sentia-se bem quando estava no meio delas, sentia-se bem quando ouvia as respirações de ambas. Não sabia como poderia viver sem elas. E realmente Marina tinha razão, ele teria duas imperatrizes. Não queria saber o que as leis diziam, se casaria com ambas e também não se importava com filhos. Dormiriam juntos, abraçados, dividindo calor e risadas. Seria eternamente assim.

Então os céus caíram sobre seus ombros.

O teto da casa começou a ceder quando a primeira bomba atingiu o solo a um quilômetro de distância. As paredes soltavam poeira e os móveis caíram. Copos se estilhaçaram no chão, quadros foram arremessados das paredes e Isao voou até a estante da televisão, que começou a pender para a frente, por cima de seu corpo. Sem conseguir pensar em mais nada além de erguer os braços e proteger a cabeça, já sabia que o armário o esmagaria. Segundos depois, os gritos:

– Corram! – Marina exigia. Abriu os olhos e a viu sustentando o armário com os ombros. – Corram!

Cosette estava já na porta, em frente as escadas do apartamento, esperando. Isao se ergueu e saiu debaixo do armário, que Marina deixou cair sem cerimônia. Juntos, começaram a correr os degraus, volta-e-meia tropeçando nos próprios pés. Cosette quase caiu, porém segurou-a pelos braços a tempo. Quando finalmente chegaram ao térreo, outra bomba, agora a duzentos metros de distância, explodiu, errando por pouco as trincheiras. O som dos disparos foi alto e Marina gritou algo que Isao não conseguiu distinguir entre: Corram! Ou Morram!. Talvez ambas as coisas. Ela saiu abrindo a porta do prédio abandonado, em que eles haviam encontrado abrigo, Isao segurou a mão de Cosette e puxou-a enquanto corria, alcançando Marina. Os disparos pareciam estar no pé do ouvido, embora a metros e metros de distância.

A cidade esvaziada justamente para a batalha jazia em silêncio, enquanto seus prédios balançavam e começavam a ruir. Marina olhou ao redor, em busca de abrigo. Sua vida das vielas da Península lhe ensinaram alguns truques muito bons para casos como esses. Viu uma fábrica com paredes de metal, viu também bueiros abertos, onde provavelmente seria seguro se abrigar, porém fétido e escuro. Os trilhos do trem levavam para a França e para a China em suas extensões, porém não parecia que voltaria a passar cedo por aquele caminho. A estação era a parte mais afastada da cidade. Isao então compreendeu exatamente o que deveriam fazer. As placas diziam sempre o que ele procurava, algo que qualquer cidade francesa, a mais pequena que fosse, tinha: um metrô.

Estava quase gritando para irem até o buraco no chão, onde as escadas levavam ao subterrâneo, quando a maior sombra voadora cobriu sua cabeça. Ergueu os olhos, vendo o dirigível. Homens armados moravam, caminhões de guerra vinham em auxílio dos franceses, porém russos já estavam preparados para isso, atiraram em todos os cinco caminhões cheios de soldados, derrubando-os. Isao soube neste instante que estavam perdidos.

Marina parou de correr e ele seguiu seus olhos. Não... Não! Quis gritar com ela, porém a menina já havia se virado e dito “Vão na frente”, enquanto corria em direção às escadas de incêndio de uma das fábricas. Cosette apertou sua mão e ele entendeu que tinham de sair logo dali. Levou-a até o metrô, parando no começo das escadas, olhando para onde Marina estava, já no teto do edifício. O dirigível estava quase na mesma altura que os galões de água. Marina abriu-os e buscou a mangueira. Quando o jato rápido e forte de água tocou a armação de tecido já aquecida do dirigível, partiu-se, rasgando. O ar começou a sair da grande nave e os homens gritaram ordens uns aos outros, mas já era tarde: iriam cair. O máixmo que podiam fazer era pousar a tempo.

Isao revirou os olhos, ela era terrível! Queria gritar para Marina voltar logo, mas a garota não ouviria, além disso estava mirando em um objetivo: as turbinas. Caso molhasse as turbinas, a aeronave estava perdida. Mas isso a faria se arriscar demais, não podia permitir. Cosette segurou sua mão enquanto ele começava a caminhar.

– Não. – ela disse, decidida. – Fique aqui. – e em seguida virou as costas para sair correndo.

Não, Senhor, por favor. As duas não...

Mas Cosette foi atirada para longe, assim como ele, escadas abaixo, para sempre na escuridão do metrô, enquanto uma bomba atingia a fábrica e lançava Marina as alturas.


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Notas finais do capítulo

Quando terminar esta fanfic, eu começarei, em parceria com uma amiga, uma fanfic de Seleção, mas para homens (selecionados). Caso queiram participar, por favor, deixem o pedido de uma vaga no reviw e quando postarmos a fanfic (terá um site) eu mandarei uma mensagem privada. ^^ Beijos da Meell.



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