Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 61
Príncipe Mikhail


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/593724/chapter/61

Capítulo 60

Príncipe Mikhail

Mikhail olhou por cima do ombro, para a cama, onde seu irmãozinho e a garota estavam. Dizer que “pareciam um casal apaixonado” não era realmente verdade. Eles não pareciam. Eles eram. O modo com Nikolai a observava, em silêncio, como quem admira uma das belezas da Terra. Ela, totalmente relaxada e à vontade nos braços dele. Revirou os olhos, desde quando Nikolai se deixava ser fisgado daquele jeito? Suspirou, passando uma mão sobre os cabelos e a outra apoiando o queixo. A carta que dizia que seu pai estava morto era apenas uma daquelas enviadas a todos as pequenas e grandes cidades da Rússia, avisando de algo real que havia acontecido, como um decreto, alguma condenação ou a morte de algum membro da família real, no caso, o próprio Czar. A população de Osaka não parecia muito abatida com o fato, afinal nunca tinham visto tanto o rei quanto seus filhos, não se importavam com quem estava no trono, apenas com suas vidas pacatas e difíceis.

Correr dos soldados estava cada vez mais difícil. Muitos diziam que outro rei estava se erguendo e que ele já havia recebido o apoio do Rei Espanhol e da América. Da América! A única coisa que um rei precisa para realmente ser um rei é do apoio dos demais monarcas. Quando todos se voltam contra um, é certo que seu reinado chegou ao fim. Mikhail pressionou as têmporas. Será que estava fazendo certo? Indo para a corte espanhola, com mais vinte e nove meninas correndo de homens armados que os queriam mortos por algum motivo, talvez a comando deste novo rei.

Se a Península realmente iria apoiar o novo Czar, então era certo que os matariam quando menos esperassem. A França não era um refúgio confiável, a China... Ah, desde que Isaac estivesse lá, seria impensável. O Japão não fazia parte da rota de salvação. Restava apenas um lugar onde poderiam se refugiar, talvez mandar as meninas embora e ganhar um pouco de paz, antes de juntar uma investida contra o novo rei. Novos reis são fáceis de derrubar, principalmente se tivessem a ajuda da população russa. Um rei estrangeiro estava em desvantagem contra dois reis já conhecidos.

Tinha de se livrar logo das vinte e nove meninas. Era certo que não se casaria com alguma delas, pois não se interessara, e nem teria tempo de conhecê-las. Marie era o mais perto que tinha chegado de qualquer uma, porém estava morta agora. E não queria ver mais nenhuma morta. Piscou os olhos. Não podiam continuar ali, tinham de se colocar em movimento, o mais rápido possível, em direção a casa de Riske, o médico aposentado da família real. Riske era o único sujeito que conhecia que morava em uma fortaleza de metal, com grande comodidade. Na verdade era o único amigo próximo da família que o Czar Nikolau havia aceitado receber em seu castelo há muitos anos fechado.

– Vamos para Riske. – disse, de repente, decidido. Levantou-se e colocou o casaco sobre os ombros, vestindo-o com rapidez. Nikolai ergueu os olhos, sem mover um músculo sequer. Sua bela mocinha estava adormecida, como um anjo, e ele não dava sinais de querer despertá-la. – Nós vamos agora.

– Mas por quê Riske...? – a voz dele engasgou. Havia muitos anos que ambos não viam Riske, ele era um senhor já de idade e não podia sair muito de sua casa, porém sabia que ele os receberia de braços abertos. Nikolai de repente assumiu uma postura mais rígida.

– Porque ele é o único em quem podemos confiar. Agora somos herdeiros de verdade, Nikolai, nunca sentimos o peso que isso levava, mas podemos sentir agora. Somos a única coisa que resta de nossa família. – Os reis estão fazendo apenas o que é melhor parta si mesmos. Vamos até Riske e lá pensaremos em algo para... Conseguir uma tropa.

– Tudo bem. – Nikolai concordou, apressadamente, retirando o braço dos ombros de Abigail e acordando-a delicadamente. A menina não estivera dormindo por muito tempo, por isso despertou logo. Arrumaram suas coisas e chamaram as demais selecionadas, que até então estavam andando de um lado ao outro da União, sem compreender exatamente o que faziam. Era preciso ser sincero com elas. Mikhail limpou a garganta, pois esse tipo de questão é sempre sua responsabilidade.

– Meninas, iremos para a casa de um amigo de minha família. Vocês devem estar se perguntando porquê estamos caminhando de um lado para o outro, com vinte soldados para nos proteger e uma bolsa de ouro quase falida. Eu explicarei: há muitos anos meu pai se trancou em seu castelo, comigo e Nikolai. Ninguém tinha permissão de sair ou entrar, papai sempre teve muito medo de que algo pudesse acontecer comigo e com meu irmão, assim como aconteceu com nossa mãe. Alguém aproveitou enquanto estávamos fora para tomar o poder após a morte de meu pai, porém não detemos de forças suficientes no momento para conseguir retomar o reino. É claro que vocês não têm nada a ver com isso, mas estavam conosco durante os primeiros ataques deste usurpador, viram do que ele é capaz. Uma de vocês já morreu, e isso me dói. Não quero que mais morram por nossa causa. Assim, quando chegarmos a casa deste amigo, usaremos o resto de nosso dinheiro para enviá-las às suas casas, onde ficarão mais seguras.

A mão começou a tremer levemente. Quando foi que perdeu o controle de tudo? Não era assim que estava acostumado a ver as coisas. De repente o alto trovão cortou os céus que até então estavam claros. Nuvens se aproximavam, escuras. Uma tempestade, muito provavelmente. O cheiro de chuva, porém, era nulo. Virou para Nikolai, que sempre teve um instinto para caçada muito mais apurado, o irmão concordou com um meneio enquanto decidiam que não iriam a cavalo para a casa de Riske, alugariam carros, o que diminuía ainda mais as economias. Os soldados procuraram na cidade por alugueis de carros, quando não encontraram, se ofereceram para comprar qualquer um que estivesse a venda. Conseguiram um caminhão pelo preço que teriam pago em cinco carros alugados. Foi um bom negócio.

– Senhor, devemos nos certificar de que não estamos sendo seguidos. – o mestre da guarda, um moço jovem que até ali era apenas um soldado e que fora promovido repentinamente quando o antigo mestre havia morrido em combate, disse com voz tremula, talvez cansado, talvez hesitante por falar com o príncipe. Mikhail concordou e assim passaram a uma hora e meia levando os poucos pertences até o caminhão, os guardas vasculharam o hotel em que ficaram hospedados, procurando escutas ou suspeitas de que alguém houvesse espiado-os. Por fim, quando a tempestade já estava quase sobre eles, puderam ir para a estrada. Vinte minutos depois a chuva caiu, torrencial. Os guardas mais experientes no volante reclamavam da pouca visão de estrada, porém persistiam. Os novatos estavam na traseira, junto com as selecionadas e os príncipes. Madame havia ficado junto com os moradores de Osaka.

Nikolai não desgrudou de Abigail, o que não era novidade. Desde que aquela garota chegara, passar tempo com seu irmão era quase impossível. Ele mal parava de pensar nela enquanto estavam lado a lado na cama, ele não ria mais das piadas antigas, ele não brincava mais. Mikhail não sabia o que fazer para ter seu Niko de volta. Sentia saudades do irmão imaturo e insensato. Tudo por causa de uma mulher. Agora entendia a praga que elas eram. Mas ainda sonhava em se ver tomado por essa praga.

– Príncipe Mikhail? – escutou seu nome ser pronunciado por lábios finos, talvez rosados de frio, com um sotaque adocicado que ele adoraria ouvir recitando os poemas de Dom Benjamin, “Inda que minh’alma clame por piedade, não ouso irar-me contra teu seio, ó mulher amada”. – Parece um pouco triste. Gostaria de se abrir?

Virou o rosto para Natalia, a menina de olhos cinzentos como aquelas nuvens que vira no céu algumas horas mais cedo. Ela era uma boa ouvinte, sim, porém não sabia se teria paciência para escutar sua reclamação de irmão meloso.

– Não sei se te interessaria...

– Quero apenas ser entretida – ela sorriu, gentilmente, e ele acabou cedendo.

– Agora que meu pai está morto, toda a família que me resta é Nikolai. E ele passa mais tempo com sua namoradinha que comigo. – aquilo saiu tão manhoso que quase se confundiu com uma criança que havia tido o colo negado pela mãe. Natalia lhe sorriu, um sorriso tão gentil quanto o de Marie, embora não tão caloroso.

– Eu entendo. Já me senti solitária. – ela confidenciou. Embora estivesse em meio a todas as outras selecionadas, Mikhail sentia como se houvesse uma bolha invisível separando-os e deixando tudo no privado. – É difícil, pois precisamos das outras pessoas, mas quanto mais tempo você passa sozinho, mais aprende a se conhecer.

Pensou sobre isso. Ela tinha razão, é claro. Mas Mikhail nunca gostou da solidão. Sempre se manteve entretido com papai ou Nikolai, mesmo com os guardas e a madame. Nunca se sentiu tão sozinho em toda a vida, uma das dádivas de ser um príncipe. Natalia deslizou as mãos pelos joelhos, talvez suavizando o desconforto que havia entre eles. A menina se mostrava muito fechada, porém disposta a ajudá-lo, uma combinação um tanto perigosa, que mais cedo ou mais tarde tornaria a fazê-la ainda mais misteriosa. Por fim, ela encostou a cabeça contra a parede do caminhão e exclamou quando passaram por um buraco na estrada.

– Esqueci-me de como é andar em um carro – confidenciou, enquanto sorria.

Mikhail achou aquilo uma graça, mas não disse.

A viagem continuou. Nikolai adormeceu junto com a maior parte das selecionadas, ele sempre gostava de dormir em viagens. Mikhail ainda não conseguia parar de pensar nisso, em como fora abandonado de repente pela família. Claro que seus pais não tinham culpa, afinal eles morreram injustamente. Mas Nikolai... Preferia buscar refúgio em uma garota magricela e pálida da Inglaterra. Suspirou. Um dia ainda odiaria os ingleses. Mas qual a sua escolha em relação aos interesses e principalmente caso Nikolai realmente se casasse com ela? Que faria? Teria de aceitar, é claro! Infelizmente... perderia seu maior e melhor companheiro de encrencas.

Quando foi que crescer se tornara tão difícil? Como Niko o fez tão fácil e para ele era tão... Complicado?

Acabou caindo no sono antes que percebesse. Seus sonhos foram confusos, Mikhail não se lembrou deles ao despertar, mas de uma coisa tinha certeza: envolviam uma moça morena, sorridente e com um beijo inesquecível, que ele acabou esquecendo minutos depois. Talvez fosse Natalia, mas não se recordava do rosto da moça, muito menos se o sorriso era parecido. Afinal ele raramente vira um sorriso de Natalia, não daqueles grandes e sinceros. Isso despertou sua mente para outro problema, um que poderia resolver: arrancar uma gargalhada da moça. Com certeza faria isso! Assim, Mikhail esqueceu-se de seu irmão e no tempo seguinte se submeteu a uma enxurrada de piadas, das mais fracas às mais engraçadas que conhecia. As selecionadas adoraram o show. Mas Natalia estava sonolenta, pensativa. Mal lhe prestava atenção. Talvez ela não gostasse de piadas, ou não estivesse com vontade de ouvi-las. Acabou por parar após algum tempo. As meninas reclamaram, é claro, mas se esqueceram com a mesma velocidade em que começaram a rir. Quando um grande problema afeta a nós, costumamos nos entreter com qualquer coisa que sirva, porém quando não temos mais nada, o problema volta a nossa mente e isso destrói tudo o que conseguimos erguer para nos afastar dele.

Virou, de repente, o rosto para o lugar onde Nikolai estava sentado e deparou-se com o nariz meio torto dele. Os olhos heterocrômicos de Nikolai piscaram suavemente e ele abriu um sorriso travesso.

– Me pegou – suspirou, sentando-se ao seu lado, empurrando gentilmente Natalia, que não se importou em se afastar. – Com licença, senhor, poderia me dizer se vem muito aqui?

– Já estava começando a achar que não teria mais minha cama aquecida. – piscou para Niko, porém estava realmente sorrindo por dentro. Nikolai esticou-lhe o braço e o envolveu dramaticamente, como se quisesse distância, mas ao mesmo tempo o quisesse perto.

– Oh, meu irmão querido, que horror! Eu jamais seria capaz de te trocar por uma mulher qualquer. – ele virou o rosto para Abigail, que lhe torceu o nariz, mas encarou aquilo como uma brincadeira. O que era, realmente. Mikhail sabia que seria trocado prontamente por ela, caso fosse necessário escolher.

– Pois me senti muito abandonado. – encolheu os ombros. Nikolai depositou-lhe um beijo no rosto e sorriu. – É sério, cara. Muita saudade.

– Eu te amo, certo? Você é a única pessoa que me resta na família. Não tem como te deixar de lado. – Nikolai deu seu sorriso mais tímido. – E além disso, Abigail não sabe fazer aquela massagem.

– Estou vendo que só me quer pelos benefícios. E se eu for ciumento?

– Ah, Mikha... Você é ciumento. – Nikolai riu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Enton, vou dar uma resumida para ninguém ficar boiando no capítulo que vem:
CHINA - A China tem uma aliança estreita com o Japão e a União. Os imperadores estão começando a desconfiar um do outro. O Imperador Chinês enviou um grupo de busca para ajudar a rainha francesa a recuperar seus filhos, ao mesmo tempo que um irmão próximo do Imperador está com a proposta de se casar com a viúva do rei francês. A China tem uma grande rivalidade com a Península, em termos políticos, econômicos e principalmente comerciais. A China não admite que foi superada.
JAPÃO - O Imperador Japonês está mais que louco para recuperar seu único filho e herdeiro, porém nosso príncipe lindo e depressivo foi visto apenas uma vez em duas semanas no castelo chinês. Onde ele está? Com quem está? São perguntas que o Japão inteiro faz e continuará fazendo... Até um determinado tempo.
PENÍNSULA - A Península tem um rei ambicioso e egocêntrico. Sua população é constituída fundamentalmente de imigrantes ilegais da África, muitos fugitivos da Praga. Todavia uma coisa surpreendente aconteceu: o rei está contaminado com a Praga. Sim! Ele e toda a corte real. Porém a notícia de que uma possível cura tenha sido descoberta na América o faz investir todo o dinheiro que tem nas pesquisas, até que finalmente a cura é descoberta! (Ou será que não?). Nosso príncipe espanhol ainda é um enigma, mas de uma coisa já sabemos: ele adora uma festa!
UNIÃO - Um novo rei tomou o trono do antigo. Muitos acham que a morte do Czar foi na verdade uma armadilha. Os príncipes russos estão indo em direção a um amigo da família, para se recuperar, enviar as selecionadas de volta a suas casas e possivelmente coroar-se reis (o que resulta no casamento de um deles u.u E sim, é o Nikolai). Mas será que eles conseguirão escapar do Rei Verdadeiro Romanov?
FRANÇA - O ataque camponês foi totalmente um estratagema do rei espanhol para "incentivar" os cidadãos já um tanto "liberais" franceses a matar o rei. Assim, a coroa francesa é de Louis, porém o príncipe TAMBÉM está desaparecido. O rei espanhol mandou seus homens atrás dele para matá-lo e assim se casar com a rainha francesa, assumindo todas as responsabilidades de Rei da França e colocando Guilherme (seu filho) como príncipe da Península e da França.
AMÉRICA - A América busca vingança e principalmente a salvação do mundo. Destruiu a Inglaterra para fazer a Europa provar o gosto do pânico e da Praga, porém também descobriram a cura para a doença "incurável". Agora o mundo se dobrará diante da América. Ou será que não?
As Américas do Sul e Central estão completamente esquecidas e seus habitantes tremendamente violentos e famintos. Acham mesmo que vão deixar os Estados Unidos triunfarem sem antes sentir o gosto do abandono e da morte?
AFRICA - A África está deserta e é o local onde tudo começou. Entretanto, como por passe de mágica, ou talvez pelo vento, a Praga não habita mais a região, afinal ela precisa de sangue fresco pra sobreviver e após matar todos os humanos e todos os animais, rumou para a Oceania.
OCEANIA - Faz parta do Japão, porém está mais para um depósito de armas e bombas que para uma parte do reino.
—-----------------------
Acho que é isso. Até!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Your Selection - Fanfic Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.