Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 51
Príncipe Adam


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Capítulo 50

Príncipe Adam

“Eu te escrevi; Agora você viverá para sempre” – Poet, Bastille.

Bastille – Poet

Pousou o pulso sobre a carta amarelada, com suas linhas escuras e borradas com as gotas de chuva que haviam invadido sua pasta particular. A caneta tinteiro já fora recarregada, porém não colocara ainda uma letra sequer sobre as linhas e ainda não formulara como começaria a escrever. Em geral não tinha problemas com isto. Enviara sua carta para Dominique há três dias e a de Ashley em dois dias. Apenas de Dominique obteve resposta. A carta dela chegou tímida, porém cheia de palavras gentis e de entretenimento do qual precisava. Adam já se cansava das intermináveis chuvas da Península (embora na Inglaterra chovesse duzentos dias por ano, o período era de neve no momento). Estava cansado de seus pais perambulando pelo castelo com os pais dos outros príncipes. A Rainha Francesa em seu luto eterno e o príncipe Guilherme que mal saía do Salão das Mulheres, passando quase todo o seu tempo com suas selecionadas. Adam gostaria de ter ao menos uma das suas consigo, embora se fosse possível escolher diria Dominique.

Ao menos conseguiu um lugar onde poderia se sentar e ficar em solidão saudável. O sótão não era o local mais adequado para um príncipe, sabia disso, porém ninguém vinha até lá e normalmente o Sol parava diante dos vitrais no alto das janelas, jogando sua luz às cores no vidro e colorindo todo o sótão. Passou a mão pelos cabelos louros, duros com o gel que sua mãe obrigara-o a aprender a arrumar sozinho, um hábito que mesmo agora não conseguia abandonar. Mas de certa forma o aproximava de casa, de seu castelo e de sua antiga rotina. Não que detestasse mudar, mas preferia permanecer na zona de conforto.

Mudou de posição, pensamento mais um pouco no que escreveria a Dominique naquele momento. Poderia lhe dizer que estava com terríveis saudades. Poderia dizer que não gostava da Península e que adoraria voltar para casa, porém não era isso que queria realmente dizer. Tudo parecia vago demais, vazio demais. Dominique estava no convento junto com a maior parte das outras selecionadas, as que conseguiram fugir do ataque americano. No convento elas estariam seguras, já que a igreja era uma instituição que não ameaçava aos americanos e nem influenciava a guerra. Mas mesmo assim temia pela vida dela, pela vida de todas. Queria poder resgatar cada uma, com direito a carta, um beijo e uma flor.

Respirou fundo. Tremeu os dedos, enquanto uma gota negra escorria da caneta tinteiro. Mordeu o lábio. Agora havia manchado seu último papel de carta. Talvez conseguisse mais com algum criado do castelo, ou então não precisasse mais escrever a distância. Talvez ele só precisasse pensar um pouco mais politicamente para entender tudo o que envolvia os fatores e assim conseguir manipular perfeitamente as peças para que ficassem ao seu favor e assim pudesse retornar a seu país, conquistando-o por definitivo.

Mas de que adiantaria? Seu pai era rei há muito mais tempo e mesmo ele não conseguia encontrar alguma forma de evacuar todo o país, ou reconquistá-lo a força. Expulsar os americanos seria difícil, enquanto não tivessem o apoio da França e da União Eurásia, que tinham problemas suficientes para lidar. A Rainha francesa tentou fazer contato com seu filho, porém a única notícia que surgiu era a de que ele estava vindo em direção a Península, para se refugiar, enquanto rebeldes derrubavam o castelo e matavam o rei e esposo. A União estava em caos. Após a morte misteriosa do rei, tudo apontava que mais grupos americanos invadiam a União pelas costas. O castelo russo pegara fogo e o rei morreu no incêndio, deixando seus filhos gêmeos como herdeiros desaparecidos após uma mudança no percurso de sua embarcação. O príncipe japonês também estava desaparecido, embora muitos dissessem que o viram navegar pelas praias da China. Ah, a China. Este país era impossível de desvendar. De que lado estaria? Tinha o maior exército, mas também as maiores bocas. A fome era intensa e o imperador tentava de todas as formas afastar-se da guerra.

Se casar com uma das selecionadas da Península não garantiria o apoio do rei, que mais parecia interessado em servir de porto seguro a um aliado realmente prestativo. Toda a sua tecnologia teria capaz de mandar os americanos de volta a suas ruínas. Casar-se com uma russa não garantiria o apoio russo, pois os príncipes ainda não foram coroados reis e o exército misterioso que rondava as terras camponesas pareciam reivindicar um “Rei Verdadeiro”. Casar-se com uma japonesa seria pedir para que o Imperador Japonês o obrigasse a caçar seu filho rebelde. Casar-se com uma francesa não adiantaria muito as coisas, enquanto o país estivesse em caos e a Rainha não tivesse nenhum poder político. Casar-se com uma chinesa talvez fosse a melhor opção. O Imperador poderia se apiedar as Inglaterra ou talvez firmar um acordo, enviando um tanto de soldados, em troca de alimento.

Quando notou, já estava no centro das escadas, descendo rapidamente em direção ao gabinete de seu pai. O rei inglês ganhara um quarto próprio com o escritório onde poderia administrar suas táticas de guerra. Seu irmão, Rafaello, o auxiliava. Adam gostava de seu tio. Era um homem com cabelos longos, até os ombros, olhos inteligentes e uma astúcia impressionante. Seus filhos, Lucca e Victor, que eram seus primos, também vieram para a Inglaterra, porém Adam não se sentia tão próximo deles quanto do pai e do tio. Talvez porque preferisse passar seu tempo pensando, ou porque preferia a companhia de pessoas mais velhas.

Bateu três vezes a porta do escritório, até receber a permissão para entrar. O Rei Steffon estava sentado atrás de sua mesa grande de madeira escura. Erguia os olhos para papeis cheios de figuras e gráficos, enquanto seu irmão narrava algumas das novidades sobre os americanos e principalmente sobre Londres.

– A cidade inteira foi infectada, meu senhor. E todas as vizinhas serão dentro de uma ou duas semanas. – a voz de pesar de Rafaello indicava algo terrível. – Ah, Adam.

– Tio – o príncipe inglês meneou com a cabeça, avançando até a mesa de seu pai, o rei ainda observava os gráficos, mas parou quando Adam já estava perto o suficiente para que ele o ouvisse. – Pai, preciso falar com o senhor.

– Sim? – O Rei Steffon apoiou o queixo nas mãos, disposto a ouvir seu único filho sobrevivente da primeira esposa, por quem fora loucamente apaixonado. Casara-se novamente, mas seria impossível amá-la como amara a mãe de Adam.

– Sei como deter a expansão dos americanos em nosso território. Deixe-me casar com uma das garotas chinesas que deixei no convento em Londres. Se prometermos comida ao imperador, aposto que ele não negara ajuda. Tem mais homens do que precisa. – disse, orgulhoso de sua teoria. – Assim expulsaríamos os americanos e recuperaríamos nosso território.

– Uma idéia muito boa, meu filho. Porém já pensei nisto. Estava discutindo com Rafaello sobre e ele me deu uma informação que você precisa... Tomar conhecimento.

Adam piscou os olhos, atônito, porém curioso.

– Pode dizer, tio.

O Barão limpou a garganta.

– Londres foi infectada por esses americanos. E não infectada no gênero invadida, mas literalmente infectada. Eles trouxeram a Praga para nosso território. Em um ano, Inglaterra será apenas mais um ponto entre América e África que sofrem com a doença. – Rafaello abaixou a cabeça. – Sugiro que seja melhor... Esquecer nosso reino, renunciar a coroa e simplesmente... Esperar. Não há nada que possamos fazer para salvar as pessoas. Já estão condenadas. Porém mandei que evacuassem todas as cidades litorâneas e as que ainda estão longe de Londres. – Rafaello o encarou. – Você entende, não entende, Adam?

– Desistir do país? – murmurou consigo mesmo, perplexo. – Mas... Meu país. Minhas pessoas. As selecionadas!

– Lamento, mas estão em zona de risco. Talvez já estejam todas infectadas. É melhor não arriscar e trazer uma delas para cá e espalhar toda a doença também pela Península. Esta guerra já perdemos, Adam, infelizmente.

Adam sentiu aquilo como um soco na boca do estômago. Seu reino inteiro estava condenado a Praga. Londres não teria salvação e suas selecionadas... E todas elas estavam a própria sorte. Mordeu os lábios. Não podia ficar ali parado, renunciar a coroa ou aceitar a morte de milhares que ainda podiam ser salvos. Seu pai de repente se levantou solenemente e escreveu algo sobre uma folha em branco.

– Assino, agora, o documento no qual renuncio a meu direito como rei.

Virou os olhos para seu pai, ainda mais perplexo, enquanto ele pousava a folha com sua assinatura sobre a mesa de madeira e a virava em sua direção. Adam leu-a. era realmente um documento oficial, como selo da casa e tudo. Seus olhos começavam a se encher de lágrimas, enquanto outra onda de nausear o tomavam. Não, não choraria agora. Não agora.

– Sua vez, filho. – incentivou o rei.

Adam deu dois passos para trás, encarando fixamente a caneta e a folha onde renunciaria a seu direito como príncipe e herdeiro legítimo do trono. Mordeu o lábio.

– Não. – respondeu, com convicção. – Agora sou o rei. Exijo uma coroação até amanhã. – virou-se para seu tio Rafaello, que o encarava com perplexidade. – Você organizará a cerimônia. Traga minhas selecionadas e escolherei entre elas a minha Rainha. – de repente se virou para o pai. – Ninguém desiste do meu país deste jeito enquanto eu for o rei.

Virou as costas, abandonando a sala do ex-rei da Inglaterra. Todos os pensamentos se acumulavam em sua mente, principalmente aquele que dizia que havia cometido uma loucura. Entretanto só havia uma coisa que realmente importava pensar no momento. Dominique.


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer às duas recomendações: Teen Queen e Katherine! *-* Muito obrigada, flores! Beijos da Meell Gomes.



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