Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 50
Abigail Valentine Bloodworth


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Capítulo 49

Abigail

“O coração humano é a região do inesperado” – Machado de Assis

Nando Reis e Ana Cañas – Pra Você Guardei o Amor

Marie ainda caminhava de um lado para o outro do quarto, enquanto falava sobre como sentira medo e de como quisera gritar. Pediu-lhe desculpas milhares de vezes, embora Abigail soubesse que a culpa não era dela. “Marie recentemente só falava sobre Mikhail”, lembrou-se, enquanto abraçava os joelhos. Por que Nikolai fez algo assim? Ainda não o tinha visto desde o incidente. Piscou os olhos, tentando afastar as lágrimas, ela tinha visto os dois juntos. Nikolai não parecia tentar tirar uma gota de vinho do canto da boca de Marie, parecia querê-la engolir. Fungou, alto o suficiente para que Marie escutasse e saltasse sobre a cama, envolvendo-a com os braços.

– Ele bebeu demais, só isso. Foi um idiota, sim, mas você escutou o que Mikhail disse. Nikolai tem alucinações quando está bêbado, faz parte de seu...

– Não diga. Por favor, não diga. – murmurou, as lágrimas rolando ainda mais. De repente se tornava tão difícil segurá-las, a mudança deveria ter feito isso. Antes nunca chorava. Demorou quase uma vida para voltar a fazer isto. E agora chorava por um coração quebrado. E além disso, chorava por Nikolai. – Nunca diga isso.

Após o incidente, Mikhail se desculpou pelo comportamento de seu irmão e explicou que Nikolai era muito sensível ao álcool, entretanto não era isso que o fazia perigoso embriagado, mas a sua “tendência esquizofrênica”. Quando criança, Niko recebeu o diagnóstico da doença, e tomamos cuidado para que ela não se desenvolvesse. Nunca o prendemos, ele sempre foi livre, nunca o estressamos e tentamos sempre manter a alegria no ar. Porém o álcool sempre provocou as alucinações, talvez por libertar seu lado sem consciência. Abigail se lembrava das palavras de Mikhail. Nikolai era esquizofrênico. Nunca passou por sua cabeça pensar aquilo. De repente muitas coisas fizeram sentido. Desde sua carência, até o modo como assumia variadas personalidades, como se ofendia com seus comentários mais sérios e como sempre parecia “uma criança”.

– Não é tão ruim. É apenas uma tendência, certo?

– A doença piora com os anos, Marie – disse, a voz trêmula. – E com o estresse. Nikolai será rei. Acha que vai sobreviver muito tempo antes de se cansar? – de repente as pontadas que recebia no peito se tornaram punhais, triturando seu coração, rompendo as artérias, deixando o sangue escorrer pelo pijama de seda.

– Ei, ei... Que cara é essa? – Marie segurou seu rosto – Você é a primeira garota que vejo ficando triste porque seu namorado é doente, ao invés de ficar triste porque ele te traiu.

– Obrigada por me lembrar disto.

– Ah, desculpe – Marie soltou-a – Mas é sério, Abby. E Nikolai não será o único rei. Mikhail também será e ele pode cuidar das coisas chatas, e deixar Nikolai com as divertidas. Isso não significa que sua vida será infeliz. – deu de ombros – Podemos ser as próximas rainhas, já imaginou? Eu e Mikha, você e Niko... As outras não têm chance! – Marie fazia tudo ficar melhor. – E Nikolai disse seu nome inúmeras vezes quando... Você sabe. Aposto que estava tendo uma alucinação com você. Então, tecnicamente, não traiu.

– Eu só não consigo acreditar. – abraçou-se com mais força, enquanto ouvia o som das batidas na porta. Um alarme soou dentro de sua cabeça. “Nikolai”, pensou, levantando-se e correndo em direção ao banheiro. Sussurrou para Marie não dizer que estava lá e a menina assentiu. Ouviu o ruído da porta se abrindo e Marie rindo, logo em seguida sussurros e a porta novamente se fechou. A amiga abriu a porta do banheiro e sorriu.

– Era apenas Mikha. Disse que chegamos ao nosso destino. União! – Marie ergueu os braços – Lar, doce lar. O lar de nossos filhos, príncipes. Qual nome dará ao seu? O meu se chamará Mikhail Segundo! Adoro nomes de herança...

Abigail apenas abriu um sorriso de lado, enquanto caminhava até o baú onde todas as suas roupas salvar estavam. Vestiu calças de lã, um vestido de inverno verde escuro e colocou o casaco que Nikolai lhe dera há quase uma semana atrás. Marie agasalhou-se com um lindo cachecol vermelho intenso, que contrastava com seus cabelos louro-esbranquiçados. Juntas, deixaram o quarto do navio e se encaminharam para o convés. A maioria das selecionadas ainda estavam nas cabines, porém logo se aproximaram. Novamente não encontrou Nikolai, nem Mikhail ou Isao, o príncipe japonês, mas também não tinha certeza se queria vê-lo. Não tinha certeza se conseguiria fazer isto, sem pensar em sua saúde e em todo o resto. Sentiu algo em seus pés, felpudo. Blood se aninhava adoravelmente. Pegou-o e acariciou atrás das orelhas do gato, que crescera consideravelmente. O melhor presente que Nikolai poderia ter lhe dado.

– Garotas, por favor, cuidado com o caís, é perigoso. – disse Madame, enquanto as conduzia para a tábua que servia de ponte até o caís. O lugar estava realmente abandonado. Alguns poucos barcos de pescadores nativos jaziam, outros já estavam abandonados. Havia a carcaça de um antigo cruzeiro, entre algumas rochas. Um navio parecido com os dele, porém menor, ancorava logo ao lado no caís, provavelmente outros pescadores. O dia acabava de amanhecer, a luz do Sol entre as nuvens era pouca. – Sigam os soldados, sigam os soldados – indicou a Madame.

Seguiram obedientemente os soldados. Blood parecia arisco, talvez o cheiro de peixe o incomodasse, porém Abigail não se importou com isto. As botas que vestira aliviam seus pés das oscilações entre as tábuas do caís, seus cabelos cobriam o pescoço, enquanto o vento jogava-os de encontro ao rosto em certos momentos. Com o canto do olho, viu os três príncipes descendo do barco. As meninas não sussurravam mais para eles, muito menos os olhavam com admiração. Isao trouxera duas selecionadas, possivelmente as favoritas, e Nikolai e Mikhail tinham ainda todas as trinta (embora estejam apenas para enfeite, até o momento, pensou Abigail).

Ela não sabia se sentia felicidade ou medo por ter o coração de Nikolai. Claro que ele era um ótimo príncipe, claro que ele também tinha o seu coração (e como tinha), porém o fato de ser enfermo... Algo ainda a incomodava. Como se de repente uma distância enorme existisse entre ambos. Um segredo que ele não contou, uma outra vida que ela não conhecia. Não olhou para Nikolai quando ele passou ao seu lado, embora tenha sentido sua presença e embora tenha sentido o calor de seu braço. Poderia tê-lo tocado, até, mas não o fez.

– Vamos procurar por um vilarejo nas redondezas. – informou Mikhail. – Estejam prontas para partir quando precisarmos. Podem explorar.

Com isso, os soldados se dividiram entre: cuidar das selecionadas e explorar o lugar com os príncipes. Abigail sentiu o ímpeto de ir atrás deles, somente pela vontade de explorar junto, mas Nikolai estaria lá e não queria travar uma conversa com o príncipe. Por isso, virou-se para Marie e encarou-a.

– O que foi? – a menina perguntou, sobrancelhas arqueadas.

– Entretenha-me.

Marie abriu um sorriso pequeno e apontou para algo atrás de Abigail. Virou, observando o segundo navio ancorado no caís. Marie parecia quase determinada a conhecer quem o dirigia, e, enquanto se encaminhava para lá, Abigail ousou olhar por cima do ombro, para o grupo de exploração, desaparecendo por trás dos arbustos. Nikolai também a olhava.

Mordeu o lábio, virando e se encaminhando até onde Marie estava. A menina bateu as mãos alto o bastante para acordar alguém no vilarejo vizinho, e gritou:

– Tem gente?

No instante, um rosto anguloso surgiu de dentro da cabine do capitão e olhou-as com cuidado, antes de sair de lá e as encarar do convés. Os braços eram musculosos, peito amplo e nu. Uma visão adorável, embora estivesse olhando-as como se fossem seu café da manhã. Marie acenou, jogando todo o charme que conseguia.

– Tudo bom, senhor? Sou Marie, e esta é minha amiga, Abby.

– Olá. – Abigail deu um aceno de cabeça, embora o sujeito não tenha mostrado intenção de cumprimentá-las. Marie sorriu.

– Gostaríamos de conhecê-lo.

– Soldado Sanders. – ele bateu continência. Marie sorriu ainda mais.

– Prazer em conhecê-lo, soldado. Meu avô era capitão da marinha. Conheceu-o? Senhor Vanguard.

Sanders pensou um pouco e acenou negativamente a cabeça. Marie deu de ombros, subindo os degraus em direção ao navio do soldado. Abigail não sabia se podiam mesmo usufruir de tanta liberdade, porém o sujeito não as reprimiu. Quando Marie saltou sobre o convés, ele estico a mão e a apertou.

– Você é o capitão deste navio, Soldado Sanders? – ela perguntou.

– Não. Sou navegador. – ele limpou a garganta – Capitão é Gilbert.

Do outro lado do convés, um rapaz alto e de olhos extremamente negros surgiu. Seus cabelos cobriam as costas, bolsas negras de sono manchavam a pele branca e seus lábios tinham diversos cortes. Ele vestia sobretudo negro, com um revólver a mostra no colete de couro. Sorria friamente, como um robô, enquanto se aproximava delas. Abigail teve certeza de que acabavam de cometer o maior erro de suas vidas.

– Sanders, visitas? – ele segurou a mão de Marie e beijou-a docemente. – Não sabia que recebíamos visitas. Teria pedido a Mama para preparar chá e biscoitos.

– Perdão, senhor. O avô era capitão da marinha – Sanders apontou para Marie, que sorriu em retribuição. Entretanto o homem não se convenceu por isto.

– Eu ouvi a conversa. Senhoritas, deixe-me apresentar corretamente. Sou Gilbert, o capitão do navio. E vocês são... Ocupantes daquele luxuoso cargueiro, aposto. – Gilbert apontou para o navio do príncipe Isao – Uma ótima construção.

– Obrigada. É de nossos noivos. Príncipe Mikhail e príncipe Nikolai. – Marie abriu os lábios novamente. – Viemos passear pelo reino.

– Oh, recebemos visitas reais? Princesas, imagino. Por favor, fiquem conosco mais um pouco, princesas. – Gilbert inclinou-se – Tenho uma namorada que adoraria conhecê-las. Especialmente você, Marie. – ele piscou – Sanders, chame meus irmãos. Diga que teremos um café da manhã diferenciado. Aposto que os demais ocupantes do navio real adorariam comer conosco.

– Com certeza, Mikhail ficará encantado. – Marie soltou sua mão de Gilbert. – Voltaremos daqui uma hora.

– Aposto que irão. – Gilbert acenou. – Até mais, senhoritas. Não se metam em perigo.

O aviso final foi a sentença que Abigail precisava para saber que Gilbert era sim encrenca. E que não traria Nikolai para aquele navio, nunca.

º º º

Estavam caçando conchinhas, quando os soldados e os príncipes surgiram, suando e ofegantes. Corriam em direção a praia. Abigail notou que parte dos soldados que foram não tinham voltado. Alguma coisa acontecera, algo ruim. Levantou-se e tentou articular alguma pergunta, antes de notar que Madame já havia feito uma “O que está acontecendo?”. Um dos soldados (o capitão da guarda real), ordenou que entrassem no navio e que fossem embora o mais rápido possível. Entretanto os príncipes já davam ordens um pouco diferentes:

– Marina, Cosette, subam a bordo do navio! – gritou Isao, apontando para o navio que ele mesmo havia roubado da frota de seu pai. O príncipe japonês deu as costas para os primos e subiu até o navio rapidamente. Parte dos soldados subiram, a outra parte permaneceu no caís. Lentamente, o navio se afastava.

– Vieram buscar Isao. – explicou Mikhail quando Madame questionou porquê estavam indo embora sem elas. As selecionadas entreolharam-se, e o navio japonês desaparecia na névoa das ondas, até que fosse um ponto no horizonte. Mikhail olhou ao redor, apenas o navio de Gilbert estava no caís agora. – Talvez nossos colegas nos dêem as boas vindas ao navio mercante.

– Gilbert adoraria – Marie piscou – Conversamos com ele e disse que ficaria feliz em tomar o café da manhã.

Mikhail olhou dela para o navio e deu de ombros, apontando para a embarcação e mandando que os soldados fossem buscar o tal Gilbert. Quando terminou, virou-se para elas, um pouco mais calmo que antes. Havia uma camada de suor por cima de seus lábios, a barba crescera consideravelmente e seus cabelos louros estavam grudentos e sujos. A camisa colada ao peito estava banhada de suor. Marie não retirava os olhos dele, Abigail notou.

– Soldados no vilarejo. Reconheceram-nos e quase nos mataram. Metade de nossa guarda pessoal ficou para conter os rebeldes. – explicou ele. – Isao partiu em direção a China, irá pedir abrigo ao seu amigo de infância, o príncipe chinês. O Imperador Japonês nos acusou de tê-lo raptado, então tecnicamente somos inimigos do Japão agora. – Mikhail parecia exausto, prestes a desmoronar, porém conseguiu dar um sorriso tranqüilizador. – Não se preocupem. As pessoas no vilarejo não queriam mal. Apenas esses rebeldes armados, provavelmente soldados do imperador japonês.

– Você se machucou? – Marie colocou as mãos sobre seus ombros, e Mikhail se encolheu ao toque, ruborizado.

– Estou bem. Mesmo. – disse, com um sorriso franco. – E você? Está bem?

– Fiquei uma hora inteira colhendo conchinhas na areia! Estou mais que bem! – Marie riu, e levou-o junto. Abigail ficava feliz por ver o príncipe Mikhail, que era sempre tão distante e infeliz, agindo com menos seriedade de vez em quando, principalmente por estar com Marie. Porém seus olhos não permaneceram muito tempo sobre os dois, partiram em uma busca inconsciente, terminando em Nikolai. Ele estava afastado, observando as ondas, quase querendo se jogar do caís. Este pensamento lhe deu coragem para se aproximar dele. Lentamente, os pés se deslocaram. Alguma hora teriam de conversar.

Nikolai notou a aproximação e abaixou os olhos, os ombros se chacoalhando tensamente, enquanto o rosto se tornava quase inexpressivo. Ele estava alto, magro e terrivelmente sonolento. Parecia não ter dormido toda a noite, ou mesmo os últimos quatro dias de viagem. Sua barba estava ainda maior que a de Mikhail, os cabelos cobriam as orelhas e roçavam os ombros. O cheiro de suor e de vinho emanavam de sua pele, intensificando sua aparência decadente.

– Você está bem? – perguntou, praticamente sem saber como iniciar a conversa. Nikolai não ergueu os olhos, apenas deu de ombros.

– Eu pareço bem?

– Não, é verdade – respondeu, apoiando-se no caís, ao lado dele. O horizonte estava pintado de cinza e negro. As ondas eram pequenas, porém a água parecia fria a ponto de congelar. Abigail não sabia em qual região da União estavam, mas com certeza era a mais calorosa, pois até agora não vira neve, em pleno inverno. O silêncio que caiu sobre eles foi constrangedor. Ao contrário de antes, quando o silêncio intensificava a empatia, agora ele parecia esmagar seu cérebro e separar cada vez mais ambos, mesmo estando lado a lado, ainda tinham um abismo entre seus corpos.

Tão longe.

– Sobre a noite passada, está tudo bem. Mesmo. – disse, e então se arrependeu. – Digo, eu entendo. Não estou brava...

– Deveria estar – ele a cortou de imediato, o rosto se tornando uma rocha – Deveria me odiar.

– Eu não odeio. – tocou seu braço, porém Nikolai se afastou.

– Não me toque – resmungou, enquanto envolvia-se com os braços. – Nunca mais.

– Impossível – cruzou os braços, fazendo sua expressão mais séria. – Definitivamente impossível.

– Então não me toque nas próximas vinte décadas.

– Creio que seja impossível, sim.

– Então não me toque enquanto estiver viva.

– Isso é ainda mais impossível. – bufou.

Nikolai virou o rosto, entretanto não estava sorrindo, como ela imaginou que estaria. Estava vermelho. Com raiva. Seus olhos faiscavam.

– Morra.

O disparo encheu o ar ao seu redor, o som tão alto que a ensurdeceu por alguns segundos, até que o caís balançasse debaixo de seus pés e então as águas a envolvessem pela cintura. Havia caído ao mar. Os primeiros pensamentos que passaram por sua mente foram de morte. Estava se afogando, sentindo as pontadas duras da água fria contra a pele. Porém tudo se tornou ainda mais negro, enquanto afundava. Garras se envolveram em sua cintura e imaginou que estaria sendo puxada por alguma criatura asquerosa, até notar que eram mãos. Suas costas batiam contra o peito de seu salvador, enquanto nadavam em direção a praia. O caís estava no mar e as selecionadas todas tentavam nadar até a costa. Madame desesperava-se, Mikhail ajudava Marie e mais uma menina a subir as rochas da praia e Nikolai... Piscou, atônita.

– Nikolai.

– Estou aqui – ouviu o som de sua voz logo em cima do ouvido. Sorriu. Era ele quem a estava salvando. Isso era ótimo, sim, ótimo. Segurou-se ainda mais em seus braços e deixou que ele nadasse até a praia. Mikhail a ajudou a se levantar e Nikolai voltou para ajudar as outras. Soldados empurravam as selecionadas em direção ao navio marcante de Gilbert. Marie já estava na proa, gritando seu nome. Abigail apenas olhou por cima do ombro a tempo de ver Mikhail e Nikolai ancorando a Madame até a praia e então correu junto as outras, até estar a salvo. Mais disparos ocorreram, explosões e gritos. Soldados morriam, soldados atiravam. Não conseguia ver quem era o inimigo, porém soube que não estavam atrás apenas de Isao.

Quando finalmente todos entraram no navio, os soldados desamarraram a âncora do navio e ele partiu, deixando para trás os soldados mortos e aqueles que ainda lutavam para defender seus príncipes. Abigail sentiu pena daqueles que morreriam, porém sabia que alguém tinha de se arriscar para salvar a família real. Mikhail e Nikolai estavam no centro da proa, com todos os observando, em um círculo. Os príncipes ofegavam, pingando, enquanto tremiam e riam um para o outro.

– Você nada muito mal. – Nikolai resmungou para Mikhail, que lhe acertou um soco no ombro.

– Diz o cara que não conseguiu levantar a Madame.

– Ela é gorda. – Nikolai se defendeu, e Abigail viu o rosto de Madame se tornar vermelho sangue, enquanto tentava se esconder atrás dos soldados, envergonhada. Os olhos de Nikolai se fixaram nos seus e ele se levantou, caminhando pesadamente, com tanta brutalidade que pensou que ele a agarraria pela garganta que gritaria. Entretanto a envolveu em um abraço firme e sem o menor calor. – Que droga de inglesa não sabe nadar? Você mora em uma ilha. – ele a soltou e agarrou seus ombros – Uma ilha!

– Agora a culpa é minha? – resmungou.

Nikolai revirou os olhos.

– Fiquei com tanto medo de te perder. – sussurrou próximo ao seu ouvido, em um segundo abraço. – Nunca mais me esconda algo. Se não souber cavalgar, me diga. Se não souber lavar a louça, me diga. Ou nunca saberei quando posso tirar os olhos de você.

– Ah, claro, eu sou sua princesinha, não é?

Ele a apertou um pouco mais, antes de soltar e virar as costas.

– Ei, irmão. Só uma perguntinha: quem é o dono deste navio?

Gilbert pigarreou.

– Prazer, Vossa Graça. Capitão Gilbert. – ele se curvou. – Ficaria honrado em lhe mostrar sua cabine.

– Minha cabine? Oh, terei uma cabine! – Nikolai exclamou. – Vem cá, tem cama de casal? Estou querendo dormir com Mikha hoje, tenho medo de tempestades.

– Lamento. Mas temos beliches. – Gibert ergueu as sobrancelhas – Mama! Prepare mais trinta e cinco pratos para o almoço! Víria, toque alguma coisa para alegrar nossos convidados! Yazirat! Arrume os quartos para vinte e sete convidados, os demais terão de dividir os turnos. Por favor, Vossa Graça, conheça meus irmãos, Albert e Vincent. Ambos muito inteligentes, ambos nascidos em um navio. Se precisarem de qualquer coisa, peça a Albert, ele será seu cãozinho pessoal. Vincent... Aqueça as senhoritas.

– Pode deixar. – Vincent piscou. – Donzelas belas do norte, que alegria para meus olhos tê-las a bordo do Barbatana! Por favor, sentem-se, pois a mais bela cantora de todos os mares irá agora tocar para nós.

Nikolai se virou para Mikhail e sussurrou algo em seu ouvido, o irmão gêmeo pensou um pouco e disse, o que Abigail conseguiu ouvir:

– ... O Verdadeiro Rei.


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Notas finais do capítulo

Então, quem é o "Verdadeiro Rei"?



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