Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 48
Príncipe Syaoran


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura e obrigada pelos comentários do capítulo passado!



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Capítulo 47

Príncipe Syaoran

“Loucura é a ausência do juízo, - eis o juízo que formamos acerca de juízo e loucura” – Cid Cercal

O Imperador Japonês não costumava vir visitar seu pai, mas Syaoran sabia que as circunstâncias eram de perigo. O príncipe fora raptado e a principal aliada do Japão era a China. Tinham de honrar aquela aliança e principalmente, Syao tinha de salvar seu amigo. Seja lá como, conseguiram capturar Isao. O príncipe japonês era um ótimo esgrimista e poucas vezes Syao conseguia desarmá-lo por completo. As lutas se mantinham equilibradas por minutos inteiros, até que um falhava em algo e o outro tomava vantagem. Syao sempre gostou muito de treinar com o amigo, cresceram juntos, embora a infância seja um período da vida onde as energias têm de extrapolar, como diz o pai, e depois vem o amadurecimento, o período da colheita e enfim o descanso. Logo seu pai partiria para descansar e ele assumiria as responsabilidades como o chefe de um país. E Syao sentia-se preparado para isso. Sabia as leis, sabia como ordenar e como jogar aquele jogo. Aprendeu tudo com seu pai, o homem mais sábio de toda a China.

– ... aposto que só roubaram meu filho pois têm medo da pretensão dele ao trono. – o Imperador Japonês estava sentado diante da mesa, do outro lado dela, com o Imperador Chinês como ouvinte e os outros irmãos conselheiros, o filho e a esposa, que tinha permissão para permanecer com ele durante as reuniões que condiziam com os temas de família. Seu pai virou-se para a mulher, procurando alguma frase de apoio. Ela sorru ao Imperador seu marido e disse, em tom melodioso e adorável:

– Compartilhamos de sua dor, senhor. Não imagino como é ter o filho arrancado de seus braços. – Syao sentiu levemente o rubor crescendo nas bochechas. Gostava quando a mãe demonstrava amor. – Mas não acredito que esteja em tal perigo, como diz. Mesmo que tenha ido sem aviso, o príncipe gosta muito dos primos e pode ter decidido passar alguns dias no Norte. – ela tecia a idéia com perfeição e calma, típicas de mulher sábia. – Sugiro que envie uma carta para o castelo russo, questionando o paradeiro do filho e o tempo que permanecerá com a família de segundo grau. Um pouco de amizade entre os futuros líderes do mundo é sempre algo a se respeitar. – ela lançou um ligeiro olhar para o filho mais velho. – Assim como meu filho concorda com a proteção de seu filho, por sua amizade e a infância que tiveram juntos no Japão.

– Criei seu filho, sim. Mas não pense que o conheço. Assim como não conheço meus sobrinhos. – o Imperador Japonês, entretanto balançava a cabeça em discordância. – A política é mais profunda do que pensa, minha senhora. Sentimentos como os seus não são correspondidos com tanta nobreza e honra.

– Duvida do valor da nobreza e da honra de meu filho? – a Imperatriz Chinesa arqueou as sobrancelhas, entretanto seu senhor esposo pousou as mãos calejadas sobre as da esposa e a tranqüilizou com palavras leves. – Pois bem, faça o que quiser fazer. Meu filho tem como prioridade a proteção de seu povo e das pessoas que o cercam. E conheço o coração dele. Puro, bondoso, amável.

– Agora entendo porquê os homens amam tanto as mulheres. – o Imperador Japonês riu fracamente e lançou um olhar ameaçador ao seu pai. Syao conhecia aquele olhar, era o mesmo que recebia quando fazia alguma coisa errada junto de Isao. O Imperador Japonês não gostava de ser contrariado e muito menos desafiado. Entretanto seu pai sabia ser pacífico e sábio, e não notou o modo prepotente que se posicionava o outro monarca.

– Tem sua resposta final. – o Imperador Chinês se pronunciou. – Confio no julgamento de minha senhora. A China não apoiará uma invasão a União Eurásia por um motivo não comprovado. E se me permite, Imperador, tenho um conselho de amigo: não provoque mais lenha no meio do fogo. O mundo está agitado, mas seu coração parece dançar no mesmo ritmo.

Syao abriu um meio-sorriso. Guardaria aquela frase para sempre. Às vezes achava-se despreparado demais para ser um Imperador. Seu pai, um ancião, exalava sabedoria, algo que ele em toda a sua juventude não conseguia alcançar nem de longe. A decisão de manter a paz era algo que o próprio Syao teria escolhido, embora não utilizando os conselhos de sua esposa, mas sim sua própria razão. Esse era um dos traços que tinha de desenvolver: aprender a ouvir os outros e tomar decisões em concordância aos demais. O Imperador Japonês levantou-se, curvou-se e deixou a sala de reuniões, com os conselheiros logo em seguida, permanecendo apenas o príncipe e a Imperatriz, junto ao Imperador. A mulher suspirou alto o bastante para fazer seu esposo pousar novamente as mãos sobre as suas. Aquilo era o máximo de intimidade que Syao já tinha visto os pais demonstrarem.

– Fez bem. – disse o senhor seu esposo, e ela lhe deu um sorriso tímido, abaixando a cabeça em seguida. Syao sabia que sua mãe tinha medo do Imperador Japonês, principalmente após a Terceira Guerra, quando o coração do homem mostrou-se tão frio e negro, não perdoando os desertores de guerra e condenando-os a morte por “falta de honra”.

– Fez bem, mãe. – colocou a mão sobre o ombro dela, onde a pele nua se mostrou mais seca do que esperava. A mãe estava perdendo o brilho da juventude. Ela ergueu a cabeça e Syao também notou: não costumava fazer contato físico. Mas permitiu-se apoiá-la naquele momento. O Imperador observava seu filho, orgulhoso pelo menino que era. Mesmo crescendo afastado, se tornara tudo o que queria que fosse. Paciente, calmo, uma pessoa que não deixaria suas emoções levarem-no.

Entretanto faltava algo dentro dele. Algo que não conseguiu colocar. Um coração de sangue quente.

– Syaoran. – disse, para o filho notar a importância daquele momento. E ele o fez. – Escolha a espanhola.

– A Península? – seu filho piscou, um pouco atônito. – A garota da Península? Mas disse-me para escolher a francesa.

– Sim. Disse. Mas arrependo-me. – soltou as mãos de sua esposa e se voltou totalmente para o filho, demonstrando que estava totalmente concentrado nele. – As coisas mudam rapidamente em relação a política. Quase vinte anos de paz se passaram, mas está prestes a acabar. A França corre para debaixo da saía de seus aliados, enquanto o povo derruba a família real e o poder monárquico. É hora de repensar nossas alianças. A Península detém todos os poderes, está protegida, abriga as famílias reais francesa e inglesa. No momento, é o segundo território estável, assim como o nosso. Firmar uma aliança é o mais sensato. Agora que nossas relações com o Japão estão duvidosas e a União tem seus próprios problemas.

– Mas... – começou, entretanto deteve-se. Um garoto bom. Um garoto obediente. O Imperador tinha orgulho de seu filho herdeiro, do primogênito. Do garoto de alma e coração puros. – Não. Não posso aceitar isso. – disse, decididamente, algo que o tomou de surpresa. Syao ergueu os olhos, confrontando-o com certeza. – Não vou aceitar que decida minha vida e meu casamento, em troca de alianças incertas. Não acredito seja correto brincar deste modo com garotas que vieram aqui, dispostas a perder suas vidas para se casar comigo. E se tenho o direito de dizer, mamãe concorda comigo. O casamento foi criado para unir um homem e uma mulher. Como os Jian, as aves de uma só asa e um só olho. Juntos, voam alto, mas somente juntos. Me dê tempo para conhecê-las, só isso que peço. – ele se curvou, tocando a testa no chão. O Imperador olhou para sua esposa, que sorria gentilmente. Por fim, suspirou.

– É preciso coragem e autoridade para desafiar a posição de um Imperador, e cuidado para não ofendê-lo ou contradizê-lo em ofensa. Sendo assim, creio que já está mais preparado do que imagino para assumir o título de protetor do povo, quando eu morrer. Que assim seja, conheça suas pretendentes, tenha o tempo que precisar para isso. Mas lembre-se: a guerra não espera. Tempo significa vida. quando mais ele passa, mais vidas se perdem. As mais longas guerras foram também as mais marcantes.

Ele levantou-se, ruborizado, e o Imperador notou que era a alegria transbordando a juventude de seu rosto. Isso também alegrou seu coração. Um menino bom, justo e astuto. Agora ele só precisava curvar-se mais uma vez, agradecendo pela permissão que lhe dera e deixar a sala com passos suaves. Mas ele não fez isso. Fez algo que o surpreendeu mais ainda, Syao o abraçou.


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Notas finais do capítulo

Estava quase desistindo da fanfic, mas eis que surgem leitores! *-* Vou continuar! Por favor, peço que todos que forem ler a fanfic comentem o nome de seu personagem, pois vou começar a matar as selecionadas. Beijos da Meell Gomes.