Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 41
Príncipe Nikolai


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Capítulo 40

Príncipe Nikolai

“A dor é o pseudônimo da verdade” – Vicente Avelino

Smash Mouth - Waste

Respirou fundo. Logo, logo estaria lá dentro. De algum modo, não se sentiria constrangido, como se sentia agora, carregando aquele pacote de ração para gatos. Queria dar um buquê de flores, mas não se era possível encontrar flores no oceano, dentro de um navio. Normalmente Nikolai sentia-se apreensivo antes de ir falar com ela, mas no final sempre acabava bem, de algum modo. E era isso que estava contando agora. A porta fechada anunciava que não queria que alguém fosse irritá-la. Sorriu. Aproximou a orelha da porta, certo de que escutaria apenas o silêncio. entretanto, o que ouviu foi mais parecido com vozes, uma voz fina e um pouco aguda, que com certeza não era de Abigail, e a costumeira frieza da segunda voz, um pouco entediada. Abriu um sorriso. Ela deveria estar conversando com sua amiga, aquela outra loura que sempre andava com Abigail. Seria ruim escutar o que elas falavam? Afinal, ele não viera espionar, mas já estava ali... Talvez falassem dele. Queria saber o que meninas conversavam normalmente.

–... e você pretende contar quando? – Marie perguntou, provavelmente mastigando salgadinhos.

– Eu preciso contar? – Abigail devolveu a pergunta, sem muita doçura, como era de praxe. Porém havia algo estranho naquilo. Contar? O que Abigail tinha de contar? E para quem? Talvez fosse melhor ir embora e deixá-las conversar em paz. Ou então ficar mais alguns segundos e entender melhor aquela conversa. Suspirou. Ele era a pior pessoa do mundo.

– Tem um garoto correndo apaixonadinho atrás de você e você não quer ser sincera com ele? Pensei que tinha mudado, Abby.

– Eu mudei. – Abigail defendeu-se – Só não acho que isso irá mudar alguma coisa. É melhor deixar assim. – ela suspirou – Isso foi uma coisa boba. Nunca daria certo, de qualquer forma.

– Daria certo, se você tivesse cumprido sua parte do acordo – Marie bocejou. – Mas preferiu trair sua amiga e sair com o garoto que nem mesmo queria. – ela deve ter mudado de posição na cama. – Desse jeito até parece que você apenas brincou com ele.

Brincar? Nikolai piscou os olhos, atônito. De todas as maneiras possíveis, aquela conversa estava tomando um rumo que não o permitia abandonar aquela porta. Aproximou ainda mais a cabeça, para ouvir melhor, e sem querer entreabriu a porta. Mordeu o lábio, temendo que elas percebessem, entretanto nada aconteceu, e assim, colocou um dos olhos para espiar o que se passava dentro do quarto. A cama estava lá, e Abigail abraçava um travesseiro, de forma tão bonita que Nikolai desejou ser o travesseiro. Marie estava deitada do outro lado da cama, comendo salgadinhos, como ele havia imaginado. Às vezes Nikolai não gostava de ser tão detalhista.

– Não estou brincando com ele. Eu só... – Abigail demorou, organizando os pensamentos. – Só não queria que fosse assim. Quer dizer, ele é um rapaz legal. Mas acho que combina mais com você, Marie. Tenho de dizer logo para ele que estou interessada em outro.

– Irá quebrar o coração do príncipe deste jeito? Que frio. – Marie sorriu, e Abigail sorriu também. – Mas eu quero ele. Agora eu quero. Quer dizer... Você tem que falar para o Nikolai, e eu tenho que falar para o Mikhail. Nós temos de deixar claro tudo o que aconteceu, dizer que foi um total engano. Tudo.

– Exatamente – Abigail concordou. – Pois fazia parte do acordo, e nós não fazíamos idéia do que isso poderia gerar... Espero que Nikolai não fique magoado...

– Ele? Ah, não. Ele está tão cego de amor que se você beijar o Mikhail na frente dele, nada vai acontecer – Marie riu. – Mas o Mikha é um outro problema... Acho que ele não gosta tanto de mim, como gosta de você.

– Mikhail só me vê como uma amiga. – Abigail respondeu, rapidamente.

– Sério? Então me diga porquê ele te convidou para jantar no convés hoje a noite.

Nikolai piscou os olhos, novamente atônito. Mikhail havia convidado Abigail para jantar? Por quê? Ele sabia que Abigail já estava saindo com outra pessoa (ele, no caso), então porquê a chamaria? E que história era essa de “brincar com o coração do príncipe”? Nikolai não soube explicar como, mas raiva subia por suas veias. Queria entender tudo o que elas diziam, mas não podia simplesmente entrar lá e perguntar. Teria de explicar que estava ouvindo a conversa delas por engano. Engano? Mordeu os lábios. Não. Não ouviria mais nada daquilo. Tinha algo melhor a fazer. Cerrou os punhos, cuspiu para o lado e jogou a caixa de biscoitos felinos no chão, dando as costas para a porta e seus segredos.

Na metade do corredor, decidiu que nada fazia mais que um monte de enganos. Talvez Mikhail não tivesse realmente chamado Abigail para sair, talvez fosse um jantar amigável. Francamente, não engoliria aquilo, atravessou a passos largos a porta do quarto e agarrou o colarinho do irmão gêmeo, que no momento estava lendo um livro grosso. Mikhail deixou o livro cair, encarando sua outra metade quase-idêntica.

– Sim, Niko?

– O que você quer? – vociferou. – O que quer com ela?

– Com ela? Com... – os olhos de Mikhail brilharam – Com Marie?

– Não, com a Abigail! – soltou-o, em direção a cama e caminhou de um lado para o outro no quarto, tentando não se irritar mais. – Eu ouvi. Você a convidou para jantar hoje. Eu ouvi ela conversando com a amiguinha. – e então se virou para o irmão – O que você pretende?

– Ah, somente conversar. – Mikhail deu de ombros – Por quê? É tão ruim assim? Só quero conhecer a garota que vai morar no castelo daqui algum tempo, para o resto da vida. Eu espero. – Mikhail piscou – Ei, irmão, não pensou mesmo que eu iria me interessar por ela, pensou?

– O problema não é você! – sentou-se na cama, irritado. Tremendamente irritado. – É que... Você não pode sair com ela.

– E qual o problema?

– A Abigail está... Sensível. Você não pode interferir logo agora, quando ela finalmente disse que tirou os olhos de você – jogou-se sobre as pernas de Mikhail, e o irmão pousou as mãos em seus ombros. – Não quero deixar você roubar ela de mim, de novo.

– Não vou roubar. – Mikhail sorriu, gentil. – Eu prometo.

– Mas e ela? Como ela vai pensar sobre isso? A Abigail só tinha olhos para você, e eu consegui tirar você da frente dela, então você a convida para sair? Com tantas garotas legais? Por que não convidou a Marie? Ela parece gostar de você.

– Ontem eu convidei a Marie. – Mikhail piscou – Eu só quero conhecer mais essa garota que você gosta. Só isso. – o irmão suspirou – Por que você não convida a Marie para ir conosco? Então fazemos um encontro duplo.

– E você acha que eu teria conversa com a Marie?

– Pode ser que sim. Talvez ela se torne a nova rainha da União – Mikhail piscou. – Se você não quer deixar a sua garota sozinha comigo, então porque não convida a melhor amiga dela e vai junto? Aposto que ela não se importará.

– Se eu convidar a Marie, a Abigail vai pensar que sou safado. Que quero sair com as outras, mesmo estando com ela.

– “Estando com ela”? Você tem uma seleção de trinta e cinco meninas para sair quando quiser, beijar quando quiser e sabe-se lá mais o quê e você prefere se manter com uma?

– Estamos namorando. – Nikolai mentiu. A verdade é que ainda não tinha falado sobre isso com ela, talvez para não assustá-la. Mas era o que queria. Estar somente com ela, para sempre. Queria viver com ela para sempre, sem a interferência de irmãos gêmeos mais legais ou melhores amigas venenosas.

Mikhail suspirou, lançando-lhe um olhar cansado. Talvez estivesse sendo inconveniente demais. Afinal, o irmão só queria conhecer mais Abigail, apenas para se dar bem com ela. Não havia problema nisto, certo? Talvez Nikolai estivesse levando tudo longe demais. Bufou, virando a cabeça sobre as pernas de Mikhail, até encará-lo de baixo. O rosto do irmão visto de cima era grande e o nariz sobressaía. Às vezes Nikolai sentia vontade de fazer piadas sobre aquilo, entretanto logo se lembrava de que eram gêmeos e que ele também tinha um nariz grande. Russos.

– Só não esqueça do seu irmão, enquanto estiver com a namorada. – Mikhail resmungou. – Irmãos antes de namorada, lembra.

– Não seria mãe antes de namorada?

– Não temos mãe. – Mikhail deu de ombros. – Então é irmão.

Nikolai não tinha como rebater aquilo, então deixou no ar a frase. Era assim que eles se entendiam. O silêncio consumia qualquer raiva ou irritação, deixando-os em um local tão constrangedor que logo cairiam na gargalhada. Porém não foi isso o que aconteceu desta vez. Mikhail levantou-se, arrumando as roupas e jogando-o de lado na cama.

– Tenho que ir jantar com uma garota – disse. – Até mais, irmãozinho. Juízo, okay? – sorriu, e então deixou o quarto. Nikolai encarou a porta, até que fosse completamente fechada. Então fechou fortemente os olhos e colocou as mãos na cabeça. Era mesmo certo aquilo? E se algo acontecesse? E se, acidentalmente, Mikhail derrubasse vinho no vestido de Abigail? Espere, eles iriam tomar vinho? Não podiam ficar bêbados! Mas Abigail jamais beberia, principalmente com Mikhail. Suspirou. As perguntas floresciam em sua mente, e, antes que percebesse, a porta havia se aberto novamente. A pessoa esgueirou-se para dentro do quarto e fechou cuidadosamente a porta, aproximando-se da cama. Tão silenciosa que ele só a notou quando já estava lá.

– Olá.

Levantou, ereto. A pele arrepiada demonstrava seu susto. Quando os olhos encontraram a dona da voz, relaxou, e sorriu.

– Olá. – respondeu, apontando para um local na cama. – Quer sentar?

– Obrigada. – Marie sentou-se, pernas cruzadas, decote a mostra. Nikolai desviou o olhar daquilo. Lembrava-se vagamente de ter vislumbrado o decote de Abigail. Vagamente. Ela tinha sardas entre os seios. A lembrança o fez ruborizar. – Então, Nikolai, certo?

– Acho que este é meu nome.

– Não sei bem como começar a conversar. – ela encolheu os ombros, tímida. Nikolai achou fofo o modo como ela se encolhia, toda pequena e bonitinha. – Meu nome é...

– Marie. Eu sei. Amiga da Abigail. – completou a frase, piscando. – Tenho boa memória, Marie.

– Perdão, Vossa Graça. – ela encolheu novamente os ombros, e Nikolai segurou-se para não apertá-la até arrancar sangue. Mordeu os lábios. “Apertar até arrancar sangue”, com certeza ela tinha um nível surpreendente de fofura. – Soube que Príncipe Mikhail convidou a Abby para jantar hoje. Aliás, estão jantando.

– Sim, eu sei. Mikha me contou. – Mentiu, era melhor mentir a ter de admitir que havia escutado a conversa dela com Abigail. Marie abriu um sorriso simpático, enquanto relaxava os ombros, um pouco mais à vontade. – Você é amiga da Abigail há quanto tempo?

– Desde o primeiro dia. – Marie exclamou. – Sempre soube que ela seria uma boa amiga.

– Que bom. Abigail é uma pessoa muito introvertida no começo, mas creio que você teve paciência e teimosia suficientes para insistir, até ela se abrir.

– Com certeza – Marie riu fraco. – Você também, certo? Ela às vezes parece me odiar tremendamente, e então me oferece um pacote de salgadinhos. Mas... Não te incomoda que ela esteja jantando com Príncipe Mikhail? Quer dizer, ele é seu irmão, e você está interessado na Abby.

– Ele me explicou que a intenção era conhecer a minha... Amiga. – corrigiu-se, antes que dissesse “namorada”. Se mentisse sobre aquilo para a melhor amiga de Abigail, ela provavelmente ficaria sabendo disso. E não queria ver a cara que ela faria quando descobrisse.

– Com certeza não é apenas amiga. Abigail sempre fala sobre você. E aquele gatinho, eu vi, você deu a ela, não? – Marie sorriu – Vocês formam um casal tão bonito...

– Eu concordo. – Nikolai deitou-se, esticando as pernas. – E você e Mikha? Alguma coisa?

– Só conversamos... Ele é uma pessoa interessante. Mas acho que ficou entediado.

– Mikha se impressiona dificilmente. Ele se entedia com rapidez. Perde o interesse em coisas que não desafiem sua mente. – falou – Se você fizer mistério, talvez ele comece a se interessar. É uma dica.

– Obrigada, Vossa Graça. – ela encolheu os ombros. Fofa. Simplesmente fofa. Nikolai não sabia como Mikhail ainda não a tinha chamado para sair antes. Ela parecia simplesmente perfeita para ele. Gentil, bonita, pequenina e fofa. Mikhail adorava garotas assim.

– Me chame apenas de Nikolai, Mari. – piscou. – Então, o que Abigail fala sobre mim?

Marie pensou um pouco, e deitou-se ao seu lado. Os cabelos dela cheiravam a rosas, louros escuros, mais escuros que os de Abigail. Entretanto seus olhos eram mais claros e os lábios mais carnudos. A pele era levemente bronzeada, e ela exalava charme. Talvez exalasse demais. Talvez fosse o perfume tão doce que o fazia querer espirrar, e ao mesmo tempo cheirar mais. Ela respirou fundo.

– Bom, Abigail fala que você a irrita muito, mas que normalmente não a deixa brava. Ela gosta de ser irritada, sabe? – Marie riu levemente. – Ela diz que odeia seu vício em beber vinho e que você normalmente a ataca desprevenida.

– Ela me faz parecer um safado. – resmungou, e Marie riu.

– Não, não, Vossa Graça. Digo, Nikolai. Abigail fala isso com brilho nos olhos, com aquele ar apaixonado tão bonito. Gosto de ouvi-la falar de você. Espero conseguir me sentir assim em relação a Mikhail. Espero que ele consiga se sentir assim comigo. Mas e ele? O que fala sobre as selecionadas?

– Nada. Só o de sempre: nenhuma me interessou. Parecem todas chatas. São entediantes. Mikhail é muito crítico com isso.

Marie levantou-se, de repente.

– Que tal jantarmos? Eles estão conversando e comendo, eu estou morrendo de fome! – ela exclamou, de repente, muito mais extrovertida. Nikolai não achou má idéia, afinal fora Mikhail quem disse para fazê-lo. Levantou-se e caminhou até o freezer onde mantinha o vinho escondido e um prato de cogumelos cortados congelados. Ligou a lareira digital na parede e buscou os espetos.

– Você gosta de cogumelo no espeto? É o meu preferido – sentou-se diante da lareira. – Tome, é só encaixar no espeto e...

– Eu sei como faz. – Marie respondeu, ofendida. – Na França nós assamos pequenas gominhas brancas. Não há palavra para isso em russo.

– Entendo. – Nikolai colocou seu espeto sobre o fogo. Marie fez o mesmo. – Me fale sobre sua vida, Marie. Você tem emprego?

– Ah, sim. Em uma lanchonete. Pelo menos tinha, até vir para cá.

– Interessante. E seus pais?

Ela deu uma longa pausa, algo que Nikolai não julgou ser bom. Quando ergueu os olhos, estavam cheios de lágrimas. Nikolai condenou-se mentalmente por ser tão indelicado.

– Eu não sei. – ela sorriu, fraco. – Eu só... Sei que minha mãe me deixou em um orfanato.

– Me desculpe, eu não sabia.

– Tudo bem, eu sou um pouco emotiva. – ela enxugou as lágrimas e fungou. – Acho que pareço boba, não?

– Imagine. Eu chorei quando tinha seis anos, pois falaram que eu tinha uma mãe. Depois chorei aos nove, quando soube que ela não possuía lápide ou sepultura, pois seus restos mortais nunca foram encontrados depois da explosão. E chorei com quinze, quando meu pai me contou que ela planejava caçar cogumelos comigo e com Mikhail em todos os verões, como uma tradição de família. Então eu e Mikha sempre vamos caçar cogumelos nos verões. Agora eu tenho dezenove e logo terei vinte. Se alguém me dissesse que ela me deixou uma carta para ler quando tivesse apenas vinte anos, choraria de novo.

Marie sorriu, tímida, encolhendo-se como uma bola. O calor da lareira os aquecia. Nikolai mordiscou a ponta de seu cogumelo. Delicioso. Abriu a garrafa de vinho e encheu dois copos de vidro. Prometeu a si mesmo não beber demais. A última coisa que queria era passar vergonha na frente da melhor amiga de Abigail. Marie bebeu um longo gole, e quando soltou o copo, fez uma careta.

– Imagino que nunca tenha tomado vinho. – riu de sua reação.

– Realmente – ela concordou – É... Diferente.

– Você aprende a gostar. Meu pai me ensinou a beber com doze anos. Ele disse que os homens de verdade agüentam cinco copos cheios de vinho. Mentira, ele nunca suportou mais que dois. – piscou – Mas eu tenho de dizer que meu recorde é três copos.

– Aposto que conseguirá quebrá-lo, um dia desses – Marie sorriu, bebericando mais um gole. Nikolai sentiu-se alegre pelo voto de confiança. Seu objetivo era realmente beber cinco copos de vinho sem se sentir embriagado (totalmente embriagado). Uma leve tontura já passava diante de seus olhos, agora que estava na metade da taça. Gostava de se sentir deste jeito, meio-flutuando. Deitou-se no carpete, mordiscando mais um pouco dos cogumelos.

– Por que você veio até aqui, Marie? Para conversar?

– Na verdade, vim procurar por Mikhail. Mas como ele não estava, então pensei em conversar com você.

– Boa escolha, sou mais interessante que meu irmão. – sorriu, engolindo mais alguns goles. – Você também é muito interessante. E fofinha. E pequenininha. – espremeu os olhos. – Há duas Marie.

– Acho melhor parar com isso – Marie tentou tirar a taça de sua mão, porém foi mais rápido. Soltou uma gargalhada longa.

– Você achou que ia mesmo conseguir me vencer? Que menina ingênua. – bebeu mais um pouco. As pálpebras começavam a pesar. Suspirou. – Ela está lá, com ele. Conversando e rindo, aposto. Como dois idiotas.

– Ela? – Marie ergueu as sobrancelhas – Você fala de Abby e Mikha?

– Esses dois bobões! – resmungou. – Esses dois... Dois... – bocejou – Você acredita que ele queria conversar? Ele quer roubar ela, aposto. Sempre é assim. Ele sempre rouba tudo de mim. Até o amor do papai. Eu sei, eu sei, eu sei... – suspirou. – Ele sempre gosta mais do Mikha. É sempre ele. Sempre... Eu sou a ovelha negra! – riu – E você é um anjinho, Marie.

– Vossa Graça, é melhor deixar o vinho de lado e esperar a consciência voltar. – ela disse, firmemente. Mas Nikolai não conseguia compreender isso, então riu dela. Riu alto, e por fim bufou.

– Um bando de traidores. Os dois. Abigail não sai com outros homens, ela é minha. – disse – Você entende, não entende? Ela é minha, só minha.

– Você está bêbado demais. – Marie levantou-se, mas segurou a mão dela. – Nikolai?

– Você não vai embora! – exclamou – Não vai me deixar!

– Vou chamar seu primo, ou então algum guarda... Você precisa de ajuda.

– Estou bem. – levantou-se, jogando a taça de lado. O som do vidro se quebrando não o fez acordar do transe. – Estou muito bem. – cheirou o pescoço dela, doce. Perfume doce. – Você cheira bem. – suspirou, segurando seus ombros. – Cheira muito bem, Abigail.

– Socorro! – Marie gritou – Alguém! Nikolai está bêbado, tendo alucinações! Por favor, algu...

Calou-a com um beijo. Que menina atrevida, querendo ir embora antes da parte mais legal da festa. Prendeu seus lábios contra os de Abigail, segurando suas costas e sua cabeça com as mãos. Ela resistiu, empurrando-o com ambas as mãos, mas não iria soltar. Nunca mais. Nunca, nunca, nunca mais deixaria ela ir embora. Nunca. Jurou a si mesmo cem vezes. Abigail não podia sair, não iria embora. Não iria! A raiva cresceu pela garganta, e invadiu sua boca, agarrando o pulso de Abigail, apertando-o com força. Ela endureceu o corpo, agora lutando para se desvencilhar. Mas era em vão. Ele era mais forte. Sempre foi mais forte. E não havia motivo para Abigail querer fugir. Ele não era um monstro, era seu príncipe encantado. E amava tanto ela. Tanto, tanto, tanto...

Sentiu o soco atingi-lo na lateral da cabeça, lançando-o contra o chão.

– Seu idiota! – ouviu, a voz misturando-se às outras. Gritos, talvez de duas garotas, e então os pés de alguém bem calçado – Você nunca vai aprender que é sensível ao álcool? Seu idiota! – sentiu Mikhail puxar sua camisa e acertar outro soco, agora no queixo. – Mil vezes idiota.

– Calma, calma, ele só estava bêbado. – esta deveria ser Marie. Marie? Quem era Marie? Piscou, atônito. Não havia Marie, havia apenas Abigail e... Oh, droga.

Levantou-se, cambaleante, abrindo e fechando os olhos com dificuldade. Zonzo, totalmente desorientado, encarou as duas formas de Mikhail, e os vultos de Marie e... E quem? Sentiu vontade de vomitar, mas reprimiu. Quem estava com Marie, abraçando-a? Talvez fosse Isao. Isao era baixo daquele jeito. Não... Ele era maior... Ou seria Madame? Pressionou a cabeça.

– Mikha...?

– Sou eu, seu idiota. – o irmão o empurrou levemente. – Eu já o proibi de beber no navio. Onde foi que escondeu a garrafa? Me diga! – ele o segurou pela camisa novamente.

– Eu... Mikha... – tocou o rosto do irmão, suavemente, antes de curvar-se e vomitar sobre seus sapatos caros.


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Notas finais do capítulo

Só de olho nessas tretas...



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