Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 38
Ashley Dakotta Vancou


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Capítulo 37

Ashley

“All this bad blood here, won’t you let it dry? It’s been cold for years, won’t you let it lie?” – Bastille, Bad Blood

Bastille – Bad Blood

As luzes vermelhas piscavam pelos corredores, enquanto corriam. A mão de Denzel em seu braço envolvia-a com força tamanha que o sangue ali não atravessava. Quando ele finalmente a soltou, já havia virado tantos corredores que perdera-se por completo. Ele respirou fundo e tirou do bolso, ou de qualquer lugar, um revólver. Armou-o. Coloco o braço a frente do corpo. Havia um guarda semi-acordado, sentado em uma cadeira no final do corredor. Ashley observou-o, antes da bala cravar-se em seu crânio.

Exclamou.

– Você o matou! – gritava, afastando-se de Denzel. A arma nas mãos dele era negra e o garoto de repente parecia mais pálido. Havia olheiras debaixo dos olhos, os cabelos estavam cobrindo as sobrancelhas e ele vestia roupas sujas. E sua mão não tremia. Ele ergueu uma sobrancelha, sem muita importância.

– Claro que matei. Era ele, ou nós. A escolha foi fácil. – Denzel observou os corredores – Devemos seguir por este. – indicou o segundo. Mas Ashley com certeza não o seguiria. O sangue do guarda inundava o chão do corredor que deveriam seguir, seu corpo caído e inerte. Ele tinha a pele escura, cabelos cortados em estilo militar e segurava uma arma duas vezes maior que a de Denzel. Mas estava dormindo quando Denzel atirou. Foi uma morte rápida e indolor, entretanto ele não teve justiça. Não podia se defender. E mesmo que pudesse, era errado tirar a vida de uma pessoa deste modo.

– Eu não vou com você. – decidiu.

– Ótimo, pois meu pai estava comentando que adoraria te usar depois do jantar. – ele sorriu, sarcástico. – E acredite, meu pai sabe fazer direitinho – ele apontou para si mesmo – Sou filho de uma duquesa, prazer. – Denzel riu – Afinal, eu herdei um pouco das habilidades dele. E você iria preferir muito mais um cara jovem como eu, certo? – ele piscou – Escolha. Seu salvador, ou um exército de guardas tão preparados quanto este cara.

– Você é nojento – virou-se. – Eu irei ficar. Aposto que príncipe Adam logo me resgatará, com cem mil soldados a cavalo.

– Sonhos de verão, para uma garota no inverno. – Denzel deu de ombros – Tudo bem. Eu acabei de matar um homem por sua causa.

– Minha causa? Agora está me culpando? – virou-se para ele, vendo-o sorrir, vitorioso. – Seu bastardo.

– Ah, você acertou. Meu pai me gerou com um estupro, lembra? A duquesa. – Denzel riu. – Venha logo, menininha. Estou ficando impaciente. Você pode escolher morrer agora, ou pode escolher morrer quando os guardas chegarem. – Denzel apontou a arma para ela. – Diga, e eu acabo com seu sofrimento.

– Você... É um monstro! – gritou, porém sua voz foi abafada por passos, muitos passos. As luzes vermelhas pararam de piscar, e uma sirene ensurdecedora tomou os corredores, ecoando.

– Ótimo. Eu escolho – Denzel avançou. Ashley fechou os olhos, colocando os braços a frente do corpo e se encolhendo, porém ele não lhe bateu, ou atirou, apenas agarrou suas costas e a colocou sobre o ombro, correndo pelo corredor. De cabeça para baixo, Ashley sentia a bochecha contra as costas de Denzel. – Feche os olhos! – ele gritou – Vai ter muito sangue! – o primeiro disparo tornou suas palavras ainda mais fortes. O segundo a fez gemer, aflita. Outros disparos, um atrás do outro. E não só vindos de Denzel, de outras armas, outras pessoas. Ele corria com velocidade surpreendente, e ainda mais surpreendente era que conseguisse levá-la sem muito esforço.

O cheiro de sangue inundou o ambiente, e de repente dor em sua cintura explodiu. Algo quente pulsava pela roupa, manchando-a de negro. Mordeu os lábios, as lágrimas se formando. Denzel de repente oscilou, mas voltou a correr com força, gemendo a cada passo. Teve certeza de que ele tinha sido atingido também. Estavam perdendo a corrida. Não podiam. Ele virou um corredor e então jogou-a para longe, contra uma parede. Abriu uma porta, e a agarrou pelo pulso, atirando-a novamente para o lado. Ele fechou a porta com brutalidade e trancou-a com um pedaço de madeira que jazia entre algumas caixas. O Sol cegou Ashley por algum tempo, até se acostumar. Denzel ofegava, porém não descansou, até ter certeza de que a porta estaria fechada. O beco onde saíram fedia a comida podre. Gatos saltavam de latas de lixo e caixotes empilhados, com pedaços de pano e caixas de diversas marcas formavam barracos para moradores de rua. Denzel olhou o céu, branco, e respirou fundo, virando-se para ela. Não tinha mais a arma em mãos, e no lugar dos dedos, encontrou apenas sangue. Encarou.

– Não é o meu sangue – ele disse – É o seu – e então a agarrou pelos braços, virando-a. Observou o ferimento na cintura, rasgando o vestido.

– Cuidado!

– Ah, claro, princesinha – ele debochou, enfiando um dedo dentro do ferimento. Ashley gemeu, a dor era grande. – Não se preocupe, não atingiu nenhum local perigoso. Posso tirar a bala daí, mas se fizer haverá infecção. Vou levá-la até um amigo.

– Amigo? Algum outro rapaz maluco que mata outras pessoas sem se importar?

– Exatamente. Mas ele sabe cuidar de ferimentos, eu não. – Denzel sorriu, sarcástico. – Agora cale a boca, estou cheio de sua voz irritante. Se soubesse que falava desse jeito, tinha fugido sozinho.

– Fugido? Por que fugiu?

– O que foi? Pensou que eu só estava te salvando por ser um cavaleiro de armadura reluzente, cavalo branco, espada de fogo e... – ele gargalhou – Não, menininha. Eu estava salvando minha pele. E resolvi salvar a sua no caminho. Tenho um pouco de sangue nobre. – ele piscou – A duquesa, lembra?

– Claro, a duquesa. – revirou os olhos, sentando-se sobre uma das caixas do beco. – E onde está este seu amigo maluco? Não me diga que pretende me carregar até ele.

– Eu faria isso – Denzel concordou – Se agüentasse. – e então apontou para a panturrilha, de onde sangue jorrava. – Acho que terei de fazer um telefonema. – e então tirou do bolso um celular velho, discou o número e falou rapidamente com o “amigo”. – Ele virá daqui alguns minutos. Clientes. – ele deu de ombros, sentando-se em outra caixa. – Então, menininha, qual seu nome, posso saber?

– Não acho que seja digno. – desviou o olhar dele, enquanto Denzel reprimia uma risada.

– Claro, claro. Um bastardo maluco e assassino com certeza não é digno de saber o nome de uma menininha.

– Pare de me chamar de menininha. Eu não sou uma menininha. Sou mulher. Uma mulher adulta. – Ashley esnobou – E sou rica. Meu pai é um grande executivo, meu irmão uma estrela do pop e tenho uma carreira de artista. Provavelmente já me viu na televisão.

– Ah, já vi. – concordou ele – Enquanto mudava os canais sem parar até o jogo do meu time. – ele sorriu – Seu pai pode ser um executivo, e seu irmão pode ser um astro da música. Mas no momento, você é minha prisioneira, e eu posso fazer o que quiser com você.

– Claro, prisioneira. Vejo as algemas em minhas mãos. – ela ergueu os pulsos. Mas Denzel apenas riu novamente, e isso a irritou. – O que foi? Está sempre rindo, como se achasse tudo uma piada.

– Mas tudo é uma piada. – Denzel esticou as pernas, apalpando o ferimento. – O mundo é uma tremenda piada. E você é a mais idiota das piadas. Afinal, estamos em guerra. Ponto para a América. – ele gargalhou.

– Seu sotaque. Você não é britânico.

– Você deveria saber que sou americano. – Denzel ergueu uma sobrancelha. – Sul-americano, aliás. Uma espécie quase extinta, então sinta-se com sorte de encontrar um espécime tão bom dela.

Sul-americano. Ele era um dos que vivia nas Américas. Como tinha conseguido entrar na Inglaterra? Como atravessaram as muralhas que os mantinham afastados? As perguntas acumulavam-se em sua mente, mas Ashley não conseguia realmente acreditar nelas, ou em Denzel. Se ele realmente fosse americano, então estava contaminado com a Praga. Seus olhos seguiram-no, o horror estampando-se em seu rosto. Denzel notou. Ele sorriu.

– As engrenagens funcionam nessa cabecinha – balançou a cabeça. – Vejo que já concluiu que eu tenho a Praga. – ele suspirou – Que pena, tinha esperança de conseguir seduzi-la com meu charme, força e beleza. – ele riu – Pode ficar tranquila. Você também já tem a Praga. Na verdade, esta cidade inteira já tem a Praga. Londres já está condenada. – ele abriu os braços – Viu como tudo é uma piada! – gargalhou, e então parou, de repente. Virou o corpo, encarando o final do beco, onde um homem caminhava, vestido de sobretudo preto, os cabelos ensebados grudando-se em tranças e os olhos cobertos por óculos escuros. Ele parou ao lado de ambos e abriu um sorriso de dentes tortos. – Octor! Cada dia pior!

– Meu amigo Denzel – Octor abraçou-o. – Como sempre, se metendo em encrencas. Papai ficou bravinho novamente?

– Digamos que ele ficou com dor de cabeça. Sabe como é, às vezes balas no meio da testa atrapalham o sono de um bêbado. – sorriu, e Octor gargalhou alto. Ashley encolheu-se. Além dos guardas, Denzel matara o próprio pai. Como ele podia? Como ainda sorria, como ainda estava com ele? Levantou-se, decidida a correr o mais rápido que conseguisse. Então lembrou-se da bala, e a dor envolveu-a. Sentou-se novamente. – Esta é uma garotinha que eu peguei para mim.

– Garoto rápido. – Octor analisou-a – É bonitinha. Mas pequena demais. Mulher para mim tem de ter corpo de verdade – ele gargalhou.

– Não é mulher, é uma menininha. – Denzel cruzou os braços – Mas você não vai fazer seu trabalho logo, vai? Está me devendo.

Octor concordou com um meneio e ajoelhou-se diante de Ashley. Ele sorriu, simpático, muito mais simpático que Denzel. Abriu o sobretudo e tirou de um dos bolsos gaze, de outro uma garrafa de água e uma caixa pequena de linha e agulha.

– Irá doer – ele avisou. – Mas tentarei ser gentil. – Octor observou a ferida pela abertura que Denzel fizera no vestido e então molhou o gaze na água, limpando-a. Ashley segurou firme, até que terminasse. – A segunda parte é ainda pior, irei costurar. – ele tirou a linha da caixa e a agulha, preparando-os e então espetando a primeira ponta em sua carne. Ashley geme, mas mordeu os lábios com força, enquanto ele costurava. Denzel observava, de cima, alisando o queixo. quando Octor finalmente terminou, Ashley já havia se acostumado com as pontadas de dor. Ele colocou um pouco de gaze sobre os pontos e sorriu. – Terminei. – anunciou, orgulhoso. – Agora é sua vez, rapaz. – levantou-se para Denzel, e ele a empurrou para o lado, sem pedir permissão. Ashley apenas revirou os olhos, lhe dando espaço para sentar. Octor analisou o ferimento na perna de Denzel com cuidado. – Isto aqui está ruim. – disse – Vai demorar para curar.

– Eu não me importo. Apenas tire a bala daí. – resmungou.

– Aliás, menina – Octor chamou-a – Não se preocupe com o ferimento. Foi de raspão.

– Eu já tinha visto isso – Denzel revirou os olhos, irritado – Quer fazer seu trabalho logo?

– Certo, certo, madame. Às vezes odeio seu sangue nobre. – Octor sorriu, limpando o ferimento de Denzel.

Ele observava, sem expressão. Ashley se impressionou com o modo como Denzel parecia não sentir dor. Enquanto Octor limpava o ferimento, Denzel virou a cabeça para ela, e encararam-se por alguns segundos, antes dele sorrir, o primeiro sorriso sincero.

– Tenho de tirar essa bala – anunciou Octor.

Denzel abriu a boca para protestar, quando Octor iniciou o processo para retirar a bala. Denzel exclamou, agarrando a mão de Ashley ao seu lado. Apertou-a, enquanto Octor vasculhava o ferimento. Denzel gemeu novamente, e de novo, até estar com o rosto vermelho e os olhos molhados.

– Essa coisa não quer sair – Octor respirou fundo.

– Essa coisa é minha carne! Você já cortou umas quinze veias ai. Se tocar a minha artéria, eu te mato!

– Olhe, achei um pouco de osso – Octor sorriu, enquanto Denzel reprimia um grito de dor. Ashley não reclamou por Denzel descontar a raiva em sua pobre mão, apertando-a a medida que Octor avançava. Enfim, a bala saiu, e ele suspirou, aliviado. Octor gargalhava. – Você é um franguinho, Den. A menininha foi mais quieta que você.

– A bala não entrou na carne dela – ele se defendeu, mas visivelmente aliviado. Octor limpou novamente o sangue ao redor do ferimento e colocou a linha na agulha. – O que está olhando? – ele resmungou para ela, irritado.

– Você ainda está segurando minha mão.

– Porcaria – Denzel soltou-a, enquanto respirava fundo e encarava o serviço de Octor – Vou cobrar por isso, viu?

– Cobrar pelo meu trabalho?

– Você estava me devendo! – Denzel gritou, mas desistiu de continuar com aquilo – Apenas feche logo essa porcaria!

Octor riu, e concordou com um meneio, lançando uma piscadela para Ashley. Ela acabou sorrindo também. E Denzel os mandou para o inferno.


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Notas finais do capítulo

Quero muito agradecer à leitora Ella Lancaster pela recomendação! *-* Adorei! E como você diz, o seu único erro terrível foi escrevê-la sem saber se mais alguém iria recomendar, pois se eventualmente alguém mais recomendar, irei perder a sua recomendação T-T Odiei essa atualização do Nyah que não nos deixa ver as recomendações antigas...
Beijos da Meell Gomes!



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