Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 36
Príncipe Adam


Notas iniciais do capítulo

Sei que o próximo deveria ser do Nikolai, mas a carta chegou primeiro. Boa leitura.



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Capítulo 35

Príncipe Adam

“No mundo moral os mais belos sentimentos brotam, muitas vezes, a exemplo das flores: na podridão” – Joaquim Nabuco

Kid Abelha - Fixação

Sei que confio aí meus maiores tesouros, e talvez tão preciosos quanto meu cargo e herança, mas que escolha tenho, a ver o perigo correr por onde vou? Não é certo manter-te junto a mim. Pois então, confio tu a mãos sagradas. E na esperança de uma resposta, rogo aos céus, para que te livres desta imundície.

Minha Querida Nique,

Há um dia parti, e já sinto tua falta. Seria ilusão ou meramente sonhos acordados? Vejo-te sempre que rolo a cabeça para o lado, ou para o outro. Esperando me desvencilhar do mundo ao redor, caio em teus braços. Braços tão longos, tão curtos. Tão próximos e tão perigosamente distantes. Logo digo, esta não é uma carta de boas-novas. Não é uma carta para tu, mas sim para mim mesmo. Para aliviar minh’alma. Sei que não te disse sobre elas, na verdade, decidi-me há quarenta e seis minutos, escrever isto. Sim, quarenta e seis. Pois foi difícil escolher o papel, a caneta ou o início. Deveria chamá-la de “Dominique, minha amiga” ou “Para Dominique”? Acho eu que fui íntimo demais, talvez ousado demais. Todavia, faço isso para aliviar essa distância. Talvez, se fingir bem forte, te vejo novamente aqui.

Hoje, desperto no outro lado do mar. Um oceano nos separa. Essa distância grita nos meus ouvidos, como se fosse uma fixação. Talvez seja. Talvez seja loucura, ou mera distração, para meus ombros tão cansados. Você seria minha distração? Um ponto onde poderia me perder dos problemas? Desejo te ver como uma escapatória. Mas isso seria errado? Se importaria de ser minha escapatória, Nique?

Quando vejo ao redor todo o solo compacto, o Sol ardendo firme, abafado, entendo porquê dizem que a Península é a líder em tecnologia. Árvores não há. Tão pouco vi rios ou céu azul. Apenas cinza. Mas não o nosso cinza, não como a Inglaterra, com sua névoa suave, sua serena brisa, o orvalho. Cinza indústria. Cinza fumaça. Um cinza tão negro. Eis outra coisa que aflige minha mente: por que usamos o termo “negro” para algo ruim? Morte negra. Casa negra. Ovelha negra. Que mal há no preto? Ou no escuro? Acho sempre tão adorável e admirável, uma vela brilhando na penumbra. Ou a Lua, em meio a toda a imensidão escura. Mas não pelo brilho, e sim pela imensidão. Infinito. Como essa distância entre nós. Ah, novamente à distância. Isso corrói meus neurônios!

Eu poderia tentar ligar para você, mas me surgiu a idéia: que tal algo antigo? Eu amo cartas. Penso que você também gosta. Não me importa se responder com um e-mail ou pombo-correio (pombo-correio? Às vezes pergunto-me se onde tiro isto). Você com certeza me pensa um bobo. Eu te penso encantada. Flor nascida em concreto. Fruto doce de um limoeiro. Mas deixo de te pensar, pois quanto mais instigo, mais desejo. E já se torna vício. Só não és pecado, por tua brandura e pureza. Sabe, Nique, te sinto angustiada. Te vejo amargurada. Há algo que um fratulento desejoso pode fazer para ajudar a um anjo a não cair mais?

Sorriso, sorriso. Não sei porquê sorrio. Seria maldade por minha parte? Ande, ande, Dominique, ajude-me a esquecer o céu cinza-fumaça. E Londres temos chaminés. Cante uma ou duas canções de Mary Poppins, por favor? Ou teria de dizer, por obséquio?

Gostaria que pudesses acalmar os órgãos, assim como me acalmas. Mas guarde-se em essência para mim. Não sou santo, não cultivo o altruísmo. Não culpo a natureza humana, assumo as responsabilidades. Mas sou sempre exatamente o que todos querem, apenas contigo, não posso ser também egoísta? Agora coro. Estarei dizendo que és minha? Perdoe-me a ousadia.

Aqui há rei, há príncipes e princesas, até mesmo uma rainha francesa. Mas não há você. Nique, Nique, Dominique. Que vazio é este que sinto no peito? Há palavra para isto? Uma definição, figura de linguagem? Poderia chamar de Dominique, uma peça que falta.

Dominique. Encaro minhas palavras, vermelho. Calor sobe às maçãs. Estou falando bobagens. Ah, Nique, Dominique, não agüento. Responde-me! Com tua letra, tua mão. Escreve-me, Dominique. Rogo-lhe. Põe teus dedos ao redor da caneta, prepara a tinta e pousa teu pulso de mulher sobre a folha. Me pensa, me sente. Me tira deste palácio e me traz de volta à minha terra.

Abraço, de teu príncipe e amigo,

Adam.

PS: Sei que arrependo-me de grande parte do que escrevi, mas mando mesmo assim a carta original. Pois quero que tenha conhecimento de meus devaneios e loucuras, que mexem contigo e comigo. Não tenho permissão para tal, para fazer em segredo, tenho? Creio que não.


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer a segunda recomendação da fanfic! Gabriella Jackson, obrigada *-* As outras (outro) que quiserem também recomendar, estou aceitando -q
Hahaha, beijos!



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