Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 32
Charlotte, Lydia & Jasmine


Notas iniciais do capítulo

Desculpe-me se este capítulo não ficou tão bom quanto os demais. Tive um bloqueio enquanto escrevia, lamento. Boa leitura.



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Capítulo 31

Charlotte, Lydia & Jasmine

“Há corações como a hera, que, onde quer que se encosta, prende-se com raízes” – Júlio Diniz

Pousou as mãos sobre os joelhos, enquanto deixava a luz do Sol banhar seu rosto. A pele já se acostumava com os banhos solares que vinha tomando. O céu francês com certeza era mais azul que o inglês, mas ela ainda preferia observar o cinza claro ao anil. As criadas tagarelavam, enquanto arrumavam as cobertas da cama, trocavam a água em que lavaria o rosto, colocavam novas toalhas para seus banhos. Mas há dias não prestava mais atenção nestes detalhes banais. Desde o sorteio, quando exatamente tudo começou a ruir. Adam disse que estaria esperando por ela em seu castelo, ótimo. Mas quem diria que teria de ir para a França? Para o outro lado do mar, com um príncipe que não conhecia, com pessoas que não conhecia, um céu que não conhecia. Suspirou. Suas esperanças de uma possível vida com seu único e profundo amor foram arrancadas. Estava condenada a lutar por Louis, ou a ver Adam se casar com outra. Não que eles tivessem um relacionamento antes, como um príncipe se casaria com uma... Uma garota comum como ela? Por mais que seus pais fossem amigos, prioridades devem ser mantidas.

– Senhorita Charlotte, gostaria de se banhar agora? – perguntou a criada loura, que ela não se dava ao trabalho de guardar o nome.

– Já me banhei – respondeu suavemente, enquanto sorria, embora quisesse chorar. Sentia que jamais amaria Louis. Queria, mas não podia. Já havia alguém em seu coração. E ardia. Ah, com ardia aquele amor... Suspirou pela segunda vez, chamando a atenção das criadas.

– Há algo que te incomoda, Senhorita Charlotte?

– Nada demais. Apenas... Saudades de casa.

– Deve ser difícil deixar o lugar onde sempre morou, mas aqui você poderá encontrar um novo lar, talvez um marido e rei. – ela sorriu, um sorriso gentil, porém Charlotte não sentiu o calor dele. Há muito havia deixado de sentir o calor das coisas. Ela odiava isso. Odiava sentir-se como uma garotinha apaixonada que não conseguia fazer mais que deitar-se e chorar no travesseiro. Odiava sentir-se como se estivesse em uma prisão. Suspirou, pela terceira vez. Mas antes que as criadas pudessem perguntar por algo, a porta abriu-se com um estrondo e guardas adentraram, armados, o quarto. As criadas gritaram surpresas, e os homens se direcionaram a Charlotte. Ela apenas os observou e então soltou o quarto suspiro.

– Sim?

– Senhorita, venha conosco. O castelo está sendo invadido.

– Invadido? Invadido por quem?

– Por camponeses. – um deles segurou seu braço tão forte que sentiu o sangue parar de circular. Seguiu-o, virando o corredor e descendo as escadas. Cruzou o Salão das Mulheres, onde cenas de ataque e destruição se passavam. Tudo como um filme, diante de seus olhos, não importava. Nada importava. Haviam homens pulando sobre os quadros nas paredes, ateando fogo ao trono real, agarrando criadas indefesas e estuprando-as diante de todos. E ela continuava seguindo os guardas, e eles ignoravam tudo.

– Não deveriam fazer algo ao invés de me salvar? – perguntou – Por que ninguém está nos parando?

Um dos guardas virou a cabeça para ela e então sorriu.

– Nós também somos camponeses.

º º º

O espaço era pequeno, e as paredes erguiam-se a dois metros. Geladas como metal. Bancos duros serviam-lhes como camas, ao longo de seis metros de cumprimento e um metro e meio de largura. Caminhar em dupla era complicado, e as luzes precárias de lanternas logo se apagariam. Haviam perdido a noção do tempo, e Madame continuava abraçando-se, em estado de choque. Elas eram trinta e cinco selecionadas do lado de fora, colhendo flores e frutinhas do outono. E então jaziam em quinze. Jasmine entregou a Lydia parte do pão que haviam lhe entregue para que comesse. Os suprimentos no abrigo anti-bomba estavam todos vencidos ou embolorados, mas após uma boa procura, encontraram alguns em conserva.

– O abrigo foi reabastecido não faz muito tempo. Um mês, talvez. – comentou uma das garotas que conseguira se salvar. – Mas a água tem um gosto estranho e não temos banheiro. Logo seremos obrigadas a sair daqui.

– Você acha que o tornado já passou? – perguntou outra, ao lado de Lydia. – Quanto tempo demora para um tornado morrer?

– Eles morrem? – uma terceira se pronunciou – E se demorar dias? Talvez semanas. Eu nunca vi um tornado assim, não temos isso na Península.

– Não importa. Alguém tem de sair e ver como estão as coisas do lado de fora. – decidiu a primeira. – Só precisamos decidir quem.

Jasmine sentiu Lydia estremecer ao seu lado. Haviam se salvado de um tornado para morrerem hesitantes dentro de um abrigo? Com certeza não. Mas Jasmine não estava totalmente disposta a sacrificar sua vida. E sabia que nenhuma das outras estava. De repente Madame levantou-se, uma das lentes de seu óculos quebrada oscilava, enquanto ela caminhava em direção ao centro do abrigo, onde todas poderiam vê-la. Quando parou, Jasmine notou como andava, mancando. A mulher havia corrido tudo o que podia em meio a chuva, e salvou-as. Deveriam agradecer por isso.

– Como uma boa senhorita chinesa, eu deveria me oferecer. – ela disse, a voz trêmula. – Porém creio que, caso saía, não consiga me... Me controlar. – ela engoliu em seco, realmente trêmula. – Mas uma coisa poderia resolver o problema de vocês. Quem se voluntariar para sair, terá o direito de conhecer Syaoran pessoalmente.

“Ninguém nunca o viu”, Jasmine pensou, embora no fundo estivesse querendo acreditar nisso. Ela já o tinha visto. Um intruso de quartos, era o que ele era. Mas jamais voltara a vê-lo. Nem mesmo para marcarem de se encontrar para ir ao templo, como o príncipe havia sugerido. Ele desaparecia, e de repente surgia em algum lugar. Como um ninja. O pensamento pareceu tão ridículo que quis estapear-se. Entretanto, viu a mão de Lydia levantar-se em meio a todas. Ela tinha os olhos bem abertos, os cabelos desarrumados e os lábios entreabertos, entretanto não estava trêmula como Madame, ou pálida como as demais. Jasmine sentiu algo forte dentro do peito, como uma dor insuportável. Ela precisava encontrar um médico, rápido.

– Tudo bem, senhorita Lydia, nós agradecemos por sua coragem. – Madame se curvou diante da selecionada e voltou a se sentar. Lydia começou a caminhar, porém o reflexo imediato a impediu de continuar. Jasmine segurava sua mão.

– Eu vou com você – disse, quase confiante demais, enquanto a menina encarava por cima do ombro. “Não somos amigas. Não somos conhecidas. Eu só sei seu nome pois... Pois sei o nome de todas”, Lydia respirou fundo e assentiu. Elas subiram as escadas e ativaram as alavancas da porta, que se abriu. O Sol invadiu o abrigo, cegando o grupo de garotas e aquecendo-as. Só então notou o cheiro de mofo dentro do abrigo, algo com o qual já havia se acostumado. Lydia saiu rapidamente e deu a mão a Jasmine. – Acho que já amanheceu...

– Você acha? – Lydia observou, com um sorriso, a plantação de algodão. Ao longe, cavalos atravessavam o campo, em direção a elas. Guardas. Ergueu os braços e movimentou-os rapidamente sobre a cabeça. – Estamos aqui! – gritou, o mais alto que pôde. – Estamos aqui!

Jasmine ajudou-a, e em menos de cinco minutos os homens as ajudavam a sair do abrigo. Seus rostos demonstravam alívio, embora alguns estivessem um pouco mais que aliviados. Quase... Culpados. Madame explicou o que acontecera e como haviam corrido para o abrigo. Lydia observava os cavalos, quando sentiu a mão de Jasmine apertar fortemente a sua. Só então notou que a segurava.

– O que foi? – questionou, virando-se, e então compreendeu. Cavalgando com o Sol, os cabelos balançando levemente, os olhos fechando-se para evitar a claridade, as mãos enluvadas nas rédeas e a farda vermelha sobre o peito. – Oh... Um príncipe de cavalo branco. – riu, embora não tivesse motivos para rir. Deveria estar em choque, como as outras, certo? Por outro lado, Jasmine apertava ainda mais forte sua mão, como se quisesse fugir dali a toda velocidade. Ela parecia conhecer aquele rapaz, enquanto ele descia do cavalo e passava os olhos sobre todas.

– Vocês estão bem? – ele perguntou, o tom de voz realmente preocupado. Os guardas abriram espaço – Estão todas bem?

– Todas não, senhor. Essas são quatorze das trinta e cinco.

– Quatorze? – ele ergueu as sobrancelhas. – Como quatorze? Só encontraram cinco corpos no campo. Onde estão as outras?

– Fugiram para algum outro lugar. Ou o tornado as levou. – respondeu o guarda que parecia ser comandante dos demais. O rapaz mordeu os lábios e então virou-se para elas. Os olhos esverdeados brilhando, a barba crescendo pelos lados, enquanto ele carregava a cor típica de quem vivia no Sol.

– Creio que ainda não me conhecem, senhoritas. – ele se curvou levemente – Sou Syaoran, Príncipe da China, herdeiro do trono e o futuro esposo de alguma de vocês – seu sorriso era gélido, e os olhos estavam em outro lugar, não ali. – Não se preocupem, estarão a salvo ago...

– Quero ir para casa! Quero ir para casa agora! – exclamou uma das garotas.

Mais vozes se juntaram a ela, e então das quinze selecionadas, duas ainda se mantinham caladas. E pela segunda vez, Lydia notou que apertava a mão de Jasmine.


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Notas finais do capítulo

Então, para deixar tudo mais claro: soldados americanos aportaram na Inglaterra, mais precisamente na praia perto do castelo real. Camponeses tomaram o castelo francês. A família real russa está caminhando para as garras do Imperador japonês. Isso é o que acontece neste exato momento na Europa e na Ásia. Mas vocês querem saber o quê acontece na América?



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