Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 25
Cosette Étienne Villeneuve


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/593724/chapter/25

Capítulo 24

Cosette

“O sono da morte exclui os sonhos e pesadelos da vida” – Marquês de Maricá

Tom Odell – Can’t Pretend

– E então? Eu não vou deixá-lo sozinho. Não para ele tentar se asfixiar com o travesseiro. – Marina suspirou, enquanto acariciava a cabeça de Isao, os cabelos negros entre seus dedos longos e as unhas pintadas de vermelho vivo. – Vamos dividir as noites. E de dia... Podemos tentar...

– Madame irá saber. – Cosette observou o modo como a camisa de Isao elevava-se em sua costas, deixando a mostra a pele branca. E o começo de uma cicatriz na coluna. Desviou o olhar, puxando o tecido para baixo. Não queria encarar aquilo. Nunca mais. Não queria pensar nisso. – Mas podemos fazer isso. Eu não me importo se formos penalizadas. Ele... Já foi penalizado demais.

– Me pergunto pelo quê. – Marina sorriu, tristonha – O que ele fez? Pais não odeiam os filhos por qualquer motivo, certo? Quer dizer, meu pai não era a pessoa mais atenciosa do mundo, mas ele me mandava dinheiro. Isso significa que me amava, certo? Ou se preocupava. Ele nunca... Nunca me bateu. – ela respirou fundo. – Olhe, se quiser ir, eu posso ficar com ele. Mas... Obrigada. Por me ajudar. Acho que não conseguiria sozinha.

– Eu vou ficar hoje. – disse, decidida, embora não soubesse porquê. “Talvez aconteça de novo”. Suspirou. Ataques de depressão? Coisa de adolescente? Onde a Rainha mantinha sua cabeça, honestamente falando? Onde havia algo de “hormônios fora de controle” em relação a Isaac querer se matar e a odiar a si mesmo, temer a todos e achar que simplesmente é um monstro? Deslizou a mão sobre as costas dele. Era firme, forte. E incrivelmente deformada. As linhas. As cicatrizes. Conseguia sentir pela camisa. – Meus pais se separaram quando eu tinha quatorze anos. Foi difícil, eles viviam brigando e só eu conseguia separá-los. Diziam que era meu sorriso encantador... – riu, pois soava ridículo – Um pequeno raio de Sol.

– Acho que pode ser mais verdade do que pensa. – Marina encarou-a – Algumas pessoas nascem com o dom de acalmar as outras. Assim como algumas pessoas nascem com o instinto de proteger os mais fracos. Ajudá-los a se reerguer.

– Como você?

– Eu... – Marina deixou as madeixas de Isao escorrerem por entre seus dedos, enquanto segurava os cabelos dele. – Não sei. Nunca tentei proteger alguém, de verdade. Ninguém esteve em perigo real para que fosse preciso proteger. E espero que nunca precise. – Cosette notou o quanto ela estava incomodada com isso, então concluiu que deveria mudar de assunto.

– Então, Mar... Posso chamá-la assim?

– Claro. – Marina sorriu. – Me chamavam de Mar, na academia de boxe. Quando as meninas podiam treinar. Diziam que eu era como o mar, violento e cheio de energia. Mas gracioso.

“É bonito, não? Como ele é violento e gracioso. Parece dançar sobre minas terrestres”. Respirou fundo. Por mais que quisesse, não conseguia afastar as lembranças sobre a noite passada no farol. Isao tinha mostrado seu lado frágil, e ainda estava sobre controle, por mais que fraco, mas ainda sobre o controle de sua sanidade. E ele queria um abraço, e ela lhe deu. E ele a chamou de sua salvadora. “Iria se matar. E eu o impedi”. Isso deveria deixá-la orgulhosa de si mesma? Pois sentia-se péssima. Como alguém podia desistir da própria vida? Quantas coisas terríveis ele teve de suportar por dezoito anos, até que enfim ela o encontrasse? Ela e Marina? Encarou a espanhola, os cabelos presos em um rabo de cavalo, cacheados. Jamais a deixaria. Sentia isso. Marina era uma guardiã, como ela. Iriam proteger Isaac. Iriam lhe dar todo o amor que ele não recebera. Ou tentariam. E o manteriam vivo.

– Sobre a União Eurásia... Acho que entendo o que ele quis dizer. Isaac é primo dos príncipes russos. Isso significa que a mãe dele é irmã do Czar. Ela se casou com o Imperador por interesse, certo? E agora quer o trono da União. E o Imperador deve querer também. Se os gêmeos morrerem...

– Eles não vão morrer. Duas pessoas não morrem de uma hora para outra. Principalmente se forem príncipes. – Marina revirou os olhos, mas ficou em silêncio por um bom tempo. – Mas é possível. – de repente os olhos dela começaram a brilhar – Hoje a Madame disse que os príncipes estão vindo para visitar o Isaac. Foram convidados. Você entendeu? Eles estão vindo para cá. Todos. A família real. Inteira. Ou o que sobrou dela.

– E isso significa que está fácil para o Imperador matar todos. Como um acidente. – Cosette sentiu os pelos de sua nuca se arrepiando. Quer acreditar que o Imperador jamais faria isso, mas... Olhe o que ele fez com Isaac. – Não podemos deixar que isso aconteça, Marina. Temos que avisar os príncipes e...

– E então elas vão embora e o Isaac permanece aqui, agora totalmente inútil para o pai. – Marina a encarou, parecia decidida com algo. E isso a incomodava. Cosette não gostava de ver pessoas como Marina determinadas deste modo, pois normalmente era impossível tirar qualquer coisa de suas cabeças, e normalmente era uma loucura. – Vamos fugir. Nós três. Vamos fugir daqui e ir para algum lugar distante, cuidar do Isaac até que ele recupere a estabilidade.

– Raptar o príncipe? Está louca? Não podemos simplesmente tirar o Isaac do palácio. Além disso, há guardas por todos os lados, seria impossível. – suspirou – Nós temos que cuidar dele. Somente isso. E quando a família real russa chegar, nós avisamos sobre os planos do Imperador, e então eles vão embora. E assim, tudo continua. E a Seleção...

– O Imperador irá nos mandar embora. E quando isso acontecer, adeus Isaac, adeus palácio, adeus tudo. – Cosette deitou-se sobre o ombro de Marina. – O Imperador vai escolher uma esposa para o Isaac. E nós seremos deletadas da memória dele.

– Eu o mataria se ele nos esquecesse – Marina riu, fraco, deitando também a sua cabeça. – Se quiser dormir, eu fico acordada.

– Obrigada. – sorriu, e fechou os olhos, enquanto sentia uma das mãos agarrada aos dedos do príncipe louco, e a outra mão agarrada aos dedos de uma corrente da maré, violenta e graciosa. Cosette sentia-se bem, por mais que soubesse que era por pouco tempo.

º º º

– Bela adormecida – sentiu o cutucão na bochecha, enquanto despertava. – Bela adormecida, acorde. – novamente o dedo em sua bochecha. Abriu um dos olhos, o suficiente para vê-lo. Os cabelos negros arrumados, os olhos castanhos grandes e os lábios contraídos. Isao ergueu as sobrancelhas. – Bom dia. – levantou-se, enquanto buscava uma xícara de café. Cosette coçou os olhos, bocejando levemente. Marina estava sentada no chão, o controle do videogame sobre as pernas, ela vidrada na televisão. Encarou-a, e então virou os olhos para ele. Estava levantado, vestido, e cheirava a limão com mel. Isao sorriu. – Admirando minha beleza?

– Você estava...

– Morto? É, eu estava morto. – ele deu de ombros – Mas se chamam “Ataques”, não esperava que eu ficasse a vida inteira em uma fossa, certo? – ele riu – Ei... Obrigado. Já está satisfeita? Agora venha beber um pouco de café, minha ovelhinha.

Marina não disse muito, além de um rápido bom dia, enquanto lutava contra um jogador pelo videogame. Ela movia os braços e mordia os lábios com força, como se isso fosse ajudar o seu personagem a vencer a luta. Isaac sentou-se ao seu lado e começou a gritar botões para ela apertar. Cosette observou-os e então pegou uma das xícaras, encheu-a de café e esperou esfriar o suficiente para beber. Isao estava bem, isso era ótimo. Mas Marina estava acordada. Isso queria dizer que ela ficou a noite inteira acordada.

– Mar, você não quer dormir? – perguntou.

– Dormir? Se você dormir na Espanha, morre estuprado e com dois tiros na cabeça. – ela ajoelhou-se, apertando todos os botões com fúria – Então, não, eu não preciso dormir.

– Você não está na Espanha – Isao tirou o controle das mãos dela, puxando os fios do videogame com força – Vá dormir, agora.

– O quê, mas... Eu estava ganhando! – ela agarrou-o pela camisa.

– Pode ganhar de novo depois que dormir um pouco. – ele deu de ombros, sorrindo. Marina revirou os olhos, jogando-se sobre a cama. Cosette sentiu um pouco de felicidade ao notar como o príncipe não estava mais violento ou grosseiro. Isao notou como o observava. – A Bela Adormecida aprecia a minha beleza novamente?

– Eu só estava pensando sobre ontem.

– Não pense. Por favor. – ele virou os olhos para o chão – Apenas esqueça.

Não disse mais nada, pois simplesmente não tinha o que dizer. Não sabia se Isao sentia-se envergonhado com o que se passara, ou se ele simplesmente não queria se lembrar. Assim, permaneceu em silêncio, até que terminasse seu café. Isao, sentado em uma das cadeiras de sua pequena mesa, observava o fundo de sua xícara, pensativo. O silêncio dizia que ela o estava irritando. Levantou-se.

– Eu vou embora. Hoje terei uma revisão para a prova de japonês.

Isaac levantou-se e agarrou sua mão, impedindo-a de partir. Sua respiração estava acelerada e seus dedos envolviam o pulso de Cosette com força. Ver o príncipe, derrubando sua cadeira e se precipitando para a frente apenas para detê-la de ir embora era alo que Cosette não esperava, e sentiu o rubor crescendo nas bochechas.

– Não, fique – parecia quase suplicar.

– Tenho de estudar, ou irei embora. Amanhã farei uma prova e as três piores notas irão deixar a Seleção. Você quer que eu saia?

– Não. Não quero que saia do meu quarto e da Seleção do meu pai. – Isao sorriu, um sorriso de quem tinha um plano. – Por isso, eu vou ensiná-la, ovelhinha.

– Você? – estava quase descrente. Isao não podia ensiná-la. Quer dizer, qual a competência que ele tinha? E sobre o que ele poderia ensinar?

– Claro. Quem melhor em japonês que o príncipe do Japão. Tive de aprender todos os dialetos, kanjis e o que você imaginar. Idiomas e letras que nem mesmo se usa no dia-a-dia. Prometo ser um ótimo professor. Você e a Marina logo serão as favoritas de meu pai. Vou ensinar tudo o que precisam saber. A começar pelos cumprimentos básicos. “Ohayou” significa bom-dia. Só dizemos bom-dia pela manhã.

– Ohayou. – repetiu.

– Ohayou gozaimasu – Isaac sentou-se ao seu lado no sofá – usamos para cumprimentos formais. Assim como “arigatou gozaimasu” ou “domo arigatou”. Entende. Se você fosse me cumprimentar pela manhã, o que diria?

– Ohayou.

– E se fosse cumprimentar meu pai?

– Ohayou gozaimasu.

– Perfeito. – Isaac sorriu – Viu como sou um ótimo professor?

– Ou eu uma ótima aluna.

– Tanto faz – ele deu de ombros. - Agora vou te ensinar como escrever “ohayou” em Hiragana. Seu nome é estrangeiro, por isso temos de escrevê-lo em Katakana.

– Qual a diferença entre Katakana e Hiragana?

– Hiragana é como... um silabário. O Katakana também. Eles possuem as mesmas letras, porém escritas de modo diferente. Nós não usamos as letras romanas, mas sim sons, sílabas. Com exceção das vogais. A, I, U, E, O.

– A, E, I, O, U?

– Outra diferença. Nós dizemos A, I, U, E O, nesta ordem. O Hiragana nós usamos muito com palavras que vieram na própria língua japonesa. Por exemplo: ringo, que significa maçã, é uma palavra escrita em Hiragana. Katakana nós usamos com palavras que vieram do estrangeiro, como miruku, que significa leite, e que veio do inglês “Milk”. Assim, seu nome é escrito em Katakana: Ko-se-te. O meu é de origem japonesa, e escrito com Hiragana: I-sa-o.

– E os kanjis?

– Eles não são letras ou sílabas, eles representam idéias. Como “Ki” para árvore ou “Umi” para mar. São desenhos únicos, mas que podem dizer muitas coisas. Você tem que tomar cuidado com palavras parecidas como “Yumi” que significa arco ou a idéia de uma arqueira e “Umi” que é oceano, mar.

– Isso é muito complicado... – mordeu os lábios.

– Calma. Somente parece complicado. É bem simples. Você tem de decorar primeiro o Hiragana e depois o Katakana. Se decorar essas letras, poderá escrever o que quiser, desde que seja em japonês. Temos um dia inteiro. – Isao cutucou Marina – Você, acorde, vamos começar a aula.

– Aula? Mas eu não estou na escola. – ela murmurou.

Cosette sorriu. “Realmente temos um longo dia”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Logo eu lanço a lista de mais amadas. E estou dando mais foco nos príncipes da União e do Japão de propósito, ok? Faz parte da história da Fanfic.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Your Selection - Fanfic Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.