Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 2
Jasmine Harper


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Novamente, temos muitas vagas, e aos leitores que ainda não deram sinal de existência, por favor, deem, é muito importante para nós escritores! ^.^ Fazemos tudo pensando em vocês. Boa leitura.



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Capítulo 1

Jasmine

“De todos os vícios, a falsidade é um dos mais prolíferos e o que mais especialmente se arraigou no homem” – Adão Myszak

Ellie Goulding – Beating Heart

As luzes no palco brilharam, enquanto os bailarinos arrumavam-se no centro e nas laterais. Doze no total, Jasmine conseguiu contar. A poltrona de veludo escuro era confortável, e as servas da área VIP eram eficientes. Bandejas prateadas formavam feixes irritantes em seus olhos, enquanto tentava encontrar mamãe e papai. Ambos estavam mais afastados. Ela vestindo um belo conjunto de tecidos soltos, como se fosse a brisa da primavera, e ele, ajoelhado diante dela, vestido como um príncipe, suplicante por seu amor. Um mito muito bonito, Jasmine tinha de admitir. Um humano terrivelmente apaixonado por uma ninfa, que de tão bela foi amaldiçoada pela deusa da beleza a nunca conseguir amar alguém.

Como sempre, seus pais tinham os papeis principais. Diziam que a família Harper tinha um pé na no palco e outro nas passarelas. Seu irmão, que voltara de viagem fazia apenas algumas horas falava ao telefone, enquanto o outro irmão massageada as pernas de sua namorada. Ambos eram famosos, muito queridos pelas mulheres em todo o mundo da moda. E os pais eram grandes artistas. E onde ela estava? Não encaixava-se tanto diante dos holofotes quanto diante das platéias. Não queria desfilar até que os pés sangrassem, nem memorizar milhões de falas de um roteiro. Queria ela mesma fazer o roteiro, organizar tudo. Queria escrever a história.

Observou como a voz do narrador era grave, mas suave, profundamente apaixonante. Conhecia-o, era Tobias Pontea, ele normalmente trabalhava junto com os pais. “E sempre me convida para ir a algum restaurante, após as apresentações”. Tobias era velho, com quase o dobro de sua idade. Mas um homem bonito, sim, com seu cavanhaque e os cabelos ligeiramente avermelhados e alguns fios cinzentos aqui e ali. Suspirou. Hoje ele a chamaria para sair novamente, e iria recusar. Mordeu o lábio, ajeitando as madeixas que aproximavam-se do rosto. Quando começou a estalar o pescoço, notou que novamente fazia o ritual de quando estava entediada. Respirou fundo. Prestar atenção na peça, era isso o que deveria fazer. Sabia que papai faria perguntas sobre o que tinha gostado mais.

Assim que os atores mudaram o cenário pela segunda vez, Jasmine esqueceu o que havia acontecido na primeira cena. Bocejou. Manter-se acordada, manter-se acordada! Pediu uma garrafa de água e bebeu-a inteira, enquanto mantinha as pálpebras abertas. Tenho de fazer isso por eles. Ensaiaram quase cinco meses, estarão esperando que eu veja tudo.

A quinta cena foi ainda mais entediante que a terceira. E precisou devorar um pratinho de bombons para continuar viva. O chocolate era bom, e sorriu quando notou que funcionou. Manteve-se atenta, gravando suas partes favoritas e esquecendo-as logo em seguida.

Na décima segunda cena, usou o braço de seu irmão como travesseiro e lá adormeceu. Era Jaser, então ele deixou. O irmão mais velho primogênito era mais simpático e amoroso que o outro, Jason. Acordou, sentindo um filete de saliva escorrendo pelo queixo. Limpou-o e ergueu a cabeça, assustada. O palco estava apagado, alguns funcionários começavam a limpar o local, enquanto Jason murmurava gracinhas para sua namorada e Jaser sorria para ela.

– Acordou bem na hora – ele sussurrou, enquanto papai e mamãe apareciam. Parte da maquiagem fora tirada, mas os lábios da mulher ainda estavam vermelhos como sangue e os cabelos cacheados pintados de louro claríssimo. Ela abraçou a filha e o filho mais velho, limitando-se a olhar para Jason.

– E então? Acho que foi minha melhor interpretação, em toda a carreira. – ela segurava as mãos de Jasmine com força, olhando fixamente dentro de seus olhos esverdeados. Eram parecidas. Baixas, olhos grandes e o nariz fino. Entretanto mamãe era muito mais branca e tinha um corpo miúdo, com poucas curvas, tornando-a tão jovem quanto poderia ser. Nos braços de papai, ela era como uma garotinha em seu primeiro amor pelo príncipe encantado. Um homem de tronco e braços grossos, pernas longas e peito amplo. Ele não sorria, mas tentava se livrar das luvas brancas que o incomodavam.

– Realmente, foi a melhor. Vocês sempre ficam bem como o casal. – Jasmine tentou elogiar – Adorei a parte em que você é amaldiçoada pela deusa.

– Ah, sim. Foi uma parte boa. Mas eu prefiro a que papai se mata para ir ao Mundo dos Mortos e então retornar, como um espírito morto, e poder tocá-la, como um espírito dos ventos. – Jaser sorriu, acenando para o pai. – Consegui voltar a tempo, pai. Os vôos de Portugal estavam tranqüilos hoje.

– Fico feliz – ele disse, apenas. Um homem curto em sua vida, mas que atuava com tanto amor... Jasmine gostaria de ter o talento da família, mas só conseguia ficar por trás das câmeras.

A família caminhou em direção aos fundos do teatro, Jasmine foi apresentada a atores novatos e reviu os já conhecidos de longa data. Desde que era uma menininha, sua vida foi ver as apresentações de mamãe e papai, com os irmãos longe, mandando fotos de seus desfiles. Ela gostava das sessões de foto de Jaser, ele sempre conseguia sair bem, já Jason era um pouco diferente, ele era o garoto propaganda de uma marca muito famosa de perfumes e fazia mais curtas de televisão do que poses para fotos. Como esperado, Tobias sorriu para ela, com os olhos sorrindo junto, e tentou convencê-la a sair de lá para ir comer em um ótimo restaurante japonês. Recusou, alegando que queria passar mais tempo com seus irmãos, antes que fossem embora.

O carro fora estacionado ao lado do teatro, onde seguranças posicionados não permitiam que os abandonados homens de rua tocassem nos veículos. O de seus pais era negro, como a noite, e os vidros escurecidos impediam que qualquer pessoa pudesse ver o que acontecia dentro pelo lado de fora. Grande o suficiente para os filhos, havia quatro portas, rodas lavadas e com ornamentos prateados, refletindo a fraca luz da rua. Enquanto abria a porta e colocava lá dentro sua bolsa, Jasmine vislumbrou um movimento no beco atrás do teatro. Quando olhou para lá, encontrou os olhos de uma mulher encarquilhada, roupas esfarrapadas, nariz encurvado e lábios abertos. Seus dentes eram amarelados e tortos, entretanto ela tinha cabelos ricamente coloridos de vermelho fogo e presos em uma trança lateral. De trás dela, emergiu Tobias e acenou para ela. Quase se esquecera, Tobias normalmente alimentava e penteava alguns mendigos. E depois tinha de tomar dois banhos para tirar o fedor daquelas pessoas de si mesmo. Jasmine torceu o nariz, entrando no veículo, com Jason já empurrando-a.

Ao lado de Jaser, tentou olhar para o beco novamente, mas ambos haviam desaparecido. Pobrezinha, deveria estar morrendo de fome, e a única coisa que Jasmine pensava era o cheiro que ela teria de agüentar. Suspirou. Não era tão má assim, talvez da próxima vez conseguisse trazer mais do que seus olhos para assistir à peça de teatro. Uma cesta com sanduíches talvez. Poderia ajudar Tobias. “Mas seria uma chance de ele dar em cima de mim”, ótimo, decidiu que faria isso durante a peça. “Desculpe, papai”.

Afundou no banco, com Jaser estalando todos os dedos da mão e Jason sussurrando palavras venenosas nos ouvidos de sua namorada. Odiava-o. sempre que voltava para casa, trazia uma garota diferente. Era famoso, bonito e conseguia quem quisesse. Diziam que seu estilista e seu maquiador estavam brigando por ele, e que o diretor das propagandas de televisão havia escolhido-o após Jason convidá-lo para ir a uma boate. O mundo das câmeras era lindo, mas não o que havia por trás dele.

– Jassy, sabe aquele roteiro que você adaptou de Uma Noite de Inverno? – mamãe quebrou o silêncio, enquanto papai parava diante de um sinaleiro em vermelho.

Ela havia transcrito algumas falas e mudado um pouco o cenário, afinal eles não eram alemães em tempos antigos, e o “moderno” estava muito na moda. Adaptar a peça foi fácil, ainda mais quando papai e mamãe a ajudaram. O diretor do teatro estava descobrindo seu talento, e se gostasse da adaptação, poderia ser seu novo começo no mundo da escrita. Lembrou-se das horas que ficou acordada, até a madrugada, rasgando folhas, apagando parágrafos, cortando cenas, tudo para que saísse perfeito. E ainda achava que precisava melhorar.

– Sim, mãe. O que o diretor disse?

– Eu mostrei para ele hoje, então ele ficou com o roteiro. Irá me dizer na sexta-feira.

Sexta-feira. Era o dia em que o resultado do sorteio de Seleção aconteceria. Engoliu em seco, lembrando-se de que havia colocado o nome. O sorteio normalmente escolhia garotas de alta classe na sociedade, o que significava que não era um sorteio de verdade, mas sim uma seleção das melhores rainhas que poderiam ter. Mas agora era diferente. Uma menina por nação. Apenas uma para representar um país inteiro e unir uma aliança para a guerra. “A que vencer a Seleção, vencerá também a guerra”. Respirou fundo. Não queria ver sua querida Península afundando com bombas. A União Eurásia estava um pouco irritada com o corte de comércio que fizeram alguns meses antes, alegando que isso se tratava de um complô entre Inglaterra, Ibérica e França para derrubar a União. O que era absurdo, afinal eles viviam todos dentro da mesma muralha, feita ao redor de todo o continente e passando por cima do oceano, até a Inglaterra, para juntos superarem a Peste.

Jasmine não sabia muito sobre a Peste, tudo o que ouviu veio da escola e da televisão, não chegou a ver pessoas infectadas, mas descreviam como horrível e voraz. Desde então a Peste foi chamada de Voraz. Papai voltou a dirigir, e quando passou debaixo de um buraco na rua, Jasmine voltou ao mundo real, saindo de seus devaneios.

Não havia com o quê se preocupar, muitas outras meninas poderiam representar melhor a Península Ibérica. Diziam que as mulheres mais belas do mundo viviam aqui. E ela não era tão importante, filha de atores de um teatro barato e irmã de dois supermodelos, mas nada mais que a irmãzinha deles. De repente a insegurança a tomou pela mão. E se fosse escolhida? Estaria com a responsabilidade de salvar um país inteiro. Fazer ou não uma guerra com o que havia restado do mundo. Tocou a testa, caindo novamente em devaneios. Foi quando a mão quente de Jaser a tocou no braço e desceu por seu pulso, até alcançar os dedos e então se agarrou a eles.

– O que te incomoda? – ele questionou. Jaser era o único que conseguia perceber quando ela estava perturbada. Sorriu para o irmão mais velho e balançou a cabeça negativamente, uma mentira fraca, mas ele aceitou. “Se quisesse contar a ele, contaria.”. Mas Jaser era quem havia apoiado mais ela com a inscrição para a Seleção, então não podia dizer a ele que não estava segura em relação ao resultado.

Sem contar que teria de abandonar a família e viajar para, talvez, o outro lado do mundo.

Enfiou a mão debaixo do banco e tirou de lá um dos livros que sempre deixava no carro, para ler quando não havia mais nada a fazer. As linhas tinham palavras um pouco confusas, e as páginas eram exageradamente amareladas, revelando que o livro era muito velho. “Duvides que as estrelas sejam fogo, duvides que o Sol se mova, duvides que a verdade seja mentira. Mas não duvides jamais de que te amo.”, leu a frase, talvez pela quinta vez. Adorava o trecho. Era tão puro o sentimento, conseguia sentir o envolver do casal. Gostaria de ter algum amor assim, um dia. Amar alguém, mais verdadeiramente que o céu azul ou a Lua durante a noite. Mordeu o lábio. Se fosse para a Seleção, jamais teria essa chance.

Lembrou-se então de porquê aceitara entrar na Seleção: para mudar o meu destino. Lá fora, todos esperavam que ela fosse uma atriz talentosa, ou uma modelo perfeita. Respirou fundo. Estava apostando tudo naquilo. Sua vida inteira. Um possível romance, uma possível carreira, tudo o que estava certo que teria, arriscava agora. E ao contrário de sentir-se intimidada, Jasmine sentia-se forte. E determinada a ter um final feliz, escrito por sua própria mão.

Jassy


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da Jasmine *-* Ela é muito fofa, na minha opinião. Novamente, peço que enviem fichas e que os leitores fantasmas apareçam, pelo menos digam o que estão achando da fanfic, preciso de críticas para melhorar. Agradeço a todas que já enviaram as fichas e logo as personagens aparecem. Sim, todas terão um capítulo especial para si mesma, ^.^. Beijos da Meell.