Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 18
Príncipe Louis


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Capítulo 17

Príncipe Louis

“Não há infelicidade no mundo, há doentes e ingratos” – Ieda Graci

Avril Lavigne – Here’s To Never Growing Up

Abriu um dos olhos, enquanto sentia as pernas de Johanna em suas costas. A menina pulava sobre ele, atravessando a cama de casal. Jogou o travesseiro sobre a cabeça, tentando sufocar-se um pouco mais no sono. As cortinas abertas deixavam o Sol entrar e ele odiava aquela claridade logo de manhã. Quando ele queria dormir! Johanna ajoelhou em suas costas e começou a bater com os punhos fechados. Ela sabia ser irritante quando queria. Virou-se para cima, derrubando-a de lá e levando as mãos em sua direção, num ataque de fúria descomunal. Ela se encolheu, ofegante e se afastou, em direção ao limite da cama, entre ele e o travesseiro. Seu rosto estava vermelho e os olhos cinzentos brincavam de um lado para o outro, enquanto os cachos ruivos misturavam-se uns nos outros. Sua camisola de princesa estava tão grande que a gola descia por um de seus ombros pequenos.

– Não, Louis, não... – ela ergueu os braços e encolheu as pernas, protegendo-se, enquanto ele avançava. Ah, minha querida irmãzinha, você me provocou demais... Pensou, enquanto sentia a explosão de adrenalina. Saltou na direção da irmã e caiu sobre o travesseiro, agarrando os joelhos dela e enfiando uma das mãos entre seus braços cruzados, alcançou sua barriga quente e tratou de fazer cócegas com velocidade máxima. Johanna esperneou e saltou, enquanto ele a agarrava e a prendia na cama, dando golpes mais e mais fortes de cócegas, até que ela gritou tanto que os criados apareceram para acudir o que quer que o terrível Louis estivesse fazendo. – É um monstro, um monstro terrível! – ela gritou e pulou da cama, correndo porta afora.

– Você não vai escapar mocinha! – ele respondeu, jogando as cobertas para o lado e correndo atrás dela.

Desceu as escadas, seguiu correndo, contornou a mesa do café da manhã, saltou sobre um enfeite de flores e quase caiu sobre o Príncipe. O cão entrou na perseguição. Johanna correndo e gritando para os criados saírem da frente, Louis correndo atrás dela e tentando alcançar sua energia de criança e o cão, muito feliz por poder participar.

Johanna entrou no Salão das Mulheres, que agora jazia em silêncio, enquanto as selecionadas dormiam. “Sortudas”, ele pensou, enquanto subia em um dos divãs e alcançava-a, jogando-se a sua frente e rolando no chão com a menina. Johanna acertou o joelho em seu queixo e voltou a correr, gritando histérica. Príncipe o atingiu em cheio no peito e lhe deu um ataque de lambidas caninas.

– Estamos perdendo ela de alcance! – gritou para o cachorro e empurrou-o, voltando a correr, Johanna havia voltado para o Salão Principal e agora subia as escadas, ofegante. Ela estava vermelha como seu cabelo, enquanto se debatia contra os criados e tentava dominar os pés pequenos. Ela desapareceu virando o corredor. Correu, saltando as escadas e empurrando os mesmos criados, Príncipe sempre atrás, como um fiel escudeiro. Virou o corredor e sentiu um súbito acesso de pânico, enquanto tentava frear o suficiente para não se chocar contra a barriga do pai. Tarde demais.

– Louis? – ele perguntou, enquanto ajudava o filho mais velho a se levantar.

– Sim, pai? – Louis sentiu o cão se aninhar entre suas pernas.

– Ela está no sótão. – o rei piscou e deixou o filho ir.

Louis abriu um sorriso traiçoeiro e continuou, subiu três escadas, virou a esquerda e chegou ao andar do sótão, abriu a porta e gritou. O silêncio ecoava, assim como a velhice. Os fracos feixes de luz permitiam que fosse visível a poeira ululando pelo ar a medida que a voz de Louis adentrava o ambiente. Louis caminhou cuidadosamente por entre os baús velhos cheios de coisas velhas.

– Eu sou o gigante terrível que quer devorar uma princesa! – e berrou, em direção a um vão entre os baús. Ela não estava lá. Continuou caminhando, até encontrar uma prateleira cheia de livros e cadernos. – Eu sou um gigante terrível que quer roer seus ossos no café da manhã! – gritou novamente, mas ela não estava atrás dos livros. Ouviu o ruído de uma gargalhada abafada. Olhou ao redor, até encontrar um cacho ruivo saltando para fora de uma pintura. – Eu sou um gigante terrível que vai cozinhar uma menininha e fazer tricô com seus... – pulou atrás da pintura. – Cabelos vermelhos! – agarrou-a pela cintura e a mordeu na barriga, enquanto ela se debatia.

– Não, o gigante vai me devorar! Príncipe, me ajude! – ela gritou, e o cão apareceu, como em mágica e pulou sobre as costas de Louis, derrubando-o no chão e mordendo de leve a sua mão. – Meu herói! – Johanna abraçou Príncipe, que lhe deu um beijo molhado na bochecha. – E o gigante morreu!

– Ah, não, eu morri! – jogou-se ao chão, fingindo estar morto. Abriu os olhos para vê-la batendo palmas, sentou-se e acariciou Príncipe. O sótão era o lugar preferido de Johanna se esconder. A irmã observou-o por alguns segundos e então arrumou a camisola sobre o ombro.

– Você vai brincar com elas hoje? – perguntou, parecendo desinteressada, mas Louis conhecia aquela pestinha. Ela estava tentando mantê-lo ocupado desde que as garotas da Seleção chegaram. – Eu posso ir junto? – ela se virou, os olhos brilhando, os cabelos balançando enquanto ela unia as mãos diante do peito, em uma prece a Deus. – Por favor!

Tinha como dizer não?

– Claro que pode. – sorriu, e ela saltou, batendo palmas e envolvendo-o pelo pescoço – Você sempre será a única mulher para mim. – beijou-a na testa, enquanto as sardas se misturavam com as dele.

– Você diz isso porquê Mirella e Olesya estão longe. – ela suspirou, tocando seu peito – Eu sei que você gosta mais delas.

– Mentira, gosto de todas igual. Assim como gosto de Cecília.

– Não queria dividir você com elas, e agora chega trinta e cinco garotas chatas e esquisitas! – ela grita. – E o Francis não sai do meu pé!

Enquanto dizia isso, Príncipe o cão ergueu-se e farejou o ar, correndo em direção a porta do sótão, enquanto os pezinhos ressoavam pelas tábuas antigas e a cabeça ruiva e pequena de Francis surgia. O menino encarou-os e franziu as sobrancelhas, enquanto abria a boca para berrar. Louis, já conhecendo aquela reação, envolveu o caçula e colocou-o sobre suas pernas, enquanto Príncipe beijava os cabelos de Francis. O pequeno cheirava a bebê de colo ainda, e Louis adorava aquele cheiro.

– Vocês não me chamaram para brincar – ele reclamou, chorando contra o pijama de Louis. O irmão mais velho lançou um olhar significativo para Johanna, mas ela apenas revirou os olhos. – Você não gosta de mim porque sou um garoto! – ele chorou. – Você só gosta delas.

“Delas”, Francis estava se referindo às quatro irmãs mais novas de Louis, Mirella, Cecília e Olesya e Johanna. As três primeiras visitavam a Península, para o baile que o rei dera em homenagem às selecionadas. A Rainha também fora para esse baile, aliás. Como primogênito, o trono era de Louis, mas quem realmente o comandava era Cecília, que passavam tardes inteiras com o rei, conversando sobre estratégia e política, a menina sempre fora mais apegada ao pai. Em contradição, Olesya amava a mãe e ambas viviam no Salão das Mulheres, lendo revistas e rindo uma da outra. Para Louis, restava Johanna e o pequeno Francis. Entretanto Francis sempre queria mais atenção do que recebia e Johanna fazia questão de se assegurar que fosse a preferida do irmão mais velho. Ah, e claro, Mirella estava ocupada demais trocando mensagens com o primo do príncipe Guilherme.

Jogou Francis em suas costas e correu em direção a porta, ouvindo Príncipe e Johanna logo atrás, desceram todas as escadas e chegaram ao salão principal, avançando sobre a mesa de café da manhã, agora ocupada pelo rei, as selecionadas e sua Madame de instruções. Colocou Francis na cadeira ao lado do pai e sentou-se na outra, com Johanna bem ao lado. As cadeiras a frente da mesa eram das mulheres da família que ainda estavam fora, vazias.

– Muito bem, vamos comer. – o rei disse, colocando um pão sobre o prato e enchendo seu copo de leite quente.

Louis comeu tudo o que conseguia, repondo as energias perdidas alguns minutos atrás. Johanna e Francis também devoravam, embora as selecionadas comesse, tão lenta e poucamente que ele achou estranho. Afinal, elas não tinham fome? Ele tinha, e era enorme. Encheu-se até não conseguir mais olhar para o prato de bolo a sua frente. Johanna e Francis o chamaram para caçar borboletas, mas ele tinha algo a fazer, infelizmente, era dia de passar com as selecionadas, como seu pai ordenara.

– Nós iremos fazer um piquenique no riacho. – ele explicou para os irmãos.

– Eu vou, o Louis deixou – Johanna exibiu-se para Francis, que franziu as sobrancelhas e começou a soluçar.

– Você pode ir também, Francis. – Louis pegou-o no colo e abraçou o pequeno. Ele o envolveu com suas perninhas gorduchas e os braços, deixando seu cheiro de bebê. Louis caminhou até o Salão Principal e encontrou-se com a Madame Evangeline, e as selecionadas, e juntos saíram para caminhar até os estábulos, onde carruagens já os aguardavam para levá-los até o riacho.

Louis gostava de andar a cavalo, mas Francis era pequeno demais e Johanna ousada demais. As selecionadas não saberiam como conduzir os animais e a Madame Evangeline... Ela com certeza jamais subiria em um cavalo. A carruagem balançava violentamente, e Francis fingiu que estava surfando na crista de uma onda, os braços abertos. Uma vez a carruagem deu um salto e jogou-o para cima de tal modo que quando caiu, Louis precisou segurá-lo, e isso não impediu o garotinho de chorar por três minutos. Johanna enfiava a cabeça para fora, deixando os cabelos voarem livremente e pendurando-se na janela. Apontava para as árvores e para flores.

– Olhe, um coelho! – ela gritou e curvou-se mais, na ponta dos pés em cima do banco. Louis tentou ver o coelho, entretanto Johanna tampava toda a visão da janela. De repente ela escorregou carruagem afora, gritando e balançando as pernas. Ergueu a mão, soltando Francis e segurando a barra do vestido dela, puxou-a com um forte solavanco e a menina caiu sobre o caçula. Francis começou a soluçar, reclamando que sua cabeça doía.

– Vocês dois, fiquem quietos – ele mandou, embora estivesse rindo.

Quando chegaram ao destino, Johanna e Francis saltavam de um banco para o outro na carruagem. O guarda que dirigia a carruagem abriu a porta e os irmãos desceram correndo, afastando algumas borboletas que voavam ao redor de um arbusto de flores. Saiu, saltando, enquanto corria até o riacho, jogou fora a camiseta e saltou água adentro, seguido de perto dos irmãos menores. A camisola de Johanna formava uma bolha enorme ao seu redor enquanto nadava e Francis tentava se aproximar dos irmãos, embora não soubesse ainda nadar. Louis pegou-o pelas mãos e puxou-o, enquanto o menino batia as pernas.

– Eu não consigo, eu não consigo... – ele resmungava, uma corrente veloz pegou-o pelas pernas. – Louis! Louis!

– Eu estou te segurando – garantiu ao menor, embora Francis não estivesse tão convencido disso. Colocou-o sentado sobre uma pedra e mergulhou, com a corrente fria conduzindo-o, submergiu e observou as garotas estendendo toalhas na grama e abrindo livros, conversando ou colhendo flores. – O que tem nelas? – perguntou a Johanna, que nadou até o seu lado.

– São frescurentas. – a irmã deu de ombros.

– Vieram até o riacho pra ler? – balançou a cabeça, os cachos ruivos movimentando-se para cima de seus olhos. – Que bobagem. Levantou-se, e encheu a mão de água. Preparou-se e caminhou sorrateiramente até Madame Evangeline e jogou o jato sobre sua blusa de botões rosada.

– Mas... O quê? – a mulher gritou, erguendo as mãos – Seu delinqüente... – Louis correu dela e saltou para o riacho antes que pudesse alcançá-lo. Ouviu as garotas rindo e submergiu novamente, desta vez com mãos e boca cheias de água. Correu pela relva, com Johanna logo atrás, as mãos da menina pingando. Ambos jogaram água em direção a uma loira que estava sentada sobre a toalha. Louis ergueu a cabeça e cuspiu para o alto, o jato erguendo-se alto antes de finalmente cair, ao redor, as meninas correram para longe, enquanto Johanna voltava do riacho e molhava os cabelos de mais uma. Agarrou o braço de uma que passou ao seu lado e puxou-a até o riacho, jogando-a lá. A garota cuspiu a água do riacho. Neste momento, Louis já perseguia outras duas que liam livros grossos. Encurralou-as contra uma árvore e as empurraram também para o riacho.

Johanna fez o mesmo com uma morena e ele colocou mais três loiras para dentro da água. Enquanto isso, algumas pulavam por vontade própria, até que apenas Madame Evangeline estava sã, encarando-os, o rosto desconcertado e os ombros curvados. Johanna segurou sua mão e juntos saltaram no riacho. As garotas espirravam água uma nas outras. E quando tentou cuspir nelas novamente, todas fugiram. Agarrou Johanna pela cintura e a afundou na água, a garota debatendo-se desesperada. Depois soltou-a e começou a gargalhar. Sentiu mãos em seus ombros e quando olhou para trás, cinco meninas se amontoavam e o afundavam no riacho, mantendo-o lá, assim como tinha feito com Johanna. Tentou se livrar delas, mas era um pouco difícil. O tempo passou, rindo, enquanto espirrava água aqui, recebia um jato de água ali e gritava.

Louis gostava de sentir-se assim, feliz, cheio de energia. Não conseguia medir o tempo, ele agia e logo esquecia o que estava fazendo, enquanto brincava. Johanna gostava de saltar sobre os ombros das garotas e afundá-las na água, enquanto a maioria delas gritava e jogava água uma na outra. Conseguiu nadar, com a correnteza levando-o. Relaxou, os braços flutuando, os cabelos movendo-se dentro da água. Gostava de ouvir os sons vindos debaixo d’água, era como uma tempestade, tambores nos céus. Os pássaros cruzavam as nuvens, enquanto o azul chegava ao ápice da beleza, o Sol quente e trazendo mais calor àquele momento. Fechou os olhos, sorrindo.

– Louis, Louis! – Johanna puxou seu braço, tirando-o dos devaneios. – Louis!

– Sim? – olhou para ela, uma garotinha com os cabelos grudando nos ombros e a camisola escorregando do corpo.

Onde está o Francis?


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Notas finais do capítulo

Príncipe Francis & Princesa Johanna: https://fbcdn-sphotos-h-a.akamaihd.net/hphotos-ak-xpf1/v/t34.0-12/11009065_782451898497717_544399417_n.jpg?oh=61156530d79d2dae1d7207da3614d355&oe=54EA9750&__gda__=1424669901_c9aeba55bc9041784f8b8f7e3cfc829d
Louis está com um pé na cama e outro no chão, sempre. Dorminhoco e sonhador, o menino vive no mundo da Lua, sonhando acordado ou dormindo, ele vive em um imaginário, onde é bem mais feliz. Um pouco avoado, ele se esquece facilmente do que estava indo fazer, perde-se nos corredores do castelo e troca os nomes dos criados. É um garoto animado e bem simpático, embora vá esquecer seu nome três minutos depois de dizê-lo a ele.
Louis gosta de ver as estrelas e de adivinhar animais nas nuvens, é bondoso e muito amigável, querendo sempre dar presentes e carinho a qualquer um. Amoroso, ele conquista a todos com suas palavras gentis e seus elogios, é altamente bajulador e carismático. Seu calor transborda, e torna o dia de todos melhor. Dorme até tarde, não importa o quê vá acontecer. Encontra-se calmo mesmo nos momentos mais desafortunados, como enterros, ataques rebeldes ou encontros românticos. Não existe romantismo para ele, sempre haverá algo que o tirará do clima amoroso, e isso o torna ainda mais galante.
Impressiona-se facilmente e se apega com ainda mais facilidade. Gosta de irritar os pais e de brincar de pega-pega com os criados. Com ele nunca tem tempo ruim ou chuva, nunca neva nem faz frio. Louis é um refúgio para os que choram, um refúgio para os famintos e, possivelmente, será o Rei mais bondoso e amável que a França terá.



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