Contos da Galinha Caipira escrita por ohhoney


Capítulo 1
Os rolês do campus da facul


Notas iniciais do capítulo

Minha paixão por Haikyuu não se extinguiu, eu só precisei de quase um mês para terminar essa fic - o bloqueio ainda deixa rastros.

Eu amo demais esse time e queria uma história só deles.

Menção de vários casais, nada muito explícito. Espero que gostem.



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I.

Faculdade não pode ser tão difícil assim, foi o que Hinata Shouyo pensou logo que botou os pés no pátio bem no primeiro dia de aula.

(Ele não percebera que acabara de pisar em uma merda de cachorro.)

Mas tudo bem, dizem que pisar na merda traz boa sorte. Foi mais ou menos isso que aconteceu em seguida.

Ele acidentalmente deixou o copo de Coca voar na camisa do garoto mais carrancudo do campus inteiro — aquele tal de Kageyama-que-se-acha-o-fodalhão-Tobio, com quem compartilha as aulas de Anatomia Humana e Animal. Ele se acha o máximo mas as notas dele são tão ruins quanto as minhas (rá!) — e, nossa, eles acabaram virando amigos? Como assim? O carrancudo na verdade tem um lado legal.

E um lado meio pervertido também, principalmente quando andando com os mais velhos — mais tarde introduzidos a Hinata como Nishinoya Yuu e Tanaka Ryuunosuke, os caras mais velhos que gostam de observar as novinhas no gramado do campus. Alguém ainda vai processar esses caras por espionagem (mas enquanto isso não acontece, eu também quero ver as novinhas hehehe).

Não que Tobio fosse de fato um pervertido; ele tá mais praquele tipo de garoto que finge que não gosta do que está fazendo e que acha "tudo aquilo uma idiotice" — em suas próprias palavras — mas que continua atrás da moita apoiado no Tanaka espiando as saias voando ao vento.

Ah, mas se tinha uma saia que Tanaka e Noya gostavam era daquela terceiranista bonitona... Shimizu-senpai. Ah, sim. Ela era legal.

(Eles não faziam ideia de que, na verdade, Shimizu era total e completamente gay, e por coincidência tinha uma namorada chamada Yachi, a filha do reitor — ops)

Acontece que Noya e Tanaka dividem o quarto na frente do de Kageyama e Hinata, então acho que já dá pra imaginar quantas vezes eles contrabandearam bebidas para o quarto sem os monitores verem, e falaram sobre a saia da Shimizu e Cocas voadoras naquele tom arrastado de quem bebe muitas muito rápido — depois é o Noya quem tem que cuidar do Hinata, porque o Kageyama está dormindo jogado no pufe e o Tanaka espia os quartos das meninas com os binóculos.

Mas foi na Golden Week que as coisas começaram a ficar interessantes.

Todos os cool kids estavam planejando uma puta viagem prum hotel ali sei lá onde, e Hinata acabou indo junto — sem saber exatamente como, nem porquê, nem quando, mas Kageyama conseguiu enfiar o nome dele no meio dos nomes na lista de inscrições. E foi mais ou menos assim que Hinata Shouyo teve sua primeira experiência homossexual.

Qual é, não foi nada de mais. Só um beijinho. Beijinhos não matam, e fala sério, não sou mais uma criança, valeu, falou.

Ai, caralho, eu beijei o cara mais carrancudo do campus inteiro e agora a gente tem uma galinha.

Não, literalmente — eles acharam uma galinha perdida no meio do hotel de sei lá onde e resolveram ficar com ela.

"É fofinha" Hinata sussurrou enquanto discretamente empurrava a galinha para dentro da mochila e esperava que ninguém estivesse sentindo o fedor do cocô dela.

"É fofinha, mas se os monitores descobrirem, a gente meio que vai ser estuprado, você sabe, né?" Kageyama espiava por cima do banco do ônibus, que chacoalhava sem parar no caminho de volta para o campus da faculdade.

Hinata espia por cima do banco também.

"Na verdade, não acho que os monitores estejam interessados em nada mais do que se pegar tão forte que— espera aí, a mão dele tá mesmo dentro da calça dele??"

"Kageyama-kun, acho que os monitores estão masturbando um ao outro ali no banco da frente!"

"Fala baixo, seu idiota!" Kageyama aperta a cabeça de Hinata, forçando-o a sentar no banco de novo. Honestamente, ninguém estava prestando atenção em nada; se o motorista quisesse levar todos ao outro lado do país, ninguém certamente perceberia até que tivessem chegado lá. Aí o Daichi-san ficaria um pouquinho bravo. Isso não era nada bom e sempre resultava em alguém chorando e pacotes de absorventes voando pela janela — não pergunte porquê — "Se o Daichi-san ou o Suga-san descobrir que estamos stalkeando eles, nossa sentença de morte estará escrita e assinada amanhã de manhã na mesa do reitor."

"Pfff, como se isso não fosse acontecer por estarmos roubando uma galinha, BaKageyama."

.

.

II.

Tudo o que tinham a fazer era encontrá-la.

Não pode ser tão difícil assim. Pode? Deus permita que o monitor não a encontre...

"Como diabos você perde uma fucking galinha, Shouyo?!" ah, shit, quando Noya está gritando com você, tu sabe que fez merda. Hinata Shouyo definitivamente tinha feito merda.

"F-Foi o Kage-idiota–yama que deixou a porta do quarto aberta e ela fugiu!" Hinata bate a cabeça na parte de baixo da mesa ao se levantar do chão, depois de procurar a galinha em baixo das mesas do refeitório.

"Eu saí do banho e ela nem estava mas lá, Hinanta! Agora vamos procurar essa galinha antes que o Suga-san ou—ou..."

Hinanta, Kage-idiota–yama, Noya, e Tanaka soltaram um longo e audível iigghhh quando ouviram passos na entrada do refeitório. Era isso — era a sentença de morte deles. Tanaka quase chutou uma cadeira quando saiu correndo dali. "O Daichi-san tá vindo e a gente tá fodido! A gente tá fodido! Corre, Noya-saaaaaaaaaannnnnn"

"Ryuu, seu bundãããããão!" Noya grita enquanto corre também, deixando os dois garotos não-fui-eu-quem-perdeu-a-galinha para trás, no meio do refeitório escuro. Os dois se olham, sentindo o medo dando um soco em suas bolas.

Jesus, ser pego pelo chefe dos monitores — Daichi, o tal temido Sawamura Daichi — era pior do que ser socado nas fucking bolas, valeu.

Hinata estava quase puxando os cabelos de pânico quando Kageyama pega-o pelo braço e arrasta-o até atrás do balcão das sobremesas, tapando sua boca com uma das mãos.

"Eu juro que ouvi alguma coisa por aqui."

"Nah, certeza que não foi nada. Vamos, Daichi, quero continuar vendo o filme."

Ai meu fucking Deus o Suga-san e o Daichi-san estão lá fora e se eles souberem que eu e o Kageyama tamo fora da cama às duas e meia da manhã procurando uma galinha nossos cus já eram for sure

"Mas eu tenho certeza que eu ouvi a voz do Tanaka. Você sabe que ele tem mania de vir roubar chocolate de noite..."

"Deixa isso pra lá, Daichi. Vamos voltar que tá frio aqui fora."

"Tu que manda, Suga."

Os passos se afastam até que tudo fica silencioso de novo. Hinata e Kageyama saem de trás do balcão de sobremesas — Hinata tem vontade de gritar porque uma barata prendeu no seu cabelo mas ser pego pelo Daichi-san com certeza seria pior muitíssimo obrigado — e olham-se por um segundo. "Hinata, eu acho melhor a gente esquecer dessa galinha, amanhã ela já vai ter virado sopa e tu nem vai perceber..."

"Mas—"

"EI, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO FORA DA CAMA?!!"

Kageyama quase quebra uma costela de susto, e Hinata pulou pelo menos cinco metros para trás, aterrisando entre algumas mesas.

"INDO PRO QUARTO DO YAMAGUCHI PRA TRANSAR DE NOVO, TSUKISHIMA?! VAI TOMAR UMA SUSPENSÃO!"

A voz grave de Daichi ecoa pelo prédio inteiro, mas Kageyama respira fundo, deliciado com a ideia de ver Tsukishima se ferrando. Hell yeah, aquele motherfucker ia se foder legal nas mãos do Daichi. "Chupa, viadinho" ele sussurra vitorioso.

"A galinha! Temos que achar a galinha!" Hinata puxa a manga de Kageyama desesperadamente, o pânico evidente nos olhos. Os dois estavam indo na direção dos jardins do fundo quando a voz de Suga-san — o segundo-em-comando dos monitores — chega até os ouvidos dos pobres garotos nós-perdemos-a-galinha.

"Ei, Daichi, olha o que eu encontrei aqui" Suga-san faz uma pausinha de meio segundo que foi suficiente pra deixar os cabelos das nucas dos dois moleques mais altos que um fucking titã. "Uma galinha. O que será que ela tá fazendo aqui?"

"Isso me cheira a molecagem."

Hinata pula pro meio dos arbustos, já começando a rezar o pai nosso.

"Ela é tão fofa" Suga-san parece feliz; pelo menos é isso que a voz dele sugere. Kageyama arrasta-se para trás da árvore e ouve também. "Vamos ficar com ela?"

"Mas— Suga—"

"Ninguém precisa saber, Daichi. Vamos, vamos, vamos."

"Ok, só não conte pra ninguém"

Depois de uns dez minutos de silêncio, Hinata e Kageyama ousaram sair dos seus esconderijos. "P-Pelo menos a galinha não virou nuggets..." Kageyama coça a nuca. "E ainda mantivemos nossa virgindade anal".

"Bem, isso é verdade, mas... Pensar que os monitores fossem roubar nossa galinha..." Hinata parece meio triste apesar de tudo.

"Relaxa, ela tá em boas mãos. Agora vamo voltar pro quarto antes que eles nos achem, pelo amor de santo Deus".

Hinata e Kageyama sobem as escadas até o segundo andar e param na frente da porta.

"MARILU!" Hinata exclama, abaixando pra pegar a galinha que deitava na frente da porta do quarto dos moleques.

"Shhhh, Hinata, seu idiota, não grita...!"

"Daichi, a galinha foi pra cá! Vamos—"

"EI, O QUE VOCÊ ESTÃO FAZENDO FORA DA CAMA?! E COM ESSA GALINHA! SUSPENSÃO PROS DOIS!!"

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III.

Na humilde opinião de Kageyama Tobio, o cara mais carrancudo do campus, Tsukishima é aquela peça de lego que finca no seu pé exatamente quando você está segurando alguma bebida quente, que por acaso sai voando enquanto você pula segurando seu pé e gritando tantos palavrões que sua mãe ficaria aterrorizada. Tsukishima é esse tipo de cara chato.

Por isso mesmo Kageyama não entende como um garoto relativamente legal como aquele tal do Yamaguchi das aulas de Física consegue aguentar aquela praga loira e ainda chamá-lo de fucking "namorado". Fala sério.

Hinata ainda não tinha descoberto se todo mundo daquele campus era gay ou era só a maior parte dos meninos — obviamente excluindo Tanaka, que parecia ser o único heterossexual do fechado grupo de amigos que tinha. Ele não tinha informações sobre as garotas, mas sabia que a musa do terceiro ano, a crush do Noya-san e do Tanaka-san — Shimizu-senpai, a incrível e magnífica Shimizu-senpai — era uma lésbica nada menos do que espetacular (mas obviamente não estamos tentando sexualizar as lésbicas aqui, porque isso seria errado e sexualizar qualquer tipo de gente pega mal, mas Hinata não pode deixar de negar que Shimizu-senpai realmente é uma deusa que desceu à terra).

____

O segundo semestre da faculdade foi meio tenso para Kageyama e Hinata. Obviamente a tensão sexual deles estava deixando todo mundo nos nervos porque desde a Golden Week eles nunca mais tiveram nenhum tipo daquele contato, mas eles obviamente gostam um do outro — Noya estava tentando empurrar um pra cima do outro fazia quase um mês —, mas ninguém assume nada e eles continuam como roommates, só que agora no terceiro andar do prédio dos dormitórios.

O que é muito constrangedor, já que o quarto deles é vizinho de parede do quarto dos monitores — o temido Daichi-san e o amigável-mas-nem-tanto Suga-san — e Hinata Shouyo e Kageyama Tobio passam noites em claro ouvindo a cama do outro quarto bater contra a parede toda vez que Daichi-san e Suga-san fodem. É constrangedor.

(nada supera aquela vez que Hinata acordou no meio da noite pra ir pegar água no bebedouro na outra ponta do corredor e acidentalmente deu de cara com um Daichi-san carregando cordas vermelhas e o que parecia ser um tipo de máscara que tinha uma bolinha preta. Ele nunca mais teve coragem de olhar nos olhos dos monitores outra vez)

Mas o pior foi quando Hinata e Kageyama estavam atrás da galinha e acidentalmente viram o Nishinoya-san se agarrando fortemente com um outro cara que— puta que pariu, aquele não é um dos monitores?? fodeu fodeu fodeu fodeu fodeu

Só que eles foram tão escandalosos que os pombinhos ouviram e começaram a falar coisas sem sentido e tinha aquele terceiranista que tinha uma cara extremamente assustadora pqp eu achei que fosse morrer.

Kageyama puxou Hinata pelos cabelos para fora do lugar e foi mais ou menos assim que Hinata Shouyo perdeu sua virgindade anal.

Pelo menos o reitor gostou da galinha e ela se tornou o mascote oficial da faculdade.

.

.

IV.

Azumane Asahi era constantemente confundido com membros de grupos de ladrões, mafiosos, traficantes e stalkers, mas o dia que foi confundido com sendo um professor da faculdade por uma garota do primeiro ano deve ter sido o mais embaraçoso de sua vida.

Não é como se Asahi fosse um cara extremamente corajoso, mas, digamos, ele tem um coração frágil. E uma barba que realmente dá a impressão de que ele é pelo menos 10 anos mais velho do que é.

Por isso que se envolver com um garoto que parece ter 5 anos a menos por causa de sua altura não faz bem pra ele — ele tinha muito torcicolo —, porque todo mundo acha que ele é algum tipo de pedófilo de 30 anos ficando com um garotinho de 15. É muito constrangedor e a polícia já o interrogou um total de sete vezes.

Mais uma vez, Azumani Asahi tem um coração frágil.

Ele quase desmaiou de vergonha o dia que Kageyama Tobio e Hinata Shouyo pegaram ele e Nishinoya Yuu aos amassos atrás da árvore do campus e, uau, se Daichi ficasse sabendo que um dos monitores estava se envolvendo com um garoto mais novo, o bicho ia pegar.

"É por isso que vocês não podem contar a absolutamente ninguém, entenderam?" Noya estava meio aflito enquanto sussurrava apressadamente para Hinata e Kageyama naquele corredor deserto do lado do laboratório de biologia marinha. "O Asahi-san vai tomar um come do Daichi e pode perder o cargo de monitor, e ele precisa desse cargo."

"Ok, Nishinoya-senpai."

Já que é segredo, então naturalmente todo mundo do campus já sabia. Kageyama deveria ter adivinhado que Yamaguchi — o namorado do vou-fazer-você-pisar-no-lego Tsukishima — cursava Biologinha Marinha e estava casualmente fazendo testes radioativos em algas vermelhas a fim de saber se produziriam mais oxigênio e consumiriam mais gás carbônico caso fossem modificadas radioativamente e, portanto, se possivelmente salvariam o mundo do aquecimento global.

Mas tudo bem. Daichi-san não ficou (tão) bravo, e Asahi só teve que passar duas semanas controlando a entrada de alunos nos dormitórios no balcão da recepção e separar correspondência — e casualmente entregar camisinhas gratuitas a quem quisesse. Seu coração deve ter ficado mais frágil ainda pela frequência com que Daichi e/ou Suga apareciam por lá.

Kageyama Tobio estava planejando sua vingança contra o casal de namorados intrometidos e fofoqueiros que cursavam Biologia Marinha e Biomedicina, respectivamente, e talvez tivesse algo a ver com uma galinha que era mascote da faculdade.

Deixando vinganças de lado, o fim do semestre chegou e era óbvio na cara de todos os alunos do dormitório que nenhum deles estava meramente preparado para os testes finais. Asahi, em seu pequeno estágio na recepção, nunca viu tão pouco movimento quanto naquela semana antes das provas (ele até conseguiu tirar um cochilo depois de estudar para sua prova de Conflitos Do Mundo Moderno e simultaneamente separar as correspondências por andar e bloco).

As provas deixaram os cabelos de Hinata Shouyo ainda mais arrepiados, porque ele jurava que suas anotações estavam exatamente na pilha de revistas Volleyball Monthly, especificamente dentro da edição de março, mas não conseguiu achar porque Kageyama Tobio era meio obcecado com a arrumação do quarto e jogou todas as revistas velhas fora.

Pelo menos as aulas de Anatomia Humana que de vez em quando rolavam ali no quarto foram úteis e tanto Kageyama quanto Hinata passaram com sucesso em suas provas finais.

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V.

Kageyama Tobio passou exatamente um mês planejando sua vingança contra Yamaguchi e Tsukishima por "se entrometerem onde não forem chamados, aqueles lazarentos da porra, eles vão ver só."

Como citado anteriormente, uma tal galinha caipira — mascote oficial da faculdade — pode ter tido algo a ver com isso.

Hinata Shouyo bem que estava achando estranho Kageyama manter uma caixa bem fechada embaixo da cama, e quase voou pela janela quando tentou abrir para descobrir o que tinha lá dentro. Naquele momento ele duvidou da sanidade de Tobio e resolveu deixar o pobre garoto em paz.

Mas a melhor parte é que ninguém suspeitava, e ninguém jamais suspeitaria.

Por isso que naquela noite de primavera Kageyama vestiu roupas pretas e colocou uma meia-calça escura na cabeça, pegou o saco pardo cheio de cocô de galinha que ele vinha recolhendo pelo último mês, e partiu para o corredor do 4° andar do bloco A.

Tobio tratou de andar nas sombras e não pegar o elevador, a fim de esconder-se de todas as câmeras de segurança no meio do caminho. E quando chegou à porta de número 46, riu maleficamente pensando em como seu plano tinha dado perfeitamente certo.

Hell fucking yeah eles vão ter o que merecem. Bando de motherfuckers...

Então Kageyama tomou certa distância e mirou bem, girando o braço algumas vezes para tomar impulso. Quando ele largou a sacola — uma verdadeira bomba de bosta de galinha —, todo o conteúdo praticamente explodiu contra o quarto 46, fazendo uma camada uniforme de respingos de cocô em toda a porta e no tapetinho da entrada. O cheiro era tão intenso que quase que automaticamente todas as luzes dos quartos acenderam e pessoas reclamavam.

"Ei. EI! O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AÍ, FILHO DA MÃE?!" puta que pariu era aquele segundanista chato o tal do Ennoshita fodeu fodeu fodeu "MOSTRA TUA CARA! ESPERA ATÉ EU FALAR PRO DAICHI-SAN SEU PUTO DOS INFERNOS—"

Kageyama entrou em pânico e fez alguns backflips até a janela do corredor, de onde se jogou num mortal de costas, pousando suavemente nos arbustos do mini jardim.

E o mais impressionante é: Kageyama Tobio nem sabia fazer backflips ou mortais.

O garoto saiu correndo até seu quarto e trancou a porta quando entrou, só para ver um Hinata Shouyo sentado na cama de cabelo em pé e cara de sono, obviamente confuso e um pouco assustado com a ilustre presença em seu quarto.

"O-O quê—"

"Sou eu, sou eu" Kageyama tira a meia-calça da cabeça rapidamente, antes que Hinata começasse a gritar ou semelhante.

"Você tá fedendo pra porra." Hinata coça os olhos brevemente "Espera aí. ISSO É COCÔ DA MARILU?!"

.

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VI.

A repercussão do ataque noturno de cocô deixou todos os alunos da faculdade vigilantes, e até mesmo o reitor instalara uma câmera de frente à porta da sua sala só para garantir.

Não é preciso mencionar que Daichi-san ficou uma fera e deu uma comida de rabo em todos os moradores daquele campus.

Tsukishima jurou que não descansaria em paz até pegar o desgraçado lazarento que tacara cocô de galinha em sua porta e transformara o 4° andar do conjunto B em um local praticamente inabitável. Isso só fez com que sua carranca ficasse pior — consequentemente, Kageyama Tobio quase soltara fogos de felicidade ao ver a cara daqueles putos quando avisaram que os faxineiros do prédio estavam de folga e que eles mesmos teriam que limpar toda aquela merda. Deve ter sido o melhor momento de sua vida.

Por outro lado, Tanaka Ryuunosuke teve o pior momento de sua vida quando sem querer entrou na sala de aula de Sociologia depois da aula e deu de cara com Shimizu-diva-do-terceiro-ano-Kyoko aos pegas com... ESPERA AÍ, AQUELA É A FILHA DO REITOR???

ESPERA AÍ DE NOVO, A KYOKO-SAN TÁ PEGANDO A YACHI?

A KYOKO-SAN

E A YACHI

AHN

Foi mais ou menos nesse momento que Tanaka Ryuunosuke duvidou de todas as certezas de sua vida e decidiu virar monge.

Por sorte, Daichi deu-lhe um discurso bem longo sobre como ele não deveria deixar a orientação sexual da garota que ele gosta afetar sua vida e que era melhor abandonar essa ideia de virar monge, e então Tanaka começou a sair com aquele cara da faculdade do outro lado da rua.

Agora que todo mundo já sabia que Tanaka estava saindo com o cara da faculdade do outro lado da rua, Hinata Shouyo ficou ainda mais convencido de que todo mundo — pelo menos os garotos — naquela faculdade era gay, inclusive ele próprio.

Quero dizer, as inúmeras tentativas de Noya-san de acabar com a enorme tensão sexual que acontecia entre Hinata e Kageyama meio que tinha funcionado, e eles acabaram entrando pro anuário como "casal mais fofo (votado pelo público) obrigado Nishinoya Yuu pela força!!!!", algo que fez a cara de Hinata ficar mais ou menos da cor de seu cabelo enquanto ouvia as garotas mais novas cochichando que o achavam incrivelmente fofo e um ótimo par para com Kageyama.

Tanaka recebeu o título de "cara mais popular do campus — mas não com garotas".

Surpreendentemente, a pessoa que entrou pro anuário como "mais bonito do campus (votado pelo público feminino)" foi ninguém menos que Shimizu-senpai e isso só elevou ainda mais seu status de deusa vinda à terra — também conhecida como "reencarnação de Cristo para a salvação da humanidade".

E, mais surpreendente ainda, a pessoa que ganhou o "mais bonito do campus (votado pelo público masculino)" foi Daichi-san com sua cara máscula e maxilar bem definido e wow, era meio óbvio porque fora escolhido mais bonito do campus. Os braços dele eram de matar, mas as pernas... Puta merda, aquelas coxas seriam capazes de esmagar alguém até a morte e são tão fortes e definidas e é melhor pararmos de falar sobre isso (antes que sua humilde autora tenha um AVC).

O final do semestre demorou, mas chegou, e agora os exaustos estudantes vão poder desfrutar as doces férias de verão em suas respectivas casas, sem o estresse dos trabalhos e redações, longe do — ainda existente — fedor de cocô de galinha do quarto andar. Asahi não teria que separar mais correspondência, e infelizmente Suga e Daichi teriam que comprar as próprias camisinhas, e não pegá-las gratuitamente no balcão da entrada do dormitório. Tanaka e Noya veriam outras saias voando ao vento e passariam menos noites contrabandeando bebida para o quarto para tomar com Hinata e Kageyama. Os pombinhos, por sinal, aproveitariam as férias para jogar muito vôlei e talvez transar um pouquinho.

A galinha caipira curtiria suas férias na sua gaiolinha no campus, sendo bem alimentada, tomando sua dose diária de sol, e fazendo muitos photoshoots para os posters oficiais da faculdade. Obviamente, a galinha caipira é a protagonista dessa história, muito bem, obrigado.


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Notas finais do capítulo

Cursos:
Hinata: Educação Física
Kageyama: Medicina (ortopedia)
Yamaguchi: Biologia Marinha
Tsukishima: Biomedicina
Tanaka: Turismo
Nishinoya: Comércio Exterior
Sugawara: Relações Internacionais
Daichi: Economia
Shimizu: Artes Plásticas
Yachi: Design Gráfico
Ennoshita: Administração.
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Obrigada por ter lido! Beijinhos!