Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 8
A nova protagonista.


Notas iniciais do capítulo

Ótima leitura para todos vocês! :)



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Trailer


"Você diz que está tudo em minha cabeça
E que as coisas que eu penso simplesmente não fazem sentido,
Então, onde você esteve?
Não fique acanhado,
Não jogue isso em mim como se fosse minha culpa.
Veja, eu posso ver aquele mesmo olhar em seus olhos toda vez.
Você me honra com sua indiferença,
Quando você me olha eu queria ser ela.
Você me ataca com palavras cruéis,
Sempre que você me olha eu gostaria de ser ela.
Estes dias, quando te vejo
Você faz parecer que pode ver através de mim.
Me diga por quê você perde seu tempo,
Quando seu coração não está nisso e você não está satisfeito.
Você sabe que eu sei exatamente como você se sente,
Estou começando a me sentir desse jeito também."

Cold Shoulder - Adele

~*~

A estrada estava seca quando Charlie veio me buscar, eu não havia mais visto Edward, nem mesmo no horário da saída, porque era Alice quem dirigia o Volvo.

Eu me lembrava do que ele fazia nesta parte, mas será que Edward realmente iria até o Alasca por minha causa? Eu achava pouco provável, mas coisas improváveis pareciam acontecer naturalmente por aqui. Era muito pra assimilar em apenas um dia. Meu cheiro... Porque ele era apelativo para Edward?

Nada nessa estrada parecia capaz de me distrair, nada em lugar algum parecia suficiente para tomar minha atenção.

Chegamos cedo demais a casa e Charlie se despediu de mim, pois tinha de voltar ao trabalho, logo que ele se foi comecei a ficar apreensiva, olhei a volta sentindo um arrepio involuntário e decidi ignorar a sensação. Apressei-me querendo logo estar do lado de dentro, mas assim que fechei a porta atrás de mim vi que não se tratara de uma boa idéia.

O silencio parecia agourento, subi devagar para meu quarto, atenta a qualquer possível ruído, mas só fui me acalmar quando tornei a descer e chequei os cômodos.

Ele não está aqui, você não significa nada para ele, não há razão para ele vir atrás de você, você não é Isabella Swan, é uma pessoa comum, não perca seu tempo! Minha mente podia ser bem cruel quando queria, mas desta vez tive que concordar com ela, era tolice continuar me focando naquele assunto.

Se meus dias iam continuar se passando dessa maneira tumultuada eu ia precisar sempre de tarefas diárias para dispersar minha inquietação.

Havia uma quantidade significativa da roupa suja de Charlie e achei que o melhor a fazer seria lavá-la, afinal, apesar de pequena minha pilha também pedia por limpeza. Foi um exercício que me ocupou a tarde toda, quando terminei resolvi também preparar o jantar, com efeito, quando finalmente pude tomar banho eu já estava cansada. A água quente fez seu trabalho e revigorou minhas forcas, me tirando um pouco a exaustão; voltei para o quarto notando que a casa ainda estava vazia e depois que troquei de roupa achei melhor passar o tempo usando pela primeira vez o computador.

Quase vinte minutos se passaram até que a máquina se tornou pronta para uso, quando as pop-ups pararam de aparecer eu pude digitar o que queria na caixa de busca. No entanto, não havia uma maneira de descrever minha dúvida, depois de pensar um pouco digitei: 'diferenças no cheiro de sangue para vampiros'. Logicamente nenhum site pareceu ao menos merecer um clique meu e bufei irritada enquanto desligava o aparelho decrépito, acabou sendo apenas perda de tempo.

Era normal que eu pensasse em me prevenir, era racional que eu sentisse medo, Bella também sentiu, mas ela soube lidar com a situação, ela foi corajosa. Isto fazia de mim uma covarde? Pela primeira vez entrei em consenso com meu subconsciente quando ele me explicou que não se tratava de covardia e sim de sensatez. Edward era perigoso, não havia porque eu correr o risco de ignorar isto.

Um zumbido inesperado me tirou a força de meus pensamentos e olhei ao redor, um pouco assustada. Logo o ruído se repetiu e pude identificar a causa, quase pulei da cadeira indo de encontro ao guarda-roupa, em uma das gavetas eu mantinha meu celular de castigo e agora como que por milagre ele estava funcionando. Um ícone no canto da tela me informava que eu tinha novas mensagens, mas ao checar vi que eram de um número desconhecido, foi só quando comecei a ler a primeira que me dei conta de quem era e isto fez meus dedos tremerem um pouco.

“Aneliese, é a Bella, por favor, me responda.”

Minha boca se abriu em espanto e passei ansiosa para a próxima mensagem.

“Aneliese, você está me ignorando? Eu não tenho inteiramente culpa do que aconteceu, foi muito rápido. Eu me lembro apenas de em um dia ter discutido com minha mãe e ido dormir aborrecida, desejando mais que tudo no mundo poder sumir e quando acordei estava aqui. Não é assustador?”

A última mensagem datava poucos minutos atrás.

“Liese, como você está se saindo? Me sinto mal porque estou verdadeiramente gostando do seu país, é tão diferente do meu! E as pessoas estão sendo muito simpáticas, conheci Rafaela e ela me faz rir, é uma ótima amiga. Bem, ontem um garoto chamado Alex veio lhe procurar, ele também é muito agradável. Por favor, mande notícias, sua falta de respostas esta começando a me perturbar. Bella.”

Nossa, aquilo era algo que tirava a atenção de alguém... Além de tudo, Alex fora atrás de mim, será que ele ainda insistia em ter algo comigo? Rafaela me alertara que não seria fácil despistá-lo, mas eu esperava pelo bem de nossa amizade e pelo carinho que eu tinha por ele que desistisse de uma vez desta historia.

Concentrei-me na tarefa premente que aguardava por mim, abri a caixa de resposta e comecei a digitar, meus dedos já estranhando a falta de tal prática.

“Bella, sou eu, Aneliese. Eu estou bem, fique tranqüila, apenas tive alguns imprevistos com meu aparelho celular. Fico feliz que você esteja se adaptando tão bem, Forks não é assim tão horrível quando se vê além da chuva e da lama, acredite em mim. Valeria a pena que você tivesse vindo e assim como você eu fico tranqüila somente porque sei que o que houve entre nós foi algo aleatório e inexplicável, será que uma das duas poderia ter impedido? Charlie é legal e sente sua falta, mas eu tenho a impressão de que nós duas ficaremos longe de casa por um longo tempo, então o reencontro de vocês terá de esperar... P.S.: Diga, por favor, a Rafaela que sinto saudades dela e a Alex creio que não precisa dizer nada, talvez a falta de palavras fale por si só. Beijos!”

Reli rapidamente a mensagem, parecia um tanto tola, mas eu não conseguiria nada melhor então apenas enviei-a de uma vez. Concluí que levaria uma vida inteira para poder dizer a Bella tudo o que queria e os poucos caracteres de uma mensagem jamais seriam suficientes. Talvez eu tivesse a sorte de um dia poder lhe falar pessoalmente.

Um bipe chamou minha atenção e quando tornei a olhar o celular vi que ele desligara.

– Mas que ótimo! - O sarcasmo tornou minha voz esganiçada, eu não tinha idéia de como faria para poder falar novamente com Bella, torcia para que ela recebesse minha resposta.

Uma batida suave na porta me fez dar um pulinho de susto, olhei para cima enquanto o rosto de Charlie aparecia ao portal. Que estranho, eu não o vira chegar. Eu escondi o celular entre as cobertas, mas não sabia ao certo o porquê.

– Está tudo bem?

Dei um sorriso duro.

– Sim, está.

– Você ainda não jantou, não é? Venha, vamos descer.

Ele se virou e saiu, comecei a me perguntar se seria uma boa idéia lhe contar sobre a filha, mas achei melhor não. Charlie talvez me fizesse perguntas que eu mesma não saberia como responder.

A chuva continuava aquela manhã, mas eu achava que o dia amanhecera um pouco mais frio que o anterior. Se eu não estivesse onde estava duvidava que facilmente encontrasse forças para sair da cama e mesmo assim o fiz com relutância. Um arrepio de frio perpassou minha espinha, eu ainda levaria algum tempo para me acostumar com o clima. Mais um dia em Crepúsculo. Devia ser uma coisa boa, era uma coisa boa, mas eu devia reconhecer ainda estar desconfiada com o quê aquela historia poderia estar reservando para mim. Era eu quem deveria estar no controle, eu não gostava nada de ser vítima das circunstâncias.

Tomei meu banho e me aprontei rápido porque estava com fome e queria mais tempo para tomar meu café, no entanto quando desci vi que Charlie já havia saído para o trabalho. Demorei meio segundo para me recordar de que desta vez eu não iria contar com sua carona, mas respirei tranqüila, por mais que eu ainda encontrasse alguma dificuldade em dirigir eu suspeitava que fosse o menor dos problemas de meu dia. Dei uma olhadela no relógio, mas não estava atrasada, Charlie é que saíra mais cedo. Preparei meu café e me sentei disposta a comer com tranqüilidade, eu precisava de atividades corriqueiras para tentar expulsar a sensação de ser uma completa forasteira.

Meus cabelos estavam soltos e ajudavam a aquecer meu pescoço, eu usava roupas reforçadas - menos a capa de chuva, eu simplesmente detestava aquela coisa - e mesmo assim quando saí para o frio e o chuvisco me senti desprotegida. Corri até a picape e fiquei feliz de estar novamente em um abrigo, não estava tão quente assim do lado de dentro, mas ao menos aqui não chovia. Coloquei minha bolsa no banco do carona e liguei o motor, eu estava mais confiante e consegui passar da calçada para a rua sem acidentes, dirigi devagar, não que eu me preocupasse tanto assim com a segurança, eu apenas não tinha razão para pressa, na verdade a minha vontade era nem ter de ir pra escola hoje.

Mesmo com toda a cautela cheguei ao grande prédio no que pareceu ser cedo demais, consegui uma vaga perto da marquise e logo já estava andando na direção do corredor principal. Antes de contornar a curva, porém, tive de lançar um olhar furtivo para o estacionamento e rapidamente encontrei o que procurava: o Volvo reluzente de Edward estava parado em meio aos demais veículos parecendo completamente comum. Eu sabia que isto não significava que ele havia vindo à escola, mas foi difícil ignorar a sensação desagradável que se apossou de meu estômago.

Acelerei o passo querendo chegar logo a minha sala, eu imaginava que fosse impressão que parecesse que os alunos me encaravam tanto ou mais que ontem. Isto era muito brusco e fiquei imensamente feliz quando finalmente alcancei a sala de inglês e pude me acomodar em uma inocente carteira ao fundo, longe dos olhares.

Minha serenidade, entretanto, não durou muito.

– Bom dia, Liese.

– Bom dia, Mike, tudo bem? - Eu fiz o possível para não parecer rabugenta, sabia que ele só estava tentando ser simpático, ao menos eu me sentia mais confortável pensando assim.

– Sim, tudo bem e parece que com você também está.

Franzi a testa.

– E porque não estaria?

– Bem, é que achei que depois do jeito que o Cullen falou com você, não apareceria na escola tão cedo.

Eu fiquei surpresa com sua frase, notei que alguns alunos próximos prestavam demasiada atenção a nossa conversa e semicerrei os olhos finalmente entendendo o porquê de ainda ser alvo de olhares; todos haviam visto o que se passara no refeitório, e o fato de eu ter saído correndo, com certeza me fez parecer covarde. Nenhum deles sequer sonhava em entender a razão para minha atitude, as pessoas estavam julgando algo que não sabiam.

Olhei para Mike e fui decidida em minha resposta que saiu um pouco mais esganiçada do que eu gostaria.

– Não vai ser uma troca de palavras grosseiras que vai me impedir de vir estudar.

Mike estava prestes a replicar quando o professor entrou na sala e reivindicou a atenção de todos. Eu tentei, mas não consegui me concentrar, eu estava muito aborrecida, me tornara alvo de comentários muito mais rápido do que acharia ser possível e não era algo conveniente. Eu era a única que sabia perfeitamente bem a razão de ter fugido e não fora exagero de minha parte, eu simplesmente fugira da morte. Eu era a única que compreendia meus motivos e no fim era isso o que importava.

As aulas se passaram num sopro, procurei me esforçar para compreender a matéria e para manter o foco nos estudos porque eu queria desesperadamente passar despercebida como mais uma aluna comum. Eu sabia que era inútil investir naquilo, porque por mais que eu me misturasse aos demais, eu nunca seria apenas mais uma cidadã de Forks.

No fim de mais uma aula Eric Yorkie chegara para conversar comigo, eu o olhara nervosa, já esperando investidas desconcertantes, mas ele apenas perguntou sobre as aulas, como eu estava me saindo e se precisaria de ajuda. Falávamos sobre geometria quando Jessica apareceu e começou a discursar sobre seu dia, seu humor esfuziante fez com que Eric se afastasse disfarçadamente, um pouco constrangido.

Não tinha como escapar, e tive de compartilhar da conversa, fingindo interesse nas questões superficiais que Jessica apontava. Eu só notei que era a hora do intervalo quando já estávamos no refeitório.

– Liese, Edward Cullen está olhando pra você.

Caminhávamos em direção a nossa mesa e as palavras de Jessica pela primeira vez mereceram minha verdadeira atenção, seguindo seu olhar pude confirmar que o que ela dissera era verdade. A um canto do grande salão estavam os Cullen, Edward entre eles olhava diretamente para mim e sequer se incomodou em disfarçar. Eu sabia que estava ficando vermelha, mas mais que apenas timidez, eu estava um tanto apreensiva. Ensaiara nosso encontro em minha mente inúmeras vezes, mas isto não me ajudava em nada, a realidade era completamente diferente.

Eu desviei o olhar, escolhendo um lugar a mesa que me deixava de costas para ele, ciente de que este era o único jeito de eu poder ter um almoço tranqüilo.

– Ele ainda está olhando para você - cochichou Jessica animada. Ela falava como se o assunto tivesse algo a ver consigo, mas concluí que devia mesmo ser um grande acontecimento, afinal não era do costume de nenhum Cullen confraternizar com os alunos.

– Por favor, pare de olhar para ele - pedi num fio de voz.

Ela me olhou como se eu tivesse a insultado.

– Como você pode ignorar isto? Quero dizer, Liese, olhe só pra ele! Você é muito sortuda que ele esteja mostrando interesse em você.

Eu suspirei com amargura, por um segundo desejei poder pensar como Jessica e ver aquilo apenas pelo lado positivo, mas era impossível, havia muito mais implícito naquele olhar do que alguém podia imaginar e eu estava ficando assustada.

– Nossa, essa está se tornando a secada do século, você é uma boba Liese, eu já teria pulado no colo dele se fosse você! - Riu-se.

Meu Deus, alguém tinha de acalmar os hormônios dessa garota, eu sabia que a audição dos vampiros era impecável e que claramente eles podiam ouvir tudo o que dizíamos e fiquei plenamente satisfeita de não precisar esconder novamente o rubor em minha face. Eu não estava brava com Jessica, meu humor apenas não estava em seus melhores dias, se o momento fosse diferente talvez eu até tivesse rido de seu comentário, logicamente que eu sabia o quão lindo e o quão sedutor Edward podia ser, Jessica não tinha culpa, era quase impossível ignorá-lo.

Não era uma boa linha de raciocínio para esse instante, eu tinha de ser mais madura e ver além da beleza, o perigo estaria escondido ali, camuflado por uma visão absurdamente tentadora.

Jessica finalmente se esquecera de mim, agora conversava com outra garota, eu fiquei tranqüila por Edward não ter de ouvir mais suas frases atrevidas, e mesmo que de vez em quando pensamentos assim invadissem minha cabeça eles estariam a salvo envoltos na discrição de minha mente.

Na discrição de minha mente. Espere um pouco...

– Ahhh! - Soltei um gritinho de pavor, todos na mesa olharam para mim e eu tive de me recompor rapidamente. - Me desculpem, é que eu... É, eu me esqueci de trazer o dinheiro do lanche - menti.

– Tudo bem Liese, eu te empresto - ofereceu-se Mike e eu não tive escolha senão aceitar.

Logo que as pessoas desviaram sua atenção eu pude deixar os verdadeiros sentimentos tomarem conta de mim, eu me sentia incrivelmente tola. Como eu me esquecera de que Edward podia ler mentes? Ele devia saber de tudo, ele devia saber que eu estava com medo então de nada adiantava eu fingir ser corajosa. Esta não era uma boa notícia para meu dia, eu me senti acuada e invadida, nenhum pensamento mais era seguro, porque eu não podia simplesmente ter continuado na ignorância de tal fato revelador?

Jessica se levantou para comprar sua comida e eu a acompanhei. Precisava mesmo de algum açúcar em meu organismo, pois minhas pernas estavam um pouco fracas. Eu tentei evitar, mas não pude conter olhar a mesa dos Cullen, por sorte todos pareciam perfeitamente alheios a minha presença, mas de certo modo não fazia sentido.

Edward era um leitor excepcional, em geral procurava ignorar a invasão de pensamentos alheios em sua cabeça, mas quando se tratava de coisas importantes ele com certeza ficava sabendo. Sendo assim não deveria minha presença ali ser notada? Quero dizer, eu já desconfiava que os Cullen não simpatizassem comigo, mas isto só acontecera depois do incidente com seu irmão. Se Edward estava ciente do quanto eu sabia sobre sua família eu não deveria apresentar a eles uma ameaça maior? Não seria algo a ser resolvido com a maior urgência? Quando descobriram que Bella sabia seu segredo eles cogitaram matá-la, mesmo Edward pensara nisto várias vezes, por vários motivos... Eu sabia muito mais que ela, porque então eles agiam como se não fosse assim?

– Liese.

Pisquei aturdida.

– Me desculpe. Você falou comigo?

Jessica riu meio desconfiada.

– Sim, perguntei se está tudo bem, você está um pouco estranha hoje.

Eu procurei agir com normalidade.

– Desculpe. Está tudo bem, apenas estou devaneando mais do que devia.

– Estou vendo.

Estávamos na fila para pegar nossa comida e uma idéia maluca me veio à cabeça, eu precisava testar algo e precisava ser agora.

– Hmmm Jess, faz tempo que você mora em Forks? Como é a sua vida aqui?

Ela não estranhou minha pergunta, na verdade ficou animada que eu estivesse dando-lhe chance para tagarelar, era exatamente o que eu queria, fingi estar prestando atenção, mas meus pensamentos estavam distantes. Eu sabia que aquele tópico jamais interessaria a Edward e quando o olhei ele continuava quieto, desfazendo um pãozinho entre os dedos, a expressão de puro tédio. Foi aí que eu agi.

Edward! Chamei por seu nome em minha cabeça e aguardei alguma manifestação. Nada. Disfarçadamente continuei olhando-o e desta vez estrondosamente disse seu nome completo repetidamente, mas era como se eu nada fizesse. Não era possível! Então Edward não podia ler meus pensamentos? Isto explicava muita coisa...

De repente, sem aviso ele se virou para a direção em que eu estava, seus olhos encontrando os meus tão rápido que mal tive tempo de desviá-los. Voltei o olhar para Jessica e vi que ela estava atenta demais ao que se passava entre nós, eu me esquecera dela que devia ter notado a minha falta de atenção dando a Edward motivo para voltar a olhar para cá.

– Me desculpe – pedi, sem graça.

Para minha surpresa ela riu.

– Tudo bem, finalmente você está agindo como deveria, nenhum ser humano em sã consciência conseguiria ficar alheio àquilo – suspirou.

Eu preferia que ela tivesse ficado brava, ela me fez parecer uma adolescente apaixonada, eu podia sentir minha face quente e como já não tinha mais jeito de disfarçar me virei para Edward uma última vez só para descobrir que ele sorria daquele seu jeito muito presunçoso. Eu em geral procurava ser uma pessoa segura de mim, mas naquela situação era muito difícil manter o controle, aquele vampiro conseguia mexer com minha sanidade mental.

Depois que voltamos a nossa mesa fiz questão de inventar uma desculpa para ficar um pouco longe de Jessica, eu não conseguiria comer uma fração de meu almoço se ela continuasse me constrangendo sem pudores, encontrei um lugar perto de Angela e me obriguei a manter a conversa apenas com teor estudantil. Quando o sinal finalmente bateu Mike se ofereceu para ir comigo para a aula que teríamos e como que por mágica, ao menos uma vez o assunto abordado por ele não envolvia paquera.

Ele me perguntou coisas sobre meu país e respondi de bom grado, apesar disto me deixar um pouco tristonha, com saudades de casa.

– Então você sente falta de lá, não sente?

– Está tão óbvio assim? – Eu ri. – Sim, eu sinto falta. – Havíamos chegado à sala e cabelos cor de bronze inevitavelmente atraíram meu olhar. – Mas as coisas aqui são tão interessantes que acabo me esquecendo completamente de lá – mordi o lábio.

Por sorte Mike não pareceu compreender e eu aproveitei a deixa para ir até o professor me apresentar e pegar um exemplar do livro de biologia, quando me virei notei uma carteira vazia ao fundo e comecei a convergir ansiosa para ela, no entanto eu mal havia dado dois passos quando o professor falou:

– Aneliese, espere. É melhor você se sentar ao lado do senhor Cullen, estando na frente terá mais facilidade para se atualizar nas aulas. Venha.

Isto não está acontecendo.

Devagar eu me virei e refiz meu caminho até meu novo lugar, procurei me sentar com a maior dignidade que pude, mas só o que me sentia era tola e covarde, eu podia passar quinhentas horas seguidas nesta sala, mas de jeito nenhum eu olharia novamente e deliberadamente para ele.


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Notas finais do capítulo

Oi pessoal! Antes que passem para o próximo capítulo, queria muito pedir desculpas por ter sumido desse jeito, passei por alguns momentos difíceis que acabaram fazendo eu me afastar, mas agora graças a Deus estou de volta e pretendo levar essa história até o fim. Tem gente que a leu há anos e acho que todo mundo merece saber o que afinal vai acontecer com a Liese, né? Obrigada a todos!



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