Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 6
Marcas no asfalto.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Trailer

"Sinto que estou caminhando nas nuvens.
Ontem havia lágrimas nos meus olhos.
Eu vou seguir a minha intuição,
Dizer a mim mesma para ouvir,
Pois vai dar tudo certo,
O dia vai ser bom!
Preciso seguir o que parece ser certo,
Não preciso sempre de um motivo.
Às vezes fica tudo tão confuso,
Parece que não sei o que estou fazendo,
Mas eu confio no meu coração
E no final isso mostra que somos melhores que qualquer coisa."

Intuition - Selena Gomez

~*~

Eu estava acordada há cerca de vinte minutos, mas continuava deitada ouvindo o barulho da chuva batendo no teto, nunca fui muito fã de dias chuvosos, mas agora teria de me acostumar a eles. De qualquer forma, me sentia mal agradecida pensando assim, qualquer fã daria tudo o que tinha para estar em meu lugar.

Pensar nisso me fez perguntar o que os apaixonados por Twilight diriam se soubessem que uma forasteira usurpara o lugar da protagonista, porque por mais que eu me sentisse vítima da situação eu estava em um lugar que não me pertencia. E o pior é que eu não podia julgar ninguém, eu jamais seria favorável a tal mudança.

O que será que Edward diria quanto a isto? Ele não ficaria confuso quando não visse Bella?

– Espere aí! – Ergui-me num átimo. – Mas do que eu estou falando? Edward não conhece a Bella... Se ela não veio para Forks eles ainda nem se viram. – Aliás, ninguém conhecia ninguém, era uma trama fora dos eixos.

Eu devia achar uma boa notícia já que minha estadia acabara de ficar menos complicada, mas foi o efeito oposto. Algo estava muito errado, Bella deveria estar aqui. Era o começo de tudo, era uma historia que pertencia a ela, o que é que eu fazia em seu lugar, afinal?

Porque isto tinha acontecido? O que eu faria, uma vez que a personagem principal estava a quilômetros de distância?

Tudo isto fugira de meu conhecimento, mas agora parecia tão óbvio que eu não entendia como não havia notado. Eu teria que tomar muito cuidado para evitar que transformações drásticas acontecessem. Não há transformação mais drástica do que você estar aí, acusou meu subconsciente. Porque eu é quem tinha que medir cada passo, eu não viera com uma varinha de condão e desandara minha história favorita, isto havia acontecido sem que eu me desse conta. Talvez devesse ser assim. Pois que fosse, ainda assim eu tentaria ficar na minha.

Independente de qual vida eu vivia eu tinha uma rotina a seguir, ainda era cedo, mas eu não estava mais com sono. Levantei-me e peguei o necessário para o banho, saí do quarto e vi que a porta de Charlie estava aberta, porém ele não estava em lugar algum à vista. Talvez tivesse ido trabalhar, mas era domingo e imaginei que ele teria me avisado, decidi me banhar rapidamente e descer à sua procura.

Quase vinte minutos e eu estava pronta, não era meu forte gastar pouco tempo embaixo do chuveiro, mas eu não me esquecera de que aqui eu era a visita. Fiquei agradecida por ter algo de meu, como minhas roupas e acessórios essenciais para a viagem; o minimalismo pertencia ao lado menor da família, juntas minha mãe e eu éramos compradoras compulsivas e mesmo que a vaidade excessiva não fosse nosso forte nós jamais saíamos de casa sem o necessário.

Apesar da chuva não cessar o frio era ameno, como não esperava ter compromissos hoje eu optei por usar meu conjunto de moletom e continuei com as pantufas. Tinha lavado o cabelo à noite e acabara dormindo com os fios molhados, coisa que não resultou no melhor dos visuais então escondi a bagunça em uma longa trança.

Terminei de aprontar a cama e desci para o desjejum, estava com fome porque em geral há esta hora eu estava na escola e era costume tomar um café reforçado antes.

Por causa do silêncio eu cheguei a pensar estar sozinha e me surpreendi ao encontrar Charlie na cozinha, sentado à mesa fazendo sua refeição enquanto ouvia o noticiário pelo pequeno aparelho de rádio.

– Bom dia, caiu da cama? – Brincou.

– Estou acostumada a acordar cedo para ir à escola – dei de ombros.

– Já vejo.

Eu desconfiava que este fosse o tipo de conversa que teríamos sempre: o tipo breve. Eu gostava de tagarelar, mas preferia quando havia retribuição. Não obstante eu repugnava o começo das relações quando o convívio ainda era embaraçoso e não dei chance do momento se prolongar, ao invés de ficar parada cortei o silêncio dizendo a Charlie que gostaria de comer algo. Não houve objeção e me senti mais à vontade para me servir de leite, torradas e queijo.

A comida estava boa, apenas senti falta de consumir alguma fruta, minha mãe me forçara a incluí-las em minhas refeições e no final eu acabara gostando.

– Imagino que vá passar o dia em casa – falou Charlie a certa altura.

– Imagino que sim.

– Bem, eu combinei de ir à pescaria, mas fico pensando que seria melhor desmarcar, caso você se sinta incomodada de ficar sozinha.

Terminei de beber meu copo de leite e sacudi as mãos em negativa.

– Não, por favor, vá se divertir. Não cancele seu compromisso por minha causa, eu ficarei bem.

Eu estava em um país diferente, mas não era como se jamais tivesse ficado por minha própria conta, a propósito, eu sempre ficava por minha própria conta, já que meus pais trabalhavam mais que qualquer pessoa que eu conhecia.

Charlie não discutiu, bebeu o restante de sua xícara de café, desligou o rádio e foi até os fundos, voltando munido de um cooler e uma vara de pescar. Passou direto por mim indo colocar tudo no carro e voltou para lavar a louça.

– Você pode ir, eu cuido disso – anunciei. Ele não ia ceder. – Por favor, eu quero ajudar.

– Está bem, então vou indo. O telefone de Harry está na agenda, eu estarei com ele e Billy, se precisar você pode ligar, a esposa dele ficará em casa.

– Tudo bem.

Ele acenou e saiu, parecia mesmo um pouco inquieto, em contrapartida eu estava tranquila, se fosse mesmo perigoso me deixar aqui ele não teria ido. O motor roncou e logo o ruído foi se distanciando, eu finalizei minha refeição e arrumei a cozinha, depois que terminei me encostei à bancada olhando ao redor. O lugar estava arrumado, considerando que era a morada de um homem, no entanto encontrei coisas que eu podia melhorar. Devia parecer estranho ter uma companhia masculina, mas eu via em Charlie uma figura paterna e sempre passara mais tempo com meu pai, porque minha mãe era workaholic convicta. Com efeito, eu estava achando o convívio muito agradável.

Eu me sentia disposta para um dia de faxina, não pensei mais sobre isto e caminhei até a área de serviço à procura dos produtos que usaria na limpeza, ali havia apenas uma janela que dava para uma das laterais da casa e eu pude ver a caminhonete estacionada no exato lugar da véspera. Comecei a sentir certa inquietação no estômago, eu ainda não sabia como faria para utilizá-la, eu precisava desesperadamente praticar.

De repente visualizei outro rumo para meu dia e concluí que aquilo era algo mais premente em que eu precisava me concentrar. Refiz meu caminho até o quarto, logo que cheguei avistei a chave do carro em cima do gabinete, quando a segurei meu lado racional tomou partido me dizendo que minha brilhante ideia não era tão brilhante assim. Eu precisava me familiarizar com a direção e tinha a oportunidade perfeita para isto, mas dissera a Charlie que ficaria em casa. Sentia como se estivesse mentindo para ele, mas qual escolha eu tinha?

Troquei as pantufas por meu tênis e peguei minha identidade na gaveta do criado-mudo, sabia que não era o documento certo, mas seria melhor levar, também peguei meu celular, a tela continuava morta, mas eu simplesmente não me sentia confortável saindo sem ele. Fui rápida e quando cheguei à entrada achei melhor nem mesmo deixar um bilhete, pois eu queria voltar logo, de preferência antes que o xerife, já que não pretendia lhe contar sobre minha escapada.

Tranquei a porta e corri até a picape, ansiosa para me abrigar da chuva, utilizara o capuz da blusa para evitar que meu cabelo se ensopasse. Assim que entrei comecei a me sentir culpada, mas ignorei tal pensamento prometendo a mim mesma que tiraria minha carta o mais rápido possível.

Respirei fundo e me concentrei, coloquei o carro em ponto morto e girei a chave na ignição, estava nervosa, mas fiz questão de me acalmar, pois aquilo não me ajudaria em nada. O veículo vibrou, o motor roncando alto para a vida. Dirigir não era uma tarefa difícil, tudo se tratava de prática, era verdade que a Chevy não se assemelhava ao Honda de meus pais, mas com o tempo eu me acostumaria.

Engatei a marcha e comecei a acelerar devagar, o ruído em resposta era ensurdecedor, mas por causa da chuva a rua estava vazia e eu me senti mais confiante pela falta de plateia. A parte mais complicada era manobrar para sair do gramado e o carro morreu quando me atrapalhei. Suspirei e religuei o motor, eu não era tola, eu sabia o que tinha de fazer e da segunda vez consegui sem problemas.

Estava no acostamento da rodovia, conseguira chegar até ela e avançara uma distância considerável, mas quando me toquei de que podia estar indo para La Push achei melhor parar e descansar uns minutos. Foi uma missão bem sucedida, eu estava orgulhosa de meu progresso, mas achava que era hora de voltar.

Consegui fazer o retorno tranquilamente e acelerei indo na direção contrária, a pista estava vazia e apenas um carro passou veloz, desaparecendo à distância. Avistei o condutor de relance e uma sensação de familiaridade tomou conta de mim quando observei o veículo, eu pensara ter visto... Não, não podia ser.

Meu consciente estava mais convicto e afirmou sem pestanejar: era Carlisle.

Um tremor involuntário perpassou minhas mãos e acabei derrapando alguns centímetros, por sorte não foi grave, mas eu sabia que tinha deixado marcas no asfalto. Seria possível? Carlisle Cullen... Aquele Mercedes, eu o reconheceria em qualquer lugar e de fato duvidava que houvesse tantos veículos ostentosos em Forks além dos deles. E se ao invés de perto da reserva eu chegara aos arredores da mansão dos Cullen?

Caramba, era difícil de acreditar. Ainda ontem eu duvidara da existência deles e agora poderia jurar que sabia quem passara à minha frente. Não era coincidência, mas talvez fosse o destino. Eu estava aqui por um propósito e seguira minha intuição durante todo o percurso, ela me trouxera até aqui.

Bem, ao final eu estava satisfeita pelo caminho que escolhera.


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Notas finais do capítulo

É isso pessoal, logo volto com mais. Não deixem de dizer o que estão achando da história, sua opinião é importante para que eu escreva da melhor maneira que posso, beijos! :*



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