Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 54
Trégua.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como estão? Como passaram as festas? Bem, ainda temos o ano novo, então mais um dia de muitas alegrias nos espera, com certeza.
Voltei finalmente com o fim da fanfic :(
É triste, mas todos sabiam que eu terminaria ela ainda esse ano e cá estou eu cumprindo minha promessa! Acharam que eu não ia conseguir né? rs
Bem, eu fiquei muito feliz com o desenrolar desta versão de 'Perdida em Crepúsculo', quando comecei a reescrevê-la jamais imaginei que conseguiria outra vez terminá-la e muito menos que haveria tantos leitores, tanta gente querida acompanhando. Eu só tenho a agradecer a vocês, termino meu 2015 mais feliz por causa do carinho dos leitores, obrigada!
Sem mais enrolação, vamos aos capítulos e boa leitura! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/593324/chapter/54

Trailer

"Faça as malas,
Estou perdida o suficiente.
Oh diga, diga, diga...
Tudo pronto,
Não se perca.
O meu tipo é o seu tipo,
Eu vou permanecer a mesma.
Malas feitas, não se perca.
Espere,
Eles não te amam como eu amo você."

Maps – Yeah Yeah Yeahs

~*~

– Eu não tinha dúvidas de que iria se arrepender – falou de dentro do banheiro, a voz embargada, pois escovava os dentes após o almoço.

Revirei os olhos contente dele não poder ver e acabarmos em mais uma rodada de cócegas indesejadas. A refeição que Jacob preparara estava deliciosa, realmente boa e eu tivera que me redimir pedindo-lhe desculpas por tê-lo ofendido.

Assim que voltou para a sala pedi licença e foi minha vez de fazer minha higiene, como sabia que passaria o dia fora eu trouxera comigo minha nécessaire e dentro meus itens básicos. Quando terminei me juntei a ele e refizemos o caminho até a garagem, tivemos que correr, pois começara a chover e nenhum de nós queria se molhar. Entramos distraídos e foi surpreendentemente desconfortável darmos de cara com os rapazes da alcateia ao fundo do galpão, nos encarando com expressões iguais de desprezo.

Jacob estancou onde estava e quando falou exprimiu completo aborrecimento.

– O que fazem aqui?

– Estivemos esperando vocês terminarem de brincar de casinha.

Semicerrei os olhos para o tom de deboche de Paul, eu não esperava menos dele.

– Jacob, nós precisamos conversar – anunciou o líder.

–Não, não precisamos.

Olhei de um rosto para o outro medindo suas atitudes e não encontrei qualquer sinal de paz nelas. Os rapazes ocupavam o canto mais afastado que havia sido destruído por Jacob há alguns dias, havia uma espécie de teto improvisado em madeira e telhas, mas com a intensidade da chuva muita água respingava para dentro e os atingia.

– Jacob, eu acho que vou para a picape e vocês podem conversar com privacidade.

– Sim, por favor, faça isto!

– Cale essa maldita boca, Paul!

– HAHAHA, vejam só quem fica todo nervosinho por insultarmos a namorada dele.

Jacob ousou dar um passo a frente, mas sem cerimônias segurei seu braço querendo mais que tudo evitar o confronto, eu me sentia culpada por isto, era inevitável, todas as vezes em que vinha eles brigavam e eu sabia o quanto isto o aborrecia, pois por mais que tivessem suas diferenças eles eram como irmãos.

– Por favor, não brigue com ele – pedi baixinho.

Ele me fitou e pareceu pensar duas vezes.

– Que coisa ridícula Jacob, essa garota agora manda em você?

Me virei, pois desta vez a ofensa havia vindo de uma pessoa diferente, era Jared quem havia dado um passo à frente.

– Jared, pare. – Sam estava claramente dividido, também parecia querer evitar o confronto, mas seus olhos demonstravam que ele de certa forma era a favor das críticas.

– O que é que você quer seu imbecil? Ter um relacionamento com essa aí?

Paul havia ido longe demais, Jacob se desvencilhou de minhas mãos e saiu de perto de mim, avançando para o outro rapaz e empurrando-o com violência.

– Eu não tive medo de lhe enfrentar antes Paul e muito menos agora. Essa sua fixação em odiar Aneliese até faz parecer que pode sentir outra coisa por ela – provocou.

– Eu com essa amante de sanguessuga? HAHAHA.

– Seu...

– PAREM!

Imediatamente eles se viraram, todos surpresos com minha interferência, mas eu simplesmente havia atingido meu limite, mesmo Jacob falava como se eu sequer estivesse presente. Não interessava quão louváveis fossem suas intenções, insistir na discussão sem dúvidas traria a isto, pois aqueles rapazes me odiavam e odiavam as pessoas com que eu estivera relacionada. Porém eu também as odiava agora e não queria ter de lembrar. Não queria ter de recordar nada.

– Parem de se detestar por minha causa, de insistir neste mesmo assunto...

– E quem disse que queremos escutar o que tem a dizer?

– Pouco me importa o que querem! – Rebati. – Pois no instante em que me insultaram eu ganhei todo o direito de fazer parte desta discussão. E querem saber? É justamente isto que não quero: estar envolvida em tanto preconceito, tanto julgamento infundado, pois vocês podem até conhecer bem seus inimigos, mas não conhecem a mim! Não sabem nada sobre o que sinto ou penso e já que pouco se importam em me tratar como pessoa não é maior minha vontade de continuar aqui. Vou embora de sua aldeia e espero que isso seja suficiente para que parem de me insultar feito uns covardes, feito animais, que apesar de também serem eu imagino que não defina totalmente seu caráter. Parem pra pensar, ao menos eu já me dei conta disto: se ocupam em odiar pessoas que sequer estão aqui, podiam fazer melhor uso de seu tempo.

– Você faz papel de inocente, mas gostava deles, não é?

– Sim, eu gostava muito. Mas me iludi. Agora me diga algo que eu não sei – desafiei.

Vendo que a discussão por ora havia findado encontrei facilmente meu caminho para fora e saí sem me preocupar com chuva ou frio, julgamentos ou defesas, eu só estava de saco cheio. Quer dizer que ficar em Forks significava realmente jamais poder esquecer os Cullen? Sim, eu sabia bem que eles haviam tido grande ligação com a cidade, mas procurava deixar isto no passado e estava conseguindo, contudo infelizmente eu não dominava os pensamentos alheios.

– Liese! – Jacob me alcançou com facilidade enquanto eu caminhava decidida pela lama recém-formada. – Por favor, não vai embora. Me desculpe, eu sei que disse que ao menos hoje estaria tudo bem, eu esperava que eles se chateassem, mas não esperava por isto – gesticulou ferozmente.

Eu não parei de andar para lhe dar a chance de se explicar.

– Está tudo bem Jacob, não me importo de quem seja a culpa, não me importo com nada disso, eu só quero ir pra casa e tentar esquecer.

– Mas tentar esquecer nosso dia juntos?

– Por favor! Sabe bem a que eu me refiro.

– Liese, eu sei como é...

– Não!

Havíamos alcançado a caminhonete e só então parei de andar, me voltando para encará-lo.

– Desculpe-me, mas desta vez você não sabe. Não digo que não tenha sofrido perdas, eu sei que sofreu, mas eu já lhe disse: você não foi abandonado. Não foi tratado como lixo. Não foi descartado como se sua presença jamais tivesse sido importante... Isto machuca demais! Tanto que eu pensei que nunca fosse ser capaz de superar, mas eu estou tentando, estou tentando muito e não ajuda ter que viver em um ambiente tão repleto de críticas. Não ajuda que vocês falem dele como se isso não me magoasse, não é pelo amor que senti um dia, é pela humilhação. Foi muito humilhante e eu não quero mais lembrar! Meu Deus, eu não quero mais lembrar...

Baixei minha cabeça e levei as mãos ao rosto esfregando-o, tentando evitar me emocionar, eu não queria chorar. Eu não acreditava que isso fosse me trazer algo de bom.

– Liese, eu...

Olhe, eu sei o tanto que você enfrentou pra ficar perto de mim, eu vi exatamente o que enfrentou – apontei o galpão ao longe. – Mas não há tanta força assim em meu peito para travar uma batalha por dia, eu só queria a chance de ter uma vida normal. É o que todos nós queremos, não é? – Ri sem humor. Depois respirei fundo. – Então eu mantenho minha palavra, eu não vou voltar a La Push e ser a causa de mais desavenças, sei que posso estar sendo covarde, mas prefiro isto a ter meu coração atacado, eu só não aguento mais. Desculpe.

Me apressei para abrir a porta do carro e me sentar.

– Liese, não. Espere, por favor!

– JACOB!

Olhei e vi Sam do lado de fora, esperando. Eu já havia ligado o motor e não esperei enquanto Jacob se decidia, não queria ficar e ver que ele poderia me deixar, então acelerei. Enquanto me afastava podia ver seu reflexo no espelho retrovisor, cada vez se tornando menor.

Ele não se moveu, permaneceu onde estava e fingi que minha partida não havia sido dolorosa da maneira que meu coração fazia parecer.

A biblioteca havia sido o melhor lugar que eu encontrara para me refugiar. Era domingo à tarde e Charlie tinha ido pescar, com a perspectiva de ficar sozinha em casa vi que seria melhor encontrar uma atividade. Eu não podia dar chance para minha mente vagar, ao menos aqui encontrara um sofá confortável e tinha a companhia de ótimos livros.

Havia ficado mais de duas horas sentada, lendo furiosamente um romance criminal. Quando enfim finalizei me levantei sentindo minhas pernas rígidas e caminhei para a recepção. Não peguei nenhum empréstimo desta vez, apenas devolvi o volume que segurava e me despedi de Aubrey com um sorriso.

A chuva caía como de costume e fiz uso do capuz para me livrar da umidade, alcancei a picape e liguei apressada o aquecedor disposta a ir embora. Ainda era cedo, devíamos ter cerca de uma hora até o anoitecer, mas eu estava com fome e realmente ansiando por um banho.

Assim que alcancei a casa me precipitei para dentro e logo me livrei de minhas roupas. Depois de já estar devidamente seca e vestida desci para preparar o jantar. Charlie sem dúvidas traria mais peixe então resolvi preparar purê de batatas e arroz para acompanhar, ele não tardaria a chegar.

De repente ouvi batidas à porta e me surpreendi com o ruído. Diminuí a potência do fogo que fervia uma panela cheia de água e batatas e fui atender.

Revirei os olhos ao ver Jacob no portal.

– Porque você veio até aqui? Não está ocupado fazendo a ronda?

– Não, eu não estou. E vim por você, mas acho que isso já está claro. Liese, nós precisamos conversar.

Fiz cara de tédio.

– Todos acham que os problemas se resolvem com conversas ultimamente.

– Escute, eu sei que está chateada e sei que não quer se meter em problemas, mas isto não vai acontecer. Eu prometo.

Ergui uma sobrancelha.

– Sim, eu sei que já quebrei promessas antes, mas eu estou tentando, Liese.

O fitei por um instante, no lugar em que estava recebia alguns pingos de chuva nas costas nuas e mesmo sabendo que isto não o faria mal me senti incomodada e enfim lhe dei espaço para que passasse.

– Obrigado.

Apenas assenti e fechei a porta antes de acompanhá-lo até a cozinha.

– Você está preparando o jantar – comentou olhando as panelas.

– Estou, mas não vou convidá-lo a ficar, porque sei o quanto seu tempo é curto e precioso.

Fechou os olhos por uma breve ocasião, então tornou a me olhar.

– Você está brava. Droga Liese, como lido com você?

Minha feição demonstrou meu claro despeito.

– Como você lida comigo? Acaso tem alguma obrigação?

– Sendo seu amigo acredito que sim.

– Acreditou errado.

– Está bem, está bem. Eu não quero discutir, não foi para isto que vim. Vim me desculpar, outra vez. Eu realmente sinto muito por ontem, não saiu como eu planejava.

– Foi bom – comentei sem ânimo.

Ele riu baixinho.

– Apesar do final desastroso foi o melhor sábado que tive em muitos anos.

Suspirei.

– Sei que está tentando fazer com que eu deixe a irritação de lado, sei que quer que eu volte atrás com o que disse, mas isto não vai acontecer.

– Entendo. Bem, eu disse que vim falar com você e na realidade tem algo que quero que saiba. Ontem depois que partiu Sam me chamou para uma conversa, desta vez sem o restante dos caras fazendo sua cabeça – foi a vez dele revirar os olhos. – Ele ouviu cada palavra que dissemos enquanto estávamos do lado de fora, próximos à picape.

– Ouviu? Que ótimo.

– Sim, é mesmo ótimo – ignorou meu tom de desdém. – Porque isto o fez ver finalmente que preciso de você tanto quanto qualquer um deles precisa daqueles que amam. Finalmente Sam caiu na real de que não estava sendo justo e foi duro para ele revogar uma ordem, mas como eu lhe disse nenhum de nós aguentava mais o embate.

Franzi o cenho.

– O que isto significa?

Ele sorriu abertamente e se aproximou.

– Significa que eu não estou aqui porque fugi ou tive de me esconder, estou aqui porque posso estar. Eu estaria de todo jeito...

– Então ele deixou você ser meu amigo?

Sua feição escureceu.

– Ele não manda em mim, Aneliese. É meu alfa, não meu dono.

– De qualquer modo exerce influência sobre você.

– Sim, exerce. – Respirou fundo. – É, ele deixou. – Fez menção às minhas palavras.

Em vista aquela notícia não houve como permanecer zangada, aborrecida. Meu interior já se rejubilava, eu estava feliz. Fora difícil ter de enfrentar tanto drama apenas por querer manter meu amigo por perto e era realmente melhor saber que agora ficaria tudo bem.

– E quanto aos outros? Sem mais provocações ou ofensas?

Quando falou sua voz continha ameaça e decisão.

– Nenhum deles vai se atrever a falar ou sequer pensar algo pejorativo ao seu respeito, não se tiver amor à própria vida.

Não era bom pensar nele planejando vingança, mas eu fiquei aliviada de saber que enfim o confronto cessara e sorri levemente.

– Parece ameaçador – brinquei.

Ele encarou meu rosto e riu.

– Sim, eu sei ser bem assustador quando quero.

– Você não me dá medo algum – anunciei segura.

Minhas palavras o fizeram rir ainda mais.

– Você é corajosa, tenho que admitir.

O barulho vindo da água borbulhando na panela reivindicou minha atenção e pedi licença enquanto remexia no fogão e na pia cortando e temperando alimentos. Jacob esperou pacientemente enquanto eu trabalhava e logo voltei ao seu encontro.

– Está com um cheiro bom.

– Mas é claro que está. – Estávamos recostados à bancada e me curvei um pouco mais para perto, cochichando com ar conspirador: - sabe aquilo sobre você cozinhar muito melhor que eu? Bem, logicamente não é verdade.

Ele gargalhou.

– Vejo que recuperou o humor para piadas.

Me aprumei e cruzei os braços.

– Momentaneamente sim. Mas não pense que preciso de você, está bem?

– Eu sei. Sou eu que preciso – respondeu decidido.

Nos fitamos por um minuto.

– Acho que devo ir agora, preciso mesmo fazer a ronda.

– Jake, acaso protegem Forks e a aldeia de quê?

Ele pensou um pouco antes de responder.

– Não é como se houvesse sempre alguma ameaça visível, mas acho que você melhor do que ninguém sabe o quão ágil uma criatura daquelas pode ser e não podemos arriscar perder um momento que seja. Perder alguém para um monstro... Seja alguém que conhecemos ou não, bem eu nunca vivi a experiência, mas sei que não é nada boa.

– Sim, eu entendo. Você está certo, é melhor se prevenir.

– É.

Ele reafirmou que precisava ir embora e o acompanhei de volta até o hall. Quando paramos para nos despedir sem aviso ele se aproximou e me puxou em um forte abraço, inesperado, quente e... Reconfortante. Sim, eu gostava de estar perto dele.

– Não vou deixar você se afastar outra vez. Não sem lutar! – Falava próximo a meu ouvido, ainda agarrado a mim. – Eu me senti um tolo, me arrependi amargamente de não tê-la seguido ontem, de não tê-la impedido de ir. No fim foi melhor assim, mas eu jamais quero viver aquela sensação novamente, enquanto se afastava só o que parecia era que levava a felicidade junto com você. Demorei um bom tempo para esquecer aquelas cenas, na verdade ainda me lembro de cada uma delas.

Fechei os olhos e apertei seu corpo, aproveitando nosso contato o máximo que podia.

– Eu não vou mais me afastar – assegurei.

Isto pareceu ser suficiente para acalmar ambos os corações e Jacob pôde enfim partir, desta vez me deixando com a suave certeza de que voltaria a vê-lo em breve e de que isto seria algo bom.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perdida em Crepúsculo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.