Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 37
Ricochete.


Notas iniciais do capítulo

Oi, voltei! Vou ser sincera, estou muito feliz pelo feedback tão bom que a fic está recebendo, ontem morri de rir com os comentários de vocês, e graças aos melhores leitores eu me sinto incrivelmente animada para continuar escrevendo. Então aqui vai mais um capítulo.
Boa leitura! :)



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Trailer

"Eu sinto falta do sabor de uma vida doce,
Sinto falta das conversas.
Estou procurando por uma canção esta noite
E mudando todas as estações.
Gosto de pensar que tínhamos tudo,
Desenhamos um mapa para um lugar melhor,
Mas na estrada eu caí
Querido, porque você fugiu?
Onde você estava
Quando estive em meu pior momento, de joelhos?
Quando todos os caminhos que você pegou
Te trouxeram de volta para mim...
Ouço sua voz enquanto durmo,
É difícil resistir à tentação,
Algo estranho veio até mim
E agora simplesmente não consigo te esquecer."

Maps - Maroon 5

~*~

Bem, era exatamente o que Edward queria, não era? Me manter a quilômetros de distância, pois agora ele oficialmente conseguira.

– Está de acordo com isto Carlisle?

– É verdade que gostaria de um dia poder voltar a trabalhar no hospital, mas imagino que possa fazê-lo em outro lugar, é o preço que temos de pagar se quisermos seguir com nossas vidas sem deixar erros incorrigíveis para trás.

Olhei para Charlie e ele parecia resoluto, sabia que tinha grande consideração pelo doutor, mas preferira deixar seu favoritismo de lado para garantir que eu ficaria protegida, eu esperei que sua escolha trouxesse bons resultados. Então estava tudo acabado, eles partiriam para sempre. Gostaria de saber quando foi que ficou tudo tão complicado.

Esta era a deixa para que saíssem, mas Edward continuava parado, quieto. O que ele estava esperando?

– Acho que a esta altura o senhor ganhou o direito de ouvir minha confissão: sou o responsável pelo que houve a Aneliese. Estas marcas em seus pulsos se formaram quando a segurei com força enquanto discutíamos. Antes que me julgue eu tive meus motivos e se aceita um conselho meu procure saber mais sobre essa garota que você chama de filha.

– Edward! – Carlisle repreendeu.

– Do que você está falando? – Charlie rosnou.

– Do passado dela. De quem ela é. Tem certeza de que a conhece bem?

– Cale a boca, Edward! Você não sabe o que diz – julguei lhe olhando com nojo.

– Aneliese, o que está havendo aqui?

Meu olhar passava de um rosto para outro.

– Porque não diz a ele sobre você? Gosta tanto de falar dos outros, mas se esquece de apontar os próprios erros, vamos! Conte a ele o que você é!

– Aneliese, cuidado com o que diz. Você está muito alterada, vai se arrepender depois.

– Eu estou alterada? Porque será, não é mesmo? Talvez porque seu filho é um grande mentiroso, traidor! Talvez porque há poucos dias ele me enchia de promessas dizendo que eu era o ‘grande amor de sua vida’ e agora me apunhala pelas costas como se nada tivesse acontecido. Então ele continua a me ofender, a dizer calúnias sobre mim e eu tenho simplesmente que ficar calada? Desculpe-me Carlisle, mas desta vez não!

– Deixe-a, ela está fora de si – criticou Edward. – Não tem autoridade alguma para falar mal de nós, ela é a mentirosa.

– Cale essa boca Edward! – Repeti.

– SILÊNCIO, TODOS VOCÊS! – O urro de Charlie sobrepujou o tom da discussão e o silêncio prevaleceu. – Quero que me expliquem neste exato momento o que está acontecendo e porque devo ou não confiar nas pessoas que conheço. Chega de enigmas, quero a verdade já!

Respirava fundo e rapidamente, o pulso em disparada chegava a causar um fraco zumbido em meus ouvidos, com a calmaria pude raciocinar melhor e me dei conta de que Carlisle estivera certo, o que eu iria fazer? Não podia contar aquele segredo a Charlie, não podia revelar o que os Cullen eram porque a partir dali ele estaria tão envolvido neste mundo obscuro quanto eu. E pensei nas conseqüências: tendo sua verdadeira identidade revelada talvez eles não hesitassem em proteger sua família, talvez nos matassem ali mesmo.

O medo me fez conter a língua e procurar reaver minha calma.

– O que foi Aneliese? Mudou de idéia? – Indagou Edward com desdém.

Fitei-o com desprezo, mas não respondi a sua provocação.

– Covarde.

Eu quis lhe devolver o insulto à altura, mas antes que tivesse chance um clique estranho fez todos se virarem, com mãos hábeis Charlie pegou sua arma e a apontou para o rapaz.

– Charlie! – Arfei.

– Vá embora daqui e não volte nunca mais – as palavras saíram repletas de ódio, como eu não vira que ele estava chegando a esse ponto?

– Charlie, por favor, não faça isso – Carlisle pediu.

– Você fez mal a ela, a machucou, a insultou e continua fazendo o mesmo em minha própria casa! Vá. Embora. Daqui.

– C-Charlie – eu não percebi que estava chorando, com muito cuidado arrisquei um passo para mais perto dele. – Por favor, abaixe a arma. – Aquilo era culpa minha, eu causara esta revolta.

– Acha que pode me atingir? – Sibilou Edward, sua feição também distorcida em fúria e eu vi que já não pensava mais por si, aquele olhar selvagem era do monstro que vivia dentro dele. – Tente – completou.

– Edward. Acalme-se.

Carlisle procurou chegar até o filho sem fazer movimentos bruscos. Eu tremia e chorava em desespero.

– Tente me matar. Acha que consegue? TENTE!

– EDWARD, NÃO!

Ele se moveu mais para perto e então um estampido ensurdecedor ecoou pelo cômodo, seguido de um grito agudo que pensei ser o meu, mas eu não via nada, pois em meio ao pânico cobrira o rosto com as mãos. O zumbido em meus ouvidos se tornou insuportável e um minuto se passou enquanto eu esperava minha audição normalizar, aos poucos reconheci frases de comando que deixaram de ser ininteligíveis.

– Charlie, está me ouvindo? CHARLIE! Edward, ele está ferido, tem de ser levado para o hospital!

Ao escutar isso eu saí do transe e livrei meus olhos para focalizar a nova cena que se formara: deitado no chão da sala, o peito coberto de sangue estava o xerife, Carslisle ao seu lado o segurava e tentava reanimar e a alguns passos de distância estava Edward, a feição lívida, os olhos amargurados... Nada mais da fera que há pouco aparecera.

– Charlie! O que a-aconteceu? – Minha voz falhou.

– A bala ricocheteou, não temos muito tempo, vou levá-lo ao hospital ou poderá ser tarde demais – o médico anunciou e o levantou nos braços como se seu peso fosse inexistente. – Edward, por favor, não faça mais nenhuma besteira – censurou.

Em poucos segundos eles estavam fora de casa e logo o ruído do motor sendo ligado se tornou audível, para depois se extinguir ao longe.

A quietude prevaleceu, o ponteiro do relógio mais uma vez causava o único som no pequeno cômodo.

Eu ainda não caíra na real. Charlie. Ele estava ferido, verdadeiramente ferido, muito mais do que eu, muito mais do que meus estúpidos hematomas. E se...? Não, eu sequer podia pensar no pior. Tudo aconteceu inacreditavelmente rápido, a desolação caiu sobre esta pequena casa branca.

– O que você fez?

Eu olhava diretamente para a outra pessoa que fora deixada para trás assim como eu, mas não houve retribuição em nenhum sentido. E eu me cansei de sua frieza e de seu egoísmo.

– Edward, o que você fez? Charlie... – Me calei enquanto deixava o choro irromper por meu peito. – Charlie – lamentei. – É tudo culpa sua! CULPA SUA!

Ele não se movia, parecia perplexo, mas finalmente seus olhos encontraram os meus e eu vi que estavam repletos de temor e vergonha.

– Me desculpe – pediu.

– Não! Não se desculpe, eu NUNCA vou perdoar você! Nunca! Você destruiu minha vida, você... Você mentiu para mim. – Cobri o rosto procurando esconder o lastimável estado em que me encontrava, meu coração estava partido e doía muito.

Charlie, Charlie, Charlie. Ele me chamara de filha, ele também era meu pai. Eu não podia perdê-lo, não assim, não porque ele estava me defendendo, não era justo!

Um toque frio atingiu minha pele, primeiro em minhas mãos, afastando-as de minha face e então muito suavemente por meus pulsos enquanto eles eram colocados em torno de sua cintura. Ele estava me abraçando, eu quis me afastar, mas o seu cheiro era como um bálsamo depois da tempestade, eu sentira tanta falta dele.

– Você esteve equivocado todo esse tempo, eu não pertenço ao seu mundo, mas fui verdadeira desde o começo. Eu nunca seria capaz de fazer mal à sua família, mas você fez à minha. – Desabafei com o rosto enterrado em sua camisa. – Você me odeia tanto assim?

Beijou o alto de meus cabelos e eu tornei a fechar os olhos enquanto deixava que as lembranças me transportassem para dias atrás, quando minha vida era simples e maravilhosa, quando eu era feliz. Agora só o que havia era mágoa.

– Como você pôde fazer isso? – Repeti.

Só o que fiz foi te amar.

Você me destruiu.

Então num só movimento eu me afastei com repulsa, enxugando o rosto com as costas das mãos, senti o redor de meus olhos inchado.

– Pela última vez, vá embora daqui. Eu não quero te ver nunca mais.

– Liese...

O encarei com ultraje ao ouvi-lo chamar-me assim.

– Vai embora!

Sem esperar por resposta comecei a andar rapidamente, os passos apressados me levaram acima, para meu quarto onde procurei pelas chaves da caminhonete. Eu não tinha tempo a perder, cada minuto que passava poderia ser o último da vida de Charlie e eu queria estar junto dele. O que eu diria a Bella, ou a Renée? Se um dia soubessem da verdade, me culpariam? Eu acreditava que sim. Tentava atenuar minhas emoções, mas esta linha de raciocínio não estava ajudando, eu me senti péssima, tão mal que tive de parar um momento e me apoiar à beirada da cômoda procurando me centrar.

Um movimento inesperado me indicou que não estava mais sozinha e me voltei em direção a meu convidado indesejado sem poder crer que ele ainda não partira.

– Eu mandei você ir! – Falei ríspida.

O que ainda fazia aqui, afinal?

– Não posso deixá-la sair desse jeito, você vai acabar se acidentando.

– E em que isto lhe diz respeito? Pelo amor de Deus, saia da minha casa, você já me causou muito mal, já deixou claro o quanto me detesta, já conseguiu me magoar muito mais que qualquer um, então apenas, por favor, vá embora.

Encarou meus olhos e por um segundo senti como se visse dentro de mim, talvez isto fosse capaz de fazê-lo perceber que eu não falava à toa. Eu estava destruída.

– Vou concertar tudo, Charlie vai ficar bem e quando você acordar eu já não estarei mais em sua vida.

Como?

– Me desculpe – pediu.

E eu não tive chance de dizer uma só palavra, ele se aproximou de mim e num só movimento me levou à inconsciência.

Acordei com minha cabeça latejando, estava escuro e eu não ouvia sequer um barulho vindo dos demais cômodos, um rápido olhar ao relógio me indicou que era pouco mais de dez horas da noite. Aquele silêncio por algum motivo era imensamente inquietante, eu me forcei a ficar sentada e comecei a pensar sobre o que havia ocorrido. Quando fora a última vez em que estivera em minha cama?

Levei as mãos às têmporas a as apertei, refletindo. Aos poucos as cenas foram se formando e comecei a imaginar que talvez tivesse sido apenas um pesadelo. Charlie. Ele estava machucado? Não podia ser... E Edward, ele estivera mesmo aqui?

Ansiosa, joguei as pernas do lado da cama e me levantei às pressas, caminhei até a porta e a abri, silêncio ainda era tudo o que havia. Devagar comecei a convergir para perto do outro quarto, mas quando alcancei o portal e tive visão do interior vi que estava vazio.

Então fora tudo real?

– Oh meu Deus. Charlie...

Quanto tempo se passara desde o incidente? Apreensiva, desci os degraus e voltei ao encontro das memórias: o tapete estava sujo de sangue e isto fez meu estômago embrulhar, quando comera pela última vez? Eu simplesmente não lembrava. Corri para o tanque e sem conseguir evitar espetacularmente vomitei. Quanto mais eu me recordava, mais sentia ânsia, não podia conceber que tanta coisa fora modificada em poucos dias, o que acontecera com minha vida?

Quando me senti melhor limpei minha boca com a manga da blusa e respirei fundo repetidas vezes, eu estava perplexa por ter perdido tanto o controle sobre meus dias. Precisava reagir. Charlie precisava de mim.

De volta à sala com dificuldade retirei o pesado tapete e procurei prender a respiração ao levá-lo correndo para o quintal, eu o lavaria pela manhã. Depois limpei o tanque e quando estava devidamente desinfetado retirei minhas peças de roupa ali mesmo e as coloquei de molho em água e sabão. Subi de volta para o quarto, procurei por minha toalha e segui para o banheiro, tomei banho, distraída enquanto minha cabeça repetia as imagens que eu tentava esquecer.

Não me demorei, saí para o ar frio da casa e me enxuguei de imediato colocando roupas quentes. Busquei por meu secador e eliminei o restante de umidade de meus cabelos, então finalmente estava pronta. Eu iria diretamente para o hospital, nada mais importava a não ser ter notícias daquele que por tanto tempo eu conheci como meu segundo pai.


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Notas finais do capítulo

Muitas emoções, né? Bem, acho que a partir daqui a adrenalina vai dar uma pausa, mas isto não quer dizer que a história vai deixar de surpreender vocês MUAHAHA sou uma autora muito má, planejo coisas muito interessantes no desenrolar dessa trama...
Beijos :)