Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 29
Dentro da grande mansão.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! Vim postar mais dois capítulos. Quem deu uma olhada nos primeiros capítulos da fic deve ter reparado que agora eles tem imagens, eu tinha essas fotos desde a época do orkut, mas como sou zé pra html custei pra conseguir colocar aqui. Achei que ficou melhor assim e vocês? Bem, boa leitura!



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Trailer

"Estivemos andando nesta estrada por algum tempo,
E você me ama direito, de verdade,
Mas há algo por trás de seus olhos
Que você não consegue disfarçar.
Amor, não minta,
Não quero mais chorar.
Amor, não minta,
Preciso de um amor que seja forte,
Se você desistir, então vamos morrer.
Olhe nos meus olhos e não minta,
Me diga que não há nada além de amor.

O que você está escondendo?"

Baby Don't Lie - Gwen Stefani

~*~

Parecia tudo incrivelmente tranqüilo e suave. A manhã passava preguiçosamente, as nuvens mal se movimentando no céu claro. Estávamos sentados próximos a porta da varanda, conversando sobre tudo e nada. Ele me contou sobre a escola, sobre como era estar outra vez no ensino médio, estudando as mesmas coisas. Me falou de seus pensamentos, de coisas que eu ainda não sabia e eu escutei cada palavra com dedicada atenção. Não havia nada que pudesse roubar meu olhar de seu rosto. Ser bonito não era a única coisa que me atraía nele; com Edward eu tinha uma facilidade incrível de me soltar, de ficar em paz. Eu precisei dele minha vida toda...

– Você não falou muito sobre si mesma – comentou repentinamente, desviando o olhar da floresta para mim.

Me esquivei.

– Verdadeiramente não há muito que falar.

Ergueu as sobrancelhas.

– Tente.

Suspirei profundamente.

– Bem, você já sabe, sou uma jovem perdida em outro país – brinquei. Com o olhar sábio sobre mim eu me vi obrigada a revelar mais. – Bem, eu sou muito faladeira, o que você com certeza já viu. Odeio ameixa, de verdade. Amo cereja, meus bolos de aniversário sempre tem de vir com cerejas no topo. Gosto muito de escutar música, de ler e gosto do campo. Não somente da praia, mas também do campo. Minha avó paterna mora em uma fazenda e eu nunca vi paisagens mais lindas quanto as de lá.

Meu olhar se perdeu ao longe, saudosista.

– Sua família. Quando pretende vê-los de novo?

Chicoteei meu rosto em sua direção.

– Bem eu... Eu não sei.

– Porque você está aqui afinal? Eu sondei esta história algumas vezes pelo pensamento de Charlie, mas nunca a compreendi com exatidão.

Meu coração bateu um pouco mais rápido, eu disfarcei o nervosismo brincando com o colar em meu pescoço. Que parte seria segura revelar a Edward? Eu deveria mentir? Não, mentir não. Eu não esperava que ele me interrogasse justamente sobre isto.

Charlie tem uma filha. Ela e eu estamos no que você pode chamar de troca, como um intercâmbio.

Não ousei olhar para ele enquanto o via assimilar minhas palavras, minha respiração era irregular, eu não podia evitar. Quando falou não demonstrou maior interesse do que o normal.

– Então há alguém morando com seus pais?

Assenti.

– Bem, isto de alguma forma deve consolá-los.

Pensei sobre sua afirmação e vi que estava correta, era melhor ver por esse panorama, meus pais estavam bem, tudo estava bem.

– Bella é uma boa pessoa e pode estar distraindo meus pais de sentirem minha falta e quanto a ela, bem ela tem Alex e ele é mesmo um ótimo amigo.

Ao meu lado Edward enrijeceu, me dei conta tardamente do que o fizera reagir assim.

– Me desculpe. Eu não quis falar sobre isto.

– Não há problema – seus olhos eram francos. – Não há porque esconder seu passado de mim como se não tivesse tido um.

– É exatamente isto que Alex é para mim, um bom amigo, quanto ao relacionamento que tivemos, deste não há mais nem resquícios.

– O que houve?

Encolhi os ombros.

– Poderia colocar a culpa nele, mas acho que acabou por ser uma conseqüência das atitudes dos dois. Fomos felizes quando foi nossa hora de sê-lo, mas com o tempo tudo se transformou, acho que por fim amadurecemos e optamos por coisas diferentes.

– Então ele também não sente nada mais por você?

– Não sei – respondi devagar franzindo o cenho.

Houve silêncio e só o que se ouviu foi o ruído do vento ultrapassando as árvores e os pássaros cantando entre as folhas.

– Antes de eu vir para cá nos encontramos e conversamos, ele queria voltar, mas eu não quis. No momento não soube responder, depois que me decidi vim para Forks e jamais pude lhe dizer o que pensava. Quando eu estava aqui, no início, Bella me disse que ele ainda procurava saber de mim.

Sentia os olhos da pessoa ao meu lado presos em mim. Me voltei para lhe encarar.

– Quando vim até sua casa aquele dia eu já tinha me decidido a seguir em frente, sem deixar que nada interferisse.

– Então você ainda pensava em ficar com ele?

Percebi que Edward havia interpretado minhas palavras da forma errada, ele pensava que eu falava sobre Alex, mas na realidade me referia a Bella. Era ela que havia me preocupado, mas acreditando que estivesse feliz eu pude ficar ao lado do homem que amava sem tanto remorso e culpa.

Como não havia forma de eu dizer isto a ele dei um jeito de lhe assegurar o que eu sentia.

– Alex não significa mais nada para mim Edward – falei simplesmente.

Depois de longo minuto ele disse que acreditava em mim e me pediu para lhe perdoar.

– Te perdoar?

– Por lhe julgar tão precipitadamente, por não ter esperado para ouvir o restante de sua história e principalmente por minha atitude cínica.

– Cínica?

– Sim. Há todo um passado, uma escuridão silenciosa e desprezível sobre mim que você não conhece. Eu agi mal. Várias vezes. Não acho que um dia chegue realmente a merecer você. Tomo posse de um amor que, com efeito, não mereço, mas que preciso e mais do que isto: necessito.

– Eu não entendi Edward.

Ele se levantou e se posicionou alguns passos distantes de mim.

– Seus erros, Aneliese. Eles não são nada quando comparados aos meus.

– Sim, eu suspeito que sim, mas porque você teve uma vida difícil. Só que isto é passado e eu perdôo você pelo que quer que tenha feito, eu amo você, o perdoaria de toda forma.

Ele mantinha os olhos nos meus, mas sua boca estava apertada em uma linha fina e demonstrava angústia. Porque ele se sentia assim? O que havia de tão obscuro que ele não podia me contar?

Uma batida na porta me fez saltar, Alice estava ali com um sorriso simpático, mas seus olhos continham preocupação, ela fitou o irmão por meio segundo e então seu olhar encontrou o meu.

– Liese, vamos lá pra baixo um pouco? Edward já manipulou muito o tempo com você.

Ao falar ela entrou e andou até onde eu estava me oferecendo sua mão para me ajudar a levantar. Não deixei de notar que sua aparição não foi ocasional, mas com ela aqui não havia forma de eu indagar Edward sobre o que acontecia. Guardei a pergunta para mais tarde.

Alice me acompanhou de volta ao primeiro andar, ainda nas escadas eu pude ver que toda sua família estava na sala, cada um deles sentado de sua forma graciosa no sofá, apenas Emmett estava perfeitamente à vontade com o corpo jogado, os braços por trás do recosto. Todos se viraram quando aparecemos e a exceção da loura perfeita eu fui recebida com sorrisos.

Senti um movimento mínimo às minhas costas e dei-me conta de que Edward também estava aqui.

– Sente-se querida – Esme indicou e timidamente eu obedeci. – Gostaria de um copo de água ou suco?

– Não, eu estou bem, obrigada.

Olhei rapidamente para Edward, vendo que ele não retribuía meu gesto e fitava ao longe, parecendo muito concentrado. A televisão estava ligada no canal de esportes e apenas Emmett dava sinal de realmente assistir.

– Achamos que seria bom você ficar um tempo conosco, Edward provavelmente reivindicaria sua presença até a hora que partisse – comentou Carlisle.

Eu sorri.

– Está tudo bem, eu estou feliz de estar aqui. A casa de vocês é simplesmente linda.

– Obrigada – agradeceu Esme.

Alice deu uma olhadela no relógio da parede.

– Liese eu vou preparar o almoço para você daqui a pouco, Esme e eu combinamos que revezaríamos, não é justo somente ela ficar ocupada.

– Ah Alice, que isso, eu estou bem, por favor, não se preocupem comigo.

– Claro que nos preocupamos – ralhou ela. – E mais cedo você prometeu que não tiraria de mim a diversão.

– Eu me referia a outra coisa.

– Para mim teve efeito geral – sorriu ela muito sapeca.

Os demais Cullen nada disseram, pelo visto não cabia a eles opinar quando ela determinava algo, em minha condição de ser humano eu temi por minha vida caso a aborrecesse.

– E sobre o que vocês falavam há pouco lá em cima?

Todas as cabeças dispararam na direção da voz, eu me encolhi infinitesimalmente quando encarei sua dona, por sorte seus olhos estavam voltados para outra pessoa.

– Nada em particular – rebateu Edward com nenhuma gentileza.

Eu apenas observei calada. Parecia que Rosalie o desafiava em silêncio e estava claro que ele não estava gostando.

– Bem, imaginei que quisesse compartilhar conosco – falou ela com naturalidade.

Rosalie – o tom de Alice foi de aviso. De repente todo o humor e as boas maneiras pareciam ter sido drenados dela, seus olhos estavam fixos na irmã.

– O que foi Alice? Estou apenas sendo educada, não foi isto que vocês me pediram para fazer? Queriam que eu fosse receptiva com a visita e estou sendo, não é Aneliese? – Seus olhos faiscaram nos meus, mas apesar de suas palavras eles estavam hostis.

Eu não soube o que dizer.

– Rose... – Emmett pôs de leve a mão em seu braço.

– Sim, eu já sei. Vocês querem que eu me cale. Querem que eu me cale e que concorde com toda essa loucura, querem que eu baixe a cabeça para uma estranha em minha própria casa!

– Rosalie, por favor – interveio Carlisle.

– Não, tudo bem. Ela está certa.

Com certeza ninguém esperava que eu falasse, muito menos com estas palavras, mas eu me senti humilhada e envergonhada demais para me manter em silêncio, no calor do momento procurei demonstrar força, mesmo que por dentro estivesse tremendo.

– Me desculpe Rosalie, eu disse a Edward que talvez não fosse boa idéia que eu viesse, sinto muito se a incomodei.

– Sente muito? Se? Não ouse bancar a inocente, você sabe que está incomodando, sabe que não gosto de você e ainda assim, veio. Senta-se ai e fica tranqüila como se sua presença não fosse no mínimo inadmissível. O que faz aqui afinal? O que faz ao lado do meu irmão? – Cuspiu as palavras, seus lindos olhos impenetráveis como aço, dourados e ameaçadores.

Eu mordi o lábio, jamais me incomodaria em revidar seus insultos, mas algo na situação - toda a manhã havia se passado tão intocada e agradável - só tornava o contraste mais proeminente e doloroso. Todos os Cullen estavam ali, Edward estava ali e ouviu cada sentença que ela atirou em minha direção, todavia estando em sua casa eu não encontrei forças para me defender.

– Vou levar Liese para a cozinha, ela deve estar com fome, já passa do meio-dia.

Alice veio até mim e pegou meu braço como se eu precisasse de apoio e de alguma forma eu precisava. Mal começamos a nos afastar e ouvimos:

– Recebi uma ligação de Tanya. Ela está com saudades de você Edward.

Parei de andar, baixei a cabeça e fechei os olhos por uma breve ocasião, depois me soltei cuidadosamente de Alice e me virei. Olhando apenas para Esme e Carlisle eu falei:

– Se importam se eu for embora?

– Aneliese, por favor... – Começou a pedir a mulher, a voz entrecortada, a feição demonstrava genuíno cuidado.

– Deixei-a ir – a voz de Carlisle soou baixa e definitiva, ele devolveu meu olhar num misto de bondade e apologia.

Eu acreditava que ele gostasse de mim, acreditava que os demais Cullen talvez até não me odiassem, mas havia uma coisa que eu sabia não ser alheia a nenhum deles: o motivo de eu estar aqui. Eu era ciente que para eles minha relação com Edward ainda apresentava infinitas impossibilidades e não pude mais me sentir confortável dentro desta casa. O ódio de Rosalie enfim venceu minha determinação.

Sem dizer mais nada recomecei a andar, desta vez na direção oposta, meus passos ecoando alto demais no cômodo largo. Não houve mais nenhuma palavra de ofensa até eu atingir a divisão da porta para o jardim, depois eu não conseguia ouvir mais nada, nem mesmo a televisão que não parara de noticiar os jogos da temporada. Ao alcançar o Audi me deparei com Edward, ele chegou ao mesmo momento em que eu ia para o lado do passageiro e com um movimento cadenciado abriu a porta para mim. Calada, eu entrei e no mesmo segundo ele estava do meu lado manobrando e acelerando pela estrada mal cuidada.


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Notas finais do capítulo

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