Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 26
A promessa.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, tudo bem? Eu tinha finalizado um capítulo ontem à noite e estava pronta pra postar, mas fiquei sem internet. Então vim agora cedo só pra atualizar esse que escrevi e mais tarde se der hoje mesmo posto mais, senão amanhã, mas vou tentar voltar hoje.
Então, ótima leitura!



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Trailer

"Sozinho com meus pensamentos,
Procurando palavras para descrever
Como tenho sido orgulhoso.
Tudo estava perdido,
Eu deixei partir e agora há paz dentro de mim,
Eu não desejo mais nada!
Siga a estrada de tijolos amarelos
E você achará todas as coisas que sempre quis...
Agora, aqui estamos nós,
Tudo que precisamos fazer é nunca se render.
Estas feridas me fazem mais forte,
Vida é dor, mas também é amor."

The Yellow Brick Road - Shaman

~*~

Quando passava por um momento de tristeza ou irritação tendia a demorar muito para me recuperar, remoia o acontecimento em minha cabeça me julgando ou julgando os outros, desta vez, entretanto não me sobrou tempo para pensar em nada. Eu tomara meu banho e correra escada abaixo esperando que ao contrário do que dissera, Edward pudesse estar lá, mas fiquei alguns minutos fitando o vazio assimilando que ele cumprira sua palavra. Depois disto me ocupara com o dever escolar e com o de casa, parando somente quando Charlie chegou do trabalho trazendo várias caixas de pizza consigo.

– Não acha que é comida demais apenas para quatro pessoas?

Ele me olhou de soslaio.

– Não se três dessas quatro pessoas são homens. Não contamos calorias como as mulheres fazem.

Eu fechei a cara.

– Eu não conto calorias! Na realidade o que menos faço é isso, sou magra por causa da genética... De qualquer forma, eu me alimento muito bem e posso comer tanto quanto um homem!

– Claro que pode...

Ignorei seu tom de desdém e tratei de ajudá-lo a organizar a mesa. Além da pizza havia refrigerante e pipoca de microondas, percebi que devia fazer tempos que o xerife não recebia a visita do amigo e claramente queria tratá-lo bem. Não demorou muito para a campainha tocar, como Charlie estava ocupado ligando o televisor me ofereci para abrir a porta. Chovia e Jacob teve que trazer Billy às pressas para evitar que se molhassem muito.

– Oi – disse meio sem jeito a me ver.

– Oi, entrem.

Os ajudei com suas capas, pendurando-as perto da porta e dei espaço para que Charlie pudesse recepcionar os dois.

– Billy, meu amigo, quanto tempo!

– Como vai Charlie? Muito trabalho na delegacia?

– O de sempre, mas dou conta.

– Mas nunca está ocupado demais para um jogo da final do campeonato, não é? – Brincou Billy com a voz rouca e os dois riram. O homem de longos cabelos e pele escura se virou para mim. – Você deve ser Aneliese – ele estendeu a mão grandona e eu a apertei.

– Sou – assenti.

– O Jacob aqui não parava de falar de você, me azucrinou o dia todo para que viéssemos logo.

Eu procurei disfarçar a vergonha e pude ouvir Jacob murmurando uma frase de repreensão para seu pai.

– Vamos para a sala Billy, deixemos os dois conversarem, os jovens não gostam mais de nossa presença, estamos velhos.

– Fale por você.

Ambos saíram conversando animadamente e com um pouco menos de dificuldade pude olhar para Jacob.

– Me desculpe por isso, meu pai às vezes perde a noção do conveniente.

– Está tudo bem, também sou filha, sei como é.

– Seus pais estão no Brasil, não é?

– Sim.

– Sorte sua – riu.

Antes que o assunto morresse convidei-o para se sentar à mesa e se servir, também peguei alguns pedaços de pizza, pois ainda não havia jantado.

– E então, já sente falta de La Push? – Questionou enquanto comíamos.

– É um lugar muito bom, não vejo como não sentir.

– Sim, gosto de lá. A vida na cidade parece sempre agitada demais.

– Em Forks? Não muito – ri.

– E no seu país? Como são as coisas?

O início da conversa havia sido um pouco embaraçoso, mas o papo com Jacob era leve e descontraído, logo me senti muito bem, da mesma maneira que havia sido na praia, como se já nos conhecêssemos há anos. Charlie veio buscar um pouco de comida para ele e Billy e nos convidou para assistir o jogo, mas nenhum dos dois se sentiu motivado a isto; ele não fez qualquer objeção a nossa negativa, o que me fez pensar que a vinda dos Black não havia sido por acaso. Eu sabia que a carona que recebera de Edward não poderia passar despercebida, estava claro que o xerife não simpatizava com ele, mas eu não gostava muito dessa tentativa dele de me unir a Jacob, nunca aceitara bem as pessoas tentando decidir o que achavam ser melhor pra mim, mas por hoje resolvi deixar pra lá.

Depois de falar o suficiente sobre minha família foi minha vez de interrogar.

– Você disse que a vida na cidade é mais agitada, porém imagino que a reserva possa ser muito interessante.

– Em partes – ele fez uma careta.

Parecia que se lembrara de algo, mas tentou não demonstrar, porém a inquietação estava presente em seu semblante.

– Está tudo bem?

– Está – assentiu rapidamente.

Eu terminara minha refeição, deixei o prato e o copo de lado e fitei o lado de fora, a chuva estava amena, apenas uma fina névoa brilhava perto das luzes dos postes. Do lado de dentro urros e gritos de encorajamento vinham da sala, era praticamente impossível continuar dialogando quando havia tanto barulho.

– Hmmm, quer dar uma volta? – Perguntei.

Jacob me olhou surpreso e logo concordou. Pegamos nossas capas e saímos silenciosamente, descendo a rua a passos vagarosos.

– Aqui está melhor – suspirei.

– Verdade, eu até encaro um pouco de chuva se puder voltar a ouvir meus pensamentos.

Nós rimos por um momento e logo se fez silêncio.

– Me desculpe se estou sendo intrometida, mas pareceu que há pouco algo o incomodava... Não tem que me dizer nada, mas gostaria de saber se posso ajudar.

– Há quanto tempo nos conhecemos? – Ele indagou seriamente.

– Alguns dias – respondi meio sem graça, imaginando que sua pergunta fosse, na verdade, a resposta, me indicando que não devia ser enxerida.

Ele, todavia assentiu para si mesmo, sorrindo fracamente.

– Eu já confio mais em você do que em meus amigos e alguns deles conheço desde criança. Acho que não faz mal lhe dizer. Bem, não está acontecendo nada de extraordinário, é só que a escola não é mais tão comum como antes.

Eu o ouvia com atenção e isto o encorajou a continuar:

– Ultimamente andam acontecendo certas coisas. É só uma gangue que parece existir lá desde sempre, um bando de caras que acham que mandam no pedaço, nada de extraordinário, como eu já disse... Mas, ultimamente um deles que eu acredito ser o líder começou a se mostrar muito interessado pelo que eu faço. Está sempre observando, sempre conversando com Billy, isto me incomoda, pois parece que eles esperam algo de mim. Não sei, é como ser vigiado, não me sinto mais à vontade em meu próprio território... Você deve achar que estou sendo ridículo – confessou desanimado.

O final de sua frase chamou minha atenção, a palavra ‘vigiar’ não passou despercebida, eu me recordei de imediato da conversa que tivera com Edward e isto me fez passar os olhos pela floresta, me deixou inquieta me fazendo perceber que talvez não estivéssemos sozinhos. Eu sabia exatamente o que era se sentir vigiado.

Voltei para Jacob que olhava distraído um ponto ao longe.

– Essa gangue de que você fala, eles ameaçam você? Te suprimem de alguma forma?

– Não, nada disso, mas eu gostaria que o fizessem aí eu teria motivo para mandá-los passear.

Eu entendia que as pessoas a que ele se referia eram Sam e os outros, os demais membros da alcatéia, eu sabia que eles não representavam perigo para Jacob, mas me senti culpada por não poder partilhar com ele as informações a que tinha acesso. Estava claro que ele se sentia incomodado, eu gostava dele, não queria vê-lo preocupado.

– Jake, vai ficar tudo bem. Você disse que o tal líder conversa seu pai, se fosse uma coisa ruim ele lhe deixaria saber, não é? Não deve ser nada de mais, talvez seja só impressão sua – mordi o lábio sem conseguir disfarçar a mentira ao final.

Ele ainda não me olhava.

– Não é impressão minha – murmurou.

Eu não soube o que dizer, estava mentindo para ele, não havia como ignorar minha atitude, mas o que eu poderia fazer? Ultimamente eu andava arranjando muitas desculpas para meu comportamento, não gostava nada disso, mas optar pelo outro lado era impossível, eu já confirmara isto repetidas vezes.

– Vai ficar tudo bem – reafirmei.

Por fim ele respirou fundo e se virou para mim, notei aliviada que parecia menos apreensivo.

– Quem lhe disse que meu apelido era Jake? – Sondou.

Fiz cara de inocência.

– Eu chutei.

– Bem, pode usá-lo mais vezes, acho que você tem permissão – brincou.

Eu me aproximei um pouco.

– Sabe que pode contar comigo se precisar, não é?

Ele logo assentiu.

– Sei, e digo o mesmo. Você é muito legal, Aneliese.

– Só Liese – sorri.

Ele sorriu de volta e pude tirar um peso das costas acreditando que ao menos um pouco eu lhe fora útil.

Eu não parara de pensar em Jacob depois que ele e seu pai haviam ido embora.

Já estava em meu quarto, deitada embaixo das cobertas quentes e brigando com o sono. Eu me sentia responsável por ele, de alguma maneira inexplicável. Não era nada apelativo, eu via em Jacob um amigo que eu não tinha, eu sentia falta de ter alguém que apenas me fizesse rir e tornasse tudo mais fácil; concluí que de certo modo ele se assemelhava a Rafaela, apenas fisicamente por causa da pele morena e dos olhos e cabelos escuros... Talvez por isso eu tivesse simpatizado com ele desde o início.

Além de tudo eu não podia ignorar que em poucas horas estaria dentro da mansão dos Cullen, essa era uma razão para me concentrar em Jake; eu procurava evitar ver somente Edward por trás de minhas pálpebras, eu não suportava recordar seu rosto porque não podia tê-lo junto de mim.

Mas ele prometera sempre estar por perto, será que nosso desentendimento mais cedo o fizera mudar de idéia?

Sem pensar duas vezes me levantei da cama procurando não fazer barulho, a chuva quase permanente voltara a cair com intensidade, mesmo assim abri a janela do quarto, sentindo os respingos de água fria me acertar desconfortavelmente. Eu percorri o olhar pela escuridão, com exceção do ruído da chuva tudo estava silencioso, mas eu sabia que isto não significava nada. Eu sabia que o silêncio não queria dizer que a pessoa que eu procurava não estava lá no escuro, espreitando.

Prendi os lábios e me mantive firme em meu lugar, mas não houve sequer um movimento suspeito. Eu não suportava lidar com a ansiedade e a indecisão, eu não conseguiria pregar os olhos esta noite se não pudesse ter certeza de que Edward não havia ficado aborrecido demais comigo. Talvez por causa da idiotice que fiz ele sequer aparecesse para me buscar pela manhã.

Quando se tornou óbvio que minha atitude não significou nada eu me virei, abri a porta e desci as escadas, passando pelo quarto de Charlie e conseguindo ouvir seu ronco sonoro, o que indicava que ele dormia profundamente. Fiz uso dessa chance e alcancei rapidamente o primeiro andar, a chave da porta da frente ficava sempre em cima da bancada, consegui encontrá-la sem dificuldade e depois procurei por minhas botas de chuva, próximas a entrada. Calcei-as e logo saí. Estremeci quando senti a chuva outra vez, desta vez pingos maiores e mais fortes me acertavam como agulhas, enregelando minha pele.

Já do lado de fora comecei a correr, fui para trás da casa e alcancei a floresta que fazia divisória com o quintal e me embrenhei por ela, estava muito escura, a luz fraca da lua mal iluminava um metro à frente, mas continuei andando, agora com certa dificuldade por causa da lama, meus calçados afundando a cada passo.

Mal completara alguns metros caminhados e senti mãos fortes me pegando por trás pelos braços, num átimo eu me virei.

– Edward!

Eu me lancei para ele com uma necessidade capaz de esmagar nós dois, eu não ficara surpresa ao ver que ele me seguira, eu sabia que ele estava aqui. O abracei com toda a intensidade presente em meu corpo, depois de corresponder por um minuto ele me afastou com cuidado.

– Liese, o que você pensa que está fazendo? Porque está na floresta a esta hora da noite? É perigoso!

Sacudi minha cabeça fervorosamente em negação.

– Não, não é.

– Sim, é. Porque você está aqui afinal?

– Porque é onde você está.

Edward ficou quieto por um instante e então passou a mão por meus cabelos que já estavam muito molhados.

– Você é muito teimosa, incrivelmente teimosa, já lhe disse isso?

– Acho que sim. Mas eu tenho que ser Edward, porque você não foi me ver hoje à noite?

– Queria que eu tivesse ido?

– Sim, eu esperava vê-lo uma última vez antes de adormecer, eu me sinto tão mal pelo jeito como você foi embora, me desculpe por ter forçado as coisas entre nós, eu não quis, eu juro! Eu me sinto tão burra por ter afastado você!

– Shhh, está tudo bem meu amor, você não me afastou, não tem culpa de nada.

Mesmo a pouca luz eu pude enxergar os traços de seu rosto, desconfiei que fosse porque eu o conhecia tão bem que seria impossível errar qualquer característica sua. Eu tinha tanta sorte por tê-lo! Será que eu alguma vez já dissera isto a ele?

– Eu amo tanto você. Nunca me senti assim por alguém, sou tola por estar tão apaixonada, mas o que ganharia se tentasse negar? Talvez eu perca tudo por estar sendo sincera, mas se eu morresse nesse momento ao menos seria com a certeza de lhe dizer mais uma vez o quanto eu amo você.

– Shhh, porque está dizendo essas coisas? Nada vai lhe acontecer enquanto eu estiver com você, sabe disso. Eu vou cuidar de você sempre Liese. Jamais deixarei você!

– Você pode me prometer isso? Eu não cobraria se fosse outra situação, se tudo fosse diferente, mas aqui eu me sinto sempre tão vulnerável. Me prometa que jamais vai me deixar, independente do que acontecer, porque enquanto tiver certeza do seu amor por mim eu sei que vou encontrar forças para ir em frente.

Ele segurou meu rosto com as duas mãos e se aproximou devagar.

– Eu prometo jamais deixá-la Aneliese, meu amor, eu vou estar aqui para sempre. Para sempre enquanto souber que você me quer e que isto a faz feliz.

– Então será para sempre mesmo, prepare-se para isto – sorri.

E ele se curvou para me beijar da maneira doce que só ele sabia.


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