Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 24
Esclarecimentos.


Notas iniciais do capítulo

Oi, antes de você começar a ler queria te agradecer por estar acompanhando esta história, obrigada mesmo, se você pensou em desistir, não desista, ela vale a pena! Obrigada a todos que acompanham essa fic, a todos vocês, muito obrigada!
Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/593324/chapter/24

Trailer

"Eu fico quieta,
Quase não peço nada
E quando é sobre mim eu fico calada.
Todo mundo quer saber da minha história,
Dizem que estou sempre tão desligada.
Todos estão prontos pra me socorrer,
Pedem que eu tome muito cuidado
E me dizem que viver é perigoso
E me pedem que eu não saia de casa.
Tem sempre alguém querendo ouvir os meus problemas,
Tem sempre alguém me perguntando como estou
E nem adianta dizer 'não houve nada'
Talvez pareça que estou sempre cansada."

Todo Mundo Quer Cuidar De Mim - Brava

~*~

Quieta acompanhei Charlie até a viatura e não olhei uma única vez para o lado, eu não queria ver os alunos olhando para mim e falando às minhas costas e principalmente eu não queria de jeito nenhum olhar para Edward. Charlie me deixou em casa, dizendo que conversaria melhor comigo à noite e voltou para o trabalho. Tranquei a porta de entrada e subi rapidamente para meu quarto, ao chegar me joguei na cama e abracei o travesseiro, fiquei olhando para o nada por um tempo e então comecei a chorar. Era como se eu tivesse guardado toda a inquietação em algum lugar e agora ela arranjava uma maneira de se libertar.

Eu estava muito arrependida. De verdade. O rosto de Lauren ficara muito ferido e ela tinha dificuldades para falar, apesar de saber que iria sarar em breve eu me senti mal, porém eu não era tola e sabia que ela também tivera culpa, grande parte da culpa na verdade. Meu erro foi apenas exagerar a intensidade de minha raiva. Eu também ficara imensamente triste por ter sido suspensa, nunca chegara nem perto disto, a advertência que levara em minha antiga escola viera em um momento em que eu mal tinha controle sobre o que fazia, mas agora eu procurava ser eu mesma e eu sempre fora boa aluna. Talvez minha estadia em Forks - com todas suas complicações -estivesse me impedindo de mostrar minha capacidade e pude ficar um pouquinho mais calma ao concluir isto.

Mas além de tudo isto eu chorava por causa de Edward. Como ele pudera não ter feito nada? Não ter dito nada para me livrar? Eu jamais iria querer que ele mentisse por mim ou que me apoiasse quando eu agisse errado, mas desta vez eu tinha o direito de ganhar sua ajuda e ele simplesmente a negou quando não se manifestou a meu favor. Estava furiosa com ele e naquele momento sentia que não gostaria de vê-lo jamais. Isso só me deu ainda mais vontade de chorar e me aninhei mais ao travesseiro deixando os soluços me dominarem.

Inesperadamente houve um toque em minhas costas e me virei assustada. Quase não pude acreditar ao ver Edward de pé ao lado da cama.

– O que você está f-fazendo aqui?! Eu não quero falar c-com você, VÁ EMBORA! – Minha voz falhava ridiculamente.

Voltei a esconder meu rosto, zangada por ele ter me visto dessa maneira, às vezes a capacidade dele de passar despercebido podia ser muito inconveniente.

– Liese.

– Vá embora E-Edward! Eu mandei v-você ir! – Avisei com a voz abafada.

– Por favor, me deixe falar com você. Eu quero explicar o que houve.

Me voltei para ele num átimo, me sentando meio desajeitada na cama.

– O que você quer explicar Edward? S-Sempre parece ter uma explicação para tudo, m-mas desta vez eu não quero ouvir, v-vá embora!

Ele puxou um lenço do bolso do casaco e me ofereceu, desviei o olhar, mas depois de um minuto o peguei de má vontade e limpei um pouco meu rosto. Podia sentir o redor dos olhos inchado graças às lágrimas.

– Você não precisa dizer nada, somente me escute, sei que pensa que a abandonei, mas não foi assim. Eu não deveria ter ficado alheio ao que houve, mas naquele momento estava perdido em pensamentos e não encontrei forma de me explicar a você.

– V-Você me abandonou. Não há outra maneira de descrever isto – assinalei aborrecida. Eu procurava respirar com mais calma e me aquietar.

– Como você está se sentindo? Suas feridas incomodam?

– Um pouco – dei de ombros. – Mas isto não é nada.

Sem dizer uma só palavra ele sumiu e reapareceu um segundo depois com um frasco e um pouco de gaze, quando se aproximou reconheci que aquilo era remédio.

– Se você se deitar será mais fácil, pode arder um pouco.

– Estou bem assim – retruquei.

Ele conteve um sorriso e veio se sentar na cama, de frente para mim. Tirou a tampa do frasco e colocou um pouco do conteúdo em uma gaze, trouxe-a até meu rosto e com cuidado começou a passar sobre o primeiro machucado. Eu gemi baixinho, pois ardeu bastante.

– É melhor assim, logo vai estar curada, prefiro seu rosto intacto – seu tom era grave, parecia estar bravo por eu ter me ferido, entretanto mais cedo ele não se preocupara tanto assim.

Edward trabalhava vagarosamente, mas com muita precisão, logo já limpava o terceiro corte, este era em meu pescoço e eu esperava que fosse um dos últimos, as unhas de Lauren haviam feito grande estrago e agora eu sofria com a dor, de repente não me senti mais tão mal por ter revidado.

– O cheiro do Merthiolate sobrepõe o de meu sangue? – Indaguei genuinamente interessada.

– Muito pouco. Mas estava pior antes de eu ter começado a limpar, ainda mais quando você acabou de sair da chuva, eu já estava enlouquecendo.

– E agora não está mais.

– Na verdade estou, porém acredite ou não, ficar próximo a você às vezes ajuda muito.

– Como assim? Não deveria ser o contrário?

Ele fitou meus olhos.

– Quando o cheiro não está extremamente forte e sei que posso resistir eu prefiro me aproximar, assim posso ouvir seu coração batendo e sentir sua respiração. – Ele passou a mão de leve pela pele de meu pescoço me fazendo estremecer ao seu toque frio. - Isto me lembra de que, se em algum dia chegar a perder o controle jamais poderei sentir nada disso novamente e a idéia de ficar sem você é tão absurdamente dolorosa que me faz imediatamente reaver a sensatez.

Tentou sorrir, mas foi sem sucesso, então pegou o último pedaço de gaze e embebeu no líquido transparente.

– Este é o último, mas é fundo e vai arder mais que os outros. O que essa menina tinha nas mãos afinal? – Brincou.

– Ela usa um punhado de anéis, nunca reparou? Devia ter me lembrado de pedir que tirasse antes da briga – fiz piada.

Edward sorriu.

– Apoie-se em mim se quiser.

Ele puxou meus cabelos para o lado, deixando meu pescoço à mostra, fiz o que ele disse e segurei seu braço me curvando um pouco em direção a ele. Eu sabia que este machucado estava quase em minha nuca, pois era o único que eu sentia incomodar quando mexia minha cabeça. Edward encostou levemente o pequeno tecido em mim e eu contive a vontade de me queixar, preferi esperar que aquilo acabasse logo, os outros de que ele já havia tratado tinham ficado amortecidos depois da forte ardência e eu quase não sentia mais nada.

Depois de apertar um pouco ele terminou e se afastou devagar. Nossos rostos estavam próximos e eu o sentira respirando todo o tempo, o aroma doce que expirava invadia meus pulmões. Reuniu as bolinhas de gaze usada e jogou-as num golpe certeiro até a lixeira do quarto, depois colocou o vidro de medicamento em cima do criado-mudo.

– Obrigada – falei enquanto me ajeitava na cama, soltando seu braço.

– Não sente mais nada? Dor de cabeça, tonturas?

– Não, eu estou perfeitamente bem.

– Também parece mais calma, então acha que pode me ouvir agora?

– Acredito que sim.

Ele assentiu.

– Eu me culpei pelo que houve com você – começou.

Franzi as sobrancelhas.

– Você se culpou? Mas Edward, você nem estava lá!

– Exatamente. Não estava. Deveria estar. – Quando viu que eu estava prestes a discordar continuou: - mas não é somente a isto que me refiro. Eu sinto que de certa forma a encorajei a agredir a garota.

Do que ele estava falando?

– Explique.

Ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro do quarto.

– Mais cedo quando estávamos no corredor, você se lembra? Eu disse que gostaria de agir errado, mesmo não tendo sido exatamente claro creio que você compreendeu a que me referia.

Eu pensei um pouco, por fim entendi do que ele falava.

– Sim, eu compreendi. Você queria se vingar dos garotos. Queria machucá-los.

– Sim, queria. E muito. É... Inquietante ver o que eles vêem e saber o que pensam sobre você. Meninos nesta idade podem ser particularmente imorais, não é algo agradável de compartilhar, muito menos se diz respeito à pessoa que esta ao seu lado. De qualquer forma não posso deixar que nada disso me faça esquecer quem sou e hoje acho que acabei por dar uma idéia errada a você. Eu acabei instigando-a a revidar ofensas com violência, todavia acredito que em seu lugar, se fosse humano eu provavelmente teria deixado meus instintos falarem mais alto, por isso não tenho o direito de julgá-la e de fato não estava julgando. Não a você. O tempo inteiro eu julgava a mim.

Eu levei um tempo para pensar sobre tudo o que ele havia dito, no final era muito difícil assimilar que a atitude de Edward fora altruísta, porém eu já lera sobre sua bondade infinitas vezes, eu já devia saber que havia um motivo para ele não ter me ajudado. Acreditei no que ele me disse.

– Não concordo que se culpe, você não me instigou a nada Edward. Lauren vem me aborrecendo há vários dias, ela é muito intrometida e fofoqueira, não gosto disso. Eu não me orgulho do que fiz, mas você ouviu a história, sei que sabe exatamente o que aconteceu. Ela se jogou sobre mim, ela começou a briga. Eu posso ter iniciado a discussão, mas sou racional o suficiente para resolver meus problemas sem ajuda de força bruta.

Edward riu baixinho, parecendo se lembrar de algo.

– O que foi?

– Emmett. Ele ficou impressionado com o que você fez a menina.

– Não acho que tenha sido tão impressionante assim.

Edward ergueu as sobrancelhas.

– De fato concordo com ele. Você devia estar com muita raiva.

– Bem, Lauren é a versão feminina de Mike Newton, tão insuportável quanto ele consegue ser às vezes, ainda acha que agi mal?

Edward me olhou de má-vontade.

– Talvez não.

– Ótimo.

Ao dizer isto inesperadamente eu espirrei, minha roupa estava molhada e fria.

– É melhor eu ir, você tem que se trocar. Amanhã virei buscá-la pela manhã, não se ocupe em inventar desculpas, pois desta vez elas não irão funcionar.

Eu havia me esquecido de meu compromisso de sábado e fiz cara de desânimo. Ao ver isto Edward se aproximou e se agachou à minha frente.

– Liese, não é desse jeito que eu gostaria de levá-la para conhecer minha família, o que tanto a perturba? Não quer ir?

– Não é isso Edward, eu adoraria conhecê-los formalmente, mas não tenho certeza de que serei bem-vinda.

– Aneliese. Sei que pode parecer difícil de acreditar, mas eles são boas pessoas, não vão lhe fazer nenhum mal, eu estarei próximo a você todo o tempo.

– Sei que não vão me fazer mal Edward, acredito nisso, mas... Veja bem, Rosalie não parece gostar nada de mim, na escola ainda consigo lidar com ela, mas aquele é seu território, entende? Seria quase como confraternizar com o inimigo.

Ele fez cara de impaciência.

– Rosalie não tem que gostar ou não gostar de nada, a opinião dela é irrelevante, mas se é ela quem a preocupa, não se aflija, pois ela será boazinha. Já está na hora de eu ter uma conversa séria com ela.

– Não, por favor, Edward, não faça isto. Aí ela terá motivos para me odiar ainda mais.

– Ela não odeia você Aneliese, é... Outra coisa. De qualquer modo, há uma dívida que nunca tive porque cobrar e acho que este é o momento ideal. Ela vai se comportar. Acredite em mim.

– Pensei que vocês detivessem quantias iguais de dinheiro.

Edward sacudiu a cabeça rapidamente.

– Não estou falando de dinheiro. Há apenas uma coisa na vida que Rosalie ama mais que a si mesma, pode imaginar o quê?

Pensei em dizer ‘o espelho’, mas soaria estúpido, refleti um pouco e logo me dei conta do que era.

– Emmett.

– Correto. Emmett é a única coisa que importa para ela mais do que tudo e Rosalie anda se esquecendo de que lhe ajudei quando ela o encontrou. Carlisle no início foi completamente contra a transformação, ele estava morrendo e ela já não sabia mais como dialogar, Carlisle achava que aquele era apenas mais um de seus caprichos, que ela iria modificá-lo e depois de um tempo o abandonaria e não achou certo, mas eu sabia o que ela pretendia; eu era o único que via com clareza o quanto ela precisava dele e que seria capaz de amá-lo verdadeiramente. Então a ajudei. Conversei com nosso pai e ele mudou de opinião, salvou Emmett quase no último minuto e Rosalie pela primeira vez me disse um sincero ‘obrigado’.

Eu fiquei surpresa de ouvir este lado da história, quer dizer que se não fosse por Edward, Emmett Cullen talvez nem existisse? Pensei em Crepúsculo sem ele e concluí que seria bem sem graça.

– Você agiu bem, Rosalie precisa dele.

– Exatamente como eu preciso de você. Por isso acho que já é tempo de minha irmã guardar suas opiniões para si mesma.

– Está bem, eu concordo, mas espero de verdade que isto a faça se manter longe, sei que há uma grande escadaria em sua casa e não estou a fim de ser jogada lá de cima.

Ele não riu.

– Sem piadas sobre a morte da humana – me redimi.

– Obrigado. Agora vá tomar banho ou acabará ficando doente e terá uma razão real para se manter em casa. Não acho que queira lhe dar este gostinho, trate de ir se esquentar.

Ele se levantou e ficou de pé a minha frente, fiz o mesmo e o encarei.

– Vai sair ou quer que eu comece a tirar a roupa com você aqui?

– É tão imoral quanto os garotos da escola – brincou, semicerrando os olhos.

Eu gargalhei e ele aproveitou para me puxar para perto e beijar meu rosto.

– Acredito que ainda vamos chegar nesta parte, mas não será em breve. Está lidando com um cavalheiro.

– Já me disseram isso.

– Que bom - passou uma das mãos por meu rosto. - Sinto muito que Mallory tenha machucado você.

– Eu estou bem. Podia ter me defendido, mas não quis. Viu o que aconteceu quando eu apenas tentei tirá-la de perto.

– Sim, vi. Estou orgulhoso de você, como eu disse se estivesse em seu lugar não teria demonstrado tanto autocontrole.

– Obrigada. Me tranqüiliza saber que não me culpa pelo ocorrido, cheguei a pensar que poderia não me querer mais.

Ele suspirou pesadamente.

– Minha doce Aneliese, me conhece tão pouco assim? Não sabe que não há forma disto acontecer?

– Você diz isto agora, mas eu posso ser muito chata às vezes, principalmente quando tenho que me levantar cedo para visitar vampiros em pleno sábado, isso me tira do sério.

– Sinto em ouvir. Acredito que terá de fazê-lo de qualquer jeito e só para que saiba eu também posso ser bem implicante quando quero.

– Mesmo?

– Ah sim, posso. O que significa que se continuar querendo voltar atrás em sua promessa terei de ficar aqui e lhe fazer companhia até que mude de idéia. Não acho que o xerife vá se importar, e você?

– Engraçadinho.

Ele riu.

– Pensei que fosse mais corajosa, sabe que esta sua atitude espelha muita covardia.

Abri a boca em ultraje.

– Está me chamando de covarde?

– Hmmm vamos ver. Sim, estou – sorriu largamente.

Trinquei o maxilar, se tinha uma coisa que eu não suportava era ser subestimada.

– Está bem Edward Cullen, venha me buscar amanhã cedo e eu te mostro se tenho ou não coragem.

Ele gargalhou e sacudiu a cabeça rindo de minha tenacidade, era tão lindo vê-lo bem humorado assim. Puxou meu rosto para perto e me beijou com ternura.

– É incrivelmente teimosa. E incrivelmente irresistível.

Seus olhos ardiam, eu estava dificultando as coisas para seu lado e achei melhor ir logo me trocar. Antes de fazer um só movimento, porém, o telefone tocou. Pedi licença a Edward e fui atender, era Charlie, ele me disse que havia convidado um amigo para vir assistir o jogo e me perguntou se eu me importaria em deixar a mesa arrumada, pois teríamos muitas pizzas no jantar. Lhe respondi que não havia problema, mas antes que ele desligasse lhe questionei sobre quem viria nos ver.

– É Billy Black. Já lhe falei sobre ele e acredito que já conheça seu filho, Jacob.

­– Ah. Sim, o conheci na praia. Ele virá também?

– Sim. Billy disse que ele não pára de falar de você.

Fechei os olhos querendo fingir que aquilo não havia acontecido, mesmo estando lá em cima Edward ouvia cada palavra que dizíamos.

– Hmmm, que bom – tentei soar animada.

Charlie enfim se despediu e me virei para voltar para o quarto, arfando de susto ao me deparar com Edward parado à minha frente, na cozinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perdida em Crepúsculo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.