Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 23
Descontrolada.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Trailer

"Não há conexão comigo mesma,
Intoxicada com a loucura,
Mentirosos de merda, reinos encantados.
Eu nunca revelarei que estava em um navio naufragando,
Nunca revelarei que ficara triste.
Você se culpa por querer mais...
Sou sua amante, um zero,
Sou a face nos seus sonhos de vidro.
Poupe as suas preces
Para quando realmente precisarmos delas."

Zero – The Smashing Pumpkins

~*~

Cruzei as portas duplas ansiosa por me sentar um pouco e descansar, parecia que a noite mal-dormida da véspera ainda surtia efeito sobre mim. Edward me avisara que o diretor havia convocado a ele e a seus irmãos para irem a sua sala no intervalo, os faria perder consideráveis minutos do almoço para lhes entregar um prêmio por seu excepcional desempenho escolar, algo que eles recebiam todo ano. Ele também me disse que gostaria que eu me sentasse junto com sua família quando voltassem dizendo que assim eu encontraria mais facilidade para ter com eles amanhã.

Aproveitei o tempo sozinha para ir até Angela, que estava junto dos outros como de costume.

– Ei Ang, aqui está seu caderno de inglês. Muitíssimo obrigada pelo empréstimo, vou ficar te devendo pelo resto da vida – sorri.

– Imagine Liese, fico feliz de ter ajudado.

– Por falar em inglês, o que o senhor Berty tanto conversava com o xerife ontem? – Jessica indagou.

Rolei os olhos.

– O que mais? Queixas. Queria me causar problemas, mas não deu muito certo.

– Mas e quanto à denún...

Jessica ia me perguntar algo, mas foi silenciada por Lauren com uma cotovelada que ela tentou disfarçar. Eu estreitei um pouco os olhos.

– Que denúncia Jessica? Era isso que você ia falar, não era? Agora que mencionou me lembro bem de que o senhor Berty disse que alguém o contou que eu mentira sobre a caminhonete. Quem fez isso?

– Eu n-não sei Liese.

A pergunta fora retórica, eu sabia claramente quem fora responsável pela fofoca, alguém que não gostava nenhum pouco de mim e que adoraria me trazer problemas.

– Porque você fez isso Lauren? – Questionei sem rodeios.

Todos na mesa olharam para nós, não me importei de estar chamando a atenção, eu já dissera várias vezes que desprezava pessoas fofoqueiras, iria tirar esse assunto a limpo imediatamente.

– O quê? Do que você está falando? – Ela tentou parecer indiferente, mas estava óbvio que havia ficado sem jeito.

– Você disse ao senhor Berty que eu havia mentido sobre a caminhonete, quase enfrentei uma enorme discussão com Charlie por sua causa. É muita ousadia de sua parte inventar uma mentira dessas!

– Você está louca? Eu não sei de nada.

– Mesmo? – Voltei meu olhar um pouco para o lado. – Foi ela Jessica? Foi?

Não houve qualquer resposta, mas a garota ficou em silêncio e vermelha como um tomate, não quis entregar a amiga, porém não soube como fingir.

– Bem, eu sinto lhe informar Lauren que seu plano não deu em nada. Aliás, vai dar em algo daqui a pouco quando eu contar para o senhor Berty que você mentiu aí você mesma poderá se resolver com ele.

– Você não... Você é muito fofoqueira Aneliese!

– Tem certeza de que sou eu? E porque você está assustada, não disse que não tem nada a ver com isso?

Alguns alunos riram aos sussurros, a loura ficou escarlate, a feição distorcida em fúria. Se levantou e veio até mim pisando com força.

– Se você disser qualquer coisa, eu...

– Cale a boca Lauren. Não está em posição de fazer ameaças, é melhor você voltar a se sentar e começar a pensar duas vezes antes de se meter em algo que não lhe diz respeito.

Em meio aos risinhos de deboche ela parecia prestes a explodir de raiva, sem dúvidas não gostava de estar desse lado da situação, eu não dizia nada para lhe provocar, só estava sendo sincera e verdadeiramente tentando lhe dar um aviso amigável. Nunca soubera de uma só pessoa que acabara conquistando algo bom através do mexerico.

– Sua idiota!

Ela levantou as mãos para me empurrar, mas por reflexo eu as segurei, muito surpresa que ela fosse capaz de tal coisa. Pensara que haveria uma forma de nos entendermos, mas esta sua atitude fez minha fúria ir de zero a cem em menos de um segundo.

– O que você pensa que está fazendo? – Sibilei.

Ela me olhava muito alterada, mas quando viu que eu apertava seus pulsos com força demais parou de tentar forçar contra mim e eu a soltei.

– Você é muito infantil – condenei fitando-a com reprovação.

Todos próximos a nós haviam ficado em silêncio nos examinando. Eu respirei fundo e estava prestes a sair dali, mas Lauren se aproveitou de um segundo de descuido meu e se jogou contra mim, me fazendo cair no chão. Por ter sido pega desprevenida ela teve chance de ficar por cima de minha barriga e começou a me bater.

– Eu não sou infantil, sua miserável!

– Sai de cima de mim, Lauren!

– Eu odeio você! ODEIO!

Foi tudo tão rápido que ninguém parecia compreender direito o que se passava, eu podia sentir todos os olhos fixos em nós e ouvir o burburinho de vozes. Tentei sozinha conter Lauren, mas ela estava fora de si, continuava me batendo, puxava meu cabelo e me dava tapas, e sem querer mais atenuar seu lado juntei toda a minha força e lhe devolvi um sonoro tapa no rosto. Ela cambaleou e caiu um pouco para o lado, parecendo estar tonta.

– Lauren!

Tyler gritou de longe, correndo para ajudá-la. A garota apertava com força a bochecha e fazia cara de dor, me encarou com os olhos vermelhos, as lágrimas já caindo. Depois que a primeira pessoa teve coragem de se aproximar todos os outros fizeram o mesmo, nos rodeando, curiosos. Tyler amparava Lauren e a ajudou a se levantar, eu encostei a cabeça ao chão e suspirei, fitando o teto, estava aliviada por aquilo ter acabado, apesar de ter sido breve era muito vergonhoso, eu podia sentir que meu cabelo estava todo desgrenhado e minha roupa amassada, não era uma visão muito bonita e isto me alertou que eu devia sair dali logo, antes que...

– Liese.

Tarde demais. Eu contive a respiração e Edward se aproximou vagarosamente, me avaliando meio perdido.

– O que houve? – Perguntou enquanto se abaixava e me estendia a mão para me erguer.

Já próxima a ele pude murmurar:

– Não sabe? Achei que estivesse aqui porque a Alice viu algo.

– Sim, ela viu – falou tão baixo quanto eu e levou uma mão a meu queixo erguendo meu rosto e virando-o para avaliar o estrago. – Mas não sabe a causa – explicou me fazendo olhá-lo.

– Porque você fez isso Aneliese?

Nós dois nos voltamos para Tyler, ele continuava perto de Lauren e sobressaltada vi que ela segurava um guardanapo de papel do lado do rosto e que ele estava manchado de sangue. Edward havia se retesado antes mesmo de eu perceber o que estava havendo e tornou a me olhar, porém havia algo em sua feição, ele parecia... Desapontado.

– Você a machucou muito, ela quase não deixou marcas em você! – Tyler continuava a me censurar, mas eu não sabia o que dizer. Não imaginava que aquilo fosse acontecer, eu só quis afastá-la de mim.

– Você fez isso com a garota, Aneliese?

Edward estava sério, quieto. Compreendia que fosse difícil para ele sentir o cheiro de sangue, mas era mais do que isso, ele não parecia estar feliz com minha atitude, com certeza não a apoiava.

– Eu fiz – falei por fim – mas não foi por querer...

– O que está havendo aqui?

A voz do diretor soou de longe e fez com que todos os alunos imediatamente se aprumassem e saíssem de perto de nós. Tyler e Edward foram os únicos que não se moveram.

– Senhorita Mallory, o que houve com você? – Senhor Greene ficou muito surpreso ao vê-la machucada. Depois de observar melhor seu olhar recaiu sobre mim. – Você fez isto com ela senhorita Rodrigues? Vocês brigaram?

– Eu...

– Senhor Cullen, o senhor viu o que aconteceu?

Mal tive chance de dizer uma palavra, ao que parecia o diretor queria ouvir apenas o que Edward teria a lhe dizer, fiquei muito irritada por não ter chance de me defender e presumi que mesmo não tendo presenciado nada o parecer dele seria o que mais contaria. Eu não acreditava que Edward fosse me favorecer.

– Me desculpe senhor, mas não presenciei a briga.

Senhor Greene ergueu as sobrancelhas, depois assumiu ar grave.

– Vá para a enfermaria imediatamente – disse para Lauren. Depois se voltou para mim. - A senhorita, por favor, me acompanhe.

– Mas...

– Por favor, senhorita Rodrigues, não houve argumento a seu favor.

Eu fiquei boquiaberta. O diretor me convocou a sua sala só porque Edward não o disse para não fazê-lo? Ele prezava tanto assim a opinião dele? Apenas por um boletim impecável e bom comportamento? Mas eu também era uma boa aluna! Simplesmente estava aqui a pouquíssimo tempo para poder comprovar, não era justo. Eu me senti muito humilhada e surpreendentemente traída por Edward, independente do que ele achava de meus atos, porque não me defendeu? Ele via o panorama melhor do que ninguém, e também estava comigo agora, não devia querer me ajudar?

– Senhorita Rodrigues, faça o favor de me acompanhar agora!

– Espere senhor Greene.

Voltei-me para a direção da porta, era Alice, ela veio rapidamente ao nosso encontro e parou próximo a mim.

– Sei que a outra garota está ferida e que teve de ir, mas Aneliese não teve culpa nisto, ela apenas se defendeu.

– Senhorita Cullen, como pode ter certeza do que diz? A senhorita estava em minha sala até há pouco, não viu nada.

– É verdade, não vi, mas todos os outros alunos sim. Algum de vocês quer se levantar e dizer que Aneliese não atacou Lauren de propósito?

Houve um silêncio mortal, os alunos se entreolhavam e cochichavam entre si.

– Não murmurem, digam em voz alta. Algum de vocês sabe de algo para acusar a senhorita Rodrigues? – Pressionou o diretor.

– Por favor, senhor. – Angela ergueu a mão timidamente. – Lauren foi quem começou a briga, Aneliese perdeu o controle depois, mas ela tinha que se defender.

– Está dizendo que a senhorita Mallory foi a única culpada?

– Não é bem assim – interveio Jessica. – Elas estavam discutindo...

– Sim, a discussão saiu do controle, como eu disse Aneliese exagerou no que fez, mas não é justo que culpem somente ela, pois Lauren apesar de não ter deixado marcas muito aparentes também a agrediu. Veja o rosto dela, está machucado – completou Angela.

Eu a olhava e quando nossos olhos se encontraram com o mínimo movimento de meus lábios lhe disse ‘obrigada’ e ela assentiu minimamente.

O diretor suspirou.

– Está bem, toda essa história está muito mal contada e não vai se resolver facilmente. Senhorita Rodrigues, venha até minha sala, por favor, conversarei com você primeiro e pedirei para falar também com a senhorita Mallory assim que estiver melhor. Os outros podem voltar ao almoço e tratem de se comportar.

Saiu a passos rápidos e antes de eu começar a segui-lo Alice se aproximou e falou baixinho:

– Vai ficar tudo bem Liese.

– Obrigada Alice, eu não sei o que eu teria feito.

– Tudo bem – sorriu de leve.

Durante todo o tempo Edward permanecera calado próximo a mim e me afastei sem sequer o olhar uma última vez.

Fiquei quase uma hora inteira na diretoria resolvendo o acontecimento, por fim infelizmente não pude convencer o senhor Greene a deixar Charlie de fora e ele compareceu à escola pela segunda vez em menos de vinte e quatro horas, meu plano de ser uma boa menina havia ido por água abaixo.

Com Charlie o assunto foi simples, ele ouviu tudo com atenção e questionou nas horas que achou preciso, porém quando os pais de Lauren chegaram toda a calma foi perdida e a atmosfera logo ficou impossível de agüentar. Sua mãe chorava em prantos, gesticulava e apontava para mim, me insultando, dizendo que eu deformara sua filha e que ela iria me processar. Tive vontade de lhe responder a altura, mas em momentos como esse eu me apegava a lembrança de meus pais e as coisas boas que eles haviam me ensinado. Sabia que daria muito mais orgulho a Lindy se me portasse da maneira correta e isto me fez segurar a língua.

Por fim, após um interminável tempo a discussão acabou. Charlie me surpreendera ao me defender, dissera que eu não ficaria sem castigo, mas que me conhecia e sabia que apesar de ter agido mal eu não o fizera sem motivo e com sua voz de autoridade conseguiu calar os pais de Lauren e fazê-los até mesmo se envergonharem das coisas horríveis que haviam dito para mim.

Só deixei de me sentir injustiçada quando o diretor deu o parecer final dizendo que me daria um dia de suspensão, mas que a Lauren daria três por – ele finalmente aceitou – ter iniciado a briga. E então todos foram dispensados quase ao mesmo tempo em que o sinal de saída soava.


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Notas finais do capítulo

Por hoje são estes. Eu queria agradecer outra vez por todos que estão acompanhando a história e principalmente pelos reviews. Por favor, continuem dizendo o que pensam, é muito importante pra mim. Espero que estejam gostando, semana que vem posto mais, beijos! :*



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