Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 22
Ciúmes.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Trailer

"Você me faz sentir fora de meu elemento,
Como se estivesse andando em cacos de vidro,
Como se meu mundo girasse em câmera lenta
E depois rápido demais.
Você me faz sentir fora de meu elemento,
Como se eu estivesse ressurgindo do mar,
Como se as ondas me puxassem para baixo
Tornando difícil respirar.
Não podemos negar o que sentimos por dentro,
Será que você estava certo
E eu errada?

Todos os planetas se alinharam quando você olhou em meus olhos,
E assim simplesmente as químicas reagiram."

Chemicals React – Aly e AJ

~*~

Nem me dera conta de que adormecera, mas o relógio despertando ruidosamente me indicava que era hora de acordar. Como estava cheia de trazer dores de cabeça a Charlie fiz questão de me levantar mais cedo a partir de hoje e começar a evitar contratempos que acabassem por aborrecê-lo. Tomei meu banho e voltei para o quarto pensando no que vestiria, chovia como de costume o que indicava que o tempo estaria frio, mas não parecia quase ventar então não havia porque eu me agasalhar demais. Com os dias que estava aqui acabara por me acostumar ao clima e era menos sensível a temperatura do que fora no início.

Depois de pensar um pouco optei por uma calça jeans preta e um suéter azul claro de gola larga. Usei um de meus cachecóis, o branco para proteger meu pescoço e soltei meus cabelos, prendendo a franja fora do rosto. Eu ficara uns dias sem usar maquiagem, mas hoje me sentia mais feliz e decidi voltar a me arrumar como sempre fazia; alguns minutos mais tarde eu estava pronta, mas ainda com tempo de sobra e desci para o café cantando baixinho.

Charlie ainda estava à mesa e me olhou particularmente interessado.

– Parece contente.

– Acho que só me cansei de viver de mau-humor – brinquei.

– Está certa, o mau humor fica melhor para os velhos.

Eu me servi de leite e pão depois de me sentar junto a ele.

– Um de seus colegas ligou enquanto você estava no banho.

– Quem? Jessica?

Charlie soltou um muxoxo.

– Não, era um garoto.

Eu parei de passar manteiga no pão e lhe encarei.

– Um garoto? – Meu pensamento voou logo para quem eu queria que fosse.

– Sim. Disse que vem lhe buscar para ir à escola, e só dei permissão porque é filho do doutor. Mas não quero saber de nenhuma gracinha da parte dele, é velho demais para você!

Eu pisquei e ri.

– Charlie, Edward tem a minha idade.

– Hmmm – foi só o que disse, meio de má-vontade.

Eu evitei tornar a rir, pois parecia que iria aborrecê-lo, ao invés disso pensei sobre o que ele me disse, quando falara em um garoto eu pensara que pudesse ser Mike, já que ele se oferecera para fazer isto ontem, mas imaginei que a conversa inacabada à mesa o deixara um pouco hesitante. Não podia dizer que não ficara aliviada com isso, eu ainda não me recuperara da última vez que andara de carro com ele.

Eu preferi que Charlie tivesse me dado a notícia depois do café, porque acabei com o estômago cheio de borboletas e quase perdi a fome, por sorte meu pai havia me ensinado a jamais desperdiçar um alimento e consegui terminar a porção que escolhera. Depois subi às pressas para escovar os dentes e fui para o quarto pegar minha mochila. Acabei me lembrando que ficara de responder à Bella hoje e fui até a gaveta para pegar meu celular, não me surpreendi ao ver que ele estava ligado, já percebera que isto acontecia quando eu precisava muito falar com ela. Procurei não pensar no que pudesse significar ou acabaria com toda aquela avalanche de pensamentos sobre o porquê de eu estar em Forks.

Fui breve em minhas palavras, disse a ela que não se preocupasse comigo, que eu estava perfeitamente bem e que me sentia envergonhada por ter visto mal sua relação com Alex. Prometi dar a eles meu apoio e desejei que ela estivesse feliz em minha casa.

Charlie apareceu ao portal, reivindicando minha atenção.

– Estou saindo para o trabalho, qualquer coisa me ligue. E, eu coloquei um spray no bolso da frente de sua mochila, não pense duas vezes se achar que tem de usá-lo.

Quando ele fizera isto? Eu nem o vira chegar perto de meu quarto.

– Charlie, fique tranqüilo. Edward é não é perigoso e isto é só uma carona. – Entretanto ao terminar de falar eu mordi o lábio. Aquilo não era bem verdade, Edward podia sim ser muito perigoso e aquilo era muito mais que uma carona, eu sabia, porém achei melhor lhe ocultar o restante das informações.

Apesar de não levar muito fé no que eu disse, ele assentiu.

– Ainda assim o spray ficará em sua mochila. – E se virou para partir.

Eu ri aos sussurros e fui checar o bolso, encontrando ali o pequeno cilindro escuro, não era algo que eu gostasse de carregar, mas achei melhor mantê-lo ali para dar alguma paz de espírito ao xerife.

Mal o ouvi manobrando o carro e saindo, a campainha tocou. Prendi os lábios, um pouco nervosa. Depois que deixara de sempre estar na defensiva com Edward eu me sentia extremamente vulnerável, só me lembrava de ter me sentido assim quando começara a namorar Alex, mas neste caso eu acreditava se tratar de um sentimento mais forte.

– Fique calma Aneliese. Não vá acabar desmaiando na frente dele – falei para mim mesma num fio de voz.

Peguei minha mochila e desci com cuidado, minhas mãos e minhas pernas tremiam um pouco, não pude evitar isso, mas não quis demonstrar minha timidez, um segundo antes de abrir a porta aprumei meus ombros e ergui a cabeça.

E então ali estava ele. Lindo e perfeito parado à minha porta, eu nunca me acostumaria a isso, meu plano de ser confiante não pareceu sequer fazer sentido, um olhar de Edward era capaz de mitigar toda minha determinação.

– Bom dia – falou com um esboço de sorriso.

– Bom dia.

– Você está bem? Parece um pouco corada.

Desviei meus olhos. Edward sempre fazia isto, ele parecia gostar de me deixar ainda mais sem graça.

– Estou bem – murmurei.

– Bom. Não gostaria de pensar que você poderia acabar desmaiando em minha frente – disse, divertido.

Eu o fitei um pouco boquiaberta, ele ouvira o que eu dissera há pouco! Claro que ele ouvira, vampiros tinham uma audição impecável, eu fora muito tola. Como conseqüência, senti meu pulso acelerar de constrangimento, mas não lhe dei mais motivos para zombar de mim.

– Não vou. Não se preocupe. Podemos ir agora? Não quero chegar atrasada outra vez.

Ele sorriu largamente e assentiu. Procurei manter meu orgulho intacto para poder lidar com ele, era muito fácil que me subjugasse. Tranquei a porta e estava prestes a começar a andar, quando ele disse:

– Se importa que lhe dê uma carona?

Como assim? Não era isto que ele viera fazer? Sem saber o que lhe responder murmurei um ‘sim’ e num só movimento ele me pegou e me levou para dentro do carro. Eu pisquei atônita ao ver que já estava no banco.

– Por que...?

– Achei que não gostaria de se molhar – ele apontou para a chuva do lado de fora. – E também fica mais fácil ficar perto de você sem seu cheiro acentuado pela chuva.

– Ah. Obrigada? – Não soube bem se devia agradecer, fiquei me perguntando de que cheiro ele falava afinal, meu perfume não era assim tão marcante, tinha certeza.

Edward riu e ligou o carro, dando a volta para irmos.

– Você cheira muito bem Aneliese. – Explicou parecendo ecoar meus pensamentos. – Tentadoramente bem. – Ele suspirou e pareceu se reprimir um pouco. – O fato é que é como se fosse uma droga, algo fácil de viciar, mas muito prazeroso. Prefiro atenuar isto sempre que posso.

Eu não disse nada, era estranho ouvi-lo falar desse jeito, me deixou um pouco acuada. Lembrei-me do spray que Charlie me dera, mas vi que estava sendo ridícula. Eu confiava em Edward, tinha que confiar para estar tão perto dele como agora.

– Uma vez fui com meus pais para uma cidade muito famosa em meu país por suas diversas opções de chocolate. Não me lembro de ter sentido um cheiro tão bom em toda minha vida – devaneei.

Edward me encarou e depois riu. Eu quis mesmo deixar seu humor mais leve, e funcionou.

– Interessante comparação a que você fez. Imagino que você tenha experimentado o chocolate.

– Claro que sim.

– É aí que divergimos – assinalou, com ar grave.

Me dei conta de que acabara piorando a situação, devia ter falado sobre flores ao invés de comida. Olhei distraída pelo pára-brisa e percebi algo que deixara passar.

– Este é o carro de Esme.

– Sim.

– Ela deixou que você o usasse de novo?

– Deixar não é a palavra certa. Tente “obrigar”.

– Não entendi.

– Falei para você que ela não se importaria que eu pegasse o Audi, assim sendo quando soube que você gostou fez questão que eu o usasse pelo restante da semana. Ela gosta de você e está ansiosa por conhecê-la.

– Que gentil! Mas Edward, hoje é o último dia de aula, com “restante da semana” você deve estar se referindo apenas a hoje – lembrei-lhe.

Ele fez uma cara de desculpas.

– Na verdade Esme impôs uma condição em troca do carro.

– Mesmo? E qual é?

– Que eu a convença a ir visitar-nos amanhã. Eu disse que ela quer conhecê-la.

Eu parei de respirar.

– Ir a sua casa?!

– Você esteve lá ontem Liese, não é assim tão ruim. Esme detestou saber que você esteve lá sem ela, mesmo quando tentamos explicar que foi sem querer ela ralhou comigo e Alice. Minha mãe é muito atenciosa, Aneliese, ficou dizendo o tempo todo que foi mal educado de nossa parte deixá-la ir embora sem sequer te oferecer algo para comer. De qualquer jeito agora ela terá chance de fazer como se deve. Por favor, não negue isto a ela, Esme parece... Feliz.

O jeito como ele falou me comoveu, eu não pensava em fazer-lhe desfeita e devia muito aos Cullen, seria uma boa forma de retribuir. Entretanto havia uma coisa que me impedia de ser cordial como queria.

– Mas Edward, ontem quando estive lá... Bem, só havia você, Alice e eu. Agora acredito que não serão mais só vocês, não é?

– Acredito que não – concordou.

– Já vejo.

Chegamos à escola, e ele estacionou próximo ao seu próprio carro, o que indicava que seus irmãos já haviam chegado. Era justamente neles que eu pensava. Como teriam reagido ao saber de meu relacionamento com Edward? Alice era a única que eu sabia estar feliz, mas os outros eu não tinha idéia. Sabia que não aceitavam Bella muito bem e de certo modo eu era muito parecida com ela. Desta vez não houve como esconder meu nervosismo.

Edward saiu do carro e veio até meu lado, abrir a porta para mim. Andamos rapidamente até a marquise e ao estarmos debaixo do abrigo parei, me voltando para ele.

– Não acha que estaremos sendo precipitados, quer dizer, mal nos conhecemos.

Ele gargalhou com gosto.

– E você diz isto? É a pessoa que mais me conhece, Aneliese, e acho que sei o suficiente sobre você para ter certeza de que é seguro levá-la novamente à minha casa.

– Bem, talvez seja mesmo afinal.

– Ninguém lhe fará nada, eu sempre estarei do seu lado para lhe proteger.

– Obrigada. E obrigada também por ter me livrado de uma boa bronca ontem, Charlie estava prestes a me prender.

Edward sorriu novamente e se aproximou. O rosto centímetros do meu.

– Não foi nada, mas acho que só dessa vez vou exigir algo em troca.

– Vai?

– Vou, com certeza.

Ele colocou as duas mãos em meu rosto e me puxou para si, com cuidado me beijou.

– Vai a minha casa amanhã? – Perguntou ao se afastar um pouco.

– É isto que quer em troca não é? – Sondei.

– Na verdade não, não vou lhe pedir nada, foi só uma desculpa para poder lhe beijar – brincou. – Mas sim, eu gostaria que fosse e sei que Esme também.

Suspirei pesadamente.

– Claro, porque não – concordei vencida.

Ele pareceu ficar aliviado, beijou o alto de meus cabelos demoradamente.

– Obrigado.

Pegou minha mão e recomeçamos a andar devagar. A maioria dos alunos estava nos corredores e não fugiu a minha percepção que estávamos sendo observados.

– Deve saber exatamente o que eles estão pensando, não é?

– Sim.

– É ruim? – Examinei.

– Alguns deles deviam conter-se bem mais. – Falou num sussurro mortal olhando de mau humor para um garoto ao canto. – Ao que parece não fui o único a perceber que está muito bonita hoje.

Fiquei contente de ouvir isto, mas preocupada com o olhar raivoso de Edward, não era bom que ele se aborrecesse, eu tinha medo do que era capaz de fazer se perdesse o controle.

Havíamos chegado à sala e antes de entrar o encarei, obrigando-o a me olhar.

– Não me importo com eles, sabe disso. E você também não devia.

Ele não pareceu se acalmar.

– Como você mesma sabe, eu vejo mais do que é considerado conveniente, fica difícil ignorar. Eu gostaria de apenas uma vez poder deixar a boa conduta de lado.

Tentei distrair-lhe com banalidades, Edward estava começando a me deixar inquieta.

– Olhe, amanhã teremos o dia somente para nós, não vai precisar se preocupar com nada disso. Tem dúvidas de que realmente irei?

Houve silêncio e por fim ele respondeu, parecendo mais contido.

– Não, não tenho. De qualquer forma sempre posso lhe obrigar.

Fiz uma falsa cara de ultraje.

– Seria capaz?

– Se for para ter mais tempo com você, sim.

E ele me beijou outra vez, mesmo em meio a todos e sujeito a ser pego, foi breve, mas muito doce e eu soube naquele momento que depois que me entregara não havia mais chance de voltar atrás. Eu estava totalmente apaixonada por ele.


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