Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 21
Que tal um passeio de radiopatrulha?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Trailer


"Você diz que posso confiar em você,
Mas não tenho certeza.
Toda vez que estou perto de você eu perco o controle.
Devo estar fora de mim pra deixar você entrar.
Meus medos, eu deixei eles pra trás,
E resistir a você, eu não sei como.
O amor às vezes pode ser cruel,
Será que eu devia dar um descanso ao meu coração agora?
É apenas uma questão de tempo
E eu vou me render.
Me dê somente um instante para abrir minha mente.
É apenas uma questão de tempo,
E eu vou me render,
Me render a você."

Surrender - Lasgo

~*~

Depois de toda a exaltação inicial era hora de voltar à realidade. E logo. Avisei a Edward que teria problemas por faltar a aula e ele me disse que ainda dava para chegarmos no segundo tempo. Não levei muita fé em suas palavras, entretanto de qualquer forma eu não iria continuar aqui sozinha com ele, quando nem sequer recebera um convite oficial de sua mãe para adentrar a casa. O acompanhei até a garagem que ocupava um lado inteiro da mansão e me perguntei que carro usaria já que seu Volvo estava com Alice. Minha pergunta foi respondida assim que Edward abriu o grande portão escuro e eu fiquei um pouco sem fala.

Além do famoso Volvo prateado, da BMW vermelho-sangue de Rosalie e do negro Mercedes de Carlisle os Cullen tinham em seu poder mais seis veículos. Todos estavam estacionados ostentosamente em fileira, perfeitamente intactos e absurdamente caros, por sinal. Eu jamais sequer chegara perto de tantos carros chiques juntos, mesmo vivendo com meus pais e o que eles chamavam de ‘alta sociedade’. Me senti como em uma exposição.

– Nossa – murmurei. Eu sabia que os Cullen eram ricos, mas não me dera conta da dimensão.

Edward riu de minha expressão.

– Não costumamos usar estes já que nos focamos em passar despercebidos. Mas de vez em quando gosto de tirar um ou outro para dar uma volta. Você pode escolher qual.

Eu o olhei, cautelosa.

– De quem são? – A curiosidade fervilhava por minha voz, o legal de estar aqui era que eu descobria coisas que como fã sequer tivera chance de saber.

– O Jeep é de Emmett, o Audi de Esme, o utilitário Alice usa quando vai fazer compras – ele rolou os olhos – a Ferrari é de Jasper, já o Lykan e o Aston Martin ao fundo foram comprados no último ano e ficam a disposição de todos, entretanto preferimos utilizá-los quando saímos da cidade e fica mais fácil nos misturar.

Eu pensava que nada pudesse entreter um vampiro, mas Edward era homem e homens gostavam de seus brinquedos, ele parecia animado enquanto falava dos veículos.

– E vocês têm todos esses carros?! – Admirei-me como uma boba, a picape de Bella pareceu ainda mais pobre quando veio à minha cabeça.

– Nesta casa, sim – deu de ombros.

– Há mais?

– Deixamos alguns em pontos estratégicos por segurança. Nunca aconteceu de precisarmos usá-los, mas devo admitir que com a sua chegada e tudo o que você sabia demos logo um jeito de reaver as chaves e mantê-las à vista – seu tom era brincalhão, apesar de ele parecer falar a sério. – Foi bem... Surpreendente. Até aquele dia a possibilidade de sermos descobertos parecia pouco provável, mas tudo serviu para nos alertar de quem somos. Como se houvesse maneira de esquecer. – Quando terminou seu semblante estava obscuro. Eu não gostei de vê-lo assim.

– Então eu posso escolher qualquer um deles? – Fingi interesse na tentativa de distraí-lo do que quer que estivesse pensando. Funcionou, Edward me fitou acaloradamente.

– Claro – concordou.

Franzi os lábios e examinei outra vez a coleção. Edward dissera que os dois do fundo nunca eram utilizados, mas eu tinha a suspeita de que se escolhesse um deles ele não faria objeção. De qualquer forma, eu não abusaria de sua bondade e meu gosto no fim se provou muito semelhante ao de Esme.

– Gosto daquele – apontei o veículo à esquerda. Era branco e pequeno, mas muito elegante. – Será que sua mãe se importa?

– Nenhum pouco. Ela vai adorar saber que vocês duas tem gostos parecidos, todos na casa foram decididamente contra a cor que ela escolheu.

– Eu achei muito bonito. Combina com ela.

Enquanto se afastava para pegar as chaves pensei ter ouvido ele dizer algo como ‘também combina com você’, mas não quis lhe questionar sobre isso. Sem mais tempo para perder partimos logo, deixando a grande mansão para trás.

Tinha de me lembrar de jamais subestimar um Cullen.

Edward nos colocou para dentro com uma facilidade sem igual, deixando a pobre secretária senhorita Cope toda vermelha e sem jeito. Eu não duvidava muito que era exatamente assim que eu ficava quando ele usava seus encantos comigo. No caminho até a marquise me dei conta de que os resquícios de sol haviam desaparecido por completo e logo percebi que Edward não estaria aqui se houvesse perigo real dele ser visto.

Agora no intervalo eu tivera de voltar a sentar em minha antiga mesa, pois havia perdido um conteúdo importante na primeira aula e Angela se disponibilizou para me ajudar a pô-lo em dia.

– Não acredito que o senhor Berty fez isso de propósito! – Reclamei.

Eu que até agora escrevia furiosamente parei um pouco para relaxar minha mão. O professor de inglês soubera de nossa pequena excursão à praia e decidira dar a classe tarefa em dobro aparentemente por puro despeito. Todos já haviam tido chance de extravasar, mas eu ainda sentia as conseqüências do castigo.

– Sorte sua não ter estado aqui na primeira aula Liese, ele estava de mau-humor e gritou com todo mundo, quase colocou Tyler para fora da sala só porque ele lhe perguntou se a matéria seria conteúdo de prova – queixou-se Jessica.

– Que absurdo. Ele é sempre assim?

– Hoje foi um dos melhores dias – falou Mike com sarcasmo.

Todos riram e acabamos deixando o assunto de lado. Não me levantei para comprar lanche, pois Angela e Jessica se ofereceram para trazer o meu e aproveitei os minutos a mais para continuar adiantando o que pudesse. Não teria mais aquela aula, mas não queria acabar com acúmulo de coisas para fazer no final do dia.

– Sabe quando sua caminhonete sai do concerto Liese?

Eu parei de escrever por um momento.

– Minha caminhonete?

– É. Jessica disse que foi por isso que você se atrasou, ela morreu no meio do caminho, não foi?

Eu aproveitara a desculpa de Edward para me livrar da insistência de minha amiga, ele bolara uma história de que meu carro havia tido problemas e que havia se oferecido para me ajudar e foi exatamente com isto que convenceu a senhorita Cope a abonar nossas faltas.

– Ah sim. Claro. – Limpei minha garganta procurando soar mais convincente, depois de hoje cedo tinha ainda mais dificuldade em contar uma mentira, quando o fazia a voz de Edward me lembrava que eu era péssima nisso. – Acho que logo estará bom.

– E como pretende continuar vindo à escola? O xerife sem dúvidas é muito ocupado, por isso se quiser eu posso ir te buscar amanhã.

– Mike não seja tolo. Ela já tem quem a faça favores.

Lauren estivera calada durante todo o almoço e eu até me esquecera dela como fazia de costume, infelizmente em alguma hora ela tinha de se meter.

– Do que você está falando? – Sondou o rapaz.

Eu não olhava para os dois, continuava escrevendo procurando me concentrar no que fazia, mas podia sentir seus olhos fixos em mim. As meninas logo retornaram, Angela tornou a ocupar seu lugar ao meu lado, entregando meu lanche e me aconselhando a comer, mas Jessica ficou de pé nos perguntando o que estava acontecendo.

– Sabe com quem a Liese veio à escola hoje?

– Não foi com o xerife?

– Lauren disse que não.

– Então com quem?

Como eles conseguiam falar de mim como se eu sequer estivesse presente? Me senti um assunto de capa de jornal, gostaria de verdade que eles me deixassem em paz. Eu mordia meu sanduíche e bebia meu suco, calada e olhando o tampo da mesa, procurando acreditar que talvez o silêncio os fizesse pensar que eu nem estava mais lá.

– Ei pessoal, sabem aquele novo carro de quem todos estão falando? Adivinhem de quem é. – Tyler que estivera fora até agora reapareceu e se sentou junto de nós.

– Todos sabem que é de um dos Cullen – informou Lauren de má-vontade. – Mas talvez um de nós saiba exatamente de qual deles.

Eu soube de imediato que ela falava de mim, estava claro que de algum jeito ela me vira chegando e como não gostava de mim queria me azucrinar me tornando outra vez alvo de fofocas.

– Você sabe de quem é o carro, Liese? – Indagou Jessica.

– Se sei pelo jeito não sou a única, é óbvio que Lauren está mais por dentro do assunto que qualquer um de vocês, perguntem a ela – sugeri.

Lauren me fuzilou com os olhos e lhe dei um sorriso falsamente complacente. Depois disso se levantou irritada e foi se sentar junto de outras pessoas, em uma mesa ao canto. Como não dei mais corda ao assunto eles o deixaram de lado e pude terminar meu almoço em paz, nenhuma vez me ocupei em olhar para Edward, pois a timidez sempre dominava quando o fazia, mas eu sabia que estava sendo observada.

Quando o horário de saída chegou comecei a ficar ansiosa pensando em voltar para dentro do Audi. Além da companhia de Edward – que já era o suficiente para me inquietar – eu teria de lidar com os olhares e comentários de meus colegas de classe que descobririam a resposta para o tema discutido no intervalo.

Eu me demorara propositadamente guardando minhas coisas, na esperança que com isto o estacionamento pudesse começar a esvaziar, quando saí da sala os corredores quase não tinham mais gente. Comecei a andar, mas antes de dar o terceiro passo fui pega de surpresa por Edward que surgiu a minha frente num só movimento. Eu o olhei, exaltada.

– Não há câmeras por aqui?

– Não neste corredor – informou divertido. Depois ficou repentinamente serio. – Vim lhe dizer que não poderei levá-la para casa.

– Ai, me diz que sua mãe não ficou brava com você, ninguém estragou o carro dela, não é? Os garotos não pararam de falar dele hoje.

– Não tem nada a ver com o carro, na verdade a razão de eu não poder lhe dar uma carona diz respeito a você.

– A mim? Não entendi. Fiz algo de errado?

– Aparentemente ao ver do xerife sim.

– De Charlie? Mas o que ele tem a ver com isso?

Edward parecia aborrecido, eu não estava acompanhando o que ele dizia, entretanto não parecia que iria gostar do significado.

– Ele está aqui para buscá-la e você não deve discutir com ele, ou piorará sua situação. Sei que não quer ficar de castigo, mas não se preocupe, vou pensar em uma forma de lhe inocentar.

– Charlie está aqui? – Minha voz falhou na última palavra. – Droga, deve ter ficado sabendo que cheguei tarde à escola, ele não vai mesmo deixar isso passar batido. Tudo bem, eu me viro com ele, mas não quero que se envolva nisso. Tenho que ir.

Mal terminei de falar e já saí em disparada na direção do estacionamento, de fato assim que cheguei pude ver a radiopatrulha estacionada próximo à secretaria. Charlie me esperava do lado de fora enquanto conversava com um dos professores, quando cheguei mais perto vi que era o senhor Berty e que ele não parecia nada feliz.

– Aqui está você – disse quando me viu. – Ela não compareceu à minha aula Charlie e como lhe falei me disseram que mentiu sobre o carro estar com problemas.

– Entendo Paulo, mas deixe que eu converse com ela, está bem? Não ficará sem punição, posso lhe garantir.

– Tudo bem. Faça isto, estes adolescentes vivem como se não houvesse regras, alguém tem que repreendê-los.

E se afastou lançando-me um olhar mal-humorado. Eu tentava entender o que se passava, mas deixei que Charlie me contasse enquanto íamos para casa. Ele soubera que eu faltara ao início das aulas e viera pessoalmente me repreender, mas o estranho era que não parava de dizer que eu lhe escondia algo e que a picape estava em ótimas condições para que tivesse falhado sem motivo. De fato, assim que chegamos à residência ele estacionou a viatura e saiu junto comigo, indo até o outro lado do jardim para verificá-la.

– Aneliese, venha cá!

Comecei a andar ao seu encontro, torcendo para que ele não se zangasse muito ao ver que eu mentira. Quando o alcancei notei surpresa que o carro não estava lá.

– Onde está a picape? – Charlie fez a pergunta óbvia.

Eu balbuciei alguma coisa, mas não tinha uma explicação plausível. Será que haviam roubado? Não, isto era pouco provável, todos sabiam que o xerife morava aqui e, além do mais, quem roubaria um veículo tão velho?

Neste momento o vizinho, Bob saía com seu carro e parou próximo a nós.

– Ei Charlie! O guincho veio buscar a caminhonete hoje à tarde. Deve estar lá na oficina do Earl, porque não dá uma ligada para ele?

– Obrigado Bob, vou fazer isto.

Com um mínimo aceno de cabeça e após me lançar um olhar desconfiado Charlie entrou. Eu o segui e me sentei no sofá da sala em silêncio enquanto o ouvia conversar no telefone. Quando terminou veio até mim.

– A picape está mesmo com o Earl, disse que teve um problema no carburador e vai levar alguns dias para consertar. Eu... Bem, me desculpe se duvidei de você Aneliese, foi errado de minha parte.

Eu estava perplexa, fora Edward, sem dúvidas, ele dera um jeito de chegar antes de nós e levar a picape embora. E ainda causara nela um problema real, para que a história fosse crível. Eu havia dito a ele para ficar de fora, mas já devia saber que não funcionaria. Eu só esperava que em alguma dessas vezes em que me salvava ele não acabasse ficando com problemas. Tive vontade de sorrir ao ver que ele parecia sempre se importar comigo, talvez eu que não quisesse reconhecer. Dessa vez, porém eu ficaria lhe devendo.

– Não se preocupe Charlie – respondi por fim. – Você não fez nada.

Por outro lado mentir parecia estar virando um hábito e eu não gostava nada disso, dei um jeito de não me fazer de vítima, não havia como dizer a verdade para Charlie sem acabar em uma bela encrenca, mas ao menos não o deixaria se martirizar.

Como o problema aqui estava resolvido ele disse que voltaria ao trabalho e me deixou, saindo rapidamente porta afora.

Passei o restante da tarde ocupadíssima com os deveres escolares e as tarefas de casa, quando Charlie retornou eu havia acabado de preparar o jantar e já enfiava de novo a cara nos livros. Fui parar para comer quando já era bem tarde e depois disso Charlie me obrigou a ir tomar banho e me deitar, eu acabei por não fazer objeção, havia só mais uma pequena parte para copiar e eu podia fazer isto amanhã rapidamente.

Tomei um banho bem quente, mas procurei não me demorar muito, pois estava exausta e só o que queria era ir me deitar, quando saí do banheiro notei um ruído estranho e ao chegar ao quarto e olhar pela janela constatei que era a chuva. Não me senti tão animada com a idéia de voltarmos ao clima habitual, mas afinal o que era Forks sem todas aquelas nuvens onipresentes?

Finalmente pude ir para cama, deitando-me de lado e respirando baixinho enquanto esperava o sono chegar. Pensei outra vez em Edward aquele dia e em tudo o que havia acontecido entre nós em tão pouco tempo, inevitavelmente o nome de Bella também veio à minha mente e me lembrei de que ainda não havia respondido sua mensagem. Eu faria isto amanhã e sondaria o estado de seu relacionamento com Alex, se soubesse que ela estava feliz com ele eu teria mais facilidade para lidar com o julgamento que fazia de mim mesma.

Pensara em ligar para Edward e lhe agradecer por ter me ajudado, mas no fim achei melhor lhe dizer isto pessoalmente. Sentia que ele merecia um pouco mais de cortesia de minha parte e notei que algo em mim estava mudando radicalmente quanto mais pensava nele. Eu dissera que o amava, será que não havia sido precipitada? Será que o amava mesmo? Eu acreditava que sim... Sim, eu era louca por ele. Viera reprimindo este sentimento e me tornara infeliz por causa disso; quis poder vê-lo neste instante e abraçá-lo e deixar que me beijasse quantas vezes quisesse e pelo tempo que quisesse. Eu duvidava que pudesse querer alguém mais do que eu o queria agora.


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