Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 20
Uma causa perdida.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, voltei com mais capítulos. Sei que muita gente ficou querendo me atirar pedras porque fiz aquele suspense no último capítulo, mas juro que não foi por mal. De qualquer forma agora vocês ficarão sabendo o que vai acontecer entre a Liese e o Edward na primeira visita dela à mansão. Não deixem de comentar, eu leio todos os comentários e gosto demaaais mesmo de ver que estão acompanhando. Muito obrigada pelo carinho de todos, sem vocês não teria a menor graça. E agora vamos ao que interessa né rs

Enfim, ótima leitura pra todos! :}



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Trailer

"Eu tenho que virar este carro,
Nunca deveria ter deixado você lá
E mal posso esperar para ter você por perto.
Garoto, eu preciso dizer o que está em meu coração,
Eu estava assustada, mas vou fazer a minha parte.
Voltei pra lhe dizer isto cara a cara,
E o que temos não será desperdiçado.
Eu tenho pressa, pois não quero perder isso.
Me desculpe, estou indo corrigir,
Você merece saber como me sinto,
Sei que lhe deixei confuso.
Esta oportunidade vem apenas uma vez na vida,
Tenho que estar louca para não experimentar.
"

Happiness – Alexis Jordan

~*~

A reação desenfreada de meu corpo já era esperada, foi o susto que me pegou desprevenida. Alice não dissera que ele não estava? Pensei sobre isto, antes de sair do Volvo ela pareceu um pouco envergonhada e agora entendia que era por causa do irmão, ela logicamente sabia que ele estaria aqui, mas mesmo de longe eu podia ver que Edward não parecia nada feliz. De repente me senti extremamente constrangida e minhas bochechas ficaram quentes de vergonha. Um momento de déjà vu tomou meus pensamentos como se eu já tivesse vivido aquela sensação e devaneei ao me lembrar que a cena na verdade acontecera no livro que eu lia, ‘Orgulho e Preconceito’. Eu me senti exatamente igual à Elizabeth quando ela vai visitar Pemberley após dar um fora no senhor Darcy. Fora embaraçoso de ler, mas era ainda pior de vivenciar.

Baixei minha cabeça desejando poder sumir. O que eu estava fazendo aqui?! Fiquei muito desapontada com Alice por me sujeitar a tal situação. Tentava desesperadamente pensar em uma forma de diminuir minha humilhação, mas não consegui verbalizar nada. Talvez eu devesse dar meia volta e fugir no Volvo. Edward já não devia ter mais tão boa opinião a respeito de mim, um acontecimento a mais não faria tanta diferença.

Por sorte não tive de recorrer à delinqüência, Alice surgiu ao meu lado com a mesma rapidez com que sumira.

– Liese, eu vou para a escola. Você vai mesmo querer vir comigo?

Eu tinha de dizer que sim, mas ela estava me dando outra opção. Eu queria mesmo ir tanto assim? Sabia que Alice podia facilmente me pôr para dentro com uma ótima desculpa e talvez Charlie jamais ficasse sabendo de minha escapada, mas valia a pena livrar meu pescoço e condenar meu coração? No breve momento em que vira Edward eu me sentira tão bem, era como se precisasse de uma dose diária dele. Não era novidade nenhuma que eu estivesse viciada em Crepúsculo e Crepúsculo afinal não se resumia em grande parte a Edward? Portanto eu não podia seguramente afirmar estar viciada, perdida e mergulhada nele também?

Apesar de toda a certeza de meu coração minha cabeça ainda era um mar de frustração, eu estava muito indecisa e o tempo que passara com Alice só alimentara ainda mais tal sentimento. Eu sabia que se quisesse poder seguir em frente com o mínimo de dignidade teria primeiro de resolver este problema que causara.

Depois de longo silêncio eu que até agora fitava o chão olhei para ela, porém apesar de estar com pressa não parecia nada impaciente. Ela fizera tudo com enorme boa vontade e quis lhe retribuir do mesmo jeito.

– Se não se importa vou ficar.

Ela sorriu docemente, sua expressão se suavizou e fiquei momentaneamente contente por minha escolha.

– Não, eu não me importo.

E após me dar um abraço apertado ela adentrou o carro e partiu. Eu fiquei parada ouvindo o ruído do motor se afastando e quando já não se ouvia mais nada suspirei. Ergui meu olhar para onde há pouco havia visto Edward e depois de me fitar de longe por meio segundo ele apareceu há minha frente num átimo. Eu ainda teria de me acostumar a isto, além do mais com a proximidade eu podia vê-lo com muito mais clareza, e a calça escura junto da camisa azul de gola ‘V’ que usava tornavam mais complicado eu me centrar.

Aqui em meio à floresta ventava bastante e estava frio, ao menos não chovia e o céu claro me dava a impressão de que o sol poderia aparecer a qualquer momento. Pelo jeito Edward pensara o mesmo, pois me convidou para entrar de imediato. Achei melhor não fazer objeção e o segui resignada pelo gramado. Enquanto andava eu analisava melhor a imponente construção, uma alegria infantil por estar diante dela. Havia tantos detalhes que chamavam minha atenção, mas não ousei falar sobre eles, assim que chegamos à porta Edward indicou que eu entrasse e agradeci com um aceno de cabeça.

A sala era tão grande quanto podia. E extremamente elegante, eu já estivera em lugares magníficos, mas ali era diferente. Como estava acostumada a pequena casa do xerife me senti um tanto deslocada. Mas eu não viera em uma visita informal, não me esquecera nem por um minuto que Edward estava a poucos centímetros de mim, calado e provavelmente esperando por uma iniciativa minha.

– Me desculpe se o estou incomodando.

– Não é culpa sua, Alice perde a noção do conveniente às vezes – ele parecia zangado com a irmã, achei melhor defendê-la.

– Sei que ela não fez por mal, gosta muito de você e quis ser útil.

– Me diga em que exatamente ela pensou que poderia ajudar e acho que posso decidir sozinho se foi útil ou não.

O seu tom ríspido me sobrepujou, mas procurei ignorá-lo.

– Ela pensa que devo esclarecer melhor o fato de não querer ficar perto de você.

– Não vejo em que pode ser mais clara do que isso. Vê? Sua frase é auto-explicativa.

– Sim, é. Mas talvez... – Eu prendi os lábios. Falar sobre aquilo com Alice não fora tão difícil, mas revelar isto a Edward era mais que árduo. Eu ainda estava presa por uma montanha de bom senso que me impedia de continuar.

– Eu gostaria de saber o que vem depois do ‘talvez’.

Eu mantivera meu olhar baixo até agora e só então o ergui até encontrar o dele. Era ainda mais difícil tentar ser coerente com ele me olhando desse jeito. Como uma covarde optei por vias mais fáceis:

– Alice não me disse que você estaria aqui, ela pensou que estivesse na escola, acho que conseguiu pegá-la de surpresa.

– Deve saber que não é assim tão fácil para os outros esconderem seus planos de mim, eu sabia o que ela pretendia desde o início e apenas facilitei seu lado.

Refleti um pouco.

– Então você sabia que ela pretendia me trazer aqui para falar com você e não a impediu?

Seus olhos faiscaram para os meus e ele sorriu daquela forma presunçosa que só ele sabia.

– Não pensou que eu poderia não discordar do plano? De fato o estou achando extremamente conveniente, aqui não há distrações ou desculpas para você fugir de mim, entretanto parece possuir uma habilidade única em mudar de assunto. – Ele baixou um pouco sua cabeça até quase ficar no nível da minha. – Vai me dizer o que vem depois do ‘talvez’?

Aquele pedido foi algo simples, mas me desconcertou por inteiro. O jeito que ele me olhava parecia que... Que me incitava a falar, quase como se me hipnotizasse. Eu duvidava que tivesse saída, quando Edward apelava desse jeito eu tinha poucas chances de me safar.

Então fechei os olhos, mas não usei aquilo de artimanha para escapar, pelo contrário, o fiz para que minha concentração não fosse minguada pela visão de seu rosto próximo ao meu.

– Eu ia dizer que talvez eu tenha mentido para você quando falei sobre não querer que ficássemos juntos. A verdade é que não posso.

Sua risada abafada foi como uma surpresa.

– Acho que tenho o dever de lhe avisar que mente vergonhosamente mal, Aneliese. Com efeito, não há o que esclarecer, eu não acreditei em nada do que disse na véspera.

De imediato abri os olhos e o fitei. Seu semblante era de puro divertimento.

– Está falando sério?

– Sim, estou.

– Mas Alice... Porque ela me trouxe aqui afinal?

Ele bufou.

– Minha irmã tem a mania de pensar sempre estar certa sobre tudo, ela tirou sua conclusão sozinha e chegou à resposta errada. Como lhe disse, analisei sua atitude e deve concordar comigo que não foi útil. Mas serei grato pela ajuda dela de toda forma, fique tranqüila. E não tenha tanta pena de Alice, ela astuta e não vai se esquecer de me cobrar pelo favor no futuro – pareceu momentaneamente mal-humorado.

Eu procurava assimilar os fatos, até agora pensava que Edward tivesse acreditado em minha mentira, ele fizera parecer que sim. Fiquei curiosa.

– Se você sabia que eu lhe dera uma informação falsa como pretendia reagir?

– Falsa ou não era sua decisão e eu iria respeitá-la – deu de ombros. Alice estava certa, ele era mesmo um cavalheiro, eu jamais duvidava que o fosse.

– Mas não vai mais?

Ele aprumou os ombros.

– Me disse que não pode ficar comigo, mas jamais vai me contar a razão. Espera que eu concorde com isso? Acho um caminho doloroso demais a se percorrer. E ao contrário do que sei que pensa, eu não a desprezo pela mentira, se possível me sinto ainda mais atraído por você.

– P-Por ter sido falsa? – Minha voz falhou em face de sua determinação.

Ele se aproximou alguns passos.

– Por ter sido bondosa o suficiente para ter ficado aqui. Comigo. Não vai se surpreender quando eu disser que não acho que mereço seu bom julgamento.

– Na verdade me surpreendo muito. Não vejo em que pode ser pior que eu quando acabo de revelar que sou uma mentirosa.

Edward acabou com a distância entre nós, vindo ficar diante de mim em uma batida do coração.

– Uma péssima mentirosa, o que lhe torna imune da culpa. Mas eu sei mentir muito bem e ontem quando me desculpei por tê-la beijado não falava a sério. Eu não me arrependi nenhum pouco e sei que tampouco vou me arrepender agora.

Mal terminou de falar sua mão estava em minha nuca e com a outra me abraçou, encostando-me a seu corpo frio e me mantendo presa, vítima de seu aperto de ferro. Seus lábios encontraram os meus com urgência e no momento em que os tocaram toda minha resolução virou pó e os limites que eu me ocupara tanto em delinear caíram por terra, desaparecendo em seguida. Eu sabia que tinha de tentá-lo fazer parar, mas não havia sequer uma parte de mim disposta a isto, mesmo minha consciência que em geral sempre me acusava aos poucos era encoberta pelo desejo desenfreado de meu coração.

Eu beijara Edward há algumas horas, mas isto não tornara menor a minha vontade, como eu dissera sentia que minha necessidade por ele já estava convertida em vício. Não havia como explicar a sensação de estar em seus braços. Ela ia muito além de apenas prazer, estando ali eu me sentia segura, em paz, completa. Como Alice descrevera mesmo? ‘Minha outra metade’, sim, era isto. Eu sentia que Edward era tudo o que eu precisava no momento e suspeitava de que ao passar dos dias essa certeza tomaria proporções absurdas e eu não mais poderia negar o que sentia por ele.

Eu estava tão perdida...

Mas, meu Deus, porque ele não facilitava as coisas para mim? Seu cheiro, seu toque, seus lábios... Era tudo insanamente vicioso. Eu exigia saber que mulher no mundo seria capaz de resistir a isto. Mas acreditava haver pouquíssimas chances, o que acontecia não era por acaso, como Edward mesmo dizia, tudo nele era atrativo, ele era um predador e não lhe faltavam armas para seduzir sua presa. Eu era a presa. Eu não me importava.

Não estava raciocinando direito e culpei a falta de ar graças ao beijo. Além disso, eu estava comprimida junto ao peito dele, meus braços juntos de meu corpo sem chance de se movimentar. Era o jeito que ele encontrava de me manter quieta e de evitar que ao me mexer meu coração bombeasse mais sangue e isto acabasse por afastá-lo. Não vi problema ao pensar desse jeito e de fato fiquei feliz que Edward fosse precavido, pois eu sabia que a tal altura não teria mais domínio sobre meus movimentos.

Me beijava bem devagar, de uma forma que eu jamais experimentara antes. Nem mesmo com Alex e eu chegara a pensar que ele havia me ensinado tudo. Com Edward era como estar sendo beijada pela primeira vez, não havia comparação. Porque você está apaixonada por ele, sua boba. Sim, eu estava. Parecia que meu coração ia explodir de emoção quando eu afirmava isto.

Provavelmente minha excitação chegava a ser tangível, pois logo Edward se afastou, arfando um pouco, me soltou, mas manteve as mãos em meus ombros para que eu continuasse parada. Ele estava de olhos fechados e não parecia estar respirando, seu maxilar trincado demonstrava intensa concentração. Passaram-se consideráveis minutos até ele se tranqüilizar, os olhos agora fitavam os meus como se pudessem ver através deles.

– Está um pouco corada – apontou com um meio sorriso.

Com certeza eu acabei corando muito mais, porque Edward me soltou e foi se sentar metros longes no grande sofá branco de couro.

– Você dificulta as coisas para mim Aneliese – assinalou um pouco divertido, porém sacudindo a cabeça em reprovação. – Poderia ser mais boazinha.

Fiz um som de desdém.

– Idem.

Ele riu.

– Sinto que devo novamente lhe pedir desculpas por meu descuido.

Pode se descuidar quantas vezes quiser, devaneei.

Está tudo bem – respondi.

Mas parece pensativa.

Eu que até agora observava a floresta me virei para ele.

– E estou. Estou confusa.

– Sobre o que exatamente?

– Sobre... Nós? – Soou como uma pergunta, pois quis saber se não estava sendo precipitada. Dois beijos não eram promessa de casamento para ninguém e eu ainda não fazia idéia do que tudo aquilo significava.

– Porque tem dúvidas sobre isto? – Ele parecia genuinamente interessado.

Eu passei as mãos por meu rosto, suspirando.

– Edward, o que estamos fazendo? O que você pretende? Quero dizer, há apenas alguns dias você sequer parecia me suportar e então de repente... – Parei de falar, mas tentei fazer algum gesto com as mãos me referindo a todo nosso contato físico de agora há pouco.

Ele sorriu largamente.

– É interessante vê-la ficar tímida em relação a um assunto, sempre a considerei muito segura de si.

Desviei meus olhos, novamente sentindo minhas bochechas quentes em constrangimento.

Depois de uma curta pausa ele me respondeu.

– Eu gosto de você Aneliese. Sei que não parece uma justificativa satisfatória, mas entenda que para mim isto é tudo o que importa. Nunca uma garota me atraiu tanto quanto você. Eu devia saber, mas fui alheio aos avisos de meu cérebro. No final você era mais perigosa para mim do que eu para você. Estou dominado por tudo o que lhe envolve.

Eu não ousava olhar para ele, no momento a vergonha era grande para que eu pudesse ocultá-la. Eu falhara com Bella, ponto final. Fora tola de perder tanto tempo tentando me convencer de que ainda havia saída, eu corria a toda velocidade para a direção que devia evitar, como poderia querer chegar a um lugar diferente?

Edward se levantou e veio até mim a passos humanos,quando chegou não foi preciso me incitar a encará-lo, eu fiz porque quis.

– Você pode não dizer, mas há tantas coisas contra nós. Tantos obstáculos. Ignora todos eles e faz parecer fácil. Queria ser como você – confessei sem ânimo.

– Está certa, há ainda menos coisas do que pensa conspirando a nosso favor. Se fosse seguir o que é correto você não estaria aqui e realmente ainda me questiono se não devo fazê-lo – ele se calou, o semblante fechado.

– E não faz por quê?

– Porque não quero – respondeu simplesmente.

Assenti para mim mesma.

– Você faz parecer fácil – reafirmei.

– É fácil quando se pensa no prêmio.

Ele segurou meu queixo e o ergueu um pouco, aproximou-se e me beijou outra vez com carinho. Eu estava de braços cruzados e continuei assim, os olhos fechados até que ele me soltou.

– Como pode ter tanta certeza do que sente? E se estiver equivocado? Edward há coisas sobre mim que você não sabe, eu não sou a pessoa que você pensa. Sou... Diferente.

– Não acho que me encaixe tão bem nos padrões – lembrou-me.

– Não, não é assim. Compreenda, não estou sendo rebelde ou bancando a difícil, falo a sério: eu sou diferente de todas as garotas que você já conheceu e não no bom sentido. Minha vida é... Quero dizer, ela está uma bagunça e eu não sei como resolver. Eu pareço comum, mas acredite em mim, não sou.

– E qual seria minha outra opção? Esquecê-la? Afastar-me de você?

– É uma possibilidade.

– Talvez seja. Para um humano, mas vampiros demoram mais tempo para esquecer pessoas. Eu falo de toda uma existência. Mil anos se passarão e eu ainda me recordarei de cada detalhe de seu rosto, do jeito como fala e da maneira como sorri. Não há alternativas para mim Aneliese, o esquecimento jamais será um modo viável.

– Mas talvez se você conhecer outra pessoa... – Procurei dialogar. Eu me sentia uma péssima garota prestes a quebrar um coração. Eu não estava agindo por maldade, só tentava fazer o que acreditava ser o certo.

– E se eu apenas ficasse ao seu lado? Se você parasse de tentar o tempo todo me evitar...

– Por favor, Edward, não fale desse modo.

– Eu venho tentando acreditar que você sente algo que não quer demonstrar, mas é sempre tão decidida, tão alheia que começo a me questionar que posso estar equivocado e que a atração é mútua apenas em minha cabeça – desabafou.

– Você... Não sabe do que está falando – murmurei.

– Não sei? – Desafiou-me.

– Não, não sabe. Não sabe o que eu sinto, não sabe o que eu quero, e o que gostaria de fazer se pudesse. Você simplesmente não entende.

– Tente me explicar.

– Não quero ter de falar sobre este assunto outra vez – avisei em tom de alerta.

– Não confia em mim?

– Não é isso, Edward.

– Estou esperando que me diga o que é afinal.

– Eu. Não. Posso. – Minhas mãos estavam fechadas com força, eu estava sem paciência para continuar batendo naquela mesma tecla. Porque ele não podia apenas esquecer?

– É engraçado que me venha falar sobre a magnitude de um segredo quando sabe em detalhes sobre minha vivência. Acredita que seja algo maior que isto? Acredita mesmo que eu não entenderia? Porque não baixa a guarda uma vez? Porque não acaba com este abismo que criou para se manter distante?

– Edward, por favor...

– Aneliese, diga-me.

– Não.

– Liese...

– Não me chame assim agora – pedi.

– Pensei que gostasse de seu apelido.

– E gosto. Gosto quando você diz, e este é o problema. Você vai me fazer me arrepender... Me pediu para confiar em você e eu o fiz, porque não pode me dar o mesmo?

– Porque isto lhe faria se afastar, mas talvez seja o que quer. É?

– Claro que não – repliquei impaciente.

– Então...

– Edward, por favor, eu não POSSO! – Me descontrolei, era exatamente o que eu procurava evitar, embaraçada comecei a andar para longe dele, sem ter mais para onde ir refiz o caminho até a porta e saí para o ar gelado da floresta.

– Posso lhe levar para casa se é o que quer – ele estava ao meu lado num segundo e acompanhava sem esforço meu passo decidido.

– Não, não é o que eu quero. Você está errado de novo. Não fale como se me conhecesse há tempos. Talvez não estivesse aqui se conhecesse.

– Não acredito que isto seja possível.

– Mas é! É possível! – Eu parei abruptamente de andar e lhe encarei de perto, transtornada. Toda a indecisão e o receio havia me levado a um ponto absurdo. Eu estava cheia de me sentir assim. – Eu não pertenço a este lugar Edward. Não sou daqui. Não tenho o direito de estar junto de você e odeio isso! Odeio! Odeio porque o que eu mais queria era poder ser comum. Queria ser uma estudante tradicional daquela escola e não sentir culpa toda vez que penso em você. Eu estou muito ferrada. Não quero fazer o que tenho que fazer e tenho que fazer porque senão... Eu não sei o aconteceria, isso me mortifica de medo. Mas me dói muito mais ser obrigada a me afastar, porque eu quero imensamente poder ficar. Vê como é confuso?

– Eu compreendo Aneliese.

– Pare de dizer meu nome. E pare de ser tão gentil. Porque você tinha que ser assim? Não tem defeitos?

– Tenho muitos.

– E quais são? Porque eu não os enxergo! Não enxergo! Só o que vejo é... É tudo com que sempre sonhei. Você é a pessoa que eu mais quis em toda minha vida. Às vezes ainda me pergunto se é real assim seria mais fácil lidar com o fato de amar você.

Edward fixou os olhos nos meus e eles ardiam. Me senti estúpida por não ter podido segurar minha língua. Será que havia maneira de concertar isto? Minha mente me dizia que não e eu estava tão esgotada por travar uma batalha interna entre minha cabeça e meu coração que enfim resolvi fazer o que Edward viera esperando tanto de mim: desisti.

– Se o fim deste mundo vier amanhã a culpa será sua.

Ele riu brevemente. Parecia outra pessoa, seu rosto tão lindo não demonstrava mais sinal de aborrecimento, ele ficara feliz com o que eu dissera. Isto me ajudou a lidar com minha consciência.

– Porque algo tão grave assim aconteceria de repente?

– Porque eu estou prestes a mudar todo o rumo de uma história e não vejo um bom final para isto.

Edward estendeu a mão e eu a segurei sem cerimônias desta vez.

– Pois é exatamente aí que discordamos. Eu nunca vi um panorama melhor de minha existência. Esperei muito para te ouvir dizer algo assim, querida Liese – e ao falar isto se curvou e beijou minha mão.

Eu contive um suspiro.

– Isto tudo está mesmo acontecendo? Talvez a falta de chuva indique que não se passa de ilusão – brinquei. – Mas será que faria mesmo diferença? – Falei para mim mesma já sem humor.

– Não enquanto estiver aqui – Edward assinalou, sem dificuldade em compreender minha frase.

Eu não esperei que ele agisse, tomei coragem de chegar mais perto com cuidado, mas o que eu queria era abraçá-lo e logo ele retribuiu. Aqui aninhada em seu peito não parecia haver certo ou errado, havia somente Edward e Aneliese. E eu que pensara jamais poder chegar a ver esses nomes juntos...


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