Perdida em Crepúsculo escrita por Andy Sousa


Capítulo 19
O rapto.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Trailer

"Pense em mim quando você estiver lá fora,
Te peço gentilmente de joelhos.
Acho que vou percorrer meu apartamento
Algumas vezes
E adormecer no sofá,
Acordar cedo para o preto e branco que retornam,
E escapam de minha boca.
Eu poderia te seguir até o início
E simplesmente reviver o começo,
Talvez então nos lembremos de desacelerar
Todas as nossas partes favoritas.
Tudo o que eu queria era você."

All I Wanted – Paramore

~*~

Pareceu se passar apenas minutos, eu sabia que estava deitada e continuava de olhos fechados, meio adormecida enquanto um ruído extremamente irritante continuava a se repetir interminavelmente próximo a minha cabeça. Esperei que parasse, mas não aconteceu e logo já não restava mais resquício algum de sono em mim. Foi somente aí que me situei quase que de imediato: o barulho que ouvia era o despertador e pelo tempo que tinha durado eu estava com certeza atrasada.

Levantei-me da cama com dificuldade, o pequeno período que passara dormindo não fora suficiente para meu corpo se revitalizar, eu estava extremamente cansada, mas tive que ignorar isto e ir cumprir meus deveres. Depois de estar pronta desci esperando encontrar por Charlie, mas ele já havia saído, deixando-me um bilhete dizendo que houve uma emergência no trabalho que exigia sua atenção.

Eu estava faminta, mas uma olhada no relógio me indicava que eu não teria tempo para uma refeição e tive de sair correndo, esperando que conseguisse chegar a escola antes do sinal de entrada. Ainda do lado de dentro da casa pude ver que não chovia, entretanto também não havia sol, o tempo estava nublado, mas não extremamente frio e decidi deixar minha capa de chuva no gancho. Quando saí foi que notei como havia neblina, era tão densa que eu quase não podia enxergar a rua à frente, porém pude ver que havia um carro estacionado em frente à casa e logo que o reconheci meu coração deu um salto. Era o Volvo de Edward, mas o que ele fazia aqui? Eu pensava ter sido bastante clara na véspera, porque ele insistia em me seguir? Eu sabia eu o certo seria continuar meu caminho até a picape e ir embora, porém talvez ele tivesse mesmo que falar comigo e eu preferiria que fosse aqui, longe dos olhares dos estudantes. De qualquer forma eu teria de frisar que gostaria que ele se mantivesse distante.

Suspirei e me virei indo até o veículo, quando estava quase o alcançando, contudo, o vidro do motorista foi aberto e muito surpresa avistei Alice Cullen sentada ao banco me olhando com um sorriso.

– Até que enfim, pensei que não fosse se decidir nunca!

– Alice, o que você faz aqui?

Ela deu de ombros.

– Previ que você ia se atrasar e vim lhe oferecer uma carona para que chegue à escola no horário. Você sabe que se fosse com aquilo – ela lançou um olhar de repulsa a minha picape – talvez nem chegasse hoje.

Semicerrei os olhos, aborrecida.

– O que vocês vampiros tem contra meu carro afinal? Sabe, não são todos que tem dinheiro suficiente para ostentosos super velozes!

– Não seja por isso, você disse bem, eu tenho dinheiro de sobra, escolha qual carro você quer e pode mandar este para o ferro-velho amanhã!

Eu me perdi pensando em como seria ter um carro novo, imaginando a sensação agradável de dirigir um Porsche ou uma BMW. Logo sacudi a cabeça voltando ao mundo real.

– Está bem Alice, eu aceito a carona, depois desses minutos de conversa eu não tenho a menor chance de chegar sem atrasos, mas vamos deixar os comentários sobre carro de lado, combinado?

Ela sorriu largamente.

– Combinado.

Dei a volta e entrei pela porta do carona, sentei-me outra vez naquele banco, porém sem me sentir tão envergonhada, com Alice tudo era mais fácil. Assim que me acomodei ela ligou o motor e manobrou.

– Vou pegar um atalho – informou e eu concordei assentindo.

– Há quanto tempo você está aqui?

– Não muito. Essa é a vantagem de se ter visões. Quando sabe a hora das coisas acontecerem acaba economizando tempo, entretanto tempo é o que mais tenho então talvez não haja tanta vantagem assim – riu-se.

Ligara o rádio e uma música animada saía dos alto-falantes, bem diferente do que Edward costumava ouvir. E por falar nele...

– Onde está seu irmão?

– Veio com os outros no carro de Rosalie.

– Não me sinto muito bem por estar usando o veículo dele e por tê-lo obrigado a isto.

– Ele não se importa Liese. Mas concordo com a parte de tê-lo obrigado a vir com Rosalie, ninguém quer ter de passar por isto.

Eu não pude evitar rir.

– Sabe que não era a isto que me referia.

Alice me lançou um olhar conspirador.

– Não mesmo?

E nós duas rimos.

Eu olhei pela primeira vez para a estrada prestando atenção ao caminho que fazíamos. Estranho, não parecia nada com o centro da cidade, era uma rodovia, será que havia jeito de chegar a Forks High School por aqui?

– Alice eu acho que você veio pelo caminho errado. Vampiros podem se confundir com um mapa?

– Não. Vampiros sabem ler um mapa muito bem – respondeu calmamente.

– Então por que...?

Eu me calei observando melhor a pista, eu me lembrava de já ter estado aqui antes, mas quando? Puxei pela memória e depois de refletir bastante me recordei: havia sido no domingo em que dirigira a picape pela primeira vez, eu acabara vindo parar neste lugar e fora aqui que vira o primeiro Cullen: Carlisle. Então isto só podia significar que...

– Alice, este é o caminho para sua casa, não é? – Eu tive receio de dizer isto e soar como uma tola, mas podia jurar estar certa.

Com efeito, ela me olhou com uma cara fingidamente inocente e falou:

– Porque acha isto?

Não podia ser. Ela estava me levando para sua casa? Mas por quê?

– Alice! Eu pensei que estivéssemos indo para a escola...

Ela bufou.

– Por favor, Liese, você pode até conhecer os moradores de Forks, mas não sabe nada sobre a cidade. É tão pequena que em si já é um atalho. Não existe caminho alternativo para a Forks High School, não saindo de sua casa, pelo menos. Se fosse mais observadora teria descoberto meu plano logo no início.

Eu devia estar pálida, há pouco pensara em Alice como uma pessoa fácil de lidar, mas agora era como se nem mesmo a conhecesse. Onde ela guardava esse lado psicopata? Comecei a ficar nervosa, lembrei-me do dia em que ela me pedira para confiar nela e quis poder voltar àquele instante e lhe dar uma negativa. Ela dirigia como se nada tivesse acontecido! Analisei sua silhueta, Alice era magra e pequena, não parecia representar qualquer ameaça, mas ela era uma vampira e isto significava que eu não tinha a menor chance contra ela.

– Alice, você tem que me levar de volta – falei num fio de voz.

Ela me observou um segundo.

– Você está passando bem? Parece inquieta.

Lancei-lhe um olhar de repreensão.

– Acaso estou exagerando em minha reação?! Alice, você está me raptando! – Remexi as mãos dando ênfase à dimensão de seus atos.

Ela piscou e depois gargalhou com gosto.

– Ai Liese, você é muito engraçada.

Meus olhos estavam grandes de temor. Ela não estava me levando a sério.

– Vou ligar para Charlie – blefei.

– E como vai fazer isto? Sei bem que não tem celular e mesmo que tivesse o sinal por aqui não é muito bom.

Ao dizer isto ela fez a curva na pista e adentrou uma estrada de terra quase imperceptível em meio à mata fechada. Isto não ajudou em nada minha ansiedade, eu iria acabar vomitando, tinha de descobrir o que ela planejava afinal.

– Tudo bem Alice, o que você vai fazer?

– Pensei que soubesse o suficiente sobre vampiros. O que mais eles podem fazer com humanos? – Sorriu docemente.

Eu fiquei muda. O silêncio durou apenas meio segundo e então foi preenchido novamente por sua gargalhada, eu a olhei e ela dirigia com uma mão, a outra sobre o estômago indicando que estava tendo uma crise de risos. Demorou algum tempo até que se acalmasse.

– Nossa, fazia tempo que não me divertia assim, ninguém lá em casa é tão hilário quanto você.

– Fico feliz que a divirta – murmurei seca.

– Liese, por favor, você está com medo de mim? Porque acha que a trouxe aqui? Para matá-la em segredo? Quanto tempo acha que levaria para que Edward descobrisse isso? De qualquer modo, que raciocínio ilógico esse seu hein?! Liese, eu gosto demais de você, jamais seria capaz de machucá-la. Somos amigas.

– Mas agora mesmo você disse...

– Eu sei, eu estava brincando, não pude me conter. Mas agora falo a sério: você está segura comigo, não confia em mim?

Todos os resquícios de humor haviam se esvaído, mas por mais franco que seu semblante pudesse parecer ele me trazia dúvidas. Eu podia ter exagerado em uma parte, mas por outro lado Alice mentira para mim, isto me fazia questionar um pouco suas palavras.

– O que enfim estamos fazendo aqui? – Eu soava séria, esperava que desta vez ela me respondesse com a verdade.

– Tem algo que preciso resolver – foi só o que disse.

Franzi o cenho.

– Do que está falando?

Ela suspirou.

– Liese, eu já estou sabendo o que aconteceu entre você e Edward e sei que não é de minha conta, mas tenho que intervir.

– Edward lhe contou o que houve?

Ela me olhou como quem dizia ‘não seja ridícula’.

– Desde quando homens são abertos a falar sobre sentimentos? Tive de usar toda a capacidade de meu dom para prever o que você decidiria ao final, eu sabia que ele fora lhe ver para lhe contar o que sentia, durante todo o tempo em que ficamos longe ele esteve ansioso. Na verdade passou a maioria das horas vigiando você.

Eu pisquei descontroladamente assimilando suas palavras.

– Edward me vigiou?

– Sim. Ele fica preocupado quando está longe, mas até então ainda não havia se dado conta de que era muito mais que apenas preocupação. E então na quarta-feira quando você simplesmente sumiu de minhas visões eu não pude evitar que ele lesse meus pensamentos, eu mesma fiquei incrivelmente nervosa e isto o descontrolou. Ele vasculhou a cidade a sua procura e só depois de ficar vários minutos sondando os pensamentos de Charlie é que descobriu aonde você tinha ido. Pode imaginar que isto não o deixou nada feliz. – Ela me fitou gravemente. – E só para que saiba eu não discordo dele, La Push é um lugar perigoso, você deveria se manter distante de lá.

Estava sendo muita informação para que eu assimilasse, de repente me senti ainda mais tola por ter tratado Edward da forma que havia tratado. Jamais imaginaria que ele pudesse se tornar tão inquieto apenas por minha causa. Quanto à aldeia, isto era algo que eu continuava a considerar ter de decidir sozinha, realmente gostara muito de Jacob e não pretendia deixar de vê-lo apenas para satisfazer os caprichos dos Cullen.

– Bem, ao final de tudo você conseguiu me pegar de surpresa, e isto é alguma coisa! Depois de tudo que meu irmão passara, depois de toda a dificuldade em aceitar seus sentimentos você o rejeita. Eu nunca pensei que pudesse fazer isto Liese, aliás, me diga: porque você fez isso?

Ela me fez sentir ainda pior, só agora me dera conta de que o que fizera na véspera fora mesmo uma rejeição, um fora com todas as letras. Edward não merecia isso e eu odiava o que estava causando também a Alice, mas se havia algo que eles tinham em comum apesar de seus extraordinários dons era a incapacidade de desvendar as razões para muitas de minhas atitudes. Eu quis mais do que tudo dizer a verdade a Alice, aquele fardo já estava muito pesado para que eu o carregasse sozinha, mas então percebi que fazê-lo não a obrigaria a ficar junto de mim, pelo contrário, eu talvez perdesse sua amizade, pois ela pensaria que eu estava louca. Desanimada me perguntei quem poderia acreditar que minha vida era real quando ouvisse a história por trás dela.

– Me desculpe Alice. Eu não posso lhe contar – respondi sem ânimo.

Ela fitou meu rosto e pude ver que havia ficado magoada. Novamente tive que me apegar fortemente a parte de mim que me alertava que devia ficar calada.

– Tudo bem, por enquanto não vou te pressionar, mas já que não vai me contar a razão para o que fez eu também não vou concordar com você. Esperava que me desse uma boa justificativa para seus atos, mas acredito que talvez nem assim eu ficasse do seu lado.

– Mas porque você insiste tanto nisso? Eu disse a Edward que não quero ficar com ele, esta é a verdade – eu tive que manter minha voz uniforme para adicionar credibilidade a minha frase.

Alice sacudiu a cabeça freneticamente.

– Não, não é. Você pode até tentar enganá-lo Liese, mas não se esqueça de que eu sei muito bem o que você quer fazer. E mesmo que não contasse com minhas visões eu não teria dúvidas: está estampado em sua cara. Não há como disfarçar isto, o jeito que você fala dele, que o olha, mesmo quando está zangada. Eu sei por que me senti desse mesmo jeito quando conheci Jasper e sinto até hoje. Isto é amor Aneliese. Você o ama, porque insiste em dizer que não? Por isto eu não estou nenhum pouco inclinada a acordar com sua decisão. Porque agora mesmo que me ouve você sabe que estou com a razão e essas lágrimas ousando cair de seus olhos indicam o quanto está triste por dentro e se realmente não o quisesse esta não seria a maneira certa de demonstrar.

Ela fora enérgica e me acusara sem reservas, mas tudo o que dissera apesar de ser como um tapa em minha cara me provou o quanto ela se importava comigo e se eu ainda tinha dúvidas quanto a sua amizade elas haviam acabado de ser sanadas.

Desviei meu rosto para a janela, mas era inútil tentar esconder o que sentia, Alice estava certa e eu sabia. Não tentava me convencer do contrário, eu queria convencer os outros. Mas ao que parecia minha tentativa estava sendo frustrada.

Apesar de toda a potência do motor íamos bem devagar, com certeza Alice prolongava nosso tempo de conversa de propósito.

– Eu não quero discutir com você Alice, acho até que merece uma explicação, mas por enquanto só o que posso dizer é que faço o que tenho de fazer. É apenas isto. Não acho que vá ganhar alguma coisa tentando te dissuadir do que está convencida a pensar, você claramente não é tola, talvez suas visões a ajudem a ter um panorama maior do que se passa... Sim, eu gosto do seu irmão. Muito. Mas isto não significa nada.

Ela me ouviu com atenção, mas não demonstrou qualquer sentimento, a única coisa que fez foi acelerar o carro e inesperadamente quase flutuávamos por entre as árvores, numa velocidade que eu nem pensara ser possível.

– Ótimo Liese. Você pode não querer me contar o que há por trás de todo esse seu suspense, talvez não possa me contar e compreendo isto. Mas vai dizer a Edward exatamente o que me disse agora, chega de mentiras. Você não é mentirosa, nem quer fazer isto, então tenha coragem e conte a ele o que sente.

– Do que você está falando Alice? Porque eu faria isto? Acha mesmo que adiantaria alguma coisa? – Eu estava irritada por ela ainda insistir naquilo.

Ela me olhou, circunspecta.

– Sim, Aneliese, adiantaria. Você daria a ele uma chance de lutar por vocês, uma vez sabendo o que você sente Edward teria a oportunidade dele mesmo decidir o que fazer, apesar de qualquer empecilho que possa haver, por maior que seja.

Ela diminuiu ainda mais e parou no meio da estrada onde havia somente terra e folhas ao nosso redor. Respirou profundamente antes de continuar:

– Entenda uma coisa: quando se é como nós, bem, no começo pode ser agradável, a descoberta da nova vida é bastante interessante e desafiadora, mas depois de um tempo se torna banal. Os dias começam a ganhar uma rotina interminável e a eternidade que antes parecia um presente começa a se tornar seu pior pesadelo. Quando se chega neste ponto, Aneliese é preciso encontrar algo em que se apegar, ou logo você definha. Nós que temos alguém sabemos a diferença essencial que isto traz: hoje eu posso lhe afirmar que por causa de Jasper eu sou extremamente feliz e realmente não imagino minha existência sem ele. É para isto que serve um parceiro em uma vida como a nossa: para te manter inteiro e são. Além do amor há uma conexão, uma cumplicidade... Vai soar piegas, mas precisamos de nossa outra metade. – Riu curtamente. – E até hoje Edward não havia se dado conta de nada disso, ele lidava bem com as coisas e pensava saber tudo que precisava, mas viu que esteve enganado este tempo todo. Você para ele significa muito mais que apenas a garota que ele pode amar, você é o que ele procurou por toda a vida, mesmo sem saber. Você agora é a vida dele.

Meus olhos ardiam com a força fenomenal que eu fazia tentando segurar as lágrimas. Porque Alice estava dizendo aquelas coisas para mim? De brincadeira? Só para me convencer a fazer o que ela queria? No curto silêncio que se seguiu eu olhei fundo em seus olhos e concluí que eu acreditava nela, acreditava no que dizia. Isto abalara muito minha decisão, aquela vampira sabia bem o que fazia.

– Alice, por favor, não acha que é exagero? – Sondei, a voz embargada.

– Não é Aneliese. Você sabe que não. Se estou lhe fazendo considerar me vanglorio por isto. Meu irmão é um cavalheiro, um cavalheiro burro e teimoso, mas um cavalheiro apesar de tudo. Talvez nem tenha acreditado nessa sua mentira absurda, mas vai fazer a sua vontade, vai se afastar de você porque acredita que é o certo. Acha justo com ele?

– Você fala como se eu fosse uma espécie de prêmio maravilhoso, como se eu fosse a pessoa da vida dele, alguém que vai fazê-lo extremamente feliz.

– Acho que você mais do que ninguém sabe que falo apenas do que sei.

– Pois isto em particular você não sabe. E se eu não for a pessoa para ele, Alice? E se houver outra? E se no final ao invés de alegria eu o trouxer uma infelicidade sem tamanho? Não posso conviver com isso, eu sei exatamente o que tenho que fazer!

Eu chorava e detestava isto, tinha esse problema horrível: quando estava muito brava, muito feliz, vivenciando emoções fortes, eu chorava. Era constrangedor.

– Liese, você fala como se... Por acaso há mais alguém nesta história? É isto não é? Você não se considera boa o bastante para ele e acha que Edward pode ser mais feliz com outra?

Minha respiração falhou. Alice era extremamente perspicaz, por sorte ela acertara apenas parte da verdade, isto me deu chance de responder com certa calma.

– Talvez ele seja mais feliz com outra. Sim, eu acho isso. Acho que pode existir alguém para ele muito mais perfeita do que você diz que eu sou... De fato nesta história eu sou como uma peça desencaixada.

– É verdade. Uma peça desencaixada incrivelmente teimosa e cabeça-dura. É igualzinha a ele.

Ela religou o carro e desta vez acelerou gradativamente, logo passávamos com tanta rapidez pelas árvores que elas pareciam apenas um borrão verde ao redor, eu tentei não pensar no que poderia acontecer comigo caso Alice por acaso errasse a direção, preferi pensar que suas habilidades de vampira eram suficientes para me manter segura.

– Olha Alice – enquanto falava passava a mão pelo rosto tentando me livrar um pouco da umidade - eu agradeço muito tudo o que disse, mas acho que agora é melhor realmente me levar para a escola, se você não se importar. Charlie não vai gostar nada de saber que eu faltei e posso ter sérios problemas por causa disso.

– Bem, eu sinto muito Liese, mas vai ter que achar um jeito de resolver isso, porque eu não estava blefando no que disse.

Eu estava um tanto perplexa.

– Que parte? – Sondei, cautelosa.

– A parte de que vai ter de dizer a verdade para meu irmão. Há algo em que você esteve certa o tempo todo, isto é uma espécie de rapto, tive de jogar sujo, você não me deu escolha.

Ela então parou novamente e eu olhei a grande mansão que surgira a nossa frente como mágica. Era imensa, com muitas janelas enormes de vidro que ia do teto ao chão e grandes vasos de plantas espalhados por toda parte. A casa tinha um conceito moderno e assimétrico e contrastava brilhantemente com a paisagem natural a sua volta, era sem dúvidas um lugar muito bonito.

Eu me voltei para Alice.

– Mas o que você pretende afinal? Me manter aqui contra a vontade até o término das aulas?

Ela olhava um ponto distante e respondeu com um tom que pareceu de desculpas:

– Acho que isto não vai ser necessário.

Em um abrir e fechar de olhos saiu do carro, deixando-me sozinha com o semblante estampado em confusão, levei alguns segundos perscrutando o local até finalmente localizá-la parada na varanda. Não pensei duas vezes, abri a porta e fui andando decidida para mais perto, pensei que isto a faria se virar, mas ela continuava de costas para mim. Eu não estava mais achando agradável aquele jogo, sabia que já perdera o sinal de entrada, mas se ela me levasse de volta ao menos poderia pensar em uma desculpa para entrar na segunda aula.

– Alice.

Eu não gritei, apenas falei seu nome no volume de uma conversa casual, sabia que ela ouviria sem problemas. Não pensava que teria que recorrer a isto, o que ela fazia ali sozinha, afinal?

E então ela se virou para me olhar e só quando deslocou o corpo um pouco para o lado foi que notei o que estivera perdendo, ela não estava sozinha. Estivera de costas, pois conversava com alguém e por um instante eu pensei que meus olhos pudessem estar me enganando, mas o salto que meu coração deu não me deixava dúvidas: aquele era Edward.


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Notas finais do capítulo

Por hoje são estes, logo volto pra postar outros. Beijos e espero que estejam curtindo a leitura! :)



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