Fear of Love escrita por Raynara Marinho


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Bem, aqui me despeço de vocês, já com um gostinho de quero mais. Obrigado a todos pelos comentários e por acompanhar toda essa aventura de Fear of Love.
Desejo uma boa leitura.



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Faziam alguns anos desde a última vez em que estive ali. Era uma noite de sábado, aniversário dela. Após um longo dia de trabalho a levei em casa, subi até o seu apartamento, lhe dei os parabéns e resisti o forte impulso de beija-la. Nada havia mudado, exceto pelas plantas que agora arborizavam o térreo do edifício. Rapidamente, ao observar algumas das flores, notei um par de asas às escondidas: era uma pequena borboleta. Lembrei do fascínio que Debby, a enfermeira assassinada no último caso em que investigamos, tinha por borboletas. Também lembrei como ela havia levado a felicidade a alguém para em seguida toma-la de volta. Afastei os pensamentos e prometi a mim mesmo que faria Sara feliz, não permitiria que minha felicidade se fosse.

Bati em sua porta por três vezes, não houve resposta. Repeti o processo e ninguém atendeu. A vizinha ao lado olhou de esguelha pela brecha de sua porta, vendo o nome “Forense” em meu colete resolveu falar.

–Está procurando a senhorita Sidle?

–Sim, a senhora sabe onde ela pode estar?

–A algum tempo, vi quando ela levou suas malas até um táxi que esperava lá embaixo. Disse que faria uma viajem e que não sabia se voltava. Deixou tudo pago e se foi. –Um ponta de nervosismo corria em minhas veias. Ela teria adiantado a viajem? –E como soube de tudo isso?

–Sou a síndica do prédio.

–Tudo bem, obrigada.

Senti intimamente o desespero ao saber que poderia perde-la, a raiva de mim mesmo e as acusações de meu subconsciente por todas as vezes em que neguei o que sentia, priorizando o meu trabalho, vivendo anos de minha vida em favor de algo que não aqueceria minha cama nos dias mais solitários. Eu havia me convertido em um homem frio e sozinho, autônomo o suficiente para renunciar os sentimentos que perduravam em mim a anos, desde que a conheci naquela conferência em São Francisco. Eu ainda podia vê-la com sua blusa vermelha, óculos escuros e calça jeans, envergonhada por tê-la chamado a atenção após minha palestra, para uma conversa simples.

–Hey! Não precisa ficar envergonhada. –Esbocei meu melhor sorriso para ela. –Apenas me diga, de onde você vem Sara?

–Sou daqui mesmo. –Seu sorriso convergia em um tímido “biquinho” a la Sara Sidle.

–E desde quando se interessa por crimes?

–Sempre me interessei e há quase três anos trabalho para o departamento de criminalística de São Francisco.

–Interessante. Você nunca pensou em trabalhar fora daqui?

–Para falar a verdade não, mas de uns tempos pra cá meu supervisor tem dito que eu preciso ir a mais conferências, acrescentar mais coisas ao meu currículo. Desde que entrei no laboratório ele não me deixa perder uma dessas palestras chatas.

–Minha palestra foi chata, senhorita Sidle? –Arqueei umas das sobrancelhas e saboreei calmamente o doce som de sua gargalhada.

Eu era mesmo um completo idiota, meus títulos jamais mudariam isso. Cada uma de minhas atitudes a afastaram lentamente de mim e agora, eu estava desesperado alimentando a menor das esperanças para encontrá-la. A estrada estava livre e o ponteiro do velocímetro marcava 120Km/h. Se estivesse certo, pouco mais de cinco minutos e estaria no Aeroporto Internacional de Las Vegas.

A passos largos me dirigi até o guichê onde vendiam as passagens. Uma mulher loira de cabelos ondulados sorriu educadamente e ao perguntar sobre o voo que sairia até São Francisco, sem que soubesse, me deu a pior das notícias.

–Desculpe senhor, mas o voo acaba de sair.

“Acabou. Está tudo acabado.” –Pensei comigo mesmo. A verdade era dura demais para se encarar de frente. Consegui balbuciar um “obrigado” e enfim deixei que as pessoas atrás de mim pudessem ser atendidas. Tudo o que consegui ouvir e sentir foram murmúrios ao meu redor, sons irritantes de saltos que tocavam o chão a cada passada, crianças gritando, pessoas correndo e o latejar constante em minha cabeça. De imediato levei as mãos as têmporas e massageei calmamente, controlando minha respiração.

A música italiana de Tiziano Ferro que ironicamente reconheci como “L'amore à una cosa semplice” tocava a som ambiente, cada um de seus versos implantados em meus pensamentos. Eu cantaria com todo o fôlego de meus pulmões se pudesse tê-la novamente, cantaria cada uma daquelas palavras fazendo audíveis, promessas feitas no silêncio.

“Sarò quello che non ti aspettavi

Sarò quel vento che ti porti dentro

E quel destino che nessuno ha mai scelto”

“Eu serei aquele que não esperava

Serei aquele vento que lhe traz para dentro de si

E o destino que ninguém jamais escolheu”

–Imaginava cada palavra a sair de sua boca


A música ainda tocava quando meus olhos a encontraram. Sentada ao centro do grande salão, de cabeça baixa com dedos entrelaçados e malas em volta. Dei os primeiros passos ainda lentamente, não crendo no que via, mas logo corri em sua direção, hesitando a sua frente. Algumas lágrimas escorriam em seu rosto e suas mãos tremiam. Me ajoelhei diante dela, olhei em seus olhos e segurei suas mãos.

–Eu ouvi o que disse no interrogatório. –Proferia conforme o choro descia silenciosamente em sua face. Com as costas dos dedos acariciei a curva de seu rosto, com o indicador e o polegar segurei seu queixo e a beijei.

Seus lábios macios acariciavam os meus enquanto os suaves acordes da melodia fluíam ao fundo e nos confidenciava com veemência o quão simples era o amor.

“L'amore è una cosa semplice e adesso...

Adesso…adesso te lo dimostrerò.”

“O amor é uma coisa simples e agora...

Agora... agora eu irei lhe mostrar.”


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Notas finais do capítulo

Gostou? Não esqueça de comentar, saber o que você pensa é importante para todo autor, inclusive eu. Peço desculpas por alguns erros de edição, devido a alguns problemas e falhas do site. Agradeço especialmente a você que me acompanhou no desenrolar de toda esta trama de Fear of Love.
Até a próxima!



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