Fear of Love escrita por Raynara Marinho


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a todos os que tem acompanhado minha fanfiction. É a vocês que dedico mais um capítulo.



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Já era dia e os feixes de luz atravessavam a janela atingindo meu rosto. Assustei-me um pouco ao perceber que mais alguém dormia, mas logo tomei a lembrança do que acontecera no transcorrer de minha turbulenta madrugada. Estava com minha cabeça sobre sua barriga lisa, um pouco descoberta, sua cintura estava envolta em meus braços, decorrente da movimentação dos corpos durante o tempo em que ali estivemos. Sem movimentos bruscos, consegui levantar um pouco, por fim peguei-me a observá-la. "Por Deus! Como ela consegue? Me tira de todos os caminhos da razão, me prende em sua imagem de maneira tal que apenas observar as delicadas linhas de sua face, o contorno de seu rosto, me faz querer tomá-la para mim."

Instintivamente, meu rosto se aproximava do seu. Podia sentir sua respiração mesclar à minha, meus lábios entreabrirem-se, prontos para sucumbir os dela, e levemente o encostar de nossa pele. Com uma das mãos arriscava-me no acariciar de seus cabelos, o sentir de seus fios, enquanto que com a outra, deslizava meu dedo indicador pela curva de seu queixo.

–Grissom...?
–Sara.

Havia ido longe demais. Seus olhos refletiam surpresa, sua boca, o desejo. Sempre tive plena consciência do que Sara sentia por mim, ela só não sabia o quanto era recíproco.

–Obrigada. -Afastei-me bruscamente, levantando em seguida.
Som algum pôde ser ouvido de sua boca, estava emudecida. Talvez ela esperasse mais de mim. Vi em seus olhos tristeza. Esta não seria a primeira vez que criava expectativas por minhas dúvidas, nem que a machucava ou que priorizava meu trabalho. Muitas tinham sido as vezes que negara sua companhia ou um simples jantar. Eu era um completo covarde, tinha medo. Medo de perdê-la sem ao menos tê-la.

–Não há o porquê agradecer, Grissom. O que uma mera subordinada não faz por seu chefe, não é mesmo? -Ela enfatizava propositalmente as palavras chefe e subordinada. –Bom, acho que você já não precisa de mim, está bem o suficiente para ficar sozinho e assumir seu posto de superior no laboratório mais tarde. Então vou indo, e não precisa me acompanhar até a porta, sei o caminho por onde entrei.
–Sara! -Parou ante à porta. Seu rosto indagava o porquê do chamado. Como gostaria de dizer em alta voz o quanto a queria! -Me desculpe. Seu corpo esguio esvaiu-se pela casa, rapidamente já não estava lá.

Eu tinha a certeza de que todos me esperavam ao lado de fora da casa. Viaturas, jornalistas, vizinhos e curiosos, todos atentos à espera de minhas conclusões, e novamente, estava eu a analisar mais uma cena de crime. Com o auxílio de minha lanterna, observei atentamente o carpete que cobria toda a extensão do corredor, percebi pegadas em duas direções: uma seguia em percurso ao interior da casa e a outra, em sentido contrário, no caminho que seguia até o seu exterior. Em passos lentos e calculados, cheguei ao que parecia o quarto da vítima. Nele havia uma suíte de onde vinha uma forte luz. As lâmpadas estavam ligadas, diferentemente do restante da casa. Continuei.

O corpo não estava em uma posição muito comum. A vítima parecia ter se ajoelhado, sentado sobre os calcanhares e deitado a parte superior do corpo sobre as coxas, deixando à mostra sua peça íntima e a tatuagem de uma borboleta na região lombar. Definitivamente seu corpo havia sido posicionado daquela forma, no entanto, não foi esse o detalhe o qual me chamou atenção. Abaixei-me para que o rosto da vítima me parecesse um pouco mais nítido. Sua semelhança com Sara era incrivelmente assustadora. Não era possível, eu deveria estar imaginando coisas. A olhei por mais longos segundos.

Abri a porta que dava para fora e a vi. Seus cabelos lisos, na altura dos ombros, sua pele alva, olhos castanhos. Eu mal podia crer no que estava acontecendo. Eu a encarava quando ela pareceu perceber e respondeu-me com o seu olhar inquisitivo. Por sorte, Brass estava atrás dela e veio em minha direção, fazendo com que ela acreditasse que eu o olhava, não ela.

Jim Brass, como capitão, tinha a necessidade de saber quais medidas seriam tomadas, então, logo interrogou-me com o que eu faria. Dei a clara ordem de que ninguém entraria ali sem que fosse minha equipe, em seguida, passei as funções que cada um teria. Warrick com os carros da vítima e da amiga que havia encontrado o corpo, Catherine comigo na casa, e Sara com o perímetro. Ouvi sua rápida reclamação sobre o que a designei. De fato, o perímetro não era de grande importância, eu só havia feito uma checagem de uma hora e precisaria de ajuda, mas sabia que Catherine daria conta e seria um ótimo auxílio. Sara não poderia ser exposta naquele caso, era minha forma de protegê-la.

Catherine estava por fazer algumas perguntas a Kelly Macknew, melhor amiga de Debby, a vítima, enquanto que eu analisava cuidadosamente o local onde o corpo havia sido encontrado. Não demorou muito para que Catherine reunisse informações úteis e se juntasse a mim na análise do banheiro. Jatos de sangue em duas alturas indicavam que Debby estaria de pé quando atacada, provavelmente com um corte arterial na altura do pescoço. O jato maior mostrava-se mais intenso. O cheiro de cloro era forte e toda a área próxima à banheira apresentava-se completamente limpa; o desgraçado havia limpado tudo, menos o box, onde repousava o corpo. A análise comprovava que havia sangue nos quatro ralos do banheiro, mas à primeira impressão, não havia lógica para isso, a menos que o assassino tivesse matado Debby no chuveiro e se limpado nas duas pias e na banheira. No entanto, de onde viria tanto sangue?

Brass reunia um pouco mais de informações em uma conversa no hospital com o médico responsável pelo departamento onde nossa vítima e o namorado trabalhavam, quando nos deu a notícia de que o doutor Clarck, suposto namorado de Debby, estaria desaparecido. Segundo vizinhos, ele teria sido visto pela última vez com a vítima, na casa dela, no dia do assassinato. Dia este, onde a vítima e ele haviam faltado no hospital em que trabalhavam, a Debby como enfermeira e ele como residente em cirurgia. No dia seguinte as coisas não haviam sido diferentes, mais uma vez o doutor Clarck não havia comparecido. É, ele seria mesmo um bom suspeito, se não fosse pelo fato de encontrarmos seus pedaços cuidadosamente empacotados e jogados no lixo, bem próximo à casa da vítima.

Cada parte que encontramos do corpo continha cortes precisos e perfeitos. O assassino sabia o que estava fazendo, talvez tivesse mãos firmes e seguras, muito provavelmente conhecia o suficiente a respeito do corpo humano, um quê a mais de anatomia. Quem poderia ser? Um bom médico seria uma excelente opção.


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Notas finais do capítulo

Comente com suas dúvidas, críticas ou sugestões, seu comentário será sempre muito bem vindo.



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