Thalia bateu a porta quando entrou na grande casa, assustando os gêmeos que desciam as escadas. Clarisse desceu logo depois, correndo, para ver o que tinha acontecido.

– Lia? – Patrícia, que estava na cozinha, correu até a sala de estar também. – O que aconteceu?

– Nico é um idiota! – Gritou enquanto subia as escadas. – Babaca! Estúpido!

A mulher riu; conhecendo os Ares e seus filhos como conhecia, sabia que provavelmente era bobagem. Se fosse algo realmente sério, a porta estaria quebrada. A reação de Thalia a lembrava da própria filha, na primeira briga com Chris.

– Conte-nos uma novidade! – Clarisse revirou os olhos, subindo as escadas calmamente enquanto resmungava algo sobre o amigo ser realmente um idiota. Os dois garotos olharam alarmados para a mãe.

– Não se preocupem, ela vai ficar bem! – Sorriu. – Eu só não sei se posso falar o mesmo de Nico!

– Eu nunca vou querer uma namorada! – Phobos exclamou. – Já é assustador demais ter três irmãs!

Deimos balançou a cabeça concordando e Patrícia riu dos dois.

– Está certo, já que não tem que se preocupar com namoradas, que tal cuidarem de Harmonia para mim um pouco? – Sorriu.

– Dessa vez eu vou ser o dragão! – Deimos gritou, subindo a escada correndo. Phobos resmungou sobre ter que ser o príncipe que resgata Harmonia e correu atrás do irmão, o puxando pela camisa para poder chegar antes.

Patrícia balançou a cabeça, suspirando. Apesar de darem trabalho, tanto os gêmeos quanto as duas mais velhas, eles alegravam a casa, e a faziam lembrar-se de Ares quando ele estava trabalhando; era incrível como poderiam ser parecidos.

A campainha tocou, tirando-a de seus devaneios, Annabeth quem estava lá, com um sorriso tímido.

– Thalia veio para cá? – Perguntou. – Ela não está atendendo minhas ligações, e eu não a encontro em lugar nenhum.

– Ela está aqui. – Deu passagem para a loira. – Entrou irritada, gritando algo sobre Nico ser um idiota.

– Apenas os ciúmes falando mais alto. – Annabeth sorriu. – Mas ele é realmente um idiota!

Patrícia riu e a loira subiu as escadas. Já havia ido naquela casa, quando estavam se mudando, para ajudar Thalia com seu quarto, mesmo que a maior parte de suas coisas tenha sido mandada para o apartamento de Nico, a morena ainda tinha pelo menos seis caixas com objetos para seu quarto.

Bateu na porta simples de madeira onde uma placa escrito ‘Thalia’ estava pendurava e naõ recebeu resposta, então entrou assim mesmo.

– Esganar seu ursinho de pelúcia não vai ajudar em nada. – Disse ao ver que a amiga balançava o antigo ursinho para lá e para cá. – Ele não é o Nico. E mesmo se fosse, continuaria sem ajudar em nada.

– O que está fazendo aqui? – Thalia perguntou, soltando o bichinho e deixando seus braços caírem na cama em que estava deitada. – E como sabe que estou brava com Nico?

– Nico veio até mim porque ele sabe que sou a única amiga dos dois que não te bateria quando soubesse o que aconteceu. – Explicou. – Acho que nessa situação até mesmo Silena perderia a cabeça. E não vou nem falar sobre Piper ou Clarisse!

– Está insinuando que eu sou a errada da história? – A morena se sentou bruscamente, olhando irritada para a amiga.

– Não, eu estou afirmando! – Annabeth fechou a porta atrás de si. – Você não tinha nada que gritar com ele só porque estava conversando com Calipso! Você vem conversando com Luke há semanas e ele não reclamou!

– É diferente! – Rebateu.

– Por quê? – Perguntou. – Por que você pode conversar com seu ex-namorado, que tentou te agarrar, e Nico não pode conversar com a ex dele?

Thalia não respondeu, pegou o urso da cama e o jogou na parede com um grito. A amiga estava acostumada com isso, ela sempre fazia isso quando brigava com namorados. Principalmente na época que namorava Luke e eles brigavam sempre.

– Se você está pensando qualquer coisa ruim sobre Calipso, ela tentou te defender para Nico. – A loira continuou falando, ignorando a raiva da amiga. – Ela foi a única que falou que você estava certa em brigar com Nico.

– Ela só está tentando ser boazinha!

– Não, se ela tentasse ser boazinha para Nico, ela diria que ele está certo! – Alterou seu tom de voz. – Porque qualquer um sabe que ele está!

Thalia a olhou, não acreditando que sua amiga ficaria contra ela.

– Nico tem tentado esse tempo todo não perder a cabeça, Thalia. – Continuou. – Ele pedia para ficar na cozinha com Silena para não ver você conversando com Luke e perder a cabeça, só porque ele confia em você. Mas mesmo ele está tendo dúvidas sobre o quanto você o ama, ou a Luke!

– Eu não amo Luke! – Exclamou.

– Então prove! – Gritou. – Nico está se sentindo muito mal sabia? Porque além de você estar sempre com Luke, ainda briga com ele por estar conversando com uma amiga. Ele acha que você não confia nele, no amor dele! Acha que você não o ama o suficiente!

Thalia engoliu em seco, se lembrando da conversa. Ela não estava tão brava por Nico estar conversando com Calipso, pelo menos não agora, ela estava irritada por ele não ter gritado com ela também. Aquela expressão de dor em seus olhos era pior do que qualquer outra coisa para a morena.

– Ele está muito bravo comigo? – Perguntou.

– Não realmente bravo. – A loira andou até a amiga, percebendo que ela havia se acalmado. – Só um pouco decepcionado.

~^~

Thalia e Clarisse receberam uma carona de Ares até o trabalho. Era sábado, e quando Nico não a via de manhã geralmente mandava uma mensagem de bom dia, no entanto, Thalia não recebera nada. Ele já estava lá, atrás do balcão, rindo junto a Percy.

– Oi. – A morena se aproximou, sendo seguida pela irmã. Nico a olhou e seu sorriso diminuiu consideravelmente.

– Oi. – Respondeu, então se virou. – Silena disse que quer minha ajuda na cozinha, eu tenho que ir.

– O que aconteceu? – Clarisse perguntou quando o amigo passou pela porta. Thalia suspirou.

– Longa história. – Respondeu. – Vou me trocar, já volto.

E foi assim o dia inteiro. Sempre que Thalia ia falar com o garoto, ele era distante e inventava desculpas para ir a qualquer lugar que ela não estivesse. Mesmo que ela ainda não admitisse que estava errada (e não planejava fazê-lo), ainda sentida saudades de Nico, seu Nico. Concordava agora que as coisas entre eles não estavam boas há um tempo, e evitava Luke na esperança de que seu namorado percebesse que estava fazendo isso por ele.

Mesmo quando o trabalho acabou e todos foram para o Galpão, Nico falava normalmente com qualquer outra pessoa que não Thalia, além de não mostrar sinais de estar triste por estarem distantes. Aliás, ele ria e fazia brincadeiras normalmente, e também não comentara sobre o assunto com ninguém.

– Eu posso falar com você por um momento? – Thalia pediu ao encontrar Nico sozinho em um canto. Quando o garoto baixou os olhos, ela percebeu que todas as risadas foram apenas encenação; aquelas lindas íris pretas estavam carregadas de dor. Como não obteve resposta, ela continuou: – Sei que está bravo comigo, e você tem todo o direito. Me desculpe!

– Está se desculpando por quê? – Perguntou surpreendendo-a. – Por não acreditar o suficiente no meu amor? Por eu estar bravo ou ter direito de está-lo? Ou por ter gritado comigo sem motivo nenhum?

Thalia arregalou os olhos, surpresa demais para responder.

– Se for pelo último, não se preocupe, uma vida inteira ouvindo seus gritos e eu me acostumei. – Suspirou. – E sobre você não acreditar no meu amor, também não se preocupe, eu quem sou o idiota aqui. Deveria saber desde o começo, afinal, tudo isso começou enquanto eu te ajudava, não é?

– Você quem não está acreditando no meu amor agora! – Rebateu, os olhos arregalados.

– Não, não estou mesmo. – Concordou. – Mas, desde que Luke voltou a ser “bonzinho”, você me deu alguma razão para eu acreditar que me ama e não ele? Porque às vezes eu quem me sinto como o ex-namorado. Talvez eu já seja isso, não é?

– Está terminando comigo? – Perguntou. Nico deu de ombros.

– Você quem disse isso. – Respondeu e se desencostou da parede, começando a andar para longe da garota, que ainda olhava para a parede, atônita demais para pensar.

Nico tinha terminado com ela.